Apesar de graduada em Educação Física, a formação de Tônia como atriz foi obtida em cursos de teatro em Paris. Antes de partir para a França, fez um pequeno papel no filme Querida Susana. Foi a estrela da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, tendo atuado em diversos filmes.
A estreia em teatro foi no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, com a peça Um Deus Dormiu Lá em Casa, onde teve como parceiro o ator Paulo Autran. Após a passagem pelo TBC, formou com seu marido à época, o italianoAdolfo Celi, e com o amigo Paulo Autran, a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), que nos anos 1950 e 1960 revolucionou a cena do teatro brasileiro ao constituir um repertório com peças de autores clássicos, como Shakespeare e Carlo Goldoni, e de vanguarda, como Sartre. Ainda na década de 1960, na TV Rio, apresentou o programa No mundo de Tônia, com músicas, danças e poesias.
Na TV, um dos seus personagens mais marcantes foi a sofisticada e encantadora Stella Fraga Simpson em Água Viva (1980), de Gilberto Braga. Tônia viria a trabalhar novamente com o autor, em 1983, na novela Louco Amor, dessa vez interpretando a não menos charmosa e chique Mouriel. Tanto em Água Viva como em Louco Amor, Tônia perdeu o papel de vilã para Beatriz Segall e Tereza Rachel, respectivamente. Mesmo assim, os dois personagens que interpretou foram um sucesso. Em 1981, chegou a ir a Portugal, para atuar no especial de Ano Novo do programa Sabadabadu (1981/1982), que tinham Camilo de Oliveira e Ivone Silva como atores principais do show. Anos depois, voltou ao país para atuar no programa Cupido Electrónico (1992), que misturou atores brasileiros com portugueses.[8]
Maria Antonieta era chamada carinhosamente de "Mariínha" por seu pai, que era oficial do Exército Brasileiro. Também seus irmãos seguiram carreira militar. Só a menina, contrariando a vontade materna, se interessou por artes, balé, teatro e cinema. Tônia Carrero formou-se em Educação Física na então denominada Universidade do Brasil (hoje UFRJ) - Escola de Educação Física e Desporto (EEFD) na década de 1940.
Em 1947, a convite de um amigo de seu pai, chamado Saraiva, atuou como figurante no filme Querida Susana, ao lado da também estreante Nicette Bruno. Logo apareceu na imprensa uma crônica sobre ela, com o título: “Nasce uma estrela”. Após a estreia do filme, Tônia decidida a estudar teatro, esteve na França pós-guerra onde fez um curso de atuação, acompanhada do primeiro marido, com quem se casou aos dezessete anos, o requintado artista plástico e das artes cênicasCarlos Arthur Thiré, pai de seu filho Cecil Thire. [carece de fontes?]
Voltando ao Brasil, fez testes para várias companhias de teatro, mas não foi aceita em nenhuma. Não quis fazer parte da companhia cinematográfica Atlântica[necessário esclarecer], pois Tônia não se identificou com as propostas artísticas da companhia. Foi quando Fernando de Barros a ajudou, colocando-a na companhia de Maria Della Costa. Em 1948 foi para o Rio Grande do Sul e participou de filmes como Caminhos do Sul e Perdida pela Paixão, onde foi protagonista.
Em 1949 após ser recusada por várias companhias de teatro, decidiu iniciar o próprio grupo teatral junto com o empresário Fernando de Barros. Com a importância de quarenta mil cruzeiros fundaram a pequena "Companhia de Teatro Fernando de Barros", onde buscando por um elenco de amadores, conheceu o então advogado, ator e amigo de uma vida inteira, Paulo Autran. Estrearam em 13 de dezembro de 1949 no teatro Copacabana Palace, a peça Um Deus Dormiu Lá em Casa . A peça recebeu prêmios e com ela Tônia e Paulo foram premiados como atores revelação. Em 1951 Tônia já era estrela nacional e estampava as desejadas capas da Cinelândia. Foi então contratada pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde fez Tico-tico no Fubá, É Proibido Beijar e Appassionata . Em 1953, a convite do produtor teatral Franco Zampari, ingressou no Teatro Brasileiro de Comédia, onde atuou em Leito Nupcial, Uma Certa Cabana e outras peças. Mais tarde com o sucesso do TBC, Tônia Paulo e Celi (diretor de teatro e cinema, tal como segundo marido) formaram juntos sua própria companhia de teatro, o CTCA.
Tônia Carrero conquistou prêmios importantes, nacionais e internacionais, como “Velho Guerreiro”, “Moliere”, “APCA”, “APTESP”, “Prêmio do Mérito Militar”, “Legion des Arts et des Lettres” da França e comendas.
Quando lhe perguntaram se era vaidosa, respondeu: “Minha vaidade é melhorar cada vez mais como ser humano, capaz de olhar para os outros, e não apenas para o próprio umbigo. Disso eu sou vaidosa. Sempre procurei e procuro ainda crescer”.
Em relação aos matrimônios de Tônia Carrero, seu primeiro casamento durou de 1940 a 1950 com o artista plásticoCarlos Arthur Thiré, com quem teve um único filho, o ator Cecil Thiré. De 1957 a 1962, foi casada com o ator e diretor italianoAdolfo Celi.[9] Seu terceiro e último casamento foi de 1964 a 1977, com o engenheiro César Thedim, de quem assinava o sobrenome. Após o último matrimônio, manteve outros relacionamentos, mas não quis mais casar-se.[carece de fontes?]
Batizada católica-romana quando criança, Tônia se considerava espiritualista.
Em 1965 o gravador Benedicto Ribeiro, responsável por desenhar a nova efígie da República nas moedas nacionais, se inspirou no rosto de Tônia. As moedas que receberam o rosto de Tônia Carrero são as seguintes: 50 Cruzeiros de 1965, 1 Centavo cunhado de 1967 à 1975, 1 Centavo da série FAO cunhado entre 1975 e 1978, 2 Centavos cunhado entre 1967 à 1975, 2 Centavos da série FAO cunhado entre 1975 e 1978, 5 Centavos cunhado de 1967 à 1975, 5 Centavos série FAO cunhado entre 1975 e 1978, 10 Centavos cunhado de 1967 à 1979, 20 Centavos cunhado entre 1967 à 1970, 50 Centavos cunhado entre 1967 e 1979 e 1 Cruzeiro cunhado de 1967 a 1978. Também houve uma nota de 1 Cruzeiro com a mesma efígie destas moedas.[1]
Em declarações sobre esse fato, Tônia disse ter ficado "envaidecida" com a homenagem, confirmando a mesma em 1996 para a Folha de S.Paulo e novamente em 2000 na Revista IstoÉ Gente.[2]
Confiante em seus atributos físicos, Tônia jamais se viu refém da própria aparência. “Ser uma mulher bonita nunca atrapalha, só ajuda”, acrescentando que a “beleza abre portas, fortalece o caráter e nos torna mais condescendentes”.
Sempre sedutora, era cobiçada por intelectuais e poderosos. “Eu me arrependo de não ter dado para Juscelino Kubitschek e Vinícius de Moraes”, afirmou certa vez, com sua peculiar sinceridade. “Se me importasse com o que pensam e falam de mim, não levantaria da cama”, dizia.[10]
Sobre Tônia, o autor e dramaturgo e jornalista Aguinaldo Silva escreveu no seu blog em 2018: "Ela era uma das raríssimas a quem se poderia classificar, sem nenhum exagero, como uma Diva".[11]
Últimos anos
Cecil Thiré, filho de Tônia, em entrevista ao jornal Extra em dezembro de 2015, declarou pela primeira vez o estado de saúde da mãe. Segundo ele, a atriz sofria de uma doença conhecida como hidrocefalia oculta, tendo sido submetida a uma cirurgia pela primeira vez em 2000. Sem dar mais detalhes, Cecil contou que o quadro de Tônia era estável mas que, devido a doença, não se comunicava mais nem conseguia andar normalmente.[12] Vivia em seu apartamento no Leblon, cercada de familiares e sempre recebia visitas de amigos próximos.[3]
Morte
Tônia Carrero faleceu aos 95 anos, em 3 de março de 2018, na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio, vítima de uma parada cardíaca enquanto realizava um procedimento cirúrgico para tratar de uma úlcera no osso sacro.[13][14][15] Havia alguns anos, sua saúde estava debilitada por causa da hidrocefalia que a acometeu já idosa e que a impedia de falar e se locomover.[16]
O corpo de Tônia Carrero foi velado em uma cerimônia aberta ao público no Theatro Municipal do Rio de Janeiro na tarde de 04 de março de 2018, posteriormente, cremado apenas com a presença da família.
Noticiada em várias das principais fontes jornalísticas do país, o falecimento de Tonia Carrero, mobilizou a classe artística tal como o público que acompanhou sua carreira em décadas passadas.
"Estrelas de primeira grandeza como Tônia Carrero jamais saem de cena. O brilho que irradiam permanece intenso mesmo quando se afastam dos holofotes, elas vivem iluminadas e mantêm seu brilho após partir [...] É algo que emana de sua essência quase divina – e que as tornam imortais. Assim são as divas!".[17]
Centenário e legado cultural
Em agosto de 2022, com projeto do cenógrafo Kleber Montanheiro, a "Ocupação Tônia Carrero" foi concebida pelos núcleos de artes cênicas e enciclopédia do Itaú Cultural, em colaboração com Luiza Thiré na cidade de São Paulo.[18]
A proposta da mostra foi celebrar o centenário da atriz e revelar suas múltiplas facetas a partir de mais de 230 itens, entre fotos, trechos de filmes, roteiros originais, recortes de jornais, vídeos, cadernos de anotações da atriz, figurinos, cartazes de filmes e peças protagonizadas por ela, documentos, objetos e depoimentos de pessoas que trabalharam e conviveram com ela.
Duas peças foram apresentadas em agosto de 2022 para homenagear a atriz. A reapresentação de Navalha na Carne e a peça O mostro de olhos azuis, ambas apresentadas pelos netos da atriz, com a presença de seus familiares e um público restrito.[19]
Em janeiro de 2023, Tônia Carrero foi homenageada na "Exposição Paulo Autran 100 anos",[20] no Museu da Imagem e do Som, referenciada como legado cultural ao acervo cênico, teatral, dramatúrgico e cinematográfico brasileiro. Fez parte da ocupação uma mostra de filmes e acervo documental. O destaque foi a reestreia de Appassionata em 18 de janeiro de 2023, exibido na sala de cinema do MIS.[21]