Share to: share facebook share twitter share wa share telegram print page

Susan Brownmiller

Susan Brownmiller
Nascimento 15 de fevereiro de 1935 (89 anos)
NY
 Estados Unidos
Nacionalidade Americana
Ocupação jornalista, escritora e ativista feminista
Principais trabalhos Against Our Will: Men, Women and Rape (1975); Femininity (1984); In Our Time: Memoir of a Revolution (1999).

Susan Brownmiller (Nova York, 15 de Fevereiro de 1935) é uma jornalista norte-americana, ativista feminista e autora de diversos livros relacionados a essa temática.

Biografia

Brownmiller nasceu no bairro do Brooklyn, em Nova Iorque. Oriunda de uma família de classe média baixa judaica, frequentou  a East Midwood Jewish Center, onde estudava Hebraico e História Judaica. Tal proximidade com o passado do povo judeu e seu histórico de perseguição, sobretudo durante os chamados Pogrons e o Holocausto, despertou seu interesse em estudar as causas da violência, física e psicológica, principalmente contra a mulheres. Posteriormente, estudou na Cornell University e na Jefferson School of Social Sciences, embora sonhasse em ser atriz da Broadway, chegando inclusive a estudar artes cênicas. Trabalhou como garçonete e balconista antes de começar a escrever trabalhos editoriais para alguns periódicos no início da década de 60, momento de extrema efervescência política, social e cultural em torno da defesa dos direitos humanos nos Estados Unidos. Foi nesse período também que consolidou sua carreira como jornalista e iniciou sua militância política em torno, sobretudo, das pautas feminista e racial. Em 1964, participou de mobilizações no estado do Mississippi em torno do direito a voto da população negra. Quatro anos mais tarde, foi co-fundadora da New York Radical Feminist, uma das primeiras organizações feministas americanas. Teve experiências no CORE (Congress Of Racial Equality), uma das quatro maiores organizações que lutavam pelos direitos civis de afro-americanos à época. Em 1979, Foi co-fundadora do Women Against Pornography. Mais tarde, em seu livro In Our Time: Memoir of a Revolution, de 1999, a autora traria reflexões a respeito de suas experiências nesse período. No início da década de 70, Brownmiller inicia sua incursão teórica no universo do estupro, em um contexto no qual a violação do corpo feminino era recorrente e naturalizada. Ganhou o prêmio da fundação Alicia Patterson, por conta de seus estudos e escritos nessa área. Como resultado destes trabalhos, publica sua mais famosa obra: Against Our Will: Men, Women, and Rape, em 1975. Tal obra foi considerada revolucionária para o entendimento acerca das relações de dominação homem-mulher que envolvem o crime de estupro. A principal crítica a seu pensamento se deu em torno do modo como a autora aborda a questão racial dentro da lógica deste crime, sendo radicalmente criticada por feministas negras como Alison Edwards e Angela Davis. Embora não tenha se dedicado ao estudo da criminologia, a autora contribuiu significativamente para o pensamento e entendimento criminológico em torno do crime de estupro. Publicou seu último livro em 1999, e atualmente continua seu ativismo em torno de pautas feministas de viés radical como, por exemplo, o aborto a qualquer tempo de gestação.

Against Our Will: Men, Women and Rape

Against Our Will: Men, Women, and Rape (Contra Nossa Vontade: Homens, Mulheres e o Estupro) foi publicado pela primeira vez em 1975, pela editora Simon and Schuster, sendo selecionado, em 1995, pela The New York Public Library, como um dos mais importantes livros publicados no século XX. Desde sua publicação, o livro se tornou um clássico a respeito do tema estupro e foi traduzido para mais de 16 idiomas. A tese principal do livro é a de que o crime de estupro decorre de um processo consciente de intimidação da mulher pelo homem, a qual se mantém, assim, em um permanente estado de medo. Perde, portanto, o caráter de mero crime sexual violento para ganhar conotação política. O estupro se torna uma forma de subordinação da mulher frente ao homem. Cria-se assim, uma Ideologia do estupro, oriunda do fato de que todos os homens se beneficiam, em alguma medida, dessa condição de superioridade, internalizando práticas e conceitos que dão sustentáculo para esse estado de terror.

A autora situa a origem do estupro nos primórdios da humanidade, atribuindo a sua existência a dois fatores biológicos, quais sejam: o fato do acasalamento não mais depender de ciclos hormonais femininos (como em outros animais, no qual o cio da fêmea é condição de existência para a relação sexual) e no fato de que a mulher é fisicamente impossibilitada de oferecer algum tipo de retaliação à violência sexual. Para ela, a descoberta pelo homem de tal possibilidade de dominação é fator preponderante para a estruturação da sociedade tal qual ela se apresenta hoje, notadamente patriarcal.

A definição de estupro dada pela autora é direta: "Se uma mulher escolhe não ter relações sexuais com um homem, e ele, ainda assim, procede contra sua vontade, isso é um ato criminoso de estupro." Entretanto, em sendo o estupro historicamente definido por homens, essa dimensão politica inerente ao ato fica invisibilizada, impedindo que seja tratado de acordo com toda a sua problemática estrutural.

Análise Histórica de Estupro

Diante desse estado de terror, a mulher passa a procurar um parceiro, não por tendências biológicas à monogamia, mas pela questão prática de ter um protetor frente a tentativas de estupro impetradas por outros homens. A consequência desse fato é a destruição de vínculos de diálogo entre as mulheres, que tem a sua autonomia restringida pela figura do parceiro masculino. Instala-se, assim, a noção da mulher como parte integrante do patrimônio do homem, bases para as relações patriarcais.

Nessa linha, a autora faz uma profunda incursão sobre a história do estupro. Partindo da história judaica, percorre momentos da história assíria, grega, romana, inglesa, americana para demonstrar como a criminalização do estupro sempre esteve associada a uma ideia de violação de um direito masculino de propriedade sobre a mulher. A mero título de exemplificação, pode-se citar como, durante muito tempo, não era considerado relevante o estupro de mulheres não virgens (sobre as quais não existia mais direito ao dote, que a autora considera a mercantilização do corpo feminino). Nesse sentido, há que se notar que era reiterada a compreensão da mulher como ser ardiloso, que detinha parcela de culpa pela ocorrência do ato, sendo muitas vezes punida juntamente com o seu agressor.

Ainda em termos de análise histórica, aponta-se para a existência de uma intrínseca relação entre as guerras e estupro. Para a autora, em tempos de guerra, a questão da superioridade masculina fica mais evidente. A guerra mostra a psique masculina em sua forma mais crua possível, despida de qualquer cavalheirismo ou civilidade. É por isso, por exemplo, que as mulheres dos inimigos são vistas pelos exércitos vencedores como parte integrante do espólio de guerra, retomando a comprensão da mulher como propriedade do homem. Dominar a mulher do inimigo é parte da estratégia de disseminação do terror e de consolidação da vitória. Em contrapartida, do lado vencido, o estupro é visto como ofensa não ao corpo feminino, mas sim à própria masculinidade do homem derrotado, que vê "suas mulheres" sendo violentadas. O corpo da mulher é, então, instrumentalizado no sentido da transmissão de uma mensagem de capitulação entre interlocutores essencialmente masculinos. A autora recorre a diversos exemplos históricos para corroborar sua tese: o exército alemão na Bélgica, na França e na Rússia; o exército japonês na China e na Coréia; o revanchismo do Exército Vermelho russo em território alemão; a bestialidade do exército americano no Vietnã, além de uma série de outras passagens históricas durante revoluções e revoltas.

Encerrando sua percurso histórico, Brownmiller foca em duas questões sobre a história americana: o tratamento destinado aos indígenas e escravos africanos durante os séculos XVIII e XIX. É particularmente importante ressaltar a abordagem feita no que tange à escravidão. A autora desconstroi a visão que se tornava difundida de que o estupro de escravas negras era raro. Opondo-se claramente a uma tendência freudiana que estereotipava o estuprador como alguém solitário e portador de comportamentos desviantes, ela parte da premissa segundo a qual o estuprador era um homem comum, notadamente um branco dono de escravos. Assim, o abuso das escravas por homens brancos era naturalizado como sendo oriundo de um pretenso direito de propriedade, inerente à própria condição de escravidão, não sendo considerado como estupro, mas prerrogativa de um direito de propriedade. Na contramão dessa lógica, o estupro de uma mulher branca por um homem negro (fosse ele liberto ou não) era visto com extrema reprovação pela sociedade, resultando, muitas vezes, em mortes e linchamentos. É patente a diferença de tratamento entre homens brancos e negros, ancorada na diferença de papeis sociais ocupada por ambos os agentes.

A Crítica Sobre o Racismo

Algumas passagens do livro, principalmente no que se refere ao capítulo ao 7, A question of race, suscitaram comentários por parte de feministas negras, tais como Angela Davis e Alison Edwards. A primeira chega, inclusive, a afirmar que, em alguns momentos, a relação entre estupro e raça resvala para uma complicada demonstração de racismo. O ponto em comum de ambas as críticas é que a mera análise dos dados feita por Brownmiller desconsidera o contexto em que esses dados foram colhidos, seja ele social ou econômico. A consequência é a geração de aberrações interpretativas, sem respaldo na realidade social, e que justificam a caracterização de racista.

A crítica de Alison Edwards se assenta no fato de que Brownmiller parte de uma concepção de movimento feminista que é incapaz de fazer aliança com outros grupos oprimidos, evitando um combate eficiente frente às formas de opressão em geral. Assim sendo, o movimento feminista tende a se descolar da realidade que permeia os outros movimentos emancipatórios, já que a sua causa de opressão deriva de uma motivação diferente, qual seja, diferenças biológicas, e não sociais.

Para a crítica, a autora de Against Our Will desconsidera o papel da mulher no sistema produtivo, importante elemento para a sua análise classista de feminismo. De acordo com essa linha de raciocínio, a classe dominante se mantém no poder através do estímulo à competição entre a classe trabalhadora, a qual se funda na existência de uma miríade de desigualdades. A opressão feminina seria apenas mais uma vertente dessas desigualdades incentivadas pelo sistema produtivo.

Sendo o machismo consequência de relações sociais de produção, ele passa a conter um elemento que o aproxima das outras opressões, o fato de derivar de uma relação social, e não exclusivamente de gênero. Para Alison, os negros e as mulheres são mantidos em um estado de inferioridade constante frente aos brancos e aos homens, sendo alvo das instabilidades sociais, como desemprego e salários baixos, com mais frequência. Desconsiderar esse fato para analisar a sociedade como exclusivamente pautada pelos homens opressores x mulheres oprimidas é simplificar a complexidade da sociedade globalizada, que estabelece vários outros sub-grupos de oprimidos, como os negros, os indígenas e as pessoas de países periféricos, dentre outros grupos culturalmente marginalizados pelo sistema de produção.

A importância da análise de Alison se assenta também na sua data de produção, apenas um ano após o lançamento do livro.Ciente das outras determinações que influem na criminalidade, a crítica versa sobre a impossibilidade de se separar as taxas de estupro das taxas de criminalidade em geral, que estavam em alta nesse período. Segundo a comentadora, as taxas de desemprego eram as maiores dos últimos trinta anos, sendo duas vezes maior para negros que para brancos, e seis vezes maior para a juventude negra do que em relação aos semelhantes brancos. Mais além, a repressão policial se recrudescia dentro das periferias urbanas. Como levantado pela autora das críticas, "focar no aumento das ocorrências de estupro, particularmente de negros sobre mulheres brancas, isolado da conjuntura total e de suas causas, acaba contibuindo para a repressão e o preconceito contra a população negra. É nesse contexto que o racismo, incluindo o uso racista das taxas de estupro, devem ser analisados."

A questão da Pornografia

Brownmiller se posiciona claramente contrária à indústria pornográfica, não por razões moralistas ou religiosas, justificativa comum de muitos americanos à época, mas por considerar a pornografia uma invenção essencialmente masculina, assim como o estupro, cuja função é reduzir a mulher à mero objeto sexual, desumanizando-a. Para comprovar seu argumento, a autora lança mão de dados coletados em 1970 pela Comissão sobre Obscenidade e Pornografia. Segundo a pesquisa, 90% de todo o material pornográfico produzido era para atender aos anseios do mercado heterossexual masculino, sendo que o restante era para homens homoafetivos. Ainda no âmbito da análise produzida, a maioria dos consumidores eram homens brancos de meia idade, casados e de classe média, o que pautava a forma como essa pornografia seria produzida. "Porque a pornografia foi historicamente concebida como um produto para o público masculino, [...] assim, casos de conteúdo homossexual masculino são relativamente raros, ao passo que o lesbianismo se faz presente com frequência".

A própria reação à pornografia diverge entre homens e mulheres. Ainda com base nos dados da pesquisa supramencionada, 77% dos homens se excitam com a visualização de sexo explícito. Em contrapartida, 68% das mulheres declararam não se interessar, alegando, inclusive, se sentirem "enojadas" e "ofendidas". Isso se justifica porque a construção da pornografia se dá com a reificação feminina, reduzida a corpo dobrável e descartável, mera anônima para o prazer masculino.

Por fim, consolidando a pornografia como estrutura essencialmente opressiva, a autora afirma não ser possível reverter esse caráter machista, haja vista que o símbolo da pornografia por excelência é o corpo nu da mulher, colocado em um estado de submissão e à espera do instrumento patriarcal de poder do homem.

Femininity

Femininity (Feminilidade) foi o segundo livro de Brownmiller dentro da temática feminista, sendo lançado em 1984 pela Linden Books. O pilar argumentativo do texto é a tese de que a sociedade pauta um estereótipo de como a mulher deve se portar, estereótipo esse sustentado pela noção de feminilidade. Essa noção resulta em um tratamento social diferenciado para homens e mulheres, limitando sua atuação dentro de um complexo de ações consideradas "femininas". Para a autora, esse estereótipo comportamental enfatiza as diferenças entre homens e mulheres, inclusive criando desigualdades onde elas não existiam naturalmente. A função disso é naturalizar a mulher como submissa, corroborando o status de dominador do homem dentro da sociedade.

O livro se divide em oito capítulos (Corpo, Cabelos, Vestuário, Voz, Pele, Comportamento, Emoção e Ambição) dentro dos quais Brownmiller utiliza de conhecimentos de biologia, de história, de artes e sobre a temática da opressão para demonstrar como a mulher foi historicamente concebida como anexo do homem e afastada de seu papel como agente da história humana.

Livros da autora

  • Shirley Chisholm: A Biography (Doubleday, 1970)
  • Against Our Will: Men, Women, and Rape (Simon and Schuster, 1975/Fawcett Columbine 1993)
  • Femininity (Linden Books/Simon & Schuster, 1984)
  • Waverly Place (Grove Press, 1989)
  • Seeing Vietnam: Encounters of the Road and Heart (Harper Collins, 1994)
  • In Our Time: Memoir of a Revolution (Dial Press, 1999)

Bibliografia para o verbete

Ver também

Ligações externas

This information is adapted from Wikipedia which is publicly available.

Read other articles:

This article is about the residence hall association of the University of Florida. For other similar organizations, see Residence hall association. Inter-Residence Hall AssociationLogo as of 2023AbbreviationIRHAPredecessorInter-Hall CouncilFormation1978; 45 years ago (1978)TypeResidence hall associationHeadquartersRawlings Hall, Gainesville, FloridaPresidentKara SammetingerVice PresidentRemy RonkinAffiliationsUniversity of Florida Department of Housing and Residence LifeWebsite…

Lambang Kadipaten Ernestine dalam sebuah prasastiKadipaten-Kadipaten Ernestine atau juga disebut dengan Kadipaten-Kadipaten Sachsen (meskipun apanase Kadipaten Albertine yang menguasai Weissenfels, Mersburg dan Zeitz juga disebut Kadipaten Sachsen walaupun wilayahnya terlepas dari Kadipaten Ernestine) adalah kumpulan dari wilayah-wilayah berdaulat kecil yang dulunya ada di wilayah yang sekarang adalah Jerman (wilayah Thuringia). Wilayah ini dipimpin oleh adipati dari garis keturunan Adipati Erne…

スバル興業株式会社Subaru Enterprise Co., Ltd.種類 株式会社市場情報 東証スタンダード 9632 大証1部(廃止) 9632 本社所在地 日本〒100-0006東京都千代田区有楽町一丁目10番1号設立 1946年(昭和21年)2月9日業種 サービス業法人番号 3010001008699 代表者 代表取締役社長 永田 泉治資本金 13億3,100万円発行済株式総数 266万2千株売上高 単体177億円、連結272億円(2020年1月期)純資産 単体20…

Le Clavier bien tempéré I Pour un article plus général, voir Le Clavier bien tempéré. Vous lisez un « bon article » labellisé en 2020. Prélude et fugue n°BWV 869Le Clavier bien tempéré, livre I (d) Si mineur Prélude Métrique Prélude. noicon Fugue Voix 4 Métrique Fugue. noicon Liens externes (en) Partitions et informations sur IMSLP (en) La fugue jouée et animée (bach.nau.edu) modifier  Le prélude et fugue en si mineur (BWV 869) est le 24e et dernier couple de p…

Human settlement Antiochia ad CragumSome ruins at Antiochia ad CragumShown within TurkeyAlternative nameAntiochetta, Antiocheta, Antiochia Parva, Antiocheta in RufineLocationAntalya Province, TurkeyRegionCiliciaCoordinates36°09′26″N 32°24′56″E / 36.15722°N 32.41556°E / 36.15722; 32.41556TypeSettlementHistoryFounded170 BCCulturesHellenistic, Roman, Armenian, Byzantine, MedievalSite notesExcavation dates2005-2019ArchaeologistsMichael Hoff, Timothy Howe…

Ніувпорт Nieuwpoort Бефруа НіувпортаБефруа Ніувпорта Прапор Герб Координати: 51°07′ пн. ш. 2°45′ сх. д. / 51.117° пн. ш. 2.750° сх. д. / 51.117; 2.750 Країна Бельгія Регіон Західна Фландрія Провінція Уряд  - Мер Geert Vanden Broucke (CD&V) Площа  - Повна 31,0 км² В…

Tetraphyllidea Classificação científica Reino: Animalia Filo: Platyhelminthes Classe: Cestoda Ordem: Tetraphyllidea *Carus, 1863 Famílias Cathetocephalidae Disculicipitidae Prosobothriidae Dioecotaeniidae Onchobothriidae Phyllobothriidae Chimaerocestidae Tetraphyllidea é uma ordem tradicional da classe Cestoda. Evidências moleculares demonstram que o clado é parafilético.[1][2] Referências ↑ Olson, P.D.; Littlewood, D.T.J.; Bray, R.A.; Mariaux, J. (2001). «Interrelationships and evol…

  لمعانٍ أخرى، طالع عين البيضا (توضيح). 35°39′14″N 35°52′23″E / 35.65388889°N 35.87305556°E / 35.65388889; 35.87305556 عين البيضا   الإحداثيات 35°39′14″N 35°52′23″E / 35.65388889°N 35.87305556°E / 35.65388889; 35.87305556  تقسيم إداري  البلد سوريا  التقسيم الأعلى ناحية عين البيضا  تعديل مص

1978 studio album by David CoverdaleNorthwindsStudio album by David CoverdaleReleased10 March 1978 [1]RecordedMarch–April 1977StudioAIR Studios, London, UKGenreBlues rock, hard rockLength38:53LabelPurple (UK)Polydor (Japan)ProducerRoger GloverDavid Coverdale chronology White Snake(1977) Northwinds(1978) Coverdale•Page(1993) Alternative cover2000 CD reissue Singles from Northwinds BreakdownReleased: 24 February 1978 [2] Professional ratingsReview scoresSourceRatingAllM…

У Вікіпедії є статті про інші населені пункти з такою назвою: Цетуля. село Цетуля Церква Святого МиколаяЦерква Святого Миколая Країна  Україна Область Львівська Район Яворівський Громада Яворівська міська громада Код КАТОТТГ UA46140110740062899 Основні дані Засноване 1481 Насел

У этого топонима есть и другие значения, см. Кончинка. ДеревняКончинка 58°04′52″ с. ш. 36°10′19″ в. д.HGЯO Страна  Россия Субъект Федерации Тверская область Муниципальный район Максатихинский Сельское поселение Рыбинское История и география Высота центра 157 м Часов…

1994 film directed by Sathyan Anthikkad PingamiTheatrical release posterDirected bySathyan AnthikkadWritten byReghunath PaleriProduced byMohanlalStarringMohanlalPuneet IssarJagathy SreekumarThilakanInnocentKanakaSukumaranJanardhananOduvil UnnikrishnanCinematographyVipin MohanEdited byK. RajagopalMusic byJohnsonProductioncompanyPranavam ArtsDistributed byAnupama FilmsRelease date27 May 1994Running time160 minutesCountryIndiaLanguageMalayalam Pingami (transl. The successor) is a 1994 Indian …

Shopping mall in Georgia, United StatesPeachtree MallMain entrance, March 2014LocationColumbus, Georgia, United StatesCoordinates32°30′32″N 84°56′29″W / 32.50883°N 84.94127°W / 32.50883; -84.94127Opening dateAugust 5, 1975; 48 years ago (1975-08-05)DeveloperJim Wilson and Associates for the California Retirement TrustManagementBrookfield PropertiesOwnerBrookfield Properties[1]No. of stores and services97[1]No. of anchor tenant…

Music festival concert venue in Tongyeong, South Korea This article has multiple issues. Please help improve it or discuss these issues on the talk page. (Learn how and when to remove these template messages) This article needs additional citations for verification. Please help improve this article by adding citations to reliable sources. Unsourced material may be challenged and removed.Find sources: Tongyeong International Music Festival – news · newspapers · books&…

This article is about the fourth single released by Sa-Fire. For the Singaporean television series, see Gonna Make It (TV series). 1989 single by Sa-FireGonna Make ItSingle by Sa-Firefrom the album Sa-Fire Released1989GenreDance-pop, FreestyleLength4:56 (album version)LabelMercurySongwriter(s)David HarrisProducer(s)Angelo Cosme, Aldo Marin,Albert CabreraSa-Fire singles chronology Thinking of You (1989) Gonna Make It (1989) I Will Survive (1989) Gonna Make It is the fourth single released by free…

American politician Lowry SnowSpeaker pro tempore of the Utah House of RepresentativesIn officeJanuary 19, 2021 – December 31, 2022Preceded byEric HutchingsSucceeded byJames DunniganMember of the Utah House of Representativesfrom the 74th districtIn officeJanuary 11, 2012 – December 31, 2022Preceded byDavid ClarkSucceeded byNeil Walter Personal detailsBorn (1950-08-21) August 21, 1950 (age 73)Salt Lake City, Utah, U.S.Political partyRepublicanEducationBrigh…

This article does not cite any sources. Please help improve this article by adding citations to reliable sources. Unsourced material may be challenged and removed.Find sources: Slippin': Ten Years with the Bloods – news · newspapers · books · scholar · JSTOR (January 2015) (Learn how and when to remove this template message) 2005 American filmSlippin:Directed byJoachim SchroederTommy SowardsWritten byJoachim SchroederTommy SowardsProduced byJoachim Schroe…

KutabuluhKecamatanPeta lokasi Kecamatan KutabuluhNegara IndonesiaProvinsiSumatera UtaraKabupatenKaroPemerintahan • Camat-Populasi • Total- jiwaKode Kemendagri12.06.13 Kode BPS1211060 Luas- km²Desa/kelurahan16 Kutabuluh adalah sebuah kecamatan di Kabupaten Karo, Sumatera Utara, Indonesia. lbsKecamatan Kutabuluh, Kabupaten Karo, Sumatera UtaraDesa Bintang Meriah Buah Raya Gunung Meriah Jinabun Kutabuluh Kutabuluh Gugung Kuta Male Lau Buluh Liang Merdeka Mburidi Negeri…

Beauty pageant in Sweden Miss Grand SwedenPamela OliveraMiss Grand Sweden 2014Issabella GeorgssonMiss Grand Sweden 2015Formation2013TypeBeauty pageantHeadquartersStockholmLocationSwedenMembership Miss Grand InternationalOfficial language SwedishNational directorPeter HadwardGeneral directorKersten LibaParent organizationMiss Universe Sweden(2013 – 2014)Miss Queen of Scandinavia(2014 – 2021)WebsiteMissQueenOfScandinavia.com Jennie FrondellMiss Grand Sweden 2021 Miss Grand Sweden is a nat…

American activist (1840–1919) John HanceJohn Hance is believed to be the first non-Native American resident on the Grand Canyon.Born1840 (1840)Died(1919-01-26)January 26, 1919 (aged 78–79)Occupation(s)pioneer, trailblazer, guide John Hance (1837-09-07 - 1919-01-06,[1] 1919) is thought to be the first non-Native American resident of the Grand Canyon, US. He opened the first tourist trail, today known as Old Hance Trail, into Grand Canyon in 1884, well before his mining activities…

Kembali kehalaman sebelumnya

Lokasi Pengunjung: 18.116.47.221