A reocupação e possível reconstrução ou fortificação de Portucale verificou-se após a presúria de Vímara Peres, em 868, vivendo, a partir de então, um próspero período da sua história: daí partiu toda a acção de reorganização, bem-sucedida, em alguns casos de repovoamento, para além dos limites da antiga diocese nela sediada, quer ao norte do rio Ave, quer ao sul do rio Douro. Por esta altura, o território designava-se de Terra Portugalense ou Portugalia. Desta forma, o antigo burgo de Portucale deu o nome a um novo estado ibérico.[1] Na Galiza, as terras portugalenses encontravam-se definidas como as situadas a sul do rio Lima, segundo documentação galega.
Os condes da casa de Vímara Peres nem sempre se sucederam em linha reta, recorrendo por vezes à sucessão cognática. Eram uma família com bastante influência, tendo o seu apogeu no século X.
Foi um dos responsáveis pela repovoação da linha entre os rios Minho e Douro e, auxiliado por cavaleiros da região, pela ação de presúria do burgo de Portucale (Porto), que foi assim definitivamente conquistado aos muçulmanos no ano de 868.[2] Nesse mesmo ano, tornou-se o primeiro conde de Portucale. Fundou Guimarães.
Apesar de ter tido filhos que lhe sobrevivessem, o seu sucessor foi o conde galego Mendo Gonçalves, o que prova que o condado não seria estritamente hereditário.[3]
Sendo a sua filha nora de Afonso III das Astúrias, à morte de Vímara Peres, terá sido nomeado conde de Portucale por este monarca, conjuntamente com Lucídio Vimaranes, filho de Vímara.[6] Hermenegildo surge na documentação leonesa como conde de Tui e Portucale [Porto].[6]
Provavelmente nomeado conde, dada a falta de parentesco com os condes anteriores. A sua nomeação estará possivelmente relacionada com o casamento da sua irmã Aragonta com Ordonho II de Leão. Há fontes que têm Mendo como morto em 928.[9]
Viúva de Mendo Gonçalves, governa o Condado sozinha após a morte do esposo. Foi a mulher mais poderosa do seu tempo no noroeste da Península Ibérica. Edificou o primeiro castelo de Guimarães. A sua suposta abdicação em 950 pode levar a pensar se o seu governo não foi uma regência, mas o facto não é consensual.
O seu governo coincidiu com um período de turbulência no Ocidente Peninsular, marcado, não só por revoltas nobiliárquicas, mas também por ataques normandos e muçulmanos. Adversário dos reis Sancho I, e Ramiro III, foi um dos nobres que apoiaram e elevaram ao trono Ordonho IV e posteriormente Bermudo II. Em 997 intitulou-se magnus dux portucalensium.
Presença assídua na corte de Bermudo II, participou na educação do sucessor Afonso V e ainda na regência durante a menoridade deste, junto à rainha viúva, Elvira Garcia de Castela. Tornar-se-ia ainda sogro deste, pois casou uma sua filha com este monarca. Faleceu assassinado, possivelmente, por nobres revoltados. Apesar de, mais uma vez, ter descendência varonil, a sucessão não recaiu nos seus filhos.
Viúva, sabe-se que governou o condado em conjunto com o sucessor do marido (Alvito Nunes),[15] provavelmente nomeado por Afonso V. Desconhece-se a razão deste governo conjunto.
Bisneto paterno de Lucídio Vimaranes, é descendente em linha reta e por via agnática deste conde; a sua ascensão significou assim o regresso da família fundadora da presúria ao poder.[16] Governou em conjunto com Tutadona, a viúva do conde anterior.[17] Faleceu durante um ataque normando em Vermoim.
Ilduara Mendes, filha de Mendo Gonçalves II e Nuno Alvites, filho de Alvito Nunes, unem-se em casamento, juntando-se no poder as duas principais linhagens da governação do condado.[18] Depois do assassinato de Nuno Alvites, Ilduara parece tomar a posição de regente durante a menoridade do filho[19][20]. Vive, no entanto, o suficiente para ver a morte do filho e regressar ao poder como regente do neto, também menor.
O seu governo coincidiu com a inauguração de uma nova dinastia no Reino de Leão, e uma nova política de administração territorial; assim, Mendo será talvez o primeiro conde a perder autoridade no seu próprio condadoː Fernando Magno recorre a nobres de condição inferior (os infanções) para a administração das diferentes terras, como Gomes Echigues (em Guimarães) ou Godinho Viegas (como governador de Portugal)
Apenas dez anos decorridos sobre a reconquista definitiva de Portucale tivesse sido tomada a cidade de Coimbra e erigida em condado independente às mãos de Hermenegildo Guterres em 878; a sua posição de charneira entre os mundos cristão e muçulmano permitiu uma vivência de maior paz no Entre-Douro-e-Minho, se bem que a região era alvo de incursões normandas regulares. As campanhas do Almançor, em finais do século X, porém, fizeram recuar a linha de fronteira de novo até ao Douro e o condado de Coimbra é suprimido em 987.
Sobrinho e genro do antecessor. O seu pai não está documentado como conde de Coimbra, mas é provável que Monio o fosse. Governou também o Condado de Portucale com Lucídio Vimaranes.[6]
Em 987, as campanhas de Almançor conquistam Coimbra e a linha de defesa cristã recua até ao rio Douro. O condado desaparece.
Na segunda metade do século XI, reconstituiu-se ao sul o condado de Coimbra, que incluía ainda as terras de Lamego, Viseu e Feira, sendo entregue ao conde ou alvazilSesnando Davides, que conquistara definitivamente a cidade, a 27 de dezembro de 1064. Este condado viria mais tarde a ser incorporado no Condado Portucalense.
Moçárabe português, terá sido ele a convencer Fernando Magno para a reconquista de Coimbra.[27] Desposou a filha do último conde de Portucale, mas não reclamou este condado para si após a desastrosa Batalha de Pedroso.
Genro do seu antecessor, acompanhou Afonso VI de Leão nas conquistas de Lisboa, Santarém e Sintra (que voltariam a cair em domínio muçulmano). Viu-se afastado do cargo de conde por este mesmo monarca.
Condes presores de Chaves
Além destas duas principais presúrias, há notícias de uma terceira, sediada em Chaves, criada em 872 e governada por um misterioso conde Odoário,[29] que seria um capitão ou mesmo um irmão rebelde de Afonso III de Leão.[30] Esta presúria seria o ponto central de uma expansão para sul que alcançaria Lamego.[31]
A ambição de Afonso VI de Leão reconstituiu a unidade dos Estados que vigorava no tempo do seu pai, Fernando I de Leão. Quando Garcia, o irmão de Afonso que fora deposto em 1071, faleceu na prisão em 1090, os territórios que haviam sido seus haviam já revertido para o genro de Afonso VI, Raimundo de Borgonha, que desde 1087 os governava como dote da esposa, Urraca de Leão e Castela.[32] A esta altura, o vigor das investidas Almorávidas recomendava a distribuição dos poderes militares, para melhor reforçar o território: um comando na zona central, entregue ao próprio rei Afonso VI, outro, não oficial, exercido por El Cid em Valência, e o terceiro a ocidente, entregue a Raimundo; este último não conseguiu defender eficazmente a linha do Tejo — tendo já perdido Lisboa, que fora cedida aos Leoneses pelo rei taifa de Badajoz, juntamente com Santarém, que estava também prestes a cair nas mãos dos Almorávidas — e essa será uma das razões que atribuem alguns historiadores modernos à decisão tomada por Afonso VI[33] de reforçar ainda mais a defesa militar ocidental, dividindo em duas a zona atribuída inicialmente a Raimundo, entregando a mais exposta a Henrique de Borgonha.
Genro de Afonso VI de Leão e Castela, do casamento com a herdeira deste recebeu, como dote, o Reino da Galiza, juntamente com o Condado de Portucale,[32] ao qual se juntaria mais tarde o de Coimbra. As fracas defesas a sul causaram a perda de Lisboa pelos cristãos, levando a que Afonso separasse os condados (que constituíam a zona mais exposta a investidas almorávidas[34]) da Galiza, e os entregasse a Henrique, na esperança de uma melhor gestão e defesa destes territórios.
Entre o final de 1095 e o início de 1096,[34]Afonso VI de Leão e Castela, após o desastre militar a sul comandado pelo genro Raimundo, e provavelmente sentindo o perigo da grande influência deste no Ocidente Peninsular,[34] unificou o Condado de Portucale e o Condado de Coimbra numa única entidade política, que entrega, como dote, à sua filha Teresa e ao respetivo esposo, Henrique de Borgonha, primo daquele, diminuindo assim a desigualdade de poder entre ambos.[34]
Sobrinho paterno de Eudo I, Duque da Borgonha. Apoiado pelos interesses políticos clunicenses, introduz-se ambiciosamente na política do Reino vizinho, conquistando poder junto das cortes. Vendo-se na condição de subordinados ao rei, os condes ou governadores tinham amplos poderes administrativos, judiciais e militares, e o seu pensamento orientava-se, naturalmente, para a aquisição de uma completa autonomia quando, no caso português, as condições lhe eram propícias.
Lutou para lhe ver reconhecida uma maior autoridade, o que logra quando, por volta de 1116–17, se intitula Ego regina Taresia de Portugal regis Ildefonssis filia,[35][36] condição reconhecida pelo Papa Pascoal II. Foi forçada, contudo, a prestar vassalagem ao Reino de Leão.[37] O seu envolvimento político e pessoal com o magnate galego Fernão Peres de Trava causou um descontentamento geral no seio da nobreza e clero portugueses, que culminou na Batalha de São Mamede, que a opôs ao seu filho e logrou depô-la.
Inicialmente líder da grande maioria da nobreza e clero portugueses, que via nele a esperança de uma continuação da independência do Condado Portucalense, o que contrariava a intenção da condessa-rainha, que pretendia o domínio de toda a Galiza. Afonso armou-se cavaleiro, venceu a mãe na Batalha de São Mamede (1128) e assumiu o governo do condado.[41]
Regência conjunta dos infantes Sancho (maio de 1169 – 6 de dezembro de 1185) e Teresa de Portugal (maio de 1169 – agosto de 1183) Incapacitado na sequência do falhado Cerco de Badajoz[41] Afonso encarregou os seus dois filhos sobreviventes do governo do Reino: o rei legou em Teresa as funções administrativas, e em Sancho as militares.[43]
Manteve Coimbra como o centro do reino. Terminou com as investidas na Galiza e dedicou-se a guerrear os mouros a Sul. Aproveitou a passagem pelo porto de Lisboa dos cruzados da terceira cruzada, na primavera de 1189, para conquistar Silves,[44] sucedida, mas que durou pouco mais de um ano. Concedeu várias cartas de foral principalmente na Beira e em Trás-os-Montes.
Foram criadas as primeiras leis escritas (relacionadas com propriedade privada, direito civil e cunhagem de moeda), e pela primeira vez reunidas cortes com representantes do clero e nobreza, em 1211 em Coimbra. Visando reforçar e centralizar o poder régio, foram realizadas Inquirições em 1220, para determinar a situação jurídica das propriedades e em que se baseavam os privilégios e imunidades dos proprietários. Não contestou fronteiras, nem se dedicou a atividade externa de relevo, já que se viu envolvido, desde o início do reinado, numa guerra com suas irmãs pelo testamento paterno.
Um reinado caracterizado por uma incapacidade administrativa, que levou o reino a um novo conflito interno, e que causou por sua vez a deposição pelo Papa Inocêncio IV no I Concílio de Lyon, em julho de 1245, sob a acusação de rex inutilis, viria a abdicar em 1247, exilando-se em Toledo, e vindo a falecer pouco tempo depois, em inícios de 1248. O seu reinado foi no entanto frutífero a nível militar: foram conquistadas várias praças alentejanas.
Conde de Bolonha até 1253. Não assumiu oficialmente o trono até à morte do irmão em 1248. Terminou a reconquista cristã em Portugal com a célebre Conquista do Algarve (1249), e dedicou-se ao governo do reino: Realizaram-se novas Inquirições Gerais em 1258, como forma de controlo do crescente poderio da Nobreza. Limitou os abusos desta e concedeu inúmeros privilégios à Igreja. Recordado como excelente administrador, Afonso III organizou a administração pública, fundou várias vilas e concedeu o privilégio de cidade através do édito de várias cartas de foral.
Em 1297, após a conclusão da Reconquista pelo seu pai, definiu as fronteiras de Portugal no Tratado de Alcanizes, prosseguiu relevantes reformas judiciais, instituiu a língua portuguesa como língua oficial da corte, criou a primeira Universidade portuguesa, libertou as Ordens Militares no território nacional de influências estrangeiras e prosseguiu um sistemático acréscimo do centralismo régio. Ordenou a exploração de minas de cobre, prata, estanho e ferro e organizou a exportação da produção excedente para outros países europeus. Foi ainda grande amante das artes e letras.
Em 1347 ocorreu um sismo em Coimbra, e no ano seguinte a peste negra assola o país, vitimando grande parte da população e causando grande desordem. O rei reagiu, promulgando legislação a reprimir a mendicidade e a ociosidade. Foi ainda lembrado como um comandante militar corajoso. Desenvolveu a marinha portuguesa, subsidiando a construção de uma marinha mercante e financiando as primeiras viagens de exploração Atlântica. As Ilhas Canárias foram descobertas no seu reinado. A última parte do reinado foi marcada por intrigas e conflitos políticos devidos à presença de refugiados da guerra civil entre Pedro I de Castela e o seu meio-irmão Henrique da Trastâmara.
Revelou-se bom administrador, corajoso na defesa do país contra a influência papal (foi ele que promulgou o famoso Beneplácito Régio, que impedia a livre circulação de documentos eclesiásticos no país sem a sua autorização expressa), e foi justo na defesa das camadas menos favorecidas da população.
Entrou em conflito com Castela na guerra de sucessão castelhana na sequência da morte de Pedro I de Castela (1369). Sem grandes resultados, e após fazer a paz, dedicou-se à administração do reino, mandou reparar e construir vários castelos e muralhas. Com vista ao desenvolvimento da agricultura promulgou a Lei das Sesmarias, que impedia o pousio nas terras susceptíveis de aproveitamento e procurava-se aumentar o número de braços dedicados à agricultura. Alargaram-se, também, as relações mercantis com o estrangeiro, e apoiou o desenvolvimento da marinha. Sem descendentes masculinos, o reino entrou numa nova fase de conflito político.
1420[47] Toro 46 ou 47 anos Sepultada no Mosteiro de Sancti Spiritus el Real em Toro
Reconhecida como herdeira do seu pai desde as Cortes de Leiria de 1376. Ainda menor aquando da morte do pai, vários historiadores defendem que Beatriz terá reinado efetivamente como Rainha de Portugal,[48][49][50][51][52][53] embora na sombra da sua mãe, que exerceu a regência até 1384. Uma das provas mais contundentes do seu curto, mas efetivo reinado é o facto de possuir moeda cunhada. Afastada de Portugal, o seu reinado terminou efetivamente aquando da aclamação do Mestre de Avis como novo Rei, em 1385. Viúva ainda jovem, dedicou o resto da vida a ajudar os portugueses que lutaram pelos seus direitos dinásticos e que se haviam refugiado em Castela.
Venceu a Batalha de Aljubarrota (1385) e aliou-se à Inglaterra no Tratado de Windsor (1386). Iniciou a construção do Mosteiro da Batalha, comandou uma expedição a Ceuta e escreveu o Livro da Montaria.
Participou na conquista de Ceuta (1415). Foi administrador meticuloso e governante de gabinete. O reinado breve foi ensombrado pelo desastre de Tânger, em 1437. Apesar disso, foi um rei culto e filósofo, escrevendo obras como Leal Conselheiro ou Arte de Bem Cavalgar toda a Sela.
Regências de Leonor de Aragão (9 de setembro de 1438 – dezembro de 1439) e Pedro, Duque de Coimbra (9 de setembro de 1438 – 20 de maio de 1449) Exerceram esta função em conjunto, até 1439, quando uma reunião de Cortes, em Lisboa, depôs Leonor, e manteve Pedro, tio do monarca, na regência. Afonso revoltar-se-ia contra o tio na célebre Batalha de Alfarrobeira, em 1449, onde o derrotou e se proclamou oficialmente maior de idade.
Vítima de uma conspiração cortesã, enfrenta o próprio regente na Batalha de Alfarrobeira (1449), onde o regente acaba por morrer. O seu cognome advém do interesse que sempre dedicou à exploração da costa africana. Conquista as praças de Alcácer Ceguer (1458), Arzila e Tânger (1471). Interveio na sucessão de Castela, para tentar uni-la, mas não logrou consegui-lo. Resignou da coroa para pedir ajuda a França, mas quando regressa, o filho, a quem entregara o poder real, devolve-lho (1477).
Aclamado rei nas Cortes de Santarém de 1477; abdica ao regressar ao Reino o seu pai, quatro dias mais tarde. Reassume o poder após a morte deste em 1481. Reformou a centralização do poder régio e assinou o Tratado de Tordesilhas com Espanha (1494). Incentivou as letras, as artes e os estudos náuticos e reorganizou a assistência hospitalar. Não deixou descendência.
Presidiu ao apogeu da expansão marítima e ao declínio do Império. Estabeleceu contactos com a China e o Japão, intensificando ao mesmo tempo o comércio com a Índia e o Brasil. Introduziu a Companhia de Jesus, que evangelizou as colónias, e instituiu a Inquisição, assegurando a unidade da fé católica.
Regências de Catarina de Áustria (11 de junho de 1557 – 23 de dezembro de 1562) e Cardeal Henrique de Portugal (23 de dezembro de 1562 – 20 de janeiro de 1568) Regente em nome do neto menor, Catarina teve desavenças com ele, que a levaram a abdicar da regência em 1562, sendo substituída no cargo pelo Cardeal Henrique.
Irmão de João III. Começa por exercer a função de regente de Sebastião, mas face à morte inesperada do sobrinho-neto, ocupou o trono. Tentou preparar a sucessão, mas a sua avançada idade não lhe concedeu tempo suficiente para refrear as aspirações de Filipe II de Espanha ao trono português.
Durante este período de sessenta anos, os reis fizeram-se representar em Portugal por um vice-rei ou um corpo de governadores — veja a lista de vice-reis de Portugal.
Revelou-se incapaz de governar, sendo dominado por regentes (Luísa de Gusmão e o Infante D. Pedro). Ironicamente cognominado "Vitorioso", pois foi no seu reinado que Portugal termina com a Guerra da Restauração, com a assinatura do Tratado de Lisboa, a 13 de fevereiro de 1668.
Acudiu o Papa na guerra contra os Turcos e enriqueceu o País com a descoberta de ouro e diamantes no Brasil. Fundou o Convento de Mafra. Também foi responsável pela criação da Academia Real de Historia.
Reforçou o poder estatal. O Terramoto de 1755 fez sobressair Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal), que concentrou em si todos os poderes do Estado e trouxe para Portugal os ideais iluministas.
Culta e devota, a administração da justiça foi a sua prioridade. Registou-se um bom crescimento económico. A morte do marido e do filho, e a Revolução Francesa abalaram-na muito, apresentando sinais de demência desde 1791.
Oficialmente regente em nome da mãe, por demência desta, a partir de 1799. Auxiliou Espanha na Campanha do Rossilhão, mas foi-lhe tirada Olivença. Não aderiu ao bloqueio continental napoleónico, na qualidade de aliado do Reino Unido, o que custou a invasão do reino e mudança da corte para o Brasil. Regressou com a Revolução liberal do Porto, onde jurou a constituição.
Também Imperador do Brasil, como D. Pedro I, herdou Portugal, mas para evitar unir as duas coroas, abdicou na filha, Maria II, que é colocada sob regência da irmã dele, Isabel Maria.
Regência dos Infantes Isabel Maria (6 de março de 1826 – 11 de julho de 1828) e Miguel de Portugal (2 de maio de 1826 – 11 de julho de 1828) Regentes em Portugal em nome da rainha Maria II. Isabel Maria e Maria II acabaram depostas por Miguel, que assumiu o título régio, usurpando assim o trono à sobrinha.
Ocupa o trono em 1828, o que gerou uma guerra civil contra o irmão (1832–1834), que regressou a Portugal para defender os direitos da filha. Saiu derrotado e os liberais expulsaram-no do trono e de Portugal.
Maria II A Educadora (Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga)
Oriundo da Casa de Saxe-Coburgo-Gota.[58] Segundo rei-consorte de Portugal. Dedicou-se às artes. É da sua responsabilidade a construção do Palácio da Pena, em Sintra. A partir de 1853 rege em nome do filho menor.
Assistiu as vítimas de cólera, aboliu os castigos corporais e inaugurou notáveis avanços tecnológicos. Não deixou descendência.
Luís O Popular (Luís Filipe Maria Fernando Pedro de Alcântara António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Valfando)
Portugal obteve novo prestígio na Europa. Carlos favoreceu o governo autoritário de João Franco (1907–1908) para combater a crescente corrente republicana. Foi alvo de um atentado mortal, em 1908.[59]
Manuel II O Patriota O Rei-Saudade (Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio)
Não conseguiu conter a agitação social, as fações em luta e o descrédito das instituições, que causaram a queda da monarquia e a Implantação da República Portuguesa.
D. Luís Filipe de Bragança, legítimo sucessor de Dom Carlos I, aquando do regicídio sobreviveu a seu pai por vinte minutos, o que pela lei da ascensão automática ao trono prevista na Constituição, Luís Filipe teria sido um dos monarcas com um dos reinados mais curtos da história, que durou apenas vinte minutos.
(*) Todos estes reis foram também soberanos do reino do Algarve, a partir de D. Afonso III; antes dele, D. Sancho I usou esse título (ou o alternativo rei de Silves) entre 1189 e 1191.
Titulatura régia
Ao longo da história, o título oficial dos Reis de Portugal foi sendo alterado. Os Reis de Portugal tiveram os seguintes títulos:
Período
Título
Usado por
Motivo
1140–1189
Pela Graça de Deus, Rei dos Portugueses (Dei Gratiae, Rex Portugalensium)
Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e de Silves (Dei Gratiae, Rex Portugaliae & Silbis) Pela Graça de Deus, Rei de Portugal, de Silves e do Algarve (Dei Gratiae, Rex Portugaliae, Silbis & Algarbii; esta intitulação surge em dois documentos nos quais D. Sancho restaura a diocese de Silves em favor de D. Nicolau)
Pela Graça de Deus, Rei de Castela, de Leão, de Portugal, de Toledo, da Galiza, de Sevilha, de Córdova, de Múrcia, de Jáen, do Algarve, de Algeciras e Senhor de Molina
Conquista de Arzila e Tânger (1471) e elevação do senhorio do Norte de África à condição de Reino d'Além-Mar.
1475–1479
Pela Graça de Deus, Rei de Castela, de Leão, de Portugal, de Toledo, de Galiza, de Sevilha, de Córdova, de Jáen, de Múrcia, dos Algarves d'Aquém e d'Além Mar em África, de Gibraltar, de Algeciras, e Senhor da Biscaia e de Molina
Criação do senhorio da Guiné abrangendo as possessões portuguesas que se estendiam pelo Golfo da Guiné.
1499–1580
Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
Após o regresso de Vasco da Gama da Índia, em 1499, o título régio é reformulado e atinge a sua plenitude.
1580–1640
Pela Graça de Deus, Rei de Castela, de Leão, de Aragão, das Duas Sicílias, de Jerusalém, de Portugal, de Navarra, de Granada, de Toledo, de Valência, da Galiza, de Maiorca, de Sevilha, da Sardenha, de Córdova, da Córsega, de Múrcia, de Jáen, dos Algarves, de Algeciras, de Gibraltar, das Ilhas de Canária, das Índias Orientais e Ocidentais, Ilhas e Terra Firme do Mar-Oceano, Conde de Barcelona, Senhor da Biscaia e de Molina, Duque de Atenas e de Neopátria, Conde de Rossilhão e da Cerdanha, Marquês de Oristano e de Gociano, Arquiduque de Áustria, Duque da Borgonha, do Brabante e de Milão, Conde de Habsburgo, da Flandres e do Tirol, etc.
Com o domínio filipino, juntam-se os demais títulos dos Áustrias à titulatura portuguesa.
1640–1815
Pela Graça de Deus, Rei (ou Rainha) de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor(a) da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
Pela Graça de Deus, Rei (ou Rainha) do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor(a) da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
O Brasil é elevado a Reino dentro do Império Português (1815).
1825–1826
Pela Graça de Deus, Imperador do Brasil, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
Ao reconhecer a independência do Império do Brasil pelo Tratado do Rio de Janeiro, D. João VI passa a usar por carta de lei de 15 de novembro de 1825, o título de imperador do Brasil, que lhe fora deferido por seu filho D. Pedro I.
1826
Por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
Durante o seu breve reinado de oito dias, embora mantendo a destrinça entre os dois Estados, o título reflectiu a união das duas coroas sobre a cabeça do mesmo dinasta.
1826–1910
Pela Graça de Deus, Rei (ou Rainha) de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor(a) da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
Após a abdicação de D. Pedro em favor da filha, retorna-se definitivamente à fórmula anteem vigor desde 1640, que vigorará agora até ao fim da Monarquia.
Quanto ao estilo usado, nas formas de adereço ao monarca, também este evoluiu, da seguinte maneira:
Por ocasião da entrevista de Guadalupe (1577), concedida por Filipe II de Espanha a seu sobrinho D. Sebastião, e do tratamento majestático que lhe foi concedido pelo tio, D. Sebastião passa a usar a fórmula de adereço Sua Majestade, prenunciando o seu desejo imperial de conquista de África.
Com a morte de D. Sebastião em Alcácer-Quibir, o Cardeal-Rei regressa à fórmula anterior, por considerar o tratamento majestático apenas adequado para o divino.
Com a incorporação de Portugal nos domínios dos Habsburgos da Espanha, onde, devido à influência de Carlos V, rei de Castela e imperador da Alemanha, se havia difundido o tratamento de Majestade, este passa também à órbita portuguesa, mantendo-se mesmo após a Restauração da Independência (1640).
D. João V consegue da Santa Sé o reconhecimento do título de Majestade Fidelíssima para a Coroa Portuguesa, por contraponto ao uso de Sua Majestade Católica em Espanha e Sua Majestade Cristianíssima em França.
Com o reconhecimento da independência do Brasil, em 1825, D. João VI reserva também para si, ao abrigo das disposições do Tratado do Rio de Janeiro, o título de Sua Majestade Imperial; com a sua morte no ano seguinte, e a subida ao trono do filho mais velho, também ele imperador do Brasil (D. Pedro IV), mantém-se o uso da fórmula dúplice, até à sua abdicação em favor da filha D. Maria da Glória.
↑Ribeiro, Ângelo; Hermano, José (2004). História de Portugal I — A Formação do Território - O Condado de Portugal. [S.l.]: QuidNovi. p. 43. ISBN989-554-106-6
↑Segundo José Mattoso, …as duas linhas que podiam reivindicar a sucessão no condado unem-se, em virtude do casamento do conde Nuno Alvites (1017–1025) [descendente de Vimara Peres] com a condessa Ilduara Mendes, filha de Mendo II Gonçalves… Os destinos das duas famílias, uma procedente de Vímara Peres, o presor do Porto, e outra de Afonso Betote, o presor de Tuy, estão, portanto, intimamente vinculados pela sua participação no governo do condado portucalense.
↑Muito se especula acerca das razões que levaram Afonso VI de Leão a incluir Henrique de Borgonha nos seus planos: quiçá por ser sobrinho da falecida rainha D. Constança (mais poderoso, portanto, que Raimundo por pertencer à linhagem dos duques e não dos condes de Borgonha); por seu intermédio, era também sobrinho-neto de São Hugo de Cluny, o que introduz a hipótese de Henrique se tornar um caudilho militar para os interesses da Ordem de Cluny no território.
↑ abTambém chamado Afonso Henriques (Afonso, filho de D. Henrique; aqui radica a designação que os muçulmanos lhe atribuíram, ibne Arrique — «filho de Henrique»).
↑ abAinda hoje se mantém o debate, pois as três cidades têm argumentos válidos para reivindicarem para si o "berço" do primeiro rei de Portugal. Em Guimarães aponta-se o Castelo de Guimarães como lugar possível, o Paço Real da Alcáçova em Coimbra.
↑Mário Jorge, Barroca (agosto de 2017). «No tempo de D. Afonso Henriques»(PDF). Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Consultado em 11 de setembro de 2020
↑Por morte de D. João II sem filhos legítimos (o príncipe D. Afonso falecera em condições trágicas nunca completamente esclarecidas em 1491), nem irmãos sobrevivos (a infanta Santa Joana, sua irmã, falecera em 1490), não obstante haver tentado legitimar um seu filho natural, o infante D. Jorge de Lancastre, futuro Duque de Coimbra, a Coroa Portuguesa acabou por passar para o seu primo e cunhado D. Manuel, Duque de Beja, o qual era filho de D. Fernando, Duque de Viseu (irmão do rei D. Afonso V), e de D. Beatriz (filha do infante D. João, o penúltimo dos membros da Ínclita Geração). Assim, embora pelo lado do pai fosse neto do rei D. Duarte, e pelo lado da mãe, bisneto de D. João I, o facto de não ser herdeiro directo, mas sim colateral, leva a que surjam, por vezes, referências a uma pretensa quebra na casa reinante da dinastia de Avis, o que não faz qualquer sentido.
↑Nesse dia 17 de Julho de 1580, em Castro Marim, três dos cinco governadores assinam o reconhecimento de Filipe II como rei de Portugal. Fonte: História de Portugal, sob a direcção de José Mattoso, Editorial Estampa, Terceiro Volume, páginas 561 e 562, ISBN 972-33-1084-8
↑Segundo alguns historiadores portugueses, como Joaquim Veríssimo Serrão, D. António terá sido mesmo rei de Portugal, ao menos desde 19 de junho de 1580, data da sua formal aclamação ao trono pelos seus partidários, em Santarém, até à derrota na batalha de Alcântara, a 25 de agosto seguinte. Quem nunca o deixou de reconhecer como seu rei, até 1583, foram as populações da Terceira e das demais ilhas de Baixo açorianas, que prosseguiram a guerra e resistiram ao invasor. A maioria dos historiadores não o considera, todavia, um rei português, devido à existência na época de três centros de poder: o de D. António, em Lisboa, o de Filipe II, em Badajoz, e o dos governadores, em Setúbal, assim como pelo facto de quase todos os bispos, grandes e senhores se haverem então passado para Filipe II. Diversamente, o povo aclamou-o em não poucas cidades e vilas do reino, no entanto a resistência popular depressa se esvaeceria. Fontes: História de Portugal, sob a direcção de José Mattoso, Editorial Estampa, Terceiro Volume, páginas 561 a 563, ISBN 972-33-1084-8; Dicionário de História de Portugal, coordenado por Joel Serrão, Iniciativas Editoriais, Volume I, páginas 157 a 159.
↑Esta alegada mudança de nome na Dinastia de Bragança, reinante em Portugal, por morte de D. Maria II, para Bragança-Saxe-Coburgo e Gota (ou, mais correctamente, Bragança-Wettin), não é de todo reconhecida pela historiografia portuguesa, sendo antes uma criação das historiografias estrangeiras (sobretudo a francesa, que não reconhece a sucessão por via feminina, fazendo assim aplicar à dinastia reinante em Portugal o nome dinástico do rei consorte). Assim, embora a linha de sucessão prossiga em linha recta, pelo casamento da Rainha D. Maria II com um príncipe estrangeiro (D. Fernando II de Saxe-Coburgo-Gota), teria cessado na Casa Real portuguesa a varonia de D. Afonso Henriques, mantida ao longo de sete séculos (note-se que a outra rainha portuguesa, D. Maria I, casara com o tio D. Pedro III, pelo que se manteve o sangue do primeiro rei de Portugal), tendo então passado a correr o sangue da casa de Wettin nas veias dos Bragança. Contudo, em Portugal sempre as mulheres puderam transmitir o nome, bem como o património, na falta de herdeiro varão na família. Isto leva a encontrar-se por vezes escrito, entre historiadores estrangeiros, a existência de uma quinta dinastia em Portugal — uma divisão aparentemente artificial dentro da última dinastia real portuguesa, governada pela suposta casa de Bragança-Wettin, a qual compreenderia os reis entre D. Pedro V e D. Manuel II. Para todos os efeitos, considera-se mais válida a divisão tradicional em quatro dinastias, face à legalidade da designação de dinastia de Bragança, única utilizada, e determinada pela Casa Real e pela generalidade das pessoas, até 1910 e depois dessa data.
↑O herdeiro do trono, D. Luís Filipe, Príncipe Real de Portugal, ainda que tenha sobrevivido escassos minutos ao seu pai, não foi nunca considerado como rei de Portugal (embora tenha sido chamado, por alguns estrangeiros, de D. Luís II); nem o poderia ser, pois em Portugal só eram considerados reis "de jure" os príncipes depois de jurarem os foros, liberdades e garantias no acto da sua aclamação ao trono (até 1834), ou de jurarem a Constituição (depois daquela data), em sessão solene e plenária das Cortes. Desta forma, o trono recaiu de imediato no seu irmão mais novo, D. Manuel II, depois de juramentado.
Bibliografia
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