Em 1858, iniciou-se a discussão sobre qual deveria ser o traçado do caminho de ferro entre Beja e o Algarve, tendo uma das propostas preconizado a passagem por São Martinho das Amoreiras e Estação de Santa Clara-Sabóia, levando desta forma a via férrea por terreno difícil ao longo da serra Algarvia, mas ficando com melhores acessos às minas de Aljustrel e Neves-Corvo.[3] Com efeito, este foi um dos principais motivos pelo qual esta proposta foi aprovada.[3]
A primeira ligação entre a linha principal e as minas de Aljustrel foi um caminho de ferro de via estreita, que terminava no Apeadeiro de Figueirinha,[4] onde era feito o transbordo do minério.[1] Este caminho de ferro servia os jazigos de Algares e São João do Deserto, tendo sido substituído pelo Ramal de Aljustrel.[1] Em 28 de Novembro de 1875, o jornal algarvio Correio do Meio-Dia noticiou que se previa a inauguração do caminho de ferro mineiro para Maio do ano seguinte, cuja construção estava a cargo da Companhia de Mineração Transtagana, que tinha dado um grande impulso à mina de Aljustrel.[5]
Construção e abertura ao serviço
Um alvará de 28 de Novembro de 1925 autorizou a Société Belge des Mines de Aljustrel a construir uma linha mineira de via larga, entre o jazigo de Algares, explorado por esta empresa, e a Estação de Aljustrel-Castro Verde, na Linha do Sul.[1] Este documento exigiu igualmente que a empresa organizasse, além de comboios mineiros, serviços de transporte de outras mercadorias e de passageiros.[1] A entrada ao serviço provisória foi autorizada por um portaria de 9 de Julho de 1928, que estipulava que a abertura definitiva só podia ser feita após terem sido feitas as obras que fossem indicados pela comissão de vistoria.[1] No dia 25 de Outubro, foi assinado um contrato entre a empresa e a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, para que esta gerisse o ramal, durante o tempo em que fizesse a exploração das linhas do Sul e Sueste, contrato que foi aprovado por um despacho de 22 de Dezembro.[1] Após terem sido feitas as alterações exigidas pela comissão de vistoria, o ramal foi definitivamente inaugurado em 2 de Junho de 1929, com o nome de Ramal de Aljustrel.[1]
Ligação proposta a Ermidas-Sado
Quando o ramal de Aljustrel foi inaugurado, já estava em planeamento a sua continuação até à Linha de Sines.[1] Em 1932, o Governador Civil de Beja e o presidente da Câmara de Aljustrel reuniram-se com o Ministro das Obras Públicas, para que este autorizasse a construção de um ramal até Ermidas - Sado, que iria dar trabalho aos mineiros desempregados, e reduziria os custos de transporte do minério, garantindo a continuação da exploração das minas.[6]
Décadas de 1990 e 2000
Em 1991, a empresa Somafel concluiu a construção do Ramal das Pirites Alentejanas, em Aljustrel.[7] No entanto, pouco tempo depois foi encerrado, tendo a laboração nas minas sido suspensa em 1993.[8] Em 2008, a empresa Pirites Alentejanas, concessionária da Mina de Aljustrel, procurou reabilitar o ramal, de modo a assegurar o transporte dos produtos da mina, que nesse ano foi reaberta, até ao Porto de Setúbal, mas este processo foi atrasado devido à sua complexidade.[8]
↑«Noticias diversas»(PDF). Correio do Meio-Dia. Ano II (80). Portimão. 28 de Novembro de 1875. p. 3. Consultado em 23 de Agosto de 2021 – via Hemeroteca Digital do Algarve
↑«Linhas Portuguêsas»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 45 (1076). 16 de Outubro de 1932. p. 502. Consultado em 1 de Março de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
Legenda:bitolas: ²2140 mm • ᴮ1668 mm • ⁱ1435 mm • ¹1000 mm • ³920 mm • ⁹900 mm • ⁶600 mm +designações abreviadas quando possível (fonte para linhas da Infraestruturas de Portugal: [1]: pág. 54) °ferrovias pesadas (#) não geridas pela Infraestruturas de Portugal (e/ou empresas antecessoras) †extinta (totalmente) • ‡projectada • ††reaberta • †‡reabertura projectada • ‡†projecto abandonado • ‡‡projecto recuperado • ↑substituída mantendo traçado/canal