As famílias ciganas Sbano e Balboa fizeram um contrato de casamento para seus filhos Dara e Igor, quando os dois ainda eram crianças e moravam na cidade espanhola de Sevilha.[3] Depois de vinte anos, Igor volta para cumprir o acordo das duas famílias. Todos aguardam ansiosos pelo rapaz, menos Dara, que não quer saber do compromisso assumido. A cigana quer mais do que estudar apenas o suficiente para aprender a ler, escrever e fazer contas, destino reservado às mulheres ciganas.[4]
Diferentemente da irmã, Ianca, Dara sonha em trabalhar e ser independente, e faz cursinho pré-vestibular às escondidas. Tudo contra a vontade do pai, Jairo que é extremamente conservador e comprometido com as tradições ciganas. Seus futuros sogros, Pepe e Luzia, nem imaginam os anseios da jovem cigana. A espanhola vive sob a tensão de ter sua origem descoberta pelos amigos, de seu namorado Serginho e ser apanhada em flagrante. Na esteira desses conflitos entre futuro e passado, inovação e tradição, Dara inicia uma relação pela internet com o empresário Júlio. Virtualmente, os dois se envolvem cada dia mais. Ele vive um casamento de fachada com Vera Avelar, uma mulher rica e mimada. Depois que se conhecem pessoalmente e se apaixonam, Dara e Júlio encontram obstáculos ainda mais difíceis como a cultura do povo cigano. Juntos, eles lutam contra todos, inclusive a interferência incessante de Igor e Vera.[4]
A aventura de Dara só é possível graças a Odaísa, a empregada da família, que sente pena da moça e não consegue fazer o papel de vigia e babá que lhe é conferido por Jairo e Lola. Por outro lado, Dara tem como entrave a irmã Ianca, que sonha casar-se logo. Desesperada porque na tradição cigana a mais nova só se casa depois da mais velha, a menina faz de tudo para que Dara concretize sua união com Igor o mais rápido possível.[4]
Antes de conhecer Júlio, Dara foge de Igor e acaba se envolvendo com Serginho, um colega do cursinho pré-vestibular apaixonado por ela. Na família de Serginho, Dara conhece Augusto, por quem passa a cultivar um grande afeto e a quem começa a tratar como avô. Augusto se sente muito mal na casa do filho, o padrasto de Serginho, e recupera a alegria de viver no convívio com a jovem cigana, acostumada a reverenciar os mais velhos. Através dessas relações, a jovem mostra a todos que é muito ligada aos valores ciganos, apesar de estar em conflito com a família. Dara não deseja negar sua origem: ela quer casar-se virgem, adora as músicas e as danças de seu povo, orgulha-se de suas raízes e emociona-se com as profecias de seu avô Mio Sbano: só não concorda com a falta de liberdade que lhe impõem.[4]
Após enfrentar muitos problemas, entre eles a solidão, Dara cede aos apelos da família e se casa com Igor, embora grávida de Júlio. Na cultura cigana, no dia do casamento a noiva deve dar uma prova de sua virgindade. Ciente da situação de Dara, Igor promete que, apesar de casados, não a tocará. E, para ajudá-la a forjar a falsa prova diante de sua comunidade, faz um corte no próprio braço e suja a saia da amada de sangue. Dara permanece casada com Igor até o último capítulo da telenovela, quando dá à luz ao filho. O parto, realizado numa praia, é acompanhado por Igor, que leva Dara e a criança ao encontro de Júlio, e parte para sempre.[4]
Tramas paralelas
A história contou com o jovem Serginho que se apaixona por Beth, a ex-mulher de seu padrasto e vinte anos mais velha que ele. O casal sofre preconceito, mas nem por isso desistem do romance. A telenovela teve um núcleo com humor, formado pelo casal Salgadinho e Lucilene, e a travesti Sarita Vitti. Edu, filho de Salgadinho e Lucilene era um jovem viciado em internet dividido entre o amor de Yone e Rose, há também Bebeto a Jato, office-boy do escritório de Júlio Falcão, Bebeto é um rocker, fã de rockabilly[5] e participante de concursos de topete.[4]
Produção
Explode Coração marcou o retorno da novelista Gloria Perez ao horário nobre da TV Globo. A escritora estava afastada das novelas desde De Corpo e Alma, que foi exibida de agosto de 1992 a março de 1993, e ficou marcada pelo assassinato de Daniella Perez, filha da autora.[6]
As gravações começaram em setembro de 1995. Uma parte do elenco foi para Tóquio, no Japão e outra em Granada, na Espanha.[7]
Foi a primeira telenovela da TV Globo a ser gravada do início ao fim nos estúdios da Central Globo de Produções, o Projac, hoje Estúdios Globo.[4] Graças ao tamanho dos estúdios, poupou-se tempo na montagem e desmontagem de cenários, e reduziu-se o custo da produção.[8]
Também foi a primeira telenovela de Glória Perez a apresentar ao público brasileiro uma cultura exótica.[9]
Apesar do atraso de O Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa, então prevista para substituir Explode Coração, a TV Globo não determinou em momento algum estender a novela. Os executivos já haviam encomendado que a novela fosse curta, para que Gloria Perez fosse liberada a tempo dos compromissos envolvendo o julgamento dos acusados do assassinato de Daniella. O intervalo entre as tramas foi, então, preenchido por O Fim do Mundo, de Dias Gomes, originalmente concebida como minissérie.[10]
Para aprender os hábitos e costumes da cultura cigana, os atores do núcleo cigano fizeram laboratório. Auxiliados pela jornalista Lúcia Abreu, eles visitaram famílias ciganas reais que viviam no Brasil.[11]
Tereza Seiblitz, a protagonista da trama, ficou mais de um mês dedicada ao laboratório para compor Dara, a sua personagem cigana: conversou com grupos de ciganos, leu a respeito da cultura cigana, participou das festas e chegou a ter aulas diárias de dança cigana. Sua personagem foi inspirando em uma cigana de Copacabana.[4]
No Brasil, a internet ainda era pouco difundida e causou surpresa aos telespectadores. A possibilidade de contato entre duas pessoas através da rede mundial de computadores era uma grande novidade na época em que a telenovela foi exibida. Glória Perez contou que chegou a ser ridicularizada quando propôs abordar o tema na telenovela e foi chamada de "louca e fantasiosa".[12]
Adriano Garib e Eduardo Moscovis chegaram a fazer o teste para viverem o personagem Igor na telenovela, porém o personagem ficou com o ator Ricardo Macchi.[13]
A partir da segunda semana da telenovela, a direção da emissora exigiu que os figurinos dos personagens ciganos fossem modificados, pois eram considerados exagerados e estereotipados. Como não se tratava de ciganos nômades, mas ricos, moradores de bairros de classe alta que se dedicavam à indústria e ao comércio, os personagens passaram a se vestir como pessoas comuns, sendo os trajes típicos usados apenas em cenas de festas e rituais. Várias cenas com os novos figurinos foram regravadas.[14]
Em dezembro de 1995, a advogada e cigana Mirian Stanescon conseguiu uma liminar que proibia a TV Globo de exibir as cenas onde Dara (Tereza Seiblitz) perdia a virgindade com Julio (Edson Celulari). Segundo ela, os ciganos só praticavam sexo depois do casamento e que a perda da virgindade da personagem seria uma ofensa moral.[15] Poucos dias depois, a liminar foi derrubada pela Justiça e a Globo pôde exibir a cena normalmente.[16]
A apresentadora Ana Furtado aparece dançando na abertura da telenovela. À época, Ana, que era modelo, não demonstrava nenhum interesse em seguir carreira na televisão.[17]
Foi apresentada em um breve resumo no quadro Novelão do Vídeo Show de 15 de outubro a 26 de outubro de 2012.[18]
Foi reapresentada na íntegra pelo Canal Viva de 29 de janeiro a 27 de julho de 2018, substituindo O Fim do Mundo, sua sucessora original, e sendo substituída por A Indomada, às 23h30 e 13h30.[19]
Em 22 de junho de 2020, a TV Globo disponibilizou a novela na íntegra. Foi a terceira novela a ser resgatada em sua plataforma de streamingGloboplay.[20]
Repercussão
Ciganos de Campinas fizeram críticas ao modo como a cultura cigana era retratada na telenovela. Segundo eles, a telenovela não retratava com fidelidade a cultura do povo. Teceram críticas quanto ao modo de vida, às roupas, aos acessórios, ao casamento e tudo o que era mostrado na telenovela, alegando que muitas coisas não eram verídicas. Mas criticaram principalmente o fato da personagem Dara ter perdido a virgindade antes do casamento.[21] Em contrapartida, cerca de 40 ciganos se reuniram em frente ao Fórum do Rio para manifestar apoio à autora Glória Perez, torcendo para que a cena romântica entre Dara e Julio fosse exibida.[22]
A personagem Sarita (Floriano Peixoto) causou polêmica entre o meio LGBT. Segundo eles, o personagem possuía uma identidade indefinida, ou seja, não se sabia se era um travesti ou uma 'drag queen', devido ao comportamento diário dele na telenovela.[23] Em resposta às críticas, o ator afirmou que "a ideia era viver o limite entre o homem e a mulher". Ele concluiu dizendo que "a melhor definição para Sarita é sua alma feminina".[24]
A partir de março de 1996, a trama começou a abordar sobre as crianças desaparecidas. As mães apareciam na telenovela e mostravam a foto do seu filho desaparecido. Por meio dessa abordagem, o número de ligações ao Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente cresceu, fazendo com que as crianças desaparecidas pudessem ser encontradas.[25] Ao final da telenovela, verificou-se que cerca de 70 crianças desaparecidas foram encontradas, graças à campanha feita na telenovela.[26] O quadro da telenovela que mostrava as mães mostrando seus filhos desaparecidos causou pânico nas crianças. Devido ao desaparecimento dos semelhantes, as crianças temiam que com elas pudessem acontecer o mesmo.[27]