A estação situava-se junto ao embarcadouro dos navios entre Portugal e Espanha no Rio Guadiana, anexa aos edifícios da Alfândega.[3][2] O edifício de passageiros situava-se do lado poente da via (lado direito do sentido descendente, ao Barreiro)[4][5] e não no topo da via, apesar de ter sido concebida como estação terminal.[carece de fontes?].
O troço entre as estações de Tavira e Vila Real de Santo António da Linha do Algarve entrou ao serviço em 14 de Abril de 1906, sendo nessa altura considerada como parte da Linha do Sul.[6] Após a abertura da linha até Vila Real de Santo António, procurou-se estabelecer uma ligação a Espanha por via férrea, de forma a proporcionar uma via mais rápida entre Lisboa e Sevilha.[7] Para este efeito, procurou-se encurtar a distância do Barreiro a Vila Real de Santo António através da construção da Linha do Sado, e criou-se um serviço rápido a partir do Barreiro.[8] O engenheiro José Fernando de Sousa, que fazia parte do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro do Estado, defendeu a construção de duas pontes-cais, uma de cada lado do Rio Guadiana, sendo a do lado português ligada à via férrea.[7] Do lado espanhol, foi classificada uma linha de via estreita entre Ayamonte e Huelva na década de 1900, que foi alterada para via larga num concurso de 13 de Agosto de 1913, e cuja construção foi muito atrasada pela Primeira Guerra Mundial, e posteriormente pela Guerra Civil Espanhola.[7] Desta forma, a linha entre Ayamonte e Huelva só foi inaugurada em 24 de Agosto de 1936.[7] No entanto, a estação de Vila Real de Santo António não oferecia condições cómodas para o acesso aos barcos fluviais, uma vez que tinha sido instalada longe da margem, de forma a possibilitar a construção de uma ponte ferroviária internacional, pelo foi necessário prolongar a linha até à margem do rio.[2] O projecto de construir uma ponte sobre o rio foi suspenso, esperando-se nessa altura que o serviço fluvial fosse suficiente para atender ao tráfego.[7] Entretanto, em 11 de Maio de 1927 a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses começou a explorar as vias férreas dos Caminhos de Ferro do Estado.[9]
Inauguração
Esta interface foi inaugurada pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses em 24 de Janeiro de 1952, com a categoria de apeadeiro, passando todos os comboios a ser prolongados até aqui; o primeiro comboio que utilizou o novo apeadeiro foi o n.º 8011, a fazer o serviço Rápido do Algarve.[2] Foi construída junto ao Rio Guadiana, ao lado do edifício da Alfândega, vindo facilitar não só o transbordo entre os barcos fronteiriços, mas também o acesso ao centro de Vila Real de Santo António.[2]
Um despacho de 26 de Maio de 1952, publicado no Diário do Governo n.º 132, III Série, de 3 de Junho, aprovou o aditamento à tarifa especial n.º 1-P, estabelecendo a venda de bilhetes para comboios tranvias com destino à nova gare, que tinha então a categoria de apeadeiro e o nome de Vila Real de Santo António - Guadiana, e que se situava ao PK 396,984 da Linha do Sul.[10]
Em Setembro de 1955, estava prevista a IV Conferência Comercial Ferroviária Portugal - Espanha, sendo um dos assuntos a discutir o serviço combinado de camionagem entre Ayamonte e Sevilha, em combinação com os serviços ferroviários a partir de Vila Real de Santo António.[11]
Uma portaria de 2 de Agosto de 1955 determinou que o Fundo do Desemprego desse uma comparticipação de 50.000$00 para a Junta Autónoma dos Portos do Sotavento do Algarve, para as obras de construção do apeadeiro terminal em Vila Real de Santo António; um diploma do Ministério das Obras Públicas, publicado no Diário do Governo n.º 246, II Série, de 14 de Novembro de 1955, ordenou que esse valor fosse transferido para a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, nas mesmas condições indicadas pela portaria de concessão.[12]
Esta estação foi encerrada em 1998.[13] No local subsiste uma vasta área dedicada à camionagem onde cumprem paragem, em dados de 2022, todas as oito carreiras da rede regional Vamus Algarve que circulam na cidade.[14]
Entramos em Vila Real de Santo António. O comboio descreve uma larga curva e avança pela margem do Guadiana. No outro lado do rio, Aiamonte, a branca. Desço para a gare.
↑MAIO, Guerra (1 de Novembro de 1951). «Lisboa - Algarve - Sevilha»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 64 (1533). p. 341-342. Consultado em 25 de Dezembro de 2015
FONSECA, Manuel (2005). Crónicas Algarvias. [S.l.]: Círculo de Leitores. 219 páginas. ISBN972-42-3360-X
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN989-619-078-X