As espécies que integram o género Zamia são arbustosdecíduos com hastes circulares aéreas ou subterrâneas, muitas vezes assemelhando-se superficialmente a palmeiras. Produzem folhas dispostas em espiral, pinadas, que são pubescentes, pelo menos quando jovens, apresentando tricomas ramificados e simples, transparentes ou coloridos.[8] Os troncos geralmente formam nódulos subterrâneos sem tecido lenhoso distinto. Algumas espécies formam um tronco acima do solo que pode atingir 4 metros ou mais de altura. Três espécies têm um hábito de crescimento altamente derivado: Zamia pseudoparasitica é uma epífita que se liga aos troncos de árvores com as suas raízes aéreas, sendo também o único representante epífito das Gymnospermae;[9]; as outras duas, Zamia cremnophila e uma espécie não descrita, crescem em rochas de arenito, agarrando-se a pequenas fendas com as suas raízes.
Espécies com caules acima do solo logo perdem as bases das folhas e catáfilos, apresentando então uma [[epiderme (planta)|epiderme] nua. Nas espécies que crescem na floresta tropical, o tronco logo fica coberto por epífitas.
As folhas são pinadas simples, longas ou curtas, eretas, horizontais ou pendentes, mas com formas muito variáveis. As folhas em desenvolvimento são verdes, bronze, vermelhas ou roxas. Pecíolo e ráquis são inermes ou providos de espinhos pontiagudos. Os folíolos são rígidos e coriáceos ou macios e semelhantes a papel, a superfície é lisa, sulcada ou com nervuras, brilhante ou opaca. A margem da folha é inteira, dentada ou serrada. Os folíolos articulados não possuem nervura central e são largos com venação dicotómica subparalela. Os folíolos inferiores não são reduzidos a espinhos, embora os pecíolos muitas vezes tenham espinhos.[8]
As folhas emergentes de muitas espécies de Zamia são muito vistosas, algumas emergindo com um tom avermelhado ou bronze (Z. roeslii sendo um exemplo). Zamia picta é ainda mais distinta, sendo a única cicadácea verdadeiramente variegada (com manchas esbranquiçadas e amarelas nas folhas).[8]Zamia variegata tem folhas variegadas.
Os esporófilos de Zamia nascem cones com em fileiras verticais, sendo os ápices do megasporófilo facetados ou achatados, não espinhosos. As sementes são carnudas, subglobulares a oblongas ou elipsoidais, de coloração vermelha, laranja, amarela ou raramente branca. O endosperma é haplóide, derivado do gametófito feminino. O embrião é reto, com dois cotilédones geralmente unidos nas pontas e um suspensor espiralado muito longo. Os espermatozóides dos membros do gênero são grandes, como é típico das cicadáceas. Por exemplo, na espécie Zamia roezlii os espermatozóides têm aproximadamente 0,4 mm de comprimento e podem ser vistos a olho nu.[10]
As cones femininos variam muito de acordo com a espécie. O tamanho varia de 7,5 cm a 46 cm. A cor da sarcotesta varia do amarelo ao laranja e do rosa ao vermelho. Na maioria das espécies não há dormência das sementes. Os cones levam de 6 a 14 meses para amadurecer, e as sementes em crescimento forçam a separação dos esporófilos. Enquanto imatura, a sarcotesta é normal. Quando a pinha se rompe, as sementes terminam rapidamente o processo de amadurecimento e a sarcotesta fica colorida e macia. As espécies, até onde examinadas, são todas polinizadas por insetos (entomofilia). A dispersão das sementes pode ser feita por pássaros e roedores (zoocoria).
Os cones masculinos são menos variáveis que os femininos. São pequenos, crescem e morrem rapidamente. Em algumas espécies tropicais, os vários cones amadurecem um após o outro, de modo que o período de produção de pólen é alongado.
Com algumas exceções, a maioria das espécies Zamia são encontradas em habitats quentes e húmidos de florestas tropicais húmidas, crescendo no sub-bosque da floresta. No entanto, muitas espécies ainda são bastante adaptáveis, tendo um bom desempenho no cultivo, especialmente em áreas subtropicais. Todas as espécies precisam de boa drenagem e proteção contra o frio.
As espécies de Zamia têm a maior variedade de todas as cicadáceas em termos de localização. Existem espécies em biomas de floresta tropical, savana, em dunas costeiras estáveis, pântanos de maré e desertos, desde o nível do mar até elevações de 2 500 metros.
Muitas espécies estão criticamente ameaçadas devido às suas pequenas áreas de distribuição natural conjugada com a destruição de habitat devido ao uso crescente da terra para agropecuária.
Todas as espécies de Zamia produzem copas frondosas de folhagem que as tornam espécimes de jardim e a maioria das variedades com o tempo ramifica-se fortement para produzir belos aglomerados. Apesar dessas características, as espécies Zamia são relativamente pouco usadas como plantas ornamentais em comparação com outros géneros de cicas. Uma razão será a sua distribuição tropical, pois nas latitudes temperadas quase só podem ser cultivadas em estufas
Filogenia e sistemática
Filogenia
Recentes estudos de filogenia molecular permitem estabelecer o seguinte cladograma mostrando as relações filogenéticas no interior do género Zamia:[11][12]
O género Zamia ocorre no Neotropis, mas é um dos poucos géneros cicas presente em ambos os lados do equador. O limite norte da distribuição é na Geórgia e na Flórida, com uma área de distribuição que se estende pelo México, Índias Ocidentais e América Central até a América do Sul, onde atinge o norte do Chile, Bolívia e Brasil. Atinge a maior biodiversidade no Panamá, Colômbia e Cuba. Existem 22 espécies no México (dados de 2009).
Numa revisão do género levada a cabo por Loran M. Whitelock em 2002 foram apontadas como válidas 60 espécies de Zamia.[17] Depois disso, muitas outras espécies foram descritas pela primeira vez, atingindo as 79 espécies em 2018).[14][16] Em 2022 estavam consideradas como validamente descritas as seguinte espécies:[18][14][16]
↑Lindström, A.J.; Idárraga, A. 2009: Zamia incognita (Zamiaceae): the exciting discovery of a new gymnosperm from Colombia. Phytotaxa, 2: 29–34. Antevisão.
↑Hill, K.D. & Stevenson, D.W. (1999). A world list of Cycads, 1999. Excelsa 19: 67-72.
↑Standley, P. C. & J. A. Steyermark. 1958. Cycadaceae. In Standley, P.C. & Steyermark, J.A. (Eds), Flora of Guatemala - Part I. Fieldiana, Bot. 24(1): 11–20.
↑
A. J. Lindstrom: Typification of some species names in Zamia L. (Zamiaceae), with an assessment of the status of Chigua D. Stev. In: Taxon, Volume 58, Issue 1, 2009, S. 265–270.
↑ abcd
M. Calonje, D. W. Stevenson, R. Osborne: The World List of Cycads, online edition, 2013-2019. cycadlist.org.
↑
Loran M. Whitelock: The Cycads. 2002, S. 290–344.
Loran M. Whitelock: The Cycads. Timber Press, Portland OR 2002, ISBN 0-88192-522-5, S. 288 f.
Anders J. Lindstrom: Typification of some species names in Zamia L. (Zamiaceae), with an assessment of the status of Chigua D. Stev. In: Taxon, Volume 58, Issue 1, 2009, S. 265–270.
Roy Osborne, Michael A. Calonje, Ken D. Hill, Leonie Stanberg, Dennis W. Stevenson: The world list of cycads.Proceedings of the 8th International Conference on Cycad Biology (CYCAD 2008). Panama City, Panama, Januar 2008. In: Memoirs of the New York Botanical Garden, Volume 106, 2012, S. 480–510.
Fernando Nicolalde-Morejón, Andrew P. Vovides, Dennis W. Stevenson: Taxonomic revision of Zamia in Mega-Mexico. In: Brittonia, Volume 61, Issue 4, 2009, S. 301-335. JSTOR40648244
Ligações externas
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