Considerada uma das maiores musas do cinema e teatro brasileiro nas décadas de 1950, 1960 e 1970, Norma iniciou sua carreira no início dos anos 1950, sendo lançada no meio artístico através do teatro de revista pelo produtor Carlos Machado. Gravou 64 filmes durante sua carreira, diversos deles na Europa.[5]
Primeiros anos
Filha única de Christian Friedrich Bengell, nascido em Antuérpia, Bélgica, filho de um pai alemão e uma mãe belga, e da brasileira Maria da Gloria Guimarães de tradicional e abastada família de origem portuguesa com elementos indígenas e afro-brasileiros. Seus pais haviam se casado no ano anterior a seu nascimento, mas depois viveram um relacionamento conturbado.[6]
Norma viveu desde a infância até meados de 1960 em um apartamento na avenida Copacabana. Iniciou os estudos na Escola Municipal Marechal Trompowsky. Com a separação dos país, sua avó paterna a matricula no colégio interno de freiras alemãs Nossa Senhora de Piedade, de onde tempos depois era convidada a se retirar devido a atos de indisciplina. No começo dos anos 1950 iniciou sua carreira como modelo e manequim da Casa Canadá e Casa Imperial. Sua beleza chamou atenção e em 1954 passou a atuar no teatro de revista com o espetáculo Fantasia e Fantasias, de Caribé da Rocha.[4]
Carreira
Bengell já era a principal vedete dos espetáculos de Carlos Machado[7][8] e já se firmara como cantora quando estreia no cinema ao protagonizar uma caricatura de Brigitte Bardot no filme O Homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga.[9] No mesmo ano, gravou seu primeiro LP, denominado Ooooooh! Norma.[10]
O longa-metragem que consagrou Bengell no Brasil é Os Cafajestes (1962), de Ruy Guerra,[15] no qual protagonizou a primeira cena de nu frontal do cinema brasileiro,[16] que a tornou alvo de grande perseguição dos setores conservadores, sofrendo ataques da igreja e da organização Tradição, Família e Propriedade (TFP).[17][18]
Em 1961, Bengell estreou no teatro dramático com Procura-se uma Rosa, no ato escrito por Gláucio Gil.[carece de fontes?] No mesmo ano, foi convidada por Anselmo Duarte para interpretar a prostituta Marli em O Pagador de Promessas (1962).[19] Ao participar do Festival de Cannes que premia o filme, alcançou projeção internacional.[20] É apresentada a Dino de Laurentiis e começa a carreira internacional atuando em O Mafioso (1962), de Alberto Lattuada.[21][22] Entre 1962 e 1970, atua em treze produções estrangeiras.[23]
Na Itália, Bengell conheceu o ator Gabriele Tinti, que se tornou seu marido, quando se casaram em uma igreja cenográfica nos estúdios da Vera Cruz durante as filmagens de Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khoury.[24][carece de fonte melhor] Em 1965, participou de algumas produções em Hollywood,[25] como o projeto piloto da série The Cat, da NBC.[carece de fontes?]
Em 1969, ano em que encenou a peça Cordélia Brasil, de Antônio Bivar, em São Paulo, Bengell foi sequestrada no Teatro de Arena e levada ao Rio por três homens do 1º Batalhão Policial do Exército. No DOI-CODI, foi interrogada por cinco horas sobre "a subversão na classe teatral" e detida por dois dias. Seria a primeira de várias detenções pelo regime militar, que a levaram a se exilar na França em 1971.[4][26][27] Quatro décadas depois, foi reconhecida pelo governo brasileiro como anistiada política e teve direito a indenização.[28]
Com a criação da N.B. Produções, Bengell lançou-se na produção e direção cinematográfica, realizando os curtas-metragens Maria Gladys, uma atriz brasileira (1980),[34]Barco de Iansã (1980) e Maria da Penha (1980).[35] Em 1988, estreou na direção de longas-metragens com o filme Eternamente Pagu (1988), sobre a vida da militante política Patrícia Galvão.[36] Também produziu e dirigiu O Guarani (1996), adaptação do clássico literário de José de Alencar.[37] Ao contrário de seu longa-metragem anterior, o filme é duramente criticado[38] e não obteve bilheteria expressiva, além de acarretar problemas com a prestação de contas.[carece de fontes?] Suas produções cinematográficas seguintes foram os curtas-metragens O Rio de Machado de Assis,[39]Mulheres no Cinema Brasileiro (2000), Maria Lenk (2004), e a Trilogia das Pianistas (2005).[carece de fontes?] No teatro, participou das peças O Relato Íntimo de Madame Shakespeare (2007),[40]Vestido de Noiva (2007)[41] e Dias Felizes (2010).[42] Na Rede Globo, integrou o elenco do programa humorístico Toma Lá Dá Cá entre 2008 e 2009.[43]
Vida pessoal
O primeiro e único casamento de Bengell foi com o ator italiano Gabriele Tinti. Se conhecem em 1963 e em 1964 decidiram morar juntos. A união durou até 1969, pois a artista não quis se sujeitar a um casamento conservador. Após a separação, Bengell foi morar sozinha. Se declarou feminista, passando a lutar em manifestações e sindicatos pelos direitos da mulher, defendendo o direito feminino de trabalhar, se divorciar, abortar, caso queira, e o direito ao uso da pílula e do preservativo, rompendo com a sociedade de sua época.[4]
Problemas de saúde e morte
Bengell faleceu no dia 9 de outubro de 2013 de câncer de pulmão, diagnóstico que recebera seis meses antes. Estava internada no Hospital Rio Laranjeiras por piora no quadro de falta de ar. Seu corpo foi velado no mesmo dia no Cemitério São João Batista e cremado no dia 10 de outubro, no Cemitério do Caju. A artista estava morando sozinha em seu apartamento em Copacabana havia muito tempo, e nos últimos anos recebia cuidados de uma acompanhante de idosos, já que enfrentava problemas de coluna e andava em cadeira de rodas.[44][45]