Todas as espécies desta família são plantas lenhosas perenifólias, principalmente árvores, raramente arbustos, produzindo todas elas madeiras duras. Apresentam uma camada superficial de câmbio cortical, com o crescimento secundário do tronco baseado num anel de câmbio convencional. A filotaxia das folhas é raramente espiralada, por vezes alternada (em Anthodiscus), geralmente oposta (em Caryocar). As folhas são divididas em pecíolo e lâmina foliar, com a lâmina foliar coreácea geralmente trifoliolada, por vezes com 5 folíolos. As folhas apresentam nervação peninérvea, apresentam raramente bordos quase lisos, geralmente serrados ou dentados. A maioria das espécies não tem estípulas presentes.
As flores ocorrem geralmente em inflorescênciasracemosas, sem brácteas. As flores são grandes, de simetria radial (actinomórficas), hermafroditas, geralmente pentâmeras, raramente hexâmeras, com duplo perianto. As cinco ou seis sépalas são fundidos na base. As cinco ou seis pétalas são fundidas na base, formando uma curta estrutura tubular. As flores contêm 50 a 200 estames particularmente longos, que se desenvolvem centrifugamente, livres (não são fundidos com as pétalas). Algumas espécies têm os estames mais internos reduzidos a estaminódios. Os grãos de pólen geralmente têm três (duas a seis) aberturas e são colporados ou rugatos. Quatro a vinte carpelos ocorrem fundidos a um ovário sincárpico súpero, de quatro a vinte lóculos, com apenas um óvulo ortoprópico a anatrópico, bitegmático em cada lóculo. Existem quatro a vinte estiletes livres.
O fruto é geralmente um esquizocarpo ou uma drupa carnosa ou coreácea. O mesocarpo por vezes é venenoso, mas muitas vezes é comestível. As sementes são em forma de rim. O embrião está bem desenvolvido. O hipocótilo é espiralado e muito rico em óleo e proteína.
Os frutos e sementes de pelo menos oito espécies do género Caryocar são utilizados para alimentação humana (crus ou apenas cozidos) ou para produção de óleos vegetais.
A madeira dura de várias espécies de Caryocar é muito apreciado, por exemplo, para construção de canoas e outras pequenas embarcações.
Os frutos de espécies de ambos os géneros são usados como veneno na captura de peixes. Este uso resulta da presença nesta família de teores elevados em triterpenos, nomeadamente em saponinas, compostos muito tóxicos para os peixes, mas também tóxicos para outros animais, incluindo os humanos.
Filogenia e sistemática
A família Caryocaraceae foi publicada em 1845 na obra póstuma de Joachim Otto Voigt intitulada Hortus Suburbanus Calcuttensis. A retomada da família, em publicação feita por Ignaz von Szyszylowicz na obra de Engler e Prantl: Nat. Pflanzenfam. 3, 6, p. 153 ocorreu em 1893. O género tipo é CaryocarL.. Entre os sinónimos taxonómicos para Caryocaraceae Voigt contam-se RhizobolaceaeDC. e SimabaceaeHoran..
Filogenia
Um estudo de filogenética molecular, realizado em 2012, usou dados resultantes da análise de um número alargado de genes e por essa via obteve uma árvore filogenética com maior resolução que a disponível nos estudos anteriormente realizados.[6] Nesse estudo foram analisados 82 genes de plastídeos de 58 espécies (a problemática família Rafflesiaceae não foi incluída), usando partições identificadas a posteriori pela aplicação de um modelo de mistura com recurso a inferência bayesiana. Esse estudo identificou 12 clados adicionais e 3 clados basais de maior significância.[6][7] A posição da família Caryocaraceae no contexto da ordem Malpighiales é a que consta do seguinte cladograma:
↑USDA, ARS, National Genetic Resources Program. Germplasm Resources Information Network - (GRIN) [Online Database]. National Germplasm Resources Laboratory, Beltsville, Maryland. URL: «Copia archivada». Consultado em 24 de outubro de 2013. Cópia arquivada em 29 de outubro de 2013.
Davidse, G., M. Sousa Sánchez, S. Knapp & F. Chiang Cabrera. 2015. Erythroxylaceae a Icacinaceae. 3(2): ined. In G. Davidse, M. Sousa Sánchez, S. Knapp & F. Chiang Cabrera (eds.) Fl. Mesoamer.. Universidad Nacional Autónoma de México, México.
Idárraga-Piedrahita, A., R. D. C. Ortiz, R. Callejas Posada & M. Merello. (eds.) 2011. Fl. Antioquia: Cat. 2: 9–939. Universidad de Antioquia, Medellín.
Nelson, C. H. 2008. Cat. Pl. Vasc. Honduras 1–1576.
Prance, G. 1976 [1977]. Flora of Panama, Part VI. Family 120. Caryocaraceae. Ann. Missouri Bot. Gard. 63(3): 541–546. View in BotanicusView in Biodiversity Heritage Library
Prance, G. T. 1987. An update on the taxonomy and distribution of the Caryocaraceae. Opera Bot. 92: 179–183.