Monaé nasceu nos subúrbios de Kansas City, no Kansas, em uma família com dificuldades financeiras. A mãe trabalhava como zeladora e o pai estava no meio de uma batalha de 21 anos contra o vício em crack. O casal se separou quando Janelle tinha menos de um ano de idade, e a mãe mais tarde se casou com o pai da irmã mais nova de Janelle, Kimmy. Ela cresceu em uma comunidade de trabalhadores chamada Quindaro. O local foi estabelecido como um assentamento de nativos norte-americanos e abolicionistas logo antes da Guerra Civil, e se tornou um refúgio para afro-americanos que escapavam da escravidão.[2]
Aprendeu a cantar na igreja, auxiliando a família com o dinheiro que ganhava nas competições de canto. Em 2004, mudou-se para Nova Iorque, já depois de ter criado um disco, The Audition, produzido por si e que nunca chegou a ser editado. Lá ela conseguiu uma bolsa da American Musical & Dramatic Academy, mas no processo desistiu de seguir carreira como atriz da Broadway. Se mudou para Atlanta, onde, depois de um dos seus espectáculos, foi convidada por Big Boi, da dupla OutKast, a participar no álbum Idlewild, concebido como um musical. Depois de um tempo, foi contactada pelo rapper Puff Daddy através da sua página do MySpace. Janelle pensou que era brincadeira, mas acabou por assinar pelo selo Bad Boy, dirigido por Puff, subsidiária da Atlantic Records.[3]
Percurso
O primeiro EP de Janelle Monáe, Metropolis: Suit I, foi lançado em 2007 e seu título faz referência ao filme homônimo, Metrópolis, de Fritz Lang. A personagem principal da história é uma espécie de mulher robô que vai influenciar o alter-ego adotado por Monaé na sua estreia: Cindi Mayweather. A cantora adotou uma estética inspirada por essa ficção científica e mesclou com o afrofuturismo para fazer um paralelo entre a narrativa fictícia de subjugação de androides com a escravidão. Na continuação do EP, ela lançou seu álbum de estreia, The ArchAndroid (Suites II and III), como uma segunda e terceira parte da narrativa.[4] O EP foi bem recebido pela crítica, dando a Monáe uma nomeação para o Grammy de Melhor Performance de Música Urbana Alternativa, pelo single "Many Moons", em 2009,[5] e ficou em 17º lugar no ranking da Billboard.[1]
Contudo, Monaé fez sua estreia televisiva apenas em 2010, no programa Late Show, de David Letterman, aos 24 anos, com uma versão da seu single "Tightrope".[3] Monáe também chamou atenção por se apresentar de terno, por sua dança e foi comparada desde o início pela mídia com músicos como James Brown, David Bowie e Prince.[6]
Em 2011, Janelle Monaé começou a abrir os shows da cantora britânica Amy Winehouse em diversas cidades do mundo, inclusive no Brasil. Na época, ela também fez concertos de abertura para No Doubt, Paramore e Erykah Badu na Europa e nos Estados Unidos. [7][8]
Ativismo
Monaé é conhecida por seu ativismo e envolvimento político nas questões raciais e LGBTQIA+, bem como no feminismo. Em 2016, antes do movimento #MeToo ou Time’s Up surgirem, a artista criou a organização Fem the Future como resposta à sua frustração com a falta de oportunidades para as mulheres na indústria da música. Depois disso, atuou na histórica Marcha das Mulheres em Washington em 2017, onde milhares se manifestaram contra o então na altura presidente Donald Trump com o objetivo de chamar a atenção para os direitos das mulheres, um dia após a tomada de posse de Trump como Presidente dos EUA.[9]
No seu videoclipe do single "Pynk" - lançado em 2018 -, que com a participação da atriz Tessa Thompson, Janelle aborda o empoderamento da vulva, literalmente retratada em calças que remetem à genitália feminina.[10][11]
Ela se apresentou no AltaMed Power Up Gala em 2016 para angariar dinheiro para cuidados médicos de mulheres e meninas. No mesmo ano, ela também se apresentou no evento #JusticeForFlint, relacionado a uma tragédia da morte da população predominantemente negra de Flint por contaminação da água local.[1][12]
Em 2018, a artista deu uma entrevista para a Rolling Stone, na qual falou sobre como se identificava tanto com aspectos da bissexualidade e da pansexualidade, se pronunciando publicamente como um membro da comunidade LGBTQIA+.[13]
No ano de lançamento do seu álbum Dirty Computer, 2019, ela saiu como capa da edição "Pride" (Mês do Orgulho) da revista Paper e saiu pela primeira vez na Parada LGBT de Nova Orleans. O disco fala sobre suas experiências como uma mulher negra queer. Quando Monáe apresentou a faixa "Americans" no programa The Late Show with Stephen Colbert, ela levou a estrela do seriado PoseMj Rodriquez para a apresentação, como parte de um grupo de mulheres trans negras. Ela também dedicou a indicação ao Grammy desse álbum ao elenco de Pose.[14][15]
Em abril de 2022, ela se declarou não binária em Red Table Talk, dizendo "sou não binária, não me vejo como mulher, apenas … sinto que deus [sic] é muito maior que "ele" ou "ela". E se eu sou de Deus, eu sou tudo".[16] Na entrevista, ela também reconheceu ter vivido relações tanto poliamorosas quanto monogâmicas. Depois da entrevista, Janelle disse que usa pronomes femininos e they singular.[17][18][19]
Janelle Monáe apresentou-se em janeiro de 2011 no Brasil, precedendo Amy Winehouse, em Jurerê, (Florianópolis),[26] em São Paulo, no Summer Soul Festival (Arena Anhembi), no Recife e no Rio de Janeiro.
Em setembro de 2011, regressou ao Rio de Janeiro, para o Rock in Rio IV.