Originado da Fazenda de Sant’Ana, propriedade da Companhia de Jesus que foi pela citada primeira vez em 1560 pelo padre José de Anchieta, funcionou como o cinturão verde da "São Paulo dos Campos de Piratininga". As terras da fazenda foram divididas em sesmarias no início do século XIX.[7]
O Império do Brasil começou a nascer na Rua Alfredo Pujol, onde ficava a sede da fazenda,[8] pois foi ali que a família dos Andradas se estabeleceu e o lugar onde José Bonifácio de Andrada e Silva redigiu o manifesto paulista que ajudou na declaração do Dia do Fico por parte de dom Pedro I (posteriormente, houve a independência do país, em 1822).[9]
Um pequeno núcleo se formou no entorno da antiga fazenda. Na planta de 1897, já aparece um traçado de ruas, mas as casas concentravam-se exclusivamente ao longo de algumas destas.[7]
O século XX marcou a integração de Santana à metrópole, dos bondes puxados a burros do século XIX à inauguração da primeira estação do metrô na década de 1970.[10] Com esse processo de desenvolvimento e avanços em sua infraestrutura, o bairro transformou-se em um dos principais polos comerciais da zona norte e da cidade.[11] Atualmente, o bairro apresenta considerável adensamento populacional e o fenômeno da verticalização em virtude da valorização dos terrenos destinados às classes média, média alta e alta.[12][13]
Etimologia
A palavra Santana é a junção de Santa Ana, formada pelo processo de justaposição da língua portuguesa, com fontes registadas desde sua fundação. Ao longo dos séculos, o bairro foi chamado de Sant'Anna, depois Sant'Ana, até o nome atual.
Santa Ana, mãe de Maria e avó de Jesus, foi nomeada como "Padroeira de Metrópole de São Paulo" pelo papa Urbano VIII em 25 de maio de 1782. Em 1621, o papa Gregório XV fixou 26 de julho como a data da festa litúrgica de Sant'Ana. A santa também é padroeira do bairro.[14]
Santana é o mais antigo núcleo de povoamento na cidade ao norte do Rio Tietê. O bairro foi conhecido por muito tempo como Fazenda Tietê ou Guaré, no caminho de Atibaia e de Minas Gerais. Os colonizadores portugueses trouxeram índios escravos, se instalando juntamente com jesuítas, que já haviam montado um colégio para a catequização. Foram estes [jesuítas] que trouxeram as primeiras melhorias para a fazenda, como o estabelecimento de alguns centros de plantação e criação de animais. Em 1673, a Fazenda de Sant'Ana passou a se desenvolver mais, tornando-se a fazenda mais importante do Colégio de São Paulo.[9]
A sede da fazenda, construída em 1734, ficava onde é hoje o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo.[8] Como reflexo da determinação do Marquês de Pombal de expulsar os jesuítas do Reino de Portugal e de suas colônias, confiscando seus bens, a fazenda passou a ser administrada pelo governo da Capitania de São Paulo, já não mais pela Companhia de Jesus. A fazenda tinha seus limites a partir das imediações do Jardim da Luz, seguindo o Rio Guaré (atual Tietê) e terminando aproximadamente em Mairiporã.[7]
Século XIX
No início do século XIX, a Coroa tentou fundar um núcleo colonial distribuindo terras em sesmarias. Em 1887, viviam, ali, pouco mais que 130 pessoas, que cultivavam vinha, batata e milho. Anos depois, foi criada a Paróquia de Sant’Ana, tendo, por sede provisória, a Capela de Santa Cruz, no Alto de Santana.[15] Até 1897, as habitações encontravam-se apenas ao longo das atuais ruas Alfredo Pujol e Doutor César. Devido às inundações periódicas da várzea do Tietê, houve uma expansão lenta e a fazenda foi sendo dividida e subdividida, surgindo então o núcleo do atual bairro de Santana.[7][9]
É impossível que os habitantes do Brasil que forem honrados e se prezarem de ser homens, e mormente os paulistas, possam jamais consentir em tais absurdos e despotismos. V. A. Real deve ficar no Brasil quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes não só para nosso bem geral mas até para a independência e prosperidade futura do mesmo Portugal.[16]
No ano 1852, o alferes de milícias Francisco Antônio Baruel, representante de uma das primeiras famílias da Zona Norte, adquiriu terras no bairro. Ele era agricultor, criador de animais, fabricante de farinha e de telhas. Fabricava telhas no Sítio Morrinhos, transportando-as, por canoas, pelo Rio Tietê.[17] Formou a Chácara Baruel, que possuía a área de um alqueire (24 250 m²) e cuja sede situava-se em um castelo de estilo nórdico construído por volta de 1879. A Família Baruel ajudou na construção da Capela de Santa Cruz no Alto de Santana.[18] Tempos depois, este palacete, chamado também de "Castelinho de Santana", se tornou um orfanato dirigido por Pérola Byington. Francisco Baruel foi homenageado com uma rua que situa-se próximo ao palacete.[19]
Outro imóvel que restou da Chácara Baruel foi a casa de dona Maria, filha dos Baruel. Construída em estilo normando com estrutura sólida e rico trabalho arquitetônico, é um patrimônio histórico que preserva a história do bairro.[20] Nos anos 1950, a casa foi apropriada pela prefeitura e a Biblioteca Narbal Fontes foi criada na gestão do prefeito Jânio da Silva Quadros, recebendo, como patrono, o escritor e médico Narbal Fontes. Ocupa área de 1 450 metros quadrados, sendo circundada por um jardim com muitas árvores e bancos.[21]
Século XX
Dificuldades de acesso a Santana eram históricas e retardaram o desenvolvimento até meados do século XIX. Até então, a região produzia uvas e vinhos. Quando a Companhia Cantareira e Esgotos resolveu captar água na Serra da Cantareira para abastecer o reservatório da Consolação foi necessária a criação de um meio de transporte para locomoção de trabalhadores e materiais de construção. Por isso, o Governo do Estado resolveu construir a pequena linha férrea provisória do Tramway Cantareira.[3]
Ao final do ano de 1893, o trem já estava em operação. Passava por Santana na atual Avenida Cruzeiro do Sul transportando passageiros e cargas. Houve uma ampliação do sistema por meio de um ramal até Guarulhos. Este ramal começava na Estação Areal (próximo ao atual Parque da Juventude) e seguia pela Avenida General Ataliba Leonel.[22]
A Estação Santana ficava na Rua Alfredo Pujol, entre a Rua Voluntários da Pátria e a Avenida Cruzeiro do Sul, não muito distante de onde, mais tarde, foi construída a Estação Santana do metrô. Além de garantir o acesso, a ferrovia ajudou a desenvolver o bairro rapidamente. Mas, em 31 de março de 1965, após 72 anos de uso, o trem foi desativado, pois frequentemente ocorriam acidentes nas ruas de Santana, oferecendo um risco à segurança dos moradores e também para liberar caminho para o metrô.[7]
A Casa de Detenção de São Paulo, popularmente conhecida como "Carandiru" por ter sido construída sobre o córrego de mesmo nome,[25] estava aberta à visitação pública após sua inauguração e chegou a ser considerada como um dos cartões-postais da cidade. Entretanto, após a década de 1940 quando atingiu sua lotação máxima entrou em decadência. Novos pavilhões eram construídos, mas ainda assim aumentava a superlotação. Pelo descaso do governo, no ano de 1992 houve uma intensa rebelião que terminou com 111 presidiários mortos.[26] Esta rebelião é conhecida como o Massacre do Carandiru, foi considerado um dos episódios mais sangrentos da história penitenciária mundial.[27] Somente no ano de 2002 a casa foi desativada e parcialmente demolida transformando-se no que é hoje o Parque da Juventude.[28]
Primeira transmissão de rádio
No dia 3 de junho de 1900, o padre Landell de Moura, considerado "pai brasileiro do rádio", realizou a primeira transmissão da voz humana por rádio, com registro da imprensa, da Avenida Paulista, provavelmente de onde hoje está situado o Museu de Arte de São Paulo até o bairro de Santana, no Colégio Irmãs de São José, depois transformado no Colégio Santana e atualmente o Elite Santana[29]. Na época, o padre era o pároco da Capela de Santa Cruz ao lado do colégio.[30]
Em 1916, no ponto onde hoje está o Museu de Arte de São Paulo, existia o Belvedere Trianon, de onde se podia avistar o Colégio Irmãs de São José. Pela notável situação geográfica, é muito provável que tenha sido este ponto, pois a comunicação com o telefone sem fio, que utilizava a luz, não poderia ter obstáculos materiais à frente.[7]
Atualidade
O trânsito é o principal problema que aflige a população do bairro[31]
Rua Doutor César, uma das áreas comerciais.
Lançamentos imobiliários próximos a Rua Zuquim
O bairro é relativamente arborizado e bem atendido no transporte, água, esgoto, moradia e comércio.[16] Apesar dessas características suas ruas são acometidas por congestionamentos, zonas de meretrício da Avenida Cruzeiro do Sul e Rua Voluntários da Pátria na altura do Campo de Marte eTerminal Santana, inúmeras pichações, alagamentos em suas vias mais centrais[32][33] e grande número de moradores de rua em seu centro.[9] Em 2022, Santana apresentou um índice nulo de homicídios e agressões por intervenção policial, de acordo com dados do Mapa da Desigualdade. A região conta com unidades da Polícia Militar e um Conselho Comunitário de Segurança, o que contribui para a sensação de segurança dos moradores.[34]
Para a diminuição dos congestionamentos em suas vias, foi planejada uma ligação subterrânea, chamada até então de "Elo Norte" pela Companhia de Engenharia de Tráfego. O complexo viário contaria com dois túneis e ligaria a Avenida Cruzeiro do Sul com a Avenida Engenheiro Caetano Álvares no Mandaqui.[35] O túnel beneficiaria os moradores dos bairros de Lauzane Paulista e do Mandaqui, pois, para acessar essas regiões, é necessário atravessar as ruas do Alto de Santana e de Santa Teresinha, áreas congestionadas devido à alta verticalização. Orçado em R$ 338 mi, o projeto removeria 340 imóveis, principalmente os localizados no centro de Santana. A conclusão da obra estava prevista para o ano de 2012.[36] Além dos dois túneis estavam previstas: uma faixa exclusiva para bicicletas e uma calçada.[37]
Todo seu território é urbano com alta taxa de densidade demográfica. O fenômeno da verticalização cresce ano após ano e surge como consequência da valorização dos terrenos existentes.[38] Incorporadoras desenvolvem projetos de edifícios residenciais de médio e alto padrão, tanto que há locais em Santana em que o metro quadrado chega a custar R$ 7 mil.[39] Em virtude da expressiva valorização, o metro quadrado de algumas vias santanenses sofreu acréscimos de pelo menos 100% no projeto do Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, exemplo da Avenida Brás Leme.[40] O bairro está localizado no distrito de Santana que possui o maior índice de desenvolvimento humano (0,925) da zona norte da cidade e o 19º maior dentre os 96 distritos.[41] É uma zona residencial que apresenta considerável adensamento populacional, ostentando imóveis que possuem valor de de até R$ 18 milhões,[42][43][44] o fenômeno do crescimento vertical surge como conseqüência da valorização dos terrenos existentes. No ano de 2019 a Folha de S.Paulo descreve: "O morador da zona norte é bairrista. Não quer mudar de região, mas sem opção de imóveis modernos e confortáveis para a família, estavam migrando para locais como Higienópolis e Pacaembu", além de destacar o empreendimento The Point. As unidades de 472 metros quadrados foram vendidas em 2015 por R$ 12 mil o metro quadrado. E naquele ano eram são revendidos por R$ 18 mil – preço similar ao de prédios de alto padrão nos arredores do parque Ibirapuera.[45]
Basílica menor de Sant’Ana.
Edifícios comerciais nos arredores da estação Santana
A região do centro de Santana, localizada na zona norte de São Paulo, é uma área rica em história e importância para a cidade. Santana é um dos bairros mais antigos e nobres da zona norte, tendo suas origens em 1782, quando começou a se desenvolver a partir de núcleos de catequese estabelecidos pelos jesuítas.
O centro de Santana é conhecido por seu intenso comércio, que se concentra principalmente nas vias principais e adjacências próximas à Estação Santana do Metrô. A Estação Santana, parte da Linha 1–Azul do Metrô de São Paulo, foi inaugurada em 1975 e por muitos anos serviu como ponto final da linha na parte norte da cidade. Esta estação é um ponto central de mobilidade urbana, facilitando o acesso a diversas partes de São Paulo.
Nos arredores da Estação Santana, encontra-se o Terminal Santana, que é um importante ponto de conexão para o transporte público, integrando ônibus municipais. Possui forte concentração comercial, especialmente nas proximidades das ruas Leite de Morais, Doutor César, Alfredo Pujol e Voluntários da Pátria; a última é considerada como centro de comércio popular portando 600 lojas e um pequeno shopping e a Basílica menor de Sant’Ana.[46] A região é conhecida pela autossuficiência, já que possui diversos tipos de comércio e serviço, além de trabalho e instituições de ensino.[13]
Apresenta baixo grau de verticalização se comparado ao Alto de Santana e ótima infraestrutura de transporte. Está relativamente degradado. Após a construção do Parque da Juventude, houve um aumento da especulação imobiliária na região. Além disso, Santana abriga diversos pontos de interesse cultural e social. O bairro é sede de instituições importantes e oferece opções de lazer e cultura, como teatros e clubes, que enriquecem a vida comunitária local. A presença de escolas, hospitais e centros de saúde também faz de Santana uma área bem servida em termos de infraestrutura urbana. Em 2010, ano de eleições, houve o início de um processo de reurbanização do Centro de Santana. A Subprefeitura de Santana-Tucuruvi fez obras de revitalização visual, remoção de camelôs e gentrificação da Rua Voluntários da Pátria e suas adjacências.[47]
A região é classificada pelo conselho regional de corretores de imóveis como "zona de valor C", tal como os bairros de Barra Funda, Tatuapé e Butantã.[48]
Aeroporto Campo de Marte e ao fundo os edifícios da Avenida Braz Leme.
Edifícios de alto padrão na Avenida Braz Leme.
Edifícios da região, Campo de Marte e Anhembi.
Arredores da Avenida Bráz Leme
A Avenida Braz Leme, localizada no bairro de Santana, em São Paulo, é uma das regiões mais emblemáticas e valorizadas da zona norte da cidade. Conhecida por sua extensa arborização, a avenida oferece um respiro verde em meio ao urbanismo paulistano. As árvores que margeiam a via proporcionam um ambiente agradável para caminhadas, corridas e passeios de bicicleta, sendo uma das principais opções de lazer ao ar livre para os moradores da região.
A valorização imobiliária ao longo da Avenida Braz Leme tem sido significativa nos últimos anos. Isso se deve, em grande parte, à proximidade com o Jardim São Bento, um dos bairros mais nobres e tradicionais de São Paulo. O Jardim São Bento é conhecido por suas ruas tranquilas e arborizadas, além de imponentes residências que atraem uma população de alta renda. Essa proximidade contribui para a percepção de exclusividade e eleva o interesse por novos empreendimentos imobiliários de luxo na região.
Nos arredores da avenida, é possível encontrar uma série de empreendimentos modernos e sofisticados, que atendem a um público exigente em busca de qualidade de vida e conforto. Esses empreendimentos geralmente oferecem infraestrutura completa, com áreas de lazer, segurança 24 horas e outros serviços que agregam valor aos imóveis.
Além disso, a proximidade com o Campo de Marte, um importante aeródromo localizado na zona norte, também adiciona uma camada de prestígio à região. O Campo de Marte é um dos principais pontos de aviação executiva e abriga diversas escolas de aviação, além de ser sede de eventos e exposições que atraem visitantes de diferentes partes da cidade.
Apesar dos aspectos positivos, a Avenida Braz Leme e suas adjacências não estão isentas de desafios. Como em muitas áreas urbanas, a região já foi palco de alguns incidentes relacionados à segurança, embora as autoridades locais tenham redobrado os esforços para implementar medidas que garantam a tranquilidade dos moradores e frequentadores. O trânsito, especialmente em horários de pico, também pode ser um ponto de atenção, embora a infraestrutura viária tenha recebido melhorias para facilitar o fluxo de veículos.
Edifícios e hotéis no entorno da Estação Tietê do Metrô.
Marginal Tietê e Terminal Rodoviário.
Abertura do Carnaval de São Paulo no Sambódromo do Anhembi.
Arredores do Terminal Tietê, Marginal Tietê e Anhembi
A região da Marginal Tietê, em Santana, São Paulo, é uma área de grande importância logística e cultural, abrigando diversos pontos de interesse que atraem tanto moradores quanto visitantes.
O Terminal Rodoviário do Tietê, oficialmente conhecido como Terminal Rodoviário Governador Carvalho Pinto, é o maior terminal rodoviário do Brasil e um dos maiores do mundo. Localizado na Avenida Cruzeiro do Sul, 1800, no bairro de Santana, ele é um ponto crucial para o transporte intermunicipal e interestadual, conectando São Paulo a diversas cidades do país. O terminal é facilmente acessível pela Estação Portuguesa-Tietê do Metrô, que facilita o deslocamento dos passageiros pela cidade.
Próximo ao terminal, encontra-se o Complexo Anhembi, um dos maiores centros de eventos da América Latina. O Anhembi é conhecido por sediar grandes feiras, convenções e eventos culturais, incluindo o famoso Carnaval de São Paulo. Sua localização estratégica na Marginal Tietê facilita o acesso e a logística para eventos de grande porte.
Além disso, a região abriga importantes pontos de interesse, como o Teatro Alfredo Mesquita, um espaço cultural que oferece uma programação diversificada incluindo peças teatrais, shows e eventos culturais, sendo um ponto de encontro para os amantes das artes cênicas. A sede da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas) é outro destaque, atuando como um centro de referência para profissionais da odontologia, com cursos, eventos e congressos que atraem profissionais de todo o Brasil, reforçando a importância de Santana como um polo de educação e desenvolvimento profissional.
A região também é conhecida por seus clubes esportivos e de lazer, que oferecem uma variedade de atividades para os moradores, sendo espaços importantes para a prática de esportes, convivência social e eventos comunitários.
A Marginal Tietê, com sua infraestrutura robusta e localização estratégica, continua a ser uma área de grande relevância para São Paulo, tanto do ponto de vista logístico quanto cultural. A presença de importantes instituições e espaços de lazer contribui para a dinâmica e a atratividade da região.
A região do Alto de Santana, localizada na zona norte de São Paulo, é uma área de grande importância histórica e social para a cidade. Conhecida por ser uma das áreas mais nobres de Santana, o Alto de Santana se destaca por sua infraestrutura sofisticada e pela presença de edifícios de luxo, que atraem uma população de classe média alta e alta.
Historicamente, o Alto de Santana começou a se desenvolver como uma extensão do bairro de Santana, à medida que famílias com melhores condições financeiras buscavam áreas mais elevadas e exclusivas para residir. Essa busca por um ambiente mais nobre levou à criação de uma região que combina tranquilidade com acessibilidade, mantendo-se próxima ao centro de Santana e suas conveniências Local onde Landell de Moura realizou a primeira experiência de transmissão de ondas de rádio.[49] e também via de acesso de trólebus que ligavam o alto de Sant'Ana (como era chamado na época) aos bairros da Lapa, Freguesia do Ó e Penha.[50]
A Manhattanização é uma característica marcante do Alto de Santana, com a presença de modernos edifícios residenciais que oferecem uma ampla gama de comodidades, como piscinas, academias, e áreas de lazer. Área delimitada pelas ruas Conselheiro Moreira de Barros e Pedro Doll. Essa transformação urbana reflete a demanda por habitações de alto padrão e a valorização contínua da área.
Além das residências de luxo, o Alto de Santana é cercado por diversos pontos de interesse que enriquecem a vida dos moradores. A região oferece uma variedade de opções de lazer, cultura e gastronomia, com restaurantes renomados.[43] Por causa da especulação imobiliária, empreendimentos imobiliários localizados em regiões relativamente distantes do bairro, como Mandaqui e Lauzane Paulista, são erroneamente anunciados como "lançamento no Alto de Santana".
"Alto de Santana" também é uma denominação comumente utilizada para se referir não só à parte alta de Santana, mas também ao bairro de Vila Santana. Recebe a classificação "Zona de Valor B" pelo conselho regional de corretores de imóveis, assim como outras áreas nobres da capital como Brooklin, Vila Olímpia, Pinheiros e Jardim Paulistano.[48]
Por encontrar-se próximo à Serra da Cantareira, a maior parte do seu território é acidentado, com diversas altitudes. A topografia do bairro apresenta basicamente dois trechos distintos: da Marginal Tietê, passando pelo Campo de Marte, até os arredores da Estação Santana, a região é plana e mais baixa, pois apresenta baixos terraços pluviais da várzea do rio Tietê, mantidos por cascalhos e aluviões antigos (720-730m). Ao longo várzea há um espesso solo turfoso escuro que estende-se até os sopes mais suaves das colinas.
A partir das ruas Conselheiro Saraiva, Alfredo Pujol e do final da avenida Cruzeiro do Sul, começa a apresentar elevação considerável caracterizada por altas colinas e espigões secundários nas abas das primitivas plataformas interfluviais das colinas paulistas de 750 a 810 metros, geologicamente esses terrenos são formados por materiais xistosos e graníticos sendo o topo coberto por material sedimentar.
A região mais baixa do bairro, várzea do Rio Tietê, está 722 metros acima do nível do mar (adotando, como referência, o Aeroporto Campo de Marte), além de estar ao sul do Trópico de Capricórnio. Possui assim um clima subtropical, do tipo Cwa segundo a classificação de Köppen. A temperatura média anual é, pela média aritmética das temperaturas mensais mostradas abaixo, de 19,8 °C. Apresenta invernos amenos e verões com temperaturas moderadamente altas, aumentadas pelo efeito da poluição e da alta concentração de edifícios.[54]
A precipitação pluviométrica anual é de aproximadamente 1 455 mm, com maior concentração de chuvas nos meses de verão.[55]
Santana apresenta uma incidência anual de raios relativamente alta, devido principalmente a fatores como urbanização, asfaltamento, muitos prédios e poluição.[56]
Santana possui um sistema educacional público e privado que supre adequadamente a demanda por educação básica. Em seus limites há 3 universidades, 10 escolas públicas (que incluem escolas infantis, primárias, secundárias e escolas técnicas), 16 escolas privadas e três bibliotecas públicas.[62]
Existem escolas muito tradicionais no bairro, como os colégios: antigo Colégio Santana - atual Elite, com mais de 110 anos de existência, Colégio Marillac e CEDOM. Além do ensino básico, o bairro oferece inúmeras escolas de idioma e escolas técnicas — com destaque para a recém-inaugurada Etec Parque da Juventude, que oferece inúmeros cursos profissionalizantes e cursos técnicos.
Apresenta uma enorme de variedade de cursos, desde moda até uma escola de pilotagem no Aeroporto Campo de Marte (a maior escola de aviação da América Latina).[63] O ensino superior é recente, ministrado somente por instituições particulares. Algumas personalidades como a pintora Tarsila do Amaral e Ayrton Senna estudaram em colégios do bairro, ambos no Colégio Irmãs de São José (atual Colégio Elite).[64]
Utilidade pública
Santana conta com diversos hospitais, consultórios e clínicas. Abriga em seu território hospitais como: CEMA, Hospital HSANP (antigo Hospital San Paolo, antigo Hospital Voluntários) e Hospital da Aeronáutica. O bairro também é servido pelo Hospital São Camilo (no bairro vizinho de Vila Santana) e pelo Conjunto Hospitalar do Mandaqui, um dos maiores da América Latina. Possui o pronto socorro Doutor Lauro Ribas Braga (Futuro UPA) e a UBS Joaquim Antonio Eirado (JAE).[65]
O bairro possui vários serviços públicos, como: o Centro de Controle de Zoonoses, um quartel do Corpo de Bombeiros, um Centro de Apoio ao Trabalho e o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo.[3]
Há um diverso comércio popular, muito parecido com o da Rua 25 de Março, tendo se consolidado como polo de um comércio de produtos contrabandeados, pirateados e falsificados. Localiza-se na parte central do bairro, ao redor da estação Santana do metrô.
A parte alta do bairro apresenta um comércio específico para a classe mais abastada como: padarias gourmet, lojas de grife, clínicas de estética, academias e restaurantes modernos, concentrados principalmente na Rua Pedro Doll e no seu em torno.
Localiza-se, em Santana, o Parque da Juventude, inaugurado em 2003. É composto pela Biblioteca de São Paulo, por 10 quadras poliesportivas, área de apresentações artísticas, pistas de corrida, uma escola técnica e uma unidade do Acessa São Paulo. Atualmente é uma das melhores áreas de lazer de São Paulo.[67]
Também se localiza, em Santana, a Biblioteca Pública Nuto Sant'Anna, que leva o nome do escritor, poeta e historiador Benevenuto Silvério de Arruda Sant'Anna (morador de Santana).[68]
Diversas entidades encontram boa estrutura no bairro pela facilidade de acesso, localização central e rede de serviços. Em Santana, está o Centro Presbiteriano Humanitário de Ação Social, que serve refeições e abrigo para moradores de rua. O centro ainda mantém o Abrigo São Martinho, que acolhe ex-dependentes químicos e que busca empresas que possam propor parcerias para inserção dos atendidos no mercado de trabalho. Outras instituições são a Promove Ação Social, que investe em atividades socioeducativas para a juventude e a Associação dos Amigos da Criança Autista, que oferece assistência a crianças com o distúrbio.[75]
Foi extinta nos anos 2000 a "Festa Beneficente de Natal do Alto de Santana", realizada na Rua Pedro Doll. A comemoração tinha a função de arrecadar alimentos que eram revertidos às instituições da região.[76]
A população do bairro já foi conhecida em âmbito nacional tanto que no início dos anos 1980 as "Senhoras de Santana" eram um grupo católico que protestava contra cenas despudoradas e abusivas na televisão, especialmente as novelas da Rede Globo e a favor da censura televisiva. Moravam na Rua Paderewsky, uma luxuosa rua no bairro. Logo a coligação ganhou má fama e era alvo de chacotas. Na época a expressão "Senhora de Santana" era usada para se referir a uma pessoa chata e inconveniente.[77]
As ideias das tais senhoras que atualmente são idosas permeiam até hoje. Tanto que em 2008 o bairro foi considerado pelo jornal Valor Econômico como o reduto paulistano do moralismo. Nas eleições do mesmo ano, Marta Suplicy, a "inimiga" das senhoras obteve um péssimo apoio da zona eleitoral de Santana, uma queda de 53% em relação às eleições anteriores. Isto expôs um componente constante no bairro, a religiosidade. Desde sua fundação, a Igreja tem presença forte no local, onde a tradição, família, conservadorismo e propriedade fundamentam os argumentos contrários a Marta Suplicy em um bairro com forte apelo de católicos conservadores.[7] O candidato favorito do bairro foi Gilberto Kassab que teve o apoio de 82,38% do eleitorado santanense. Durante a polarização Bolsonarismo x Lulismo os prédios do bairro exibiam bandeiras do Brasil penduradas nas portarias dos edifícios: o presidente Jair Bolsonaro teve em Santana a sua segunda vitória mais expressiva na capital em 2018: 75,47% dos votos na zona eleitoral da região (perdendo apenas para Indianópolis, com 76,15%). A devoção a Bolsonaro. Na edição de 12 fevereiro 2021 a revista Veja São Paulo nomeou os moradores do bairro como "Santaners" (uma alusão aos frequentadores da região da Faria Lima - Faria Limers) com a capa: "A paixão pelos botecos, os comércios centenários e os moradores conservadores do centro da Zona Norte."[78]
Na eleição para segundo turno para presidente da República em 2022, Bolsonaro recebeu da região a quarta maior votação das Zonas Eleitorais da cidade com 48,73% dos votos, sendo superado pelas ZE's da Zona Leste: Vila Formosa (Jardim Anália Franco) com 49,32%, Tatuapé com 48,98% e Mooca com 48,84%.[79]
No ano de 2007, o instituto Datafolha publicou, no jornal Folha de S.Paulo, uma pesquisa feita com o intuito de saber qual o melhor lugar para se morar na cidade. O bairro eleito pelos paulistanos foi a Mooca, com 6% de aprovação; já Santana, Vila Mariana, Tatuapé e Ipiranga receberam individualmente 4% dos votos. A pergunta feita aos pesquisados foi: "Em que bairro da cidade de São Paulo você mais gostaria de morar, independente de suas condições financeiras ou de outras razões?"[80] Alguns bairros citados anteriormente (Santana, Tatuapé e Mooca), possuem uma população bairrista, tanto que lhe são atribuídos informalmente gentílicos como: "santanense", "tatuapeense" e "moquense" respectivamente.
Bienal Internacional do Livro de São Paulo no Parque Anhembi
Influência Armênia
A partir da década de 1920, os armênios começaram a estabelecer sua comunidade na capital, após fugirem do genocídio perpetrado pelos turcos vizinhos. "Inicialmente, se estabeleceram próximos ao Mercado Municipal e em Imirim, onde havia a única igreja para os colonos naquela época" - Armen Pamboukdjian. De acordo com ele, a comunidade prosperou nessa região e aqueles com melhores condições financeiras se dispersaram para Santana, em áreas como Alto de Santana e Santa Terezinha. "Eles desejavam permanecer nas proximidades, mas em uma área mais nobre." Na Zona Norte como um todo, criaram uma "pequena Armênia", com escolas, produção de calçados - uma tradição antiga dos armênios que perdurou - e gastronomia.[78]
O aniversário de Santana (bairro e distrito) anualmente é retratado por jornais regionais, coordenado pela Subprefeitura de Santana-Tucuruvi[98] é composto de caminhadas e diversas atividades de recreação e entretenimento.[99] No ano de 2009 houve uma corrida, missas em celebração ao aniversário, atrações no teatro Alfredo Mesquita e shows das bandas Fresno e Skank que atrairam milhares de fãs ao evento.[100][101]
O bairro foi cenário da novela de Silvio de Abreu ambientada em São Paulo "Rainha da Sucata". Os personagens Maria do Carmo (Regina Duarte) e seus pais, Onofre (Lima Duarte) e Neiva (Nicette Bruno), moravam em uma mansão no bairro. A cidade cenográfica do folhetim reproduzia um quarteirão de Santana.[102] Em "Tiro e Queda", novela da Rede Record gravada em São Paulo, Santana é o lugar onde vivem todos os personagens de classe média da trama. Como o personagem Neco (Giuseppe Oristânio), um garçom português que prosperou na vida e que é dono de uma concorrida padaria do bairro. Sua filha Adriana (Guilhermina Guinle) era alvo de cobiça dos santanenses. O cruzamento de todas as tramas se dá em função do assassinato de um milionário que teria emergido em Santana. Algumas tomadas incluem cenas aéreas e paisagens do bairro.[103][104]
Na literatura, a escritora Maria Cecília Teixeira Mendes Torres, em seu livro chamado "Bairro de Santana", publicado no ano de 1970, retratou a história e o desenvolvimento do bairro. Já no setor cinematográfico, Ugo Giorgetti, nascido no bairro, dirigiu, em 2008, o curta-metragem "Santana em Santana".[105] No filme Não por Acaso, do diretor Philippe Barcinski, o personagem Ênio, interpretado por Leonardo Medeiros, procura um imóvel de dois dormitórios no Alto de Santana.
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