João de Scantimburgo Filho (Dois Córregos, 31 de outubro de 1915 – São Paulo, 22 de março de 2013) foi um jornalista, professor e escritor brasileiro, integrante da Academia Brasileira de Letras. Foi também membro da Academia Paulista de Letras.[1]
Biografia
Descendente de italianos, era filho de João de Scantimburgo e Julia Cenci de Scantimburgo.[2]
Foi casado duas vezes. Primeiro com Celia Kerr.[3] Segundo com Anna Theresa Maria Josefina Tekla Edwige Isabella Lubowiecka, da família dos condes poloneses de Lubowiecka, falecida em 2003, com quem não teve filhos.
“
O Brasil e o Futuro.
Nunca o futuro esteve tão presente, como em nossa época. Se não tivemos, ainda, uma invasão de marcianos, tivemos, vê-se, uma invasão de profetas, que procuram decifrar o futuro ou antecipá-lo, com muitas elucubrações. Se devemos, os contemporâneos que ainda não perdemos a fé, temer pelo mundo, é porque a mecanização do espírito, a desespiritualização da técnica, a crise do homem, de sua crença das bases de seu amor, de sua angústia diante do insondável mistério, que o traz suspenso em face da imensidão de Deus, serem forças poderosas, sobretudo quando usam os veículos de comunicação de massa para difundir o mal. (...)”
— João de Scantimburgo (Tratado geral do Brasil, 1971)
Jornalismo
Estudou em Rio Claro onde trabalhou para Humberto Cartolano da Caetano, Cartolano & Cia.[4] Ainda em Rio Claro dirigiu o jornal diário Cidade de Rio Claro.[4]
Mudou-se para São Paulo em 1940.[4]
Entrou na Rádio Bandeirantes por intermédio de José Pires de Oliveira Dias, industrial farmacêutico de Rio Claro.[carece de fontes] Saiu da rádio em 1943.[carece de fontes]
Trabalhou para O Estado de S. Paulo, na época sob a direção de Abner Mourão.[4]
Foi diretor do grupo Diários Associados, dirigindo o Diário de S. Paulo e o Diário da Noite.[4]
Dirigiu o Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.[4]
Correio Paulistano (1955-1960)
Em 1955 comprou o jornal Correio Paulistano o qual passou a dirigir.[1]
O órgão que era então o porta-voz do Partido Republicano Paulista passou a ser independente.[5]
Mesmo assim nas eleições de 1960, num artigo assinado por João, o jornal anunciou a candidatura do marechal Lott.[5]
TV Excelsior (1960-1961)
Em 1959, a concessão do canal 9, que pertencia à organização Vítor Costa, foi vendida a um grupo de empresários que incluia Mário Wallace Simonsen, Ortiz Monteiro, José Luís Moura e João de Scantimburgo.[6]
Fundaram a TV Excelsior. João foi seu primeiro diretor. Paulo Uchoa de Oliveira o vice e Saulo Ramos o super intendente.[6] Em 30 de maio de 1961 saiu da sociedade.[7]
TV Tupi
Em 1954, apresentou o programa "Comentário Internacional" na TV Tupi.[8]
Depois, em 1970, apresentou o programa de entrevistas "Pinga-Fogo".[8]
Academias de letras
Em 1977, entrou para a Academia Paulista de Letras. Ocupou a cadeira 8. Sucedeu a Aureliano Leite.[9]
Em 21 de novembro de 1991 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo o quinto ocupante da Cadeira nº 36, na sucessão de José Guilherme Merquior.[10] Sua posse ocorreu em 26 de maio de 1992.[11]
João de Scantimburgo morreu em 22 de março de 2013 no bairro do Pacaembu, em São Paulo, após uma crise de diabetes.[12]
Pensamento
Movimento monarquista
Foi um dos líderes do movimento monarquista no Brasil,[1] co-dirigindo o Comitê de Estudos do Problema Monárquico junto de Sebastião Pagano, ex-membro da Ação Imperial Patrianovista Brasileira.[13]
Também colaborou com Paulo Palmeiro Mendes no seu boletim monarquista Mensagem.[1]
Escreveu livros sobre o tema como O Poder Moderador (1980) e A Crise Republicana Presidencial (2000).
Catolicismo
Era católico e isso se refletiu na sua obra.[1]
Academia Brasileira de Letras
Foi o quinto ocupante da cadeira 36 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é o escritor Teófilo Dias.
Livros publicados
- O destino da América Latina - A democracia na América Latina. São Paulo: Cia. Ed. Nacional,1966
- A crise da República presidencial. São Paulo: Pioneira, 1969.
- A extensão humana - Introdução à filosofia da técnica. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1970. 2ª ed. São Paulo: Editora LTr, 2000.
- Tratado geral do Brasil. São Paulo: Cia. Edit. Nacional/EDUSP, 1971. 2ªed., São Paulo: Pioneira, 1978. 3ª ed., São Paulo: Editora LTr, 1998.
- José Ermírio de Moraes - O homem e a obra. São Paulo: Cia. Edit. Nacional, 1975. 2ªed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
- Ilusões e desilusões do desenvolvimento. São Paulo: Edit. Comercial, 1976.
- Concepção cristocêntrica da História. São Paulo: Edit. Revista dos Tribunais, 1977.
- O problema do destino humano segundo a filosofia de Maurice Blondel. São Paulo: Convívio, 1979.
- Interpretação de Camões à luz de Santo Tomás de Aquino. São Paulo: Melhoramentos/EDUSP, 1979.
- O café e o desenvolvimento do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1980.
- O Poder Moderador - História e teoria. São Paulo: Pioneira, 1980.
- A filosofia da ação - Síntese do blondelismo. São Paulo: Digesto Econômico, 1982.
- Os paulistas - Evolução social, política e econômica do povo paulista. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1984. 2ª ed., São Paulo: Editora LTr, 2000.
- O segredo japonês. São Paulo: IBRAE, 1986.
- Gastão Vidigal e sua época. São Paulo: Fundação Gastão Vidigal, 1986.
- O Brasil e a Revolução Francesa. São Paulo: Pioneira, 1989.
- Memórias da Pensão Humaitá. São Paulo: Cia. Edit. Nacional, 1992.
- Introdução à filosofia de Maurice Blondel. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia, 1993.
- O drama religioso de Rui Barbosa. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1994.
- No limiar do novo Humanismo. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1994.
- Eça de Queiroz e a tradição. São Paulo: Siciliano, 1995. 2ª ed.: Universitária, 1998.
- História do Liberalismo no Brasil. São Paulo: Editora LTr, 1996.
- A empresa moderna no Brasil. São Paulo: Digesto Econômico, 1997. 2ª ed.: Edit. Una, 2001.
- Galeria de retratos. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1999.
- O mal na História - Os tolitarismos do século XX. São Paulo: Editora LTr, 1999. (traduzido para o espanhol)
- O governo colegiado de D. Pedro II e o governo unipessoal dos presidentes da República (ensaio)
- Amanhã o ano 2000. São Paulo: Editora LTr, 1999.
- A crise da República presidencial. São Paulo: Editora LTr, 2000.
- Os olivais do crepúsculo (romance). São Paulo: Editora LTr, 2000.
- José, um homem do seu tempo. São Paulo: Pancrom, 2003.
Em co-autoria com o advogado e historiador Aureliano Leite escreveu também a História da Municipalidade de São Paulo', em 2 volumes, editada pela Câmara Municipal, em 1978/1979.
Referências
Ligações externas
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