Mandaqui é um bairro pertencente ao distrito do Mandaqui situado na zona norte do município de São Paulo. O bairro pertence a subprefeitura de Santana/Tucuruvi e a região administrativa responsável é a Nordeste.
História
Os primeiros registros do bairro foram feitos por tropeiros, que utilizavam da região do Ribeirão Mandaqui, afluente do Rio Tietê, como passagem para o interior do Estado de São Paulo. No ano de 1916, Amador Ribeiro da Ribeira consegue autorização para construir um moinho, sendo esta a primeira construção do bairro.
O bairro foi majoritariamente rural até meados do século XX, devido a sua distância do centro da cidade e da várzea do Rio Tietê, que dificultava o acesso à região. A urbanização foi impulsionada pela implementação da ferrovia Tramway da Cantareira, que se transformou no principal meio de transporte para pessoas e a produção que era vendida no centro da cidade.
O loteamento do bairro começou com a divisão das terras da família Zumkeller, brasileira, de origem suíço-alemã, cujo nome aparece em algumas ruas da região e a sede da propriedade se encontrava próximo ao que é hoje o Residencial Santo Antonio (conhecido como Conjunto dos Bancários), condomínio residencial.[1]
Os fundamentais hospitais da região zona norte estão estabelecidos no Mandaqui, como San Paolo, o Conjunto hospitalar do Mandaqui e o Hospital São Camilo. [3]
Etimologia
A origem do nome Mandaqui vem do tupi “rio de mandis” e significa “rio de bagres”. E a região nas imediações desse rio era chamada pelos indígenas que nela habitavam de “Mandihi”. Por volta de 1600, segundo registros oficiais, tem-se também os nomes Manaqui e Mandahay. Os índios que viviam nesta região semeavam grandes trigais, que eram conhecidos pela boa qualidade.[4]
Há também uma lenda que no início do século XX um morador português, que costumava se embebedar de vinho, costumava gritar pelas ruas do nascente bairro: “Quem manda aqui é o filho do meu pai, quem manda aqui sou seu”, e os seus vizinhos passaram a brincar que o local era do mandaqui. Com o uso constante do termo o nome se fixou.
A primeira referência oficial ao Mandaqui data de 1616, quando a Câmara da então Vila de São Paulo de Piratininga deu permissão ao bandeirante Amador Bueno da Ribeira para a construção de um moinho de trigo ao lado do Ribeirão Mandaqui ("rio de mandis"), que era afluente da margem direita do Rio Grande (atual Rio Tietê).[1]
Após a construção do moinho, no ano de 1641, um pilão de água foi instalado no local pelo Sr. Josaphat Batista Soares, em sua propriedade que, provavelmente passou a ser chamada de Fazenda Pilão de Água. Consta assim, que Josaphat Batista Soares foi um dos primeiros moradores do bairro Mandaqui.
Com a construção do moinho e do pilão, a região tornou-se propícia para a imigração de diversas etnias da Europa, principalmente os alemães, franceses, e posteriormente portugueses, que foram se instalando próximos ao sopé da Serra da Cantareira, que atualmente também abriga o Parque Estadual Alberto Löfgren (antigo Horto Florestal de São Paulo).
Este surgiu baseado nas grandes fazendas que se localizavam nesta região no século XVII que pertenciam a portugueses da época. Nesta época existia a Estrada de Ferro Cantareira, que era muito utilizada para transportar mercadorias e fazer ligação de uma região a outra.[5]
Uma das primeiras famílias imigrantes foi a família a Zumkeller, (mais precisamente em 1863 conforme Escritura arquivada no Arquivo Histórico do Estado de São Paulo - propriedade comprada pelos irmãos Lucas e Adolpho Zumkeller) de origem suíço-alemã, que se instalou onde hoje temos o Conjunto dos Bancários. Estes se dedicaram a plantar videiras, produzir vinho e criar gado leiteiro. O sobrenome Zumkeller, atualmente, nomeia uma grande avenida e incorpora o nome de ruas do bairro, rua Judith Zumkeller, rua Alfredo Zumkeller e rua Eduardo Zumkeller.
No início do século XX, outra tradicional família de origem européia chegou ao Mandaqui e bairros vizinhos, os De Laet. Atualmente, encontramos seus nomes em inúmeras ruas e até escolas, como a Rua João De Laet, Rua Isidoro De Laet e a Escola Municipal Professor Adolpho Otto De Laet.
Nos séculos XVIII e XIX, as imensas fazendas que existiam na região começaram a ser progressivamente retalhadas tornando-se chácaras já habitadas por portugueses. Foi assim que, em 1928, o sr. Alfredo Zumkeller, o patriarca da família, dividiu suas propriedades com os filhos, que começaram a loteá-las.
O século XIX foi marcante para o bairro do Mandaqui, afinal foi em 1893 que o bairro recebeu o Tramway da Cantareira ou Trem da Cantareira, e em 1896, a inauguração do Horto Florestal. Ambos foram incisivos na transformação do local da ruralidade à urbanização.
A estrada de ferro que passava pelo bairro, com o seu trem a vapor, Trem da Cantareira, foram o principal recurso para as obras do Reservatório da Cantareira, tão importante, até hoje, para o abastecimento do município de São Paulo. Em poucos anos o trem passou a servir para o transporte de passageiros e tornou-se a principal ligação da zona norte como centro da cidade. Assim passou a trazer os trabalhadores na construção do parque Horto Florestal.
A posteriori, pela via férrea, vinham muitos visitantes interessados nos 187 hectares do Horto Florestal devido a sua flora com eucalipto, pinheiro-do-brejo, o interessante pau-brasil, carvalho-nacional, pau-ferro, jatobá, e outras espécies e também devido a sua fauna com bugios, capivaras, esquilos, jacus, macacos-prego, garças e maritacas, mergulhões e tucanos.
No ano de 1939, a região ainda era de mata e a temperatura típica de pé de serra. Isto propiciou o então médico Ademar de Barros a interceder junto ao presidente da república Getúlio Vargas a construir um santório para tuberculosos onde hoje é a divisa entre o baixo Mandaqui início do bairro de Santana. O hospital depois passou a atender os acometidos por pênfigo (fogo selvagem), mas manteve-se como um centro especializado em doenças respiratórias até 1982, quando o governo do Estado iniciou sua transformação para hospital geral. O Hospital passou a ser chamado por Conjunto Hospitalar do Mandaqui.
A partir da década de 60, o bairro do Mandaqui começou a se verticalizar e atualmente abriga vários prédios domiciliares e somente alguns poucos comerciais. Então, apesar de manter-se um bairro residencial, seu vertiginoso crescimento populacional em suas ruas estreitas, causam bastante transtorno no transporte. A exemplo do seu crescimento populacional temos os populares Conjunto dos Bancários e os Condomínios Vitória Régia I e o II. Somente o Condomínio Parque Residencial Vitória Régia II possui 5000 moradores, confirmando o alto índice habitacional do bairro.
O bairro é classificado pelo CRECI como "Zona de Valor C", assim como outros bairros da capital como Santana, Tatuapé e Barra Funda.[6]