A ordem Rosales caracteriza-se pela presença de di-hidroflavonois e isoflavonoides típicos, diferentes dos presentes em outros taxa. Outra característica diferenciadora é a ocorrência de cristais prismáticos em células radiadas (carácter ausente em Barbeyaceae e Elaeagnaceae).
As espécies deste grupo formam relações de simbiose por infecção intracelular da epiderme radicular, através dos pelos radiculares, com actinobactérias gram positivas do género Frankia, cujo diazotrofismo permite a fixação de azoto atmosférico.
Outras características morfológicas diferenciadoras são a presença de células mucilaginosas, as margens das folhas serrados, a prevalência de inflorescências do tipo cimoso, a presença de hipanto nectarífero, o estigma seco e a existência de um cálice ou hipanto persistente no fruto.
A maioria das espécies da ordem Rosales é polinizada pelo vento (são anemófilas), incluindo a maioria dos membros das famílias Moraceae, Ulmaceae e Urticaceae.[5] No grupo também são muito numerosas as espécies que praticam a polinização por insectos (entomofilia).
Distribuição
A ordem Rosales tem distribuição cosmopolita, com diferentes espécies nela incluídas a crescer em todas as partes do mundo. Os membros de Rosales podem ser encontrados desde as regiões costeiras às regiões de montanha, dos trópicos às altas latitudes das margens do Árctico. Apesar disso, muitas das famílias que integram o grupo estão restritas a determinados biomas e são muitos os endemismos regionais e sub-regionais entre as espécies do grupo.[6]
Filogenia e taxonomia
Rosales é uma das ordens mais importantes do mundo vegetal pela variedade e diversidade das espécies que agrupa. A ordem inclui pelo menos 261 géneros e 7 725 espécies segundo o sistema APG IV. Rosales está em constante revisão (como outros taxa) e circunscrição das famílias que agrega varia com alguma frequência em função dos critérios de categorização, fazendo variar o número de géneros e espécies incluídos nos grupos.
O grupo basal de Rosales tem uma antiguidade aproximada de 89 a 88 milhões de anos, e a divergência do grupo tipo (as Rosaceae) iniciou-se há cerca de 76 milhões de anos. O táxon Rosales contém quase 2% da diversidade das eudicotiledóneas.
Em consequência dos resultados obtidos nesses estudos, a ordem Rosales está dividida em três clados, aos quais não foi atribuído nível taxonómico. No agrupamento, o clado basal consiste da família Rosaceae, com outro clado agrupando 4 famílias, incluindo Rhamnaceae, e o terceiro clado agrupando as 4 famílias que antes eram consideradas parte da ordem Urticales.[18] Essa configuração corresponde à seguinte árvore filogenética assente na análise cladística de sequências de DNA:[16]
Tendo em conta a estrutura filogenética atrás apontada, a ordem Rosales redifinida com base na filogenia do grupo (conforme o sistema APG-II (2003)[19] e as duas actualizações APG III (2009)[20] e APG IV,[17]) inclui 9 famílias, com pelo menos 261 géneros e mais de 7 725 espécies. As famílias são as seguintes:
ElaeagnaceaeJuss., 1789, nom. cons. — família com 3 géneros e cerca de 60 espécies.[23]
MoraceaeGaudich., 1835, nom. cons. — família com cerca de 38 géneros e mais de 1100 espécies.[23]
Rhamnaceae Juss., 1789, nom. cons. — família com cerca de 55 géneros e mais de 950 espécies.[23]
Rosaceae Juss., 1789, nom. cons. — família com 91 géneros e pelo menos 4 828 espécies.[24][23][25]
UlmaceaeMirb., 1815, nom. cons. — famílias com 7-8 géneros e mais de 45 espécies.[23][26]
Urticaceae Juss., 1789, nom. cons. — família com 53 géneros e mais de 2625 espécies.[23]
Neste conjunto, a família Rosaceae, a família tipo da ordem, representa cerca de 37% do número de espécies incluída em Rosales, com 91 géneros e aproximadamente 4 828 espécies. Rosaceae e Urticaceae são as famílias mais numerosas e representam mais de 70% do total das espécies do taxón Rosales (seguindo-se Moraceae com 14% e Rhamnaceae com 12%).
Antiga classificação
Apesar de demonstradamente polifilética e de estar claramente obsoleta, a circunscrição taxonómica que resultou do Sistema de Conquist continua a surgir com frequência em múltiplas descrições do grupo Rosales. Para permitir uma fácil localização do presente enquadramento sistemático das famílias que integraram as Rosales, a seguinte lista mostra a categorização clássica de Cronquist (1981) que agrupa a 24 famílias (primeira coluna) que eram consideradas como integrantes de Rosales. Ao lado de cada família, segue a nova posição filogenética (→ segunda coluna) segundo o sistema APG IV.[1]
Rosaceae, é a única família que perdura na ordem Rosales (a família distintiva, ou família tipo, do táxon Rosales).
Dentro da ordem Rosales é a família Rosaceae aquela que inclui maior número de espécies cultivadas por seus frutos, tornando esta uma das famílias economicamente mais importantes de entre todas as plantas. Entre as frutas produzidas por membros desta família incluem-se as maçãs, as pêras, as ameixas, os pêssegos, as cerejas, as amêndoas, os morangos, as amoras, as framboesas, a fruta-pão e a jaca.[6][5]
As folhas da amoreira fornecem alimento para os bichos-da-seda usados na produção comercial de seda. Muitas espécies ornamentais de plantas também estão na família Rosaceae, incluindo a rosa, espécie que dá o nome à família e à ordem foram nomeadas. A rosa, considerada um símbolo do amor em muitas culturas, é referência de destaque na poesia e na literatura. Variedades modernas de rosas de jardim de rosas, como 'floribunda' e 'grandifora', foram desenvolvidas a partir de híbridos complexos de várias espécies selvagens nativas de diferentes regiões do mundo.[6][5]
A madeira da cerejeira-preta (Prunus serotina) e da cereja-doce (Prunus avium) é usada para produzir móveis de alta qualidade, devido à sua cor e capacidade de ser deformada.[6]
Plantas da ordem Rosales são utilizadas na medicina tradicional de muitas culturas. A canábis está a ganhar cada vez mais aceitação na sua utilização como medicamento. O látex de algumas espécies de figueiras contém o enzima designado por ficina, eficaz no controlo das lombrigas que infectam o trato intestinal de múltiplos animais.[6]
↑Dahlgren Rolf MT, Clifford HT, Yeo PF. 1985 The families of the monocotyledons. Structure, evolution, and taxonomy. Berlin, etc.: Springer-Verlag 520 pp.
↑Arthur John Cronquist. 1981. An Integrated System of Classification of Flowering Plants. Columbia University Press: New York, NY, USA. ISBN978-0-231-03880-5
↑Barroso, Graziela M. 1991. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Editora UFV.
↑Angiosperm Phylogeny Group (2003). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II». Botanical Journal of the Linnean Society. 141 (4): 399–436. doi:10.1046/j.1095-8339.2003.t01-1-00158.x
↑MARK W. CHASE1 and JAMES L. REVEAL.A phylogenetic classification of the land plants to accompany APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, 2009, 161, 122–127.
↑Judd et al. 2009. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. Ed. Artmed.
↑(em inglês) Angiosperm Phylogeny Group (2003). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society141: 399-436. (Disponível online: Texto completo (HTML)Arquivado em 22 de dezembro de 2007, no Wayback Machine. | Texto completo (PDF)Arquivado em 12 de setembro de 2019, no Wayback Machine.).
↑Walter S. Judd, Christopher S. Campbell, Elizabeth A. Kellogg, Peter F. Stevens, and Michael J. Donoghue. 2008. Plant Systematics: A Phylogenetic Approach, Third Edition. Sinauer Associates: Sunderland, MA, USA. ISBN978-0-87893-407-2
↑ abShu-dong Zhang, De-zhu Li; Soltis, Douglas E.; Yang, Yang; Ting-shuang, Yi (julho de 2011). «Multi-gene analysis provides a well-supported phylogeny of Rosales». Molecular Phylogenetics and Evolution. 60 (1): 21–28. PMID21540119. doi:10.1016/j.ympev.2011.04.008
↑Douglas E. Soltis, et alii. (28 authors). 2011. "Angiosperm Phylogeny: 17 genes, 640 taxa". American Journal of Botany98(4):704-730. doi:10.3732/ajb.1000404
↑Ueda, Kunihiko; K Kosuge; H Tobe (junho de 1997). «A molecular phylogeny of Celtidaceae and Ulmaceae (Urticales) based on rbcL nucleotide sequences». Journal of Plant Research. 110 (2): 171–178. doi:10.1007/BF02509305