Uma marcha da morte é uma marcha forçada de prisioneiros de guerra ou outros reféns ou deportados com o propósito de matar, brutalizar, enfraquecer e/ou desmoralizar os prisioneiros ao longo do caminho. Distingue-se desta forma de simples transporte de prisioneiros através de uma marcha a pé. A marcha da morte geralmente consiste de trabalho físico rigoroso e abuso, negligência nos ferimentos e doenças dos prisioneiros, fome e desidratação deliberada, humilhação e tortura, e execução dos que são incapazes de manter o ritmo da marcha. A marcha pode acabar em um campo de prisioneiros de guerra ou campo de concentração, ou pode continuar até que todos os presos são mortos (uma forma de "execução pelo trabalho", como visto no genocídio armênio entre outros exemplos). A assinatura das Convenções de Genebra fez da marcha da morte uma forma de crime de guerra.
Durante a marcha, os Cherokees perderam até 40% da população[1]; em 1838, foram forçados a marchar até o oeste para Oklahoma. Esta marcha da morte foi chamada de Trilha das Lágrimas, onde cerca de 4.000 homens, mulheres e crianças, morreram durante a realocação.[2]
Durante a primeira onda de deportações dos Choctaw em 1831, dos cerca de 6000 índios que deixaram o Mississipi para Oklahoma, apenas cerca de 4000 chegaram em 1832.[3].
Em 1836, após a Guerra Creek, cerca de 2500 deles foram deportados do Alabama pelo Exército dos Estados Unidos, acorrentados como prisioneiros de guerra.[4] O resto da tribo, cerca de 12.000 pessoas, seguiram deportados pelo Exército. Uma vez em Oklahoma, cerca de 3.500 morreram de infecção.[5]
A resistência Seminole conduziu muitos a Flórida, resultando em uma série de conflitos com o exército estadunidense. Muitos membros da tribo foram deportados como prisioneiros de guerra, e muitos morreram durante a viagem[6].
Em 1835, Alexander Herzen encontrou jovens cantonistas judeus esquálidos (algumas com apenas oito anos de idade), que haviam sido recrutados pelo Exército Imperial Russo. Herzen estava sendo transferido para o seu exílio em Vyatka, enquanto os cantonistas estavam sendo levados a pé para Kazan, e seu oficial reclamou que um terço deles já tinham morrido devido às condições da marcha.[7]
Durante os anos 1914-1923, um grande número de gregos otomanos foram submetidos a marchas da morte, em uma série de eventos que ficaram conhecidos como genocídio grego.
Durante o genocídio armênio de 1915, centenas de milhares de homens, mulheres e crianças foram forçadas a caminhar pelo deserto de Deir ez-Zor para os campos de Deir ez-Zor, onde a maioria deles morreram. Hoje há um memorial em Deir ez-Zor, em memória dos que morreram durante as marchas.
O termo "marcha da morte" tem sido amplamente utilizado no contexto da história das vítimas da Segunda Guerra Mundial e historiadores para se referir à transferência forçada de milhares de prisioneiros da Alemanha nazista, a maioria judeus, nos campos de concentração nazistas perto das linhas de frente, até o interior da Alemanha.
Também no contexto da Segunda Guerra Mundial, A Marcha, refere-se a uma série de marchas na última fase da Segunda Guerra Mundial na Europa, quando 80.000 prisioneiros de guerra aliados ocidentais foram forçados a marchar através da Polônia, Tchecoslováquia e Alemanha durante o inverno, durante quatro meses, de janeiro a abril de 1945.
Durante a guerra árabe-israelense de 1948, cerca de 70 mil árabes palestinos das cidades de Al-Ramla e Lida foram expulsos pelas forças israelenses, e um número estimado de 350 pessoas morreram no que tem sido chamado de Marcha da Morte de Lydda.[8]
Na Guerra da Coreia, durante o inverno de 1951, 200 mil soldados do Corpo Defesa Nacional da Coreia do Sul foram forçados a marchar por seus comandantes, e 90 mil soldados morreram de fome ou de doenças devido à fraude de seus comandantes .[9] Este incidente é conhecido como o Incidente do Corpo Defesa Nacional.
Em julho de 1973, o Exército Africano para a Libertação Nacional do Zimbábue (ZANLA) capturou 292 estudantes e funcionários da escola St Albert's Mission, entre Centenary e Darwin Mount na Rodésia (atual Zimbábue) e os forçaram a marchar para Moçambique, onde estavam bases da ZANLA. A marcha foi interceptada pelas forças de segurança rodesianas antes de atravessar a fronteira, mas apenas oito das crianças e funcionários foram resgatados .[10]
↑(em inglês) Grant Foreman, Indian Removal: The Emigration of the Five Civilized Tribes of Indians, 1932, éd. University of Oklahoma Press, 1974 ISBN978-0-8061-1172-8
↑(em russo) Alexander Herzen. "Былое и думы" (My Past and Thoughts), end of Chapter 13: "Беда да и только, треть осталась на дороге."
↑Holmes, Richard; Strachan, Hew; Bellamy, Chris; Bicheno, Hugh (2001). The Oxford companion to military history Illustrated ed. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN0198662092"On 12 July, the Arab inhabitants of the Lydda- Ramie area, amounting to some 70000, were expelled in what became known as the 'Lydda Death March'."