Raul Cortez era o mais velho de seis irmãos, Rui Celso, Lúcia, Pedro, Regina e Jô Cortez. É o pai da também atriz Lígia Cortez, fruto do seu casamento com a atriz Célia Helena, e de Maria, com Tânia Caldas. Raul Cortez tem duas netas, filhas de Lígia: Vitória e Clara. Era abertamente bissexual e falou sobre o tema em fevereiro de 1980 para a Revista VEJA: Atração é uma coisa que está no ar. Ninguém pode impor que a gente vá gostar só de homens ou transar só com mulheres.[3]
Cortez trabalhou em 66 peças teatrais, 20 telenovelas, seis minisséries, 28 filmes e ganhou vários prêmios, entre eles cinco Molière – a mais importante premiação do teatro brasileiro.
Carreira
Atuação nos palcos
Ia ser advogado, mas aos 22 anos decidiu trocar os tribunais pelo palco. A estreia foi em 1955 e no ano seguinte já fez o primeiro papel no cinema, em O Pão que o Diabo Amassou. Em 1965, foi Joaquim em Vereda da Salvação, em 1969 encarnou um travesti na peça Os Monstros e em 1970 fez o primeiro nu do teatro brasileiro em O Balcão, de Jean Genet.
Na década seguinte recebeu vários prêmios, mas a consagração veio da mão da peça Rasga Coração (1979), no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Última escrita pelo mestre Oduvaldo Vianna Filho, na qual contracenou com Lucélia Santos, interpretando o amargurado funcionário público e ex-militante comunista Maguary Pistolão. A cena final, escrita por Vianinha, foi marcante: o funcionário público aparece nu amarrado por cordas nos pés e dependurado no ponto mais alto do palco.
Televisão
Após participar de algumas telenovelas nas emissoras Excelsior, Bandeirantes e Tupi, Raul Cortez estreou na Rede Globo em outubro de 1978 no especial "Ciranda Cirandinha" no papel do pai de Tati, personagem principal vivida pela atriz Lucélia Santos. Dois anos depois, em 1980, protagonizou ao lado de Reginaldo Faria a novela de Gilberto Braga, Água-Viva, na qual interpretou o cirurgião plástico Miguel Fragonard. Com este trabalho alcançou notoriedade e reconhecimento do público, tornando-se uma estrela da televisão.
Para isso também contribuíram papéis em Baila Comigo (1981), de Manoel Carlos, um amigo de 40 anos, que chegou a convidá-lo para participar de Partido Alto (1984), primeira novela de Aguinaldo Silva. Posteriormente, de 1993 a 1995 foi apresentador fixo do programa Você Decide.
Os mega-vilões Virgílio Assunção, de Mulheres de Areia (1993), e Geremias Berdinazzi, de O Rei do Gado (1996), aumentaram sua fama internacional, particularmente na Rússia, onde ambas as novelas atingiram enorme audiência no país. Terra Nostra, uma das tramas mais vendidas da Globo, o levou aos cinco continentes com outro italiano: Francesco Magliano.
Em 2004 participou da novela Senhora do Destino interpretando Pedro Correia de Andrade e Couto (o Barão de Bonsucesso). Em 2005, precisou suspender temporariamente sua participação devido ao avanço da doença que causaria sua morte tempos depois.
Tudo parecia relativamente resolvido, pois ainda retornaria às telas em 2006 interpretando Antônio Carlos, na minissérie JK, a biografia do ex-Presidente Juscelino Kubitschek.
É considerado um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos. Raul morreu às vésperas de completar cinquenta anos de carreira, em decorrência do agravamento de um câncer no pâncreas, contra o qual lutava havia cerca de quatro anos.
↑YERMA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: "Yerma". Acesso em: 02 de Ago. 2020
↑LEONOR de Mendonça. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Leonor de Mendonça. Acesso em: 02 de Ago. 2020
↑QUEM Tem Medo de Virgínia Woolf?. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Site Acesso em: 02 de Ago. 2020
↑AMADEUS . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: "Amadeus". Acesso em: 02 de Ago. 2020
↑O Lobo de Ray-Ban. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: Site. Acesso em: 02 de Ago. 2020