Aguinaldo Silva possui a "marca" de único dramaturgo da TV Globo que só escreveu novelas de horário nobre (de acordo com a edição 1991 da Revista Veja).[4]
Nascido em uma família pobre, em Carpina no interior de Pernambuco, em 7 de junho de 1944, sendo filho de Maria do Carmo Ferreira da Silva e Joaquim Ferreira. Trocava de bom grado o futebol com os meninos da vizinhança pela leitura dos clássicos como Dostoiévski e Camões. Custeado pelo esforço e sacrifício de seu pai que via na educação a solução para os problemas do mundo, pôde estudar nos melhores e mais caros colégios de Recife.
Na adolescência, ainda funcionário de um cartório no Recife, escreveu o romanceRedenção para Job. Lançado com sucesso, acabou por gerar polêmica porque correram rumores atribuindo a autoria real ao jornalista Newton Rodrigues, à época o editor da primeira página do Jornal do Commercio, importante diário da capital pernambucana.
Em 1962, quando a rede de jornaisÚltima Hora, de Samuel Wainer, implantou no Recife o Última Hora Nordeste, Aguinaldo foi requisitado pelo jornalista Múcio Borges da Fonseca para trabalhar como repórter. Ele trabalhou alguns meses cobrindo a área do aeroporto, mas preferiu atuar internamente, na redação, passando a exercer as funções de copidesque.
Com o fechamento do jornal devido ao golpe militar de 1964, Aguinaldo Silva foi morar no Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar como repórter policial no jornal O Globo. Na década de 1970, editou o primeiro jornal gay do país, O Lampião, um tabloide semanal que teve vida curta.
Sua experiência como repórter policial o fez ser convidado, em 1979, para ser um dos autores do seriado Plantão de Polícia, da Rede Globo, que retratava a vida de um veterano profissional dessa linha, o fictício Waldomiro Pena.
O sucesso do seriado o levou a escrever também episódios de Malu Mulher. Posteriormente lançou o formato minissérie na TV brasileira, escrevendo com Doc Comparato, Lampião e Maria Bonita. Por este trabalho recebeu o Troféu APCA de Revelação Masculina de 1982, junto com Comparato, na categoria Televisão.
Junto com o mesmo parceiro desenvolveu ainda mais duas minisséries - Bandidos da Falange (1983) e Padre Cícero (1984) - e mais uma solo - a adaptação de Tenda dos Milagres de Jorge Amado (1985). No mesmo ano em que foi ao ar Padre Cícero, escreveu a primeira novela de sua carreira em parceria com a também estreante Glória Perez: Partido Alto, atração do horário nobre que mostrava simultaneamente os 'universos' da Zona Sul carioca e dos subúrbios da mesma cidade, estes dominados pelo jogo do bicho. Contudo, tal experiência não deu certo e Aguinaldo abandonou a feitura da trama antes de seu término. Mas se recuperou logo no ano seguinte, quando José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, executivo da TV Globo, o convidou a escrever a novela Roque Santeiro.
A novela de Dias Gomes, proibida pela censura da ditadura militar, em 1975, tinha 40 capítulos escritos, mas o autor se recusou a retomar o trabalho. Aguinaldo foi convidado a escrever a novela a partir do ponto em que Dias Gomes tinha parado e o resultado foi um grande sucesso de público e crítica.
Em 1989, escreveu Tieta, protagonizada por Betty Faria, sendo considerada uma das melhores novelas da história da Rede Globo, onde tinha mistérios, como a história da Mulher de Branco. Contava a história de Tieta do Agreste, baseada no livro de Jorge Amado. A novela, que na época foi uma explosão de audiência, registrou 65 pontos de média, chegando a marcar mais de 80 pontos no último capítulo (que teve média de 78). Teve como parceiros Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares.
Seu talento de romancista e ficcionista, enriquecido pela experiência na reportagem policial, casou com a produção de folhetins televisivos. Outras características marcantes são o regionalismo e o realismo fantástico. Em 1992, ao lado de Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, escreveu a novela Pedra sobre Pedra, que tinha como foco uma história no estilo Romeu e Julieta e, como história secundária, o regionalismo, realismo fantástico e o famoso ''Quem matou...''. Em 1993, mais uma vez ao lado dos mesmos autores, escreveu outro sucesso, Fera Ferida. Em 1997, escreveu mais um sucesso, com a mesma temática de suas novelas anteriores, A Indomada, novela que marcou época. Em 1999, o primeiro fracasso de sua carreira, Suave Veneno, sendo que nessa novela, Aguinaldo estava escrevendo pela primeira vez sozinho, e mudou a temática, com ela se passando em uma cidade grande e sem realismo fantástico. Em 2001, escreveu o sucesso Porto dos Milagres, novamente em parceria com Ricardo Linhares. Fez sucesso também com Senhora do Destino, em 2004, novela de maior audiência da década de 2000, com média geral de 50 pontos, índice não superado por nenhuma outra novela até o momento.[8][9]
Entre Outubro de 2007 e Maio de 2008, foi exibida Duas Caras, novela de sua autoria, que teve Dalton Vigh e Marjorie Estiano como protagonistas. Apesar da baixa média de audiência de 41 pontos durante os oito meses em que foi exibida, a trama foi eleita pelo jornal espanhol 20 minutos a 9ª melhor telenovela brasileira de todos os tempos e foi a última novela do horário a se colocar acima da meta de 40 pontos com média geral de 41 pontos de audiência.[10]
Foi autor da minissérie Cinquentinha. Começou o ano de 2010 supervisionando a novela Tempos Modernos, de Bosco Brasil, autor que já adaptou a trama Bicho do Mato, segunda trama exibida no horário das seis na Rede Globo. Em Portugal, supervisionou a novela Laços de Sangue, primeira novela coproduzida da parceria Rede Globo e SIC.
Em 2013, supervisionou o remake de Fina Estampa, produzido pela Rede Globo e Telemundo.[13] Também no mesmo ano finalizou o roteiro de Super Crô - O Filme, lançado em 2013.[14]
Em 2014, escreveu a novela Império, que possuiu o título provisório de Falso Brilhante, e substituiu Em Família.[15][16][17] Depois, em parceria com Brunno Pires e Megg Santos, escreveu um seriado intitulado Doctor Pri, com Glória Pires, cotada para interpretar a personagem-título, e previsto para estrear em setembro de 2014.[18][19] Porém, devido à antecipação da trama de Aguinaldo, a Rede Globo decidiu adiar a exibição do seriado, para o autor se dedicar apenas à novela.[20][21] Em 2014, recebeu da Presidente Dilma Rousseff, o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural.[22][23]
Em 23 de novembro de 2015, Império recebeu o prêmio Emmy Internacional de melhor telenovela, mas Aguinaldo não compareceu à cerimônia do prêmio, porém criou uma polêmica ao prometer que, se Império vencesse o Emmy, ele "ficaria pelado", promessa esta que o autor disse ter cumprido no quarto dele.[24][25][26][27]
Em Setembro de 2024, a Rede Globo aprova a sinopse da novela Três Graças,com isso seu retorno ao horário das 21hrs pode ocorrer no segundo semestre de 2025.[30]