Este caminho de ferro estende-se entre as Estações de Bifurcação de Lares, na Linha do Oeste, e Alfarelos, na Linha do Norte, apresentando um comprimento de cerca de 16,5 quilómetros.[1] O tipo de via utilizado é de bitola larga.[1]
Entre Lares e Reveles, a linha atravessa duas pontes da vala do Campo, com uma distância de cerca de 100 metros entre elas; no troço entre Reveles e Verride, existem dois pontões.[3] A linha passa, entre Marujal e Montemor, por outras três pontes, da Vala Real 1, do Rio Soure, e da Vala Real 2.[4] No troço de Montemor a Alfarelos, a linha apenas possui um pontão, de Montemor-o-Velho.[4]
Entre o material circulante que realizou serviços neste ramal, contam-se as automotoras da Série 0750[6], as locomotivas da Série 1200, e as locomotivas a vapor da Série 070 a 097.[7]
O troço entre Soure e Taveiro, no qual se insere a estação de Alfarelos, entrou ao serviço em 7 de Julho de 1864.[8]
Quando se iniciou o planeamento da Linha da Beira Alta, observou-se o preceito de tornar Coimbra num grande centro ferroviário, onde convergiriam as linhas da Figueira da Foz e da Beira Alta.[9] Considerava-se que esta organização, ao facilitar os transportes entre a região, a sua capital e o Porto de Figueira da Foz, fomentaria o desenvolvimento económico da região e da cidade de Coimbra em si, e traria grandes vantagens do ponto de vista da defesa militar.[9] Caso a Linha da Beira Alta se iniciasse em Coimbra, previa-se a construção de apenas uma linha de entre aquela cidade e a Figueira da Foz, que seguiria ao longo da margem direita do Rio Mondego, por Tentúgal e Montemor-o-Velho, numa zona de elevada produção agrícola.[9] No entanto, o ponto inicial da Linha da Beira Alta foi modificado para a Pampilhosa, obrigando igualmente à redefinição do ramal que devia continuar esta linha à Figueira da Foz.[9]
Planeamento e construção
Em 1880, foi apresentado no Parlamento um contrato com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, para a construção de um caminho de ferro entre Lisboa e Pombal, passando por Torres Vedras, Caldas da Rainha, e Marinha Grande; no entanto, este plano foi abandonado devido à queda do governo, pelo que, em 1882, a Companhia Real apresentou uma nova proposta, ligando Alcântara à Figueira da Foz, com um ramal para a Estação de Alfarelos, na Linha do Norte.[2] Em 23 de Novembro de 1883, foi assinado o contrato com a Companhia Real para a concessão da linha entre Torres Novas a Figueira da Foz, com o ramal para Alfarelos[10], enquanto que a parte de Lisboa a Torres foi inicialmente entregue à casa Burnay.[2] Em 1885, a casa Burnay trespassou a sua concessão para a Companhia Real.[2]
Em 21 de Agosto de 1885, foi entregue à firma Dauderni & Bartissol a empreitada da construção da Linha de Torres Vedras à Figueira e Alfarelos.[11]
O troço entre Amieira e Alfarelos entrou ao serviço em 8 de Junho de 1889[12], estabelecendo a ligação entre as Linhas do Oeste e do Norte.[13] Este ramal também permitiu a ligação directa entre a cidade de Coimbra e o Porto da Figueira da Foz.[9]
Em 25 de Maio de 1891, entrou ao serviço a Concordância de Alfarelos ou de Lares, com cerca de 627 metros de comprimento, que permitia uma ligação directa do Ramal de Alfarelos para a Figueira da Foz, deixando de serem necessárias as manobras dos comboios na Estação de Lares.[2][1] Com a abertura deste troço, o ponto de origem do Ramal deixou de ser na Amieira, e passou a ser em Lares.[3]
Em 1895, a Companhia Real criou vários serviços trenvias entre Coimbra e a Figueira da Foz, que tiveram um grande sucesso, devido à sua grande frequência e preço reduzido.[14]
Século XX
A partir de 1930, iniciou-se a renovação a nível nacional das pontes ferroviárias, incluindo no Ramal de Alfarelos.[15]
Em 1961, existiam 14 comboios de passageiros entre Caldas da Rainha e Alfarelos, 7 em cada sentido.[16]
Modernização
No âmbito do II Plano de Fomento, foi prevista a electrificação da Linha do Norte e de várias linhas e ramais anexos, como o troço de Alfarelos à Figueira da Foz.[17] Em 1968, o Ministério das Comunicações assinou um contrato com o Groupement d'Étude et d'Électrification de Chemin de Fer en Monophasé 50 Hz para electrificar, entre outros troços, o Ramal de Alfarelos.[18] Em Agosto desse ano, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses estava a preparar um contrato com um consórcio formado pelas empresas nacionais SOMAFEL e Somapre, e pelas casas francesas A. Borie e A. Dehé, para a remodelação de várias vias férreas, incluindo a renovação parcial do troço entre Alfarelos e Figueira da Foz.[19]
A electrificação de Alfarelos à Figueira da Foz foi inaugurada em 3 de agosto de 1982, numa cerimónia que contou com a presença do Ministro das Obras PúblicasJosé Viana Baptista.[20] A eletrificação possibilitou a introdução de melhor material circulante.[1]
Em 1995, entraram ao serviço automotoras triplas eléctricas entre Coimbra e a Figueira da Foz.[21]
Fases de eletrificação da ligação Coimbra–Figueira da Foz
↑NONO, Carlos (1 de Junho de 1950). «Efemérides ferroviárias»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 63 (1499). p. 149-150. Consultado em 23 de Fevereiro de 2016
MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN989-619-078-X !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
RODRIGUES, Luís; TAVARES, Mário; SERRA, João (1993). Terra de Águas. Caldas da Rainha História e Cultura 1.ª ed. Caldas da Rainha: Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 527 páginas !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
SARAIVA, José; GUERRA, Maria (1998). Diário da História de Portugal. Volume 3 de 3. Lisboa: Difusão Cultural. 208 páginas. ISBN9789727092741 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
SILVA, Carlos; ALARCÃO, Alberto; CARDOSO, António (1961). A Região a Oeste da Serra dos Candeeiros. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 767 páginas !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
SILVA, José; RIBEIRO, Manuel (2007). Os Comboios em Portugal. Volume 3 de 5 1.ª ed. Lisboa: Terramar - Editores, Distribuidores e Livreiros, Lda. 203 páginas. ISBN978-972-710-408-6 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Legenda:bitolas: ²2140 mm • ᴮ1668 mm • ⁱ1435 mm • ¹1000 mm • ³920 mm • ⁹900 mm • ⁶600 mm +designações abreviadas quando possível (fonte para linhas da Infraestruturas de Portugal: [1]: pág. 54) °ferrovias pesadas (#) não geridas pela Infraestruturas de Portugal (e/ou empresas antecessoras) †extinta (totalmente) • ‡projectada • ††reaberta • †‡reabertura projectada • ‡†projecto abandonado • ‡‡projecto recuperado • ↑substituída mantendo traçado/canal