A ordem Oxalidales é uma agrupamento taxonómico com morfologia muito diversa e sem qualquer característica distintiva clara, o que consequentemente o torna difícil de distinguir e controverso na sua circunscrição. A circunscrição do grupo assenta essencialmente sobre critérios de filogenética molecular, sendo poucos os caracteres morfológicos comuns.[5]
Entre as características partilhadas está a ausência de diplostemonia (neo-latim: diplo- + -stemonus, relativo aos estames), ou seja não ocorrem situações em que haja o dobro dos estames em relação ao número de pétalas, embora o androécio das Cunoniaceae seja diplostémone. Grande parte das espécies (particularmente das Connaraceae e Brunelliaceae) apresenta ovários com sulco adaxial.[6]
A criação da ordem Oxalidales foi proposta em 1927 por August Heintze, incluindo inicialmente 12 famílias (entre as quais as Fabaceae, as Geraniaceae e as Linaceae), das quais apenas duas, as Oxalidaceae e as Connaraceae, nela presentemente permanecem.
Por outro lado, as famílias que agora se integram entre os Oxalidales pertenciam a ordens muito diferentes e, às vezes, até a diferentes subclasses. A integração dessas família até agora só foi possível graças a estudos genéticos moleculares. A primeira evidência de uma origem comum pela existência de um ancestral comum relativamente recente surgiu em 1993. Daí resultou a definição de um clado composto pelas Oxalidaceae, Cephalotaceae, Cunoniaceae e Tremandraceae (família agora integrada na Elaeocarpaceae), que serviu de núcleo à ordem. Investigações posteriores confirmaram a ordem e permitiram complementar o grupo, acabando por lhe dar a sua extensão actual. Apesar e estudos detalhados, no entanto, dificilmente existem traços fenotípicos comum que permitem a definição morfológica da ordem.
As Oxalidales são membros de um clado formado pelas Celastrales, Oxalidales (incluindo Huaceae) e Malpighiales, conhecido como o «clado COM» (de Celastrales-Oxalidales-Malpighiales)[7] das Fabidae (ou fabídeas), sendo as fabídeas um dos dois grupos que constituem o agrupamento taxonómico das rosídeas.[8] O clado COM tem a seguinte estrutura:[9][10]
A ordem Oxalidales está integrada no clado das fabídeas, no qual constitui o grupo irmão da ordem Malpighiales.[12] As seguintes famílias são incluídas na ordem Oxalidales:[3]
Família Brunelliaceae, apenas 1 género (Brunellia) com 57 espécies da América Central, América do Sul e Antilhas, com tendência para as regiões de montanha;
Família Connaraceae, com 12 géneros e cerca de 180 espécies (Connarus com 80 espécies; Rourea com 40-70 espécies), com distribuição pantropical, com especial diversidade na África e no Sueste Asiático;
Família Cunoniaceae, com 29 géneros e 280-330 espécies (Weinmannia com 160 espécies, Pancheria com 26 espécies), com distribuição natural predominantemente nas regiões temperadas e tropicais do Hemisfério Sul, com algumas espécies africanas;
Família Elaeocarpaceae, 12 géneros e 635 espécies, maioritariamente das regiões tropicais e subtropicais do Hemisfério Sul (especialmente da América do Sul);
Família Huaceae, com 2 géneros (Afrostyrax e Hua) e 3 espécies, restritas à África tropical;
Família Oxalidaceae, com 6 géneros e de 570 a 770 espécies (Oxalis com 500-700 espécies, Biophytum com 50 espécies), cosmopolita, maioritariamente tropical ou subtropical, mas com muitas espécies nas regiões temperadas;
↑Matthews, M. L., & Endress, P. K. 2002. "Comparative floral morphology and systematics in Oxalidales (Oxalidaceae, Connaraceae, Brunelliaceae, Cephalotaceae, Cunoniaceae, Elaeocarpaceae, Tremandraceae)". Bot. J. Linnean Soc. 140: 321-381.
↑ Angiosperm Phylogeny Group: An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III, In: Botanical Journal of the Linnean Society, Volume 161, 2, 2009, pp. 105–121.
↑Angiosperm Phylogeny Group: An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. In: Botanical Journal of the Linnean Society. Band 161, Nr. 2, 2009, S. 105–121, DOI:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x.
Bibliografia
Merran L. Matthews, Peter K. Endress: Comparative floral structure and systematics in Oxalidales (Oxalidaceae, Connaraceae, Brunelliaceae, Cephalotaceae, Cunoniaceae, Elaeocarpaceae, Tremandraceae). In: Botanical Journal of the Linnean Society. vol. 140, n.º 4, 2002, pp. 321–381, DOI:10.1046/j.1095-8339.2002.00105.x.
Klaus Kubitzki (edt.): The Families and Genera of Vascular Plants. Volume 6: Flowering Plants, Dicotyledons: Celastrales, Oxalidales, Rosales, Cornales, Ericales. Springer, Berlin/Heidelberg/New York 2004, ISBN 3-540-06512-1, p. 2.
Peter Sitte, Elmar Weiler, Joachim W. Kadereit, Andreas Bresinsky, Christian Körner: Lehrbuch der Botanik für Hochschulen. Begründet von Eduard Strasburger. 35. Auflage. Spektrum Akademischer Verlag, Heidelberg 2002, ISBN 3-8274-1010-X, p. 829.
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(em inglês) Angiosperm Phylogeny Group (2003). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society141: 399-436. (Disponível online: Texto completo (HTML) | Texto completo (PDF))