A língua quicuia[2][3] ou simplesmente quicuio[2] (gafada gikuyu nas línguas bantas, com base no nome nativo gĩkũyũ) é uma língua banta pertencente à família das línguas nigero-congolesas falada primariamente pelos quicuios do Quénia. Há aproximadamente 6 milhões de falantes do quicuio (22% da população do Quênia),[4] formando assim o maior grupo étnico desse país. A língua quicuia é falada na zona entre Nieri e Nairóbi. O quicuio é uma das cinco línguas do subgrupo thagichu das línguas bantas que se estende do Quénia à Tanzânia.[5] Os quicuios distinguem as suas terras pelos limites da cadeia montanhosa do Quénia Central, região a que chamam de Quiriniaga ou 'a montanha brilhante'.
O quicuio possui quatro dialetos mutuamente inteligíveis. Os distritos da Província Central são divididos são divididos de acordo com as tradicionais fronteiras dialetais, essas divisões são Quiriniaga, Muranga, Nieri e Quiambu. Os quicuios de Quiriniaga dividem-se em dois subgrupos principais – os ndia e o gichũgũ que falam kĩ-ndia e gĩ-gĩcũgũ[5]. Os gĩcũgũ's e os ndia's não possuem os sons "ch" ou "sh", e usam o som do "s" no lugar, então a pronúncia da palavra "gĩcũgũ" se opõe a "gĩchũgũ".[6] O ndia é falado na cidade de Querugoia a maior do distrito de Quiriniaga. Outras cidades habitadas pelos ndia, onde formas mais puras dessa língua são faladas, ficam na região do plantio de chá de Cagumo, e nas montanhas temperadas de Cangaita. Mais abaixo encontra-se a cidade de Kutus, onde o ndia foi tão influenciado por outros dialetos que o tornam significativamente diferente.
O inconfundível som melódico do dialeto quicuio gichugu (que soa como o embu, uma língua aparentada com o quicuio) pode ser ouvido na zona cafeeira de Quianiaga, Giture, Catunguri e Marigiti. O quicuio muda facilmente com a transição das terras altas para as outras áreas de Quiriniaga.
A divisão Mwea do distrito de Quiriniaga é habitada por uma mistura dos quicuios com outras etnias, principalmente vindas de Quiriniaga, que chegaram à região em 1960 após a independência, ocupando o lugar dos quicuios, cujas terras já antes haviam sido tomadas pelos colonizadores.
Fonologia
Vogais
Frontal
Central
Anterior
Alta
i
u
Média-alta
e (ĩ)
o (ũ)
Média-baixa
ɛ (e)
ɔ (o)
Baixa
a
Consoantes
Bilabial
Dental / Alveolar
Palatal
Velar
Glotal
Plosiva
Muda
t (t)
k (k)
Expressa prenasalizada
mb (mb)
nd (nd)
ŋg (ng)
Africada
ɲdʒ (nj)
Nasal
m (m)
n (n)
ɲ (ny)
ŋ (ng)
Fricativa
Muda
ɸ
θ
ʃ
h (h)
Expressa
ɣ (g)
Líquida
r (r)
Aproximante
j (y)
w (w)
Escrita
Alfabeto
O quicuio é escrito com uma variante do alfabeto latino.[7][6] Comparado ao português:
Não se usa as seguintes letras: f l p s v x z
Existem sete sons vocálicos, há um i e um u com um til em adição às simples a e i o u.
As letras do alfabeto quicuio são[7]: a b c d e g h i ĩ j k m n o r t u ũ w y
Alguns sons são representados por dígrafos como ng para representar o nh velar (ŋ).[7]
Literatura
Há uma notável literatura escrita em língua quicuia: o livro Mũrogi wa Kagogo (Mágico do corvo) de Ngugi wa Thiong'o[8], que por sinal é o maior livro escrito numa língua sub-saariana. Outros autores que escrevem em quicuio são Mwangi wa Mutahi e Gatua wa Mbugwa.
Também há uma quantidade considerável de literatura e até periódicos no site jw.org/ki