Os membros da família Krameriaceae são arbustos, subarbustos ou herbáceas perenes, com caules erectos. Folhas alternas, simples ou raramente trifoliadas, lineares, lanceoladas, oblanceoladas ou ovadas, mucronada nos ápice, inteiras, sésseis ou pecioladas.[10] Muitas das espécies são plantas parcialmente parasitas que usam as raízes das plantas vizinhas como hospedeiro.
As flores são hermafroditas, zigomorfas, solitárias nas axilas das folhas ou dispostas em rácimos terminais ou laterais, com o pedúnculo e o pedicelo separados entre si por um par de bractéolas. As sépalas são 4-5, indumentadas na página inferior. As pétalas são dimorfas, com duas pétalas modificados recobertas de glândulas rodeando o ovário e (2–)3 petalóides, pequenas, formando uma bandeira acima do ovário. Os estames são (3–)4, iguais em comprimento ou didínamos, com filamentos fortes, livres ou conados basalmente. As anteras são deiscentes por poros apicais. O ovário é súpero, ovóide, indumentado, coroado por um estilo forte, arqueado, glabro, de um só carpelo por supressão do segundo, com 2 óvulos apicais.[10]
As glândulas florais, designadas por elaióforos, contêm elaioplastos que produzem um lípido que é recolhido por abelhas do género Centris, as quais polinizam as flores.
O fruto é globoso, semelhante a uma noz, espinhoso, com uma única semente. A semente é globosa, sem endosperma.[10]
Distribuição
As regiões de distribuição natural das aproximadamente 18 espécies estão restritas ao Neotropis. A família distribui-se numa vasta região que vai do sudoeste dos Estados Unidos até ao Chile, incluindo as Caraíbas. Dez espécies ocorrem numa região que se estende do Kansas por todo o sudoeste dos Estados Unidos (com uma espécie com distribuição disjunta na Flórida e áreas adjacentes da Georgia e na Costa Rica). Seis espécies ocorrem do norte da Colômbia ao centro-leste do Brasil, com uma espécie (Krameria ixine) que atinge o estado mexicano de Sinaloa e as Grandes e Pequenas Antilhas. Duas espécies ocorrem no centro-oeste da América do Sul, nas regiões andinas do Peru, Bolívia, norte do Chile e Argentina.
Os membros do género Krameria preferem em áreas quentes, de clima árido e sem-iárido.
Quando finamente pulverizadas, as raízes secas destas plantas forneceram um componente frequentemente utilizado em dentifrícios tradicionais. As raízes em pó também serviram, especialmente em Portugal, para realçar a coloração rubi de alguns vinhos. A casca da raiz contém uma substância vermelha livre, quase insolúvel, chamada vermelho-ratânia, usada como corante tradicional.
O género Krameria foi estabelecido em 1758 por Lineu, que foi o editor do livro de viagens do botânico Pehr Loefling intitulado Iter hispanicum, editado em Estocolmo pela tipografia de Lars Salvii Kostnad. Nessa obra Lineu inclui a p. 195 o novo género, que Loefling no seu manuscrito tinha designado por Ixine, sob o nome de Krameria.[14] A espécie tipo é Krameria ixineL., que havia sido publicada por Lineu na sua obra Systema naturae, Editio Decima 1759, vol. 2, p. 899. A família Krameriaceae foi proposta em 1829 por Barthélemy Charles Joseph Dumortier na sua obra Analyse des Familles de Plantes, 20, p. 23.[15] Anteriormente o género Krameria fora integrado na família Polygalaceae, a partir da qual Dumortier o segregou em 1829. Contudo, a criação da família não foi consensual e em 1892 Paul Hermann Wilhelm Taubert propôs a integração do géneros nas Leguminosae. Masis uma vez, na falta de consenso, Beryl B. Simpson reactivou em 1989 a família Krameriaceae na sua obra Flora Neotropica, Monograph 49, p. 1–109. A moderna filogenética permitiu determinar que Krameriaceae e Zygophyllaceaes. str. são clados irmãos. O nome genéricoKrameria é uma homenagem ao médico militar e botânico Johann Georg Heinrich Kramer (1684–1744).
A família monotípica Krameriaceae tem como único género Krameria L. ex Loefl. com as seguintes espécies:[5][14][16][17]
Krameria erectaWilld. ex Schult. et Schult. f. (sin.: Krameria glandulosaRose & J.H.Painter): nativa do sudoeste dos Estados Unidos (New Mexico, Nevada e sul da Califórnia), do Texas e do México (Baja Norte, Baja Sur, Chihuahua, Coahuila, Durango, San Luis Potosi, Sonora e Zacatecas).
Krameria lanceolataTorr.: nativa do Kansas, Oklahoma, Colorado, Arkansas, Florida, Georgia, New Mexico, Texas e Arizona e dos estados mexicanos de Chihuahua e Coahuila.
↑«Genus: Krameria L.». Germplasm Resources Information Network. United States Department of Agriculture. 31 de janeiro de 2005. Consultado em 28 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 10 de outubro de 2012
↑(em inglês) Angiosperm Phylogeny Group (2003). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society141: 399-436. (Disponível online: Texto completo (HTML)Arquivado em 22 de dezembro de 2007, no Wayback Machine. | Texto completo (PDF)Arquivado em 12 de setembro de 2019, no Wayback Machine.).
↑«Krameria» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 28 de janeiro de 2011
↑«GRIN Species Records of Krameria». Germplasm Resources Information Network. United States Department of Agriculture. Consultado em 28 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015
Bibliografia
Simpson, B. B. (1982). Krameria (Krameriaceae) flowers: Orientation and elaiophore morphology. Taxon 31:3 517–528
Jon L.R. Every & Amélia Baracat Every, 2009: Neotropical Krameriaceae. In: W. Milliken, B. Klitgård & A. Baracat: Neotropikey – Interactive key and information resources for flowering plants of the Neotropics, 2009 onwards.
Sia Morhardt & J. Emil Morhardt: California Desert Flowers: An Introduction to Families, Genera, and Species, University of California Press, 2004. ISBN 9780520240032Google-Book-online. darin Krameriaceae S. 165–168
Beryl B. Simpson, Andrea Weeks, D. Megan Helfgott & Leah L. Larkin: Species relationships in Krameria (Krameriaceae) based on ITS sequences and morphology: implications for character utility and biogeography, In: Systematic Botany, 29, 2004, S. 97–108. doi:10.1600/036364404772974013 (Abschnitt Beschreibung, Verbreitung und Systematik)