Todos os serviços de passageiros e de carga são efectuados pela transportadora ferroviária nacional, Comboios de Portugal, embora ocasionalmente também circulem composições privadas de empresas de obras e manutenção ferroviárias, como a SOMAFEL e Neopul. As infra-estruturas de suporte à actividade ferroviária são, na sua totalidade, exploradas pela Infraestruturas de Portugal (IP).
A principal interface ferroviária de passageiros situa-se em Faro, e o principal terminal de carga localiza-se junto à Estação Ferroviária de Loulé. Um segundo terminal de mercadorias encontra-se em projecto em Faro, devendo ser construído pelo operador Takargo, divisão do grupo Mota-Engil.[2]
Presentemente, circulam composições de mercadorias no troço entre Vila Real de Santo António e Tunes; em termos de passageiros, os serviços Alfa Pendular e Intercidades circulam entre Faro e Tunes, e os Regionais em toda a Linha do Algarve. No passado, também já circularam serviços de natureza InterRegional, Tranvia, Comboio Azul e Sotavento nesta linha. Alguns dos serviços Regionais foram, durante alguns anos, assegurados por locomotivas da Série 1200.[3]
O tráfego em toda a extensão da linha do Algarve é centralizado e é gerido a partir da estação de Faro. Na estação de Faro, existe um Posto de Comando Local, devido às manobras que são efectuadas na estação.
Em 1858, iniciou-se a discussão sobre a continuação da Linha do Sul (actualmente Linha do Alentejo) a partir de Beja, até ao Algarve;[5] em 1864, foi assinado um contrato entre a Companhia dos Caminhos de Ferro de Sul e Sueste e o estado português, para efectuar esta obra.[6]
A ligação ferroviária a Faro foi concluída em 21 de Fevereiro de 1889,[7] mas a inauguração deu-se somente em 1 de Julho desse ano.[8]
Pela portinhola do comboio vou seguindo a paisagem de figueiras e vinhas que desfila. De um lado o céu doirado e violeta, do outro todo roxo. Os nomes das estações têm um sabor a fruto maduro e exótico: Almancil-Nexe, Diogal, Marchil… De vez em quando fixo um pormenor: uma mulher passa na estrada branca, entre oliveiras pulvurentas e fantasmas esbranquiçados de árvores, sentada no burrico, de guarda-sol aberto, e dando de mamar ao filho. Terras de barro vermelho. Grupos de figueiras anainhas estendem os braços pelo chão até ao mar, deixando cair na água os ramos vergados de fruto, que só amadurece com as branduras. Uma ou outra casinha reluzindo de caiada: ao lado, e sempre, a nora de alcatruzes e um burrinho a movê-la entre as leves amendoeiras em fila, as oliveiras de um verde mais escuro e a alfarrobeira carregada de vargens negras pendentes. A mesa de Deus está posta. Estradas orladas de cactos imóveis como bronze, e a deslumbrante Fuzeta, com o seu zimbório entre árvores esguias. Ao longe, e sempre, acompanha-me o mar, que mistura o seu hálito a esta luz vivíssima.
A carruagem do comboio que me leva para Portimão é uma salinha antiga. Tudo ali é pequenino: assentos, as janelinhas, as madeiras trabalhadas a serra de rodear, polidas. Assim como uma salinha de estar para amigas mais íntimas.
BRANDÃO, Raul (2004) [1923]. Os Pescadores. Barcelona: Mediasat e Promoway Comércio de Produtos Multimédia, Lda. 191 páginas. ISBN84-9789-865-6
COUTINHO, Valdemar (2008). Lagos e o Mar Através dos Tempos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 95 páginas
MARQUES, Maria da Graça Maia; et al. (1999). O Algarve Da Antiguidade aos Nossos Dias. Elementos para a sua História. Lisboa: Edições Colibri. 750 páginas. ISBN972-772-064-1
SANTOS, Luís Filipe Rosa (1995). Os Acessos a Faro e aos Concelhos Limítrofes na Segunda Metade do Séc. XIX. Faro: Câmara Municipal. 213 páginas
SANTOS, Luís Filipe Rosa (1997). Faro: um Olhar sobre o Passado Recente. (Segunda Metade do Século XIX). Faro: Câmara Municipal. 201 páginas
CABRITA, Aurélio Nuno (2014). O comboio no Algarve: festejos e inaugurações. Lisboa e Portimão: Casa do Algarve e Centro de Arte e Cultura Teixeira Gomes. 27 páginas. ISBN978-989-96133-3-1
Referências
↑74.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50. IMT, 2014.02.12. («Distribuida pelo 74ºaditamento»)
↑CONCEIÇÃO, Marcos A. (2001). «Caminhos de Ferro Portugueses: Cambios en la Tracción». Madrid: Revistas Profesionales. Maquetren (em espanhol). 10 (100): 74, 75
Legenda:bitolas: ²2140 mm • ᴮ1668 mm • ⁱ1435 mm • ¹1000 mm • ³920 mm • ⁹900 mm • ⁶600 mm +designações abreviadas quando possível (fonte para linhas da Infraestruturas de Portugal: [1]: pág. 54) °ferrovias pesadas (#) não geridas pela Infraestruturas de Portugal (e/ou empresas antecessoras) †extinta (totalmente) • ‡projectada • ††reaberta • †‡reabertura projectada • ‡†projecto abandonado • ‡‡projecto recuperado • ↑substituída mantendo traçado/canal