O período de transição para o século XX foi de grande progresso para os caminhos de ferro, com um acréscimo na procura, que exigia um maior número de comboios, e que fossem mais rápidos e confortáveis.[3][2] No entanto, a frota de locomotivas e de material rebocado não era suficiente para atender às necessidades da procura, pelo que foi necessário proceder à encomenda de novo material circulante, assistindo-se assim a uma fase de renovação da frota que durou desde 1899 até quase à Primeira Guerra Mundial.[3] Neste âmbito, em 1904 tanto a Companhia Real como a Administração Geral dos Caminhos de Ferro do Estado encomendaram veículos ferroviários com motor para transporte de passageiros, que eram então conhecidos como carruagens auto-motrizes, carruagens automotoras[4] ou carruagens automóveis.[1] No caso da Companhia Real, foram compradas quatro automotoras à casa francesa Valentin Purrey, que se tinha especializado naquele tipo de veículos.[5] Estes veículos deveriam utilizados para fazer serviços locais, onde a procura era mais reduzida,[5] principalmente na Linha do Oeste.[1] Em 1 de Julho de 1904, a Gazeta dos Caminhos de Ferro relatou que tinham chegado a Bordéus as quatro carruagens automotoras.[4] A Gazeta dos Caminhos de Ferro de 1 de Outubro desse ano noticiou que já tinha entrado nas Oficinas Gerais da Companhia Real a primeira automotora, para ser experimentada.[1] Em 1 de Novembro, a Gazeta relatou que foi feita a primeira experiência oficial, entre Sintra e Campolide.[4] Em 16 de Fevereiro de 1905, aquele periódico informou que a automotora tinha sido posta a circular no lanço da Linha do Oeste entre São Martinho do Porto e Figueira da Foz e no Ramal de Alfarelos.[4]
No entanto, estas experiências não tiveram bons resultados, e poucos anos depois foram postas a circular em quase todas as linhas da Companhia Real,[6] nomeadamente na Linha de Vendas Novas e nos ramais de Sintra e da Lousã, e nos serviços entre Coimbra e a Figueira da Foz.[5] Ainda assim, não tiveram um rendimento satisfatório, pelo que foram retiradas em 1910,[2] e transformadas em carruagens de terceira classe.[6] Uma destas quatro carruagens ficou estacionada durante vários anos na rotunda de Castelo Branco, onde foi danificada por um incêndio, tendo sido depois transportada para o Entroncamento, para ser restaurada.[5]
Descrição
Esta série era composta por quatro automotoras a vapor, de dois eixos.[5] Cada veículo estava dividido em vários compartimentos, um para o motor, outro para um furgão e três para os passageiros, que poderiam ter oito lugares de primeira classe, nove de segunda, e dezanove de terceira classe.[1] Estas automotoras utilizavam freios automáticos Clayton.[1]
Referências
↑ abcdef«Há 50 anos»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 67 (1603). 1 de Outubro de 1954. p. 280. Consultado em 17 de Fevereiro de 2018
↑ abcd«Efemérides»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1228). 16 de Fevereiro de 1939. p. 135-138. Consultado em 17 de Fevereiro de 2018
↑ abcdeTÃO, Manuel Margarido (2005). «150 Anos de Material Motor Francês em Portugal». O Foguete. Ano 4 (15). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 13-19. ISSN124550Verifique |issn= (ajuda)
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