Salicaceae Mirb. (nome aceito) [1] dá nome a uma Família de plantas inseridas no grupo das Eudicotiledôneas dentro das Angiospermas . Esse grupo está dentro da Ordem Malpighiales, interna à Classe Magnoliopsida. O gênero modelo mais conhecido dos aproximados 56 gêneros totais é Salix sp., o Salgueiro [2].
Os indivíduos do grupo possuem forma arbórea ou arbustiva que não costumam ultrapassar a altura de 40 metros [2]. São cosmopolitas, estando distribuídos de regiões árticas à regiões tropicais de forma ampla [3].
Na mitologia grega, há um mito de que Hélio, o Deus do Sol, possuía 3 filhas, as Helíades, que seriam as deusas secundárias. Elas teriam um possível irmão, Faéton, que ao tentar conduzir a carruagem de seu pai, perdeu o controle dos cavalos e acabou morrendo despencando das alturas [4].
Então as Helíades entraram num luto por cinco meses, e os deuses transformaram-nas em choupos e suas lágrimas em âmbar. Tal choupo ou álamo, é uma árvore da família Salicaceae, presente nas florestas boreais e em regiões temperadas ao longo de rios [4].
A polinização ocorre pelo vento ou por auxílio de insetos [3][2] dependendo do tipo da flor da espécie. Por exemplo, em flores reduzidas a polinização ocorre pelo vento, enquanto em alguns casos pode haver a atuação de insetos não especializados atraídos por recursos nectaríferos e aromáticos [3][5].
A dispersão de táxons constituídos de frutos em drupas, bagas ou cápsulas é feita por aves ou mamíferos. Alguns gêneros são dispersos pelo vento, pois apresentam cápsulas que liberam sementes aladas que são facilmente levadas pelo vento [3].
Distribuição fitogeográfica no Brasil
Regiões e Estados de ocorrência no Brasil
- Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins);
Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal [1].
Tipos Vegetacionais
Caatinga (stricto sensu), Campinarana, Campo de Altitude, Campo de Várzea, Campo Rupestre, Cerrado (lato sensu), Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta de Igapó, Floresta de Terra Firme, Floresta de Várzea, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Floresta Ombrófila Mista, Restinga, Savana Amazônica, Vegetação Sobre Afloramentos Rochosos [1].
Morfologia Geral
São árvores ou arbustos dioicos, com folhas simples alternas com estípulas persistentes, decíduas ou ausentes [3]. Podem ou não possuir a borda do limbo serrilhada (denteada), com nervuras alcançando o ápice do dente e associadas às setas glandular e esférica [2]. As inflorescências são variáveis, em amentos ou flores solitárias, axilares ou terminais. As flores podem ser bissexuais ou unissexuais (hermafroditas ou dioicos) [6], submetidas por uma bráctea pilosa (Salix e Populus) [2]. As sépalas sendo livres, levemente conatas ou vestigiais; estames numerosos, livres ou conatos, e anteras bitecas. Os ovários são geralmente súperos (sobre os receptáculos), com placentação axial ou parietal [3].
Esse grupo, em sua maioria possui copa larga com ramos flexíveis (Chorão) ou copa estreita e ramos menos flexíveis [3]. Os frutos são deiscentes, em forma de baga, sâmara ou cápsula. Podem ser secos ou carnosos com inúmeras sementes cilíndricas com endosperma escasso ou ausente [3][2].
Fisiologia e Fitoquímica
Os organismos pertencentes ao gênero Salicaceae possuem o metabolismo do tipo C3 e seus açúcares são transportados como sacarose [5]. Apresentam heterosídeos fenólicos (salicilina, populina), sem a presença de glicosídeos e cianogênicos e normalmente com taninos [5][3].
Relações Filogenéticas
Antigamente a família Salicaceae era descrita como “Flacourtiaceae” que incluia numerosos gêneros, com e sem compostos cianogênicos, como Salix, Populus e Gynocardia. A partir de análises filogenéticas de sequências rbcl foi possível sustentar a monofilia de Salicaceae, com sua única sinapomorfia: dentes foliares salicoides que ocasionalmente evoluíram formando folhas inteiras [3].
Os gêneros Salix e Populus compartilham muitas características como a presença de salicina, flores apopétalas e ausência de compostos cianogênicos. Em função disso, são aproximados na filogenia (grupos irmãos), formando um clado que foi inserido em Salicaceae [3].
Em contrapartida, a característica cianogênica agrupou alguns gêneros em um único clado dentro de Malpighiales, a família Achariaceae. Os indivíduos desse grupo não possuem disco nectarífero e apresentam o maior número de pétalas em relação ao número de sépalas, além de apresentarem anteras lineares [3].
Sinapomorfia
Possuem uma única sinapomorfia morfológica, a presença de dentes foliares salicoides bem característicos, ausentes em Casearia [3].
Importância Econômica
A família Salicaceae possui diversos usos, porém pouco valorizados economicamente [7].
Os gêneros Populus, Casearia e Macrohasseltia como possuem um crescimento rápido, são ótimos para a indústria madeireira, fornecendo madeira e polpa de madeira. Eventualmente são cultivados como plantas ornamentais e usados em móveis de vime [7][3].
Já o gênero Salix, possui seu caule como fonte de ácido salicílico, precursor da aspirina [7][3]. Dentre algumas espécies como Flacourtia e Dovyalis, São cultivadas pelos de seus frutos comestíveis [3]. Tanto o Salix como o Populus são fontes potenciais de biocombustíveis. Já o gênero Ryania possuem compostos tóxicos usados em venenos e inseticidas [7]. Também possuem papel fundamental na prevenção da erosão e biorremediação do solo, sendo plantadas ao longo de cursos de rios [7]
↑SOUZA, Vinicius C. (2008). Botânica sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APGII. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora LTDA. pp. 325–327