As espécies da família Irvingiaceae são árvoresperenifólias que nalguns casos atingem grande porte e formam parte importante da canópia das florestas onde ocorrem.
As folhas são de filotaxia alternada, simples e coreáceas. As estípulas são grandes ou muito longas.
As flors são pequenas, pentâmeras, com disco, cálice e coroa claramente reconhecíveis. Geralmente estão presentes 10 estames livres, embora mais raramente possam ser apenas 9 estames. Os dois ou cinco carpelos estão fundidos. O fruto é uma drupa ou uma noz alada
Os frutos e sementes de algumas espécies do género Irvingia, com destaque para Irvingia barteri, são usadas como alimento e para a produção de óleo vegetal. Algumas espécies são produtoras de madeiras úteis, aproveitadas por abate de árvores silvestres.
Os frutos de Irvingia são comidos frescos nas suas regiões de ocorrência, razão pela qual são por vezes designados por manga africana.[3] A polpa do fruto pode também ser processada em geleias, compotas, sumos e, por vezes, fermentada para produzir um vinho sucedâneo.[4] A polpa também tem sido utilizada para produzir um corante negro utilizado em tinturaria, permitindo escurecer tecidos.[4]
O revestimento da semente (o epicarpo rijo que a recobre) tem que ser aberto para chegar ao endosperma. As sementes, conhecidas em muitas regiões por dika, são consumidas cruas ou torradas. Quando esmagados produzem uma massa gordurosa, conhecida por manteiga de dika, que pode ser moldada em blocos parecidos com chocolate.[5]
As sementes podem ser prensadas para produzir um óleo, que é sólido à temperatura ambiente, que se comporta como uma margarina e é usado para cozinhar. O óleo pode também ser processado para produzir sabão ou cosméticos.[5] O bagaço resultante da prensagem pode ser usado para alimentação de gado ou como espessante para sopas. As sementes podem ser esmagadas ou trituradas e usadas como agente espessante e aromatizante em sopas e guisados.[3] As sementes trituradas podem ser transformados num bolo, chamado pão de dika, para preservação.[3][6]
A madeira é dura pelo que pode ser usada para construção pesada, incluindo construção naval (pavimentos de convés) e travessas de caminho-de-ferro.[3] As ramagens são usadas como lenha.[5]
As árvores são usadas em sistemas agroflorestais para sombrear outras culturas, especialmente cacau e café. São também usadas para reduzir a erosão. As cidades começaram a usá-las para sombrear ruas, como constituinte de cinturas de abrigo ou para embelezamento.
Milhares de toneladas de sementes de dika são comercializadas em cada ano, principalmente na África.
Filogenia e sistemática
Família composta por 3 géneros e aproximadamente 13 espécies que segundo a classificação morfológica clássica do sistema de Cronquist pertencia a família Simaroubaceae da ordem Sapindales.
Filogenia
Um estudo de filogenética molecular, realizado em 2012, usou dados resultantes da análise de um número alargado de genes e por essa via obteve uma árvore filogenética com maior resolução que a disponível nos estudos anteriormente realizados.[7] Nesse estudo foram analisados 82 genes de plastídeos de 58 espécies (a problemática família Rafflesiaceae não foi incluída), usando partições identificadas a posteriori pela aplicação de um modelo de mistura com recurso a inferência bayesiana. Esse estudo identificou 12 clados adicionais e 3 clados basais de maior significância.[7][8] A posição da família Irvingiaceae no contexto da ordem Malpighiales é a que consta do seguinte cladograma:
IrvingiaHook. f. (sin.: IrvingellaTiegh.; DesbordesiaPierre ex Tiegh.): com cerca de 7 espécies, nativas das regiões tropicais da África e das regiões de clima tropical de uma região que vai da Indochina à Malésia:[13]
↑ abcTchoundjeu Z, Atangana, AR (2007). «Irvingia gabonensis (Aubry-Lecomte ex O'Rorke) Baill.». Plant Resources of Tropical Africa (PROTA); van der Vossen HAM, Mkamilo GS (Editors); Wageningen, Netherlands. Consultado em 30 de junho de 2016. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑D. Gledhill. The Names of Plants. Cambridge University Press, 2008.
↑Lotte Burkhardt: Verzeichnis eponymischer Pflanzennamen. Erweiterte Edition. Botanic Garden and Botanical Museum Berlin, Freie Universität Berlin Berlin 2018. [1]