A Imperatriz Leopoldinense conquistou seu terceiro título na elite do carnaval, se recuperando da última colocação obtida no ano anterior. A escola realizou um desfile sobre o centenário da Proclamação da República, comemorado no mesmo ano. O enredo "Liberdade, Liberdade, Abre as Asas sobre Nós" foi desenvolvido pelo carnavalesco Max Lopes, que conquistou seu segundo título no carnaval do Rio. O samba-enredo da escola, composto por Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir, é comumente listado entre os melhores da história do carnaval.[1][2][3]Beija-Flor empatou em pontos totais com a Imperatriz, mas ficou com o vice-campeonato pelos critérios de desempate, que levava em consideração as notas descartadas. A escola de Nilópolis teve três notas abaixo da máxima, enquanto a agremiação de Ramos recebeu nota máxima de todos os jurados. Mesmo sem vencer, o desfile da Beija-Flor entrou para a história do carnaval. O enredo "Ratos e Urubus Larguem Minha Fantasia", do carnavalesco Joãosinho Trinta, apresentou uma crítica social utilizando o lixo e o luxo como metáforas. Uma escultura do Cristo Redentor, caracterizado de mendigo, foi proibida de desfilar pela Justiça a pedido da Arquidiocese do Rio de Janeiro. A escultura desfilou coberta por um plástico preto com uma faixa com a frase "Mesmo proibido, olhai por nós!".[4][5][6][7] Últimas colocadas, Unidos da Ponte, Tradição, Arranco e Jacarezinho foram rebaixadas para a segunda divisão.[8][9]
Acadêmicos de Santa Cruz foi a campeã do Grupo 2, sendo promovida à primeira divisão. Vice-campeã, a Lins Imperial conquistou na Justiça sua ascensão ao Grupo 1.[10]Viradouro venceu o Grupo 3, conquistando seu primeiro título no carnaval do Rio. Em seu primeiro desfile, a Grande Rio foi vice-campeã do Grupo 3. União de Rocha Miranda foi a campeã do Grupo 4 homenageando o carnavalesco Arlindo Rodrigues. Foi criada a quinta divisão das escolas de samba, sendo vencida pelos Acadêmicos da Rocinha, que estreou no carnaval com um desfile assinado por Joãosinho Trinta.[11][12][13]
Alegria da Capelinha, Escovão da Riachuello, Urubu Cheiroso e Unidos de Realengo venceram os grupos dos blocos de empolgação. Flor da Mina do Andaraí, Boêmio da Vila Aliança, Acadêmicos da Abolição, Garrafal, União da Ilha de Guaratiba, Unidos do Anil, Gaviões de Jacarepaguá, Infantes da Piedade, Tubarão, Unidos da Seletiva e Balanço do Cocotá foram os campeões dos grupos de blocos de enredo. [14] Gavião do Mar ganhou a disputa de frevos.[15]Decididos de Quintino foi o campeão dos ranchos.[16] As sociedades carnavalescas não desfilaram.[17] No concurso de coretos, venceu o da Praça Paulo da Portela.[18]
Seguindo o regulamento do ano, a campeã de 1988, Unidos de Vila Isabel, pôde escolher dia e posição de desfile, enquanto a vice-campeã de 1988, Estação Primeira de Mangueira, teria que desfilar em dia diferente da campeã, mas poderia escolher a posição. A primeira noite de desfiles foi aberta pela campeã do Grupo 2 do ano anterior, Arranco; seguida pela penúltima colocada do Grupo 1 do ano anterior, Unidos do Cabuçu. A segunda noite de desfiles foi aberta pela vice-campeã do Grupo 2 do ano anterior, Unidos do Jacarezinho; seguida pela última colocada do Grupo 1 do ano anterior, Imperatriz Leopoldinense.[19][20] A posição de desfile das demais escolas foi definida através de sorteio realizado pela LIESA no dia 13 de julho de 1988.[21]
Foram promovidas algumas mudanças no regulamento. A quantidade de julgadores diminuiu de quatro para três. Apenas a menor nota de cada escola, em cada quesito, foi descartada. Sendo que, para efeito de desempate, as notas descartadas seriam consideradas. Diferente dos anos anteriores, em que a maior também era anulada e não havia critérios de desempate. Foram mantidos os dez quesitos de avaliação dos anos anteriores, valendo notas de cinco a dez.[22]
A apuração do resultado foi realizada na quarta-feira de cinzas, dia 8 de fevereiro de 1989, no Maracanãzinho.[23] Todas as escolas receberam cinco pontos referentes à Cronometragem e mais cinco pontos referentes à Dispersão. O desempate entre agremiações que obtiveram a mesma pontuação final foi definido seguindo a ordem de leitura dos quesitos. Bateria foi o primeiro quesito de desempate e Samba-Enredo, o segundo.[24][22]
Legenda: Campeã Rebaixadas S Nota descartada J1 Julgador 1 J2 Julgador 2 J3 Julgador 3
Imperatriz Leopoldinense foi a campeã, conquistando seu terceiro título no carnaval carioca, quebrando o jejum de oito anos sem conquistas. O campeonato anterior da escola foi conquistado em 1981. Segunda escola da segunda noite de apresentações, a Imperatriz realizou um desfile sobre o centenário da Proclamação da República do Brasil, comemorado no mesmo ano. O enredo "Liberdade, Liberdade, Abre as Asas sobre Nós" foi desenvolvido pelo carnavalesco Max Lopes, que conquistou seu segundo título no carnaval do Rio. O samba-enredo composto por Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir, é constantemente listado entre os melhores da história do carnaval.[1][2][3][25][26] Com um desfile tecnicamente perfeito, a escola se recuperou da apresentação do ano anterior com a qual obteve o último lugar, sendo salva pelo cancelamento do rebaixamento.[27]
Apesar de empatar em ponto totais com a Imperatriz, a Beija-Flor ficou com o vice-campeonato. Segundo o regulamento, as notas descartadas seriam utilizadas para efeito de desempate. A escola de Nilópolis obteve três notas abaixo da máxima, enquanto a Imperatriz recebeu nota máxima de todos os jurados. Criticado pelos seus carnavais grandiosos e luxuosos, o carnavalesco Joãosinho Trinta decidiu dar uma respostar aos seus críticos com o enredo "Ratos e Urubus Larguem Minha Fantasia". O enredo apresentou uma crítica social utilizando o lixo e o luxo como metáforas. O desfile abordou o luxo que há no lixo e o lixo que há no luxo. Dias antes da apresentação, a Arquidiocese do Rio de Janeiro conseguiu na Justiça a proibição de uma escultura da imagem do Cristo Redentor caracterizado de mendigo, que desfilaria no abre-alas da escola. A escultura desfilou coberta por um plástico preto com uma faixa com a frase "Mesmo proibido, olhai por nós!".[4][5][6][28] O desfile é comumente listado entre os melhores do carnaval carioca.[29][30][31][7]
Terceira colocada, a União da Ilha do Governador realizou um desfile sobre a origem do carnaval. O samba-enredo da escola fez sucesso, especialmente pelo popular refrão "Eu vou tomar um porre de felicidade / Vou sacudir, eu vou zoar toda a cidade".[32] A modelo Enoli Lara desfilou nua, apenas com uma capa de musseline transparente, o que levou a LIESA a proibir a exibição de "genitália desnuda" a partir do ano seguinte. Campeã do ano anterior, a Unidos de Vila Isabel ficou em quarto lugar com uma apresentação sobre os quarenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Acadêmicos do Salgueiro conquistou a última vaga do Desfile das Campeãs. O desfile relembrou os enredos de temática africana apresentados pela escola em anos anteriores e questionou a realidade da abolição da escravatura. Vila e Salgueiro empataram em pontos totais. As posições foram definidas no quesito de desempate, Samba-Enredo. Portela foi a sexta colocada com uma apresentação que questionou a versão oficial sobre o Descobrimento do Brasil. Sétima colocada, a Mocidade Independente de Padre Miguel prestou um tributo à cantora Elis Regina, morta em 1982. Unidos da Tijuca ficou em oitavo lugar com uma apresentação sobre as artes plásticas no Brasil. Com um desfile sobre a combinação arroz com feijão, a Estácio de Sá se classificou em nono lugar. Império Serrano foi o décimo colocado com uma homenagem ao escritor Jorge Amado, que desfilou na última alegoria da escola.[33] Estação Primeira de Mangueira obteve o pior resultado de sua história até então. Décima primeira colocada, a escola homenageou os "reis da noite carioca": os produtores Walter Pinto e Carlos Machado e o empresário Chico Recarey. O enredo "Trinca de Reis" marcou a despedida do carnavalesco Júlio Mattos da escola, após anos de serviços prestados e cinco títulos conquistados. Décima segunda colocada, a Caprichosos de Pilares realizou um desfile com críticas à exportação desenfreada e ao repasse das riquezas brasileiras ao estrangeiro. São Clemente ficou em décimo terceiro lugar apresentando um enredo semelhante ao da Caprichosos, sobre as riquezas exportadas pelo Brasil. Com um desfile em homenagem ao cantor Milton Nascimento, a Unidos do Cabuçu se classificou em décimo quarto lugar. O desfile foi ecologicamente correto, sem utilização de plumas e enfeites de origem animal, conforme pedido do próprio cantor, que desfilou na última alegoria. A escola seria rebaixada para o Grupo 2, mas seu descenso foi cancelado, para que, no ano seguinte, o grupo fosse composto por dezesseis escolas.[34][35]
Após quatro anos consecutivos no Grupo 1, a Unidos da Ponte foi rebaixada para a segunda divisão. Décima quinta colocada, a escola apresentou o enredo "Vida que Te Quero Viva" dos carnavalescos Cid Camilo e Sancler Boiron. Tradição e Arranco empataram em pontos totais. O desempate ocorreu no quesito Bateria, onde a Tradição teve mais pontos. Em seu segundo desfile no Grupo 1, a Tradição foi rebaixada ao obter o décimo sexto lugar. A escola realizou uma apresentação sobre a cidade do Rio de Janeiro. Recém promovida ao Grupo 1, após vencer o Grupo 2 no ano anterior, o Arranco foi rebaixado de volta para a segunda divisão. Penúltima colocada, a escola apresentou um desfile crítico e irreverente em que papéis históricos eram invertidos, como índios explorando colonizadores e jogadores de futebol negociando dirigentes. O desfile ficou marcado negativamente pela morte da destaque Neuza Monteiro, após cair do alto de uma alegoria na área da dispersão.[36] Também recém promovida ao Grupo 1 após conquistar o vice-campeonato do Grupo 2 do ano anterior, a Unidos do Jacarezinho foi rebaixada de volta para a segunda divisão. Última colocada, a escola realizou um desfile sobre mitologias influenciadas pelos astros.[8]
Legenda: Desfile das Campeãs Rebaixadas para o Grupo 2
Acadêmicos de Santa Cruz foi a campeã, sendo promovida à primeira divisão, de onde estava afastada desde 1985. A escola homenageou o jornalista e escritor Sérgio Porto, mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, morto em 1968. A vice-campeã, Lins Imperial, não seria promovida ao Grupo 1, mas entrou com uma ação na Justiça e conquistou o direito de ascender à primeira divisão. Em seu desfile, a escola homenageou os carnavalescos campeões dos quinze últimos carnavais: Joãozinho Trinta, Arlindo Rodrigues, Viriato Ferreira, Rosa Magalhães, Lícia Lacerda, Max Lopes, Edmundo Braga, Paulino Espírito Santo, Fernando Pinto, Júlio Mattos e Milton Siqueira.[10][37]
Legenda: Promovidas ao Grupo Especial Rebaixadas para o Grupo 3
O desfile do Grupo 3 foi organizado pela AESCRJ e realizado a partir das 21 horas do domingo, dia 5 de fevereiro de 1989, na Avenida Rio Branco.[19][39]
Unidos do Viradouro foi a campeã, conquistando seu primeiro título na cidade do Rio de Janeiro e sendo promovida à segunda divisão. Herdando o lugar do GRES Grande Rio no Grupo 3, a Acadêmicos do Grande Rio foi vice-campeã em seu desfile de estreia no carnaval. Assim como a campeã, a escola também foi promovida ao Grupo 2.[13][39]
Legenda: Promovidas ao Grupo 2 Rebaixadas para o Grupo 4 * Sem informação disponível
O desfile do Grupo 4 foi organizado pela AESCRJ e realizado na Avenida Rio Branco entre as 2 horas e as 7 horas e 30 minutos da terça-feira, dia 7 de fevereiro de 1989.[19][40][41]
Em 1989, foi criada a quinta divisão do carnaval carioca. O Desfile de Avaliação foi organizado pela AESCRJ e realizado a partir da noite da segunda-feira, dia 6 de fevereiro de 1989, na Estrada Intendente Magalhães.[19][42]
O Desfile das Campeãs foi realizado no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, entre as 19 horas e 30 minutos do sábado, dia 11 de fevereiro de 1989, e as 8 horas e 50 minutos do dia seguinte. Na véspera do desfile, a Justiça proibiu que a Beija-Flor levasse o "Cristo mendigo" ao Sambódromo, mas uma decisão, na noite do Desfile das Campeãs, permitiu que a escola desfilasse com a escultura coberta e sem a faixa com a inscrição "Mesmo proibido, olhai por nós". Ainda assim, durante o desfile, componentes da alegoria arrancaram o plástico preto, deixando a escultura do Cristo à mostra. A partir desse ano, passaram a desfilar as cinco escolas mais bem classificadas do Grupo 1.[43][44]
O desfile foi realizado a partir das 19 horas do domingo, dia 5 de fevereiro de 1989, na Estrada Henrique de Melo, em Oswaldo Cruz.[45] Urubu Cheiroso foi o campeão. Todos os blocos permaneceram no mesmo grupo.[14]
Legenda: Campeão
Col.
Bloco
1
Urubu Cheiroso
2
Caciquinho de Inhoaíba
3
Mocidade da Pavuna
4
Beco do Sorriso
5
Caprichoso de Bento Ribeiro
6
Xodó de Oswaldo Cruz
Grupo A-4
Unidos de Realengo foi o campeão. Com a extinção do Grupo A-4 no ano seguinte, todos os blocos foram promovidos ao Grupo A-3.[14]
Tubarão foi o campeão, sendo promovido ao Grupo 5.[14]
Legenda: Promovido ao Grupo 5 Promovidos ao Grupo 7 Rebaixados para o Grupo 9
Col.
Bloco
1
Tubarão
2
Inocentes do Jardim Metrópoles
3
Estrela de Madureira
4
Pavão da Vila Rosário
5
Unidos de Urania
6
Coroados de Santa Cruz
7
Luar de Prata
8
Três Unidos
9
Independente de Jacarepaguá
10
União da Vila Realengo
Grupo 9
Unidos da Seletiva foi o campeão, sendo promovido ao Grupo 6.[14]
Legenda: Promovido ao Grupo 6 Promovidos ao Grupo 8 Rebaixados para o Grupo de Acesso
Col.
Bloco
1
Unidos da Seletiva
2
Suspiro do Bairro da Praça Seca
3
Unidos do Vilar dos Teles
4
Império da Leopoldina
5
Acadêmicos de Realengo
6
Acadêmicos do Juramento
7
Dragão de Irajá
8
Mocidade Unida do Estácio de Sá
9
Unidos de São Nicolau
10
Embalo de Campo Grande
Grupo de Acesso
Balanço do Cocotá foi o campeão, sendo promovido ao Grupo 9 junto com Acadêmicos da Penha.[14]
Legenda: Promovidos ao Grupo 9
Col.
Bloco
1
Balanço do Cocotá
2
Acadêmicos da Penha
3
Império do Aquário
4
Embalo da Vila
5
Conquista da Vila do João
Coretos
Com o tema "Moinho Vermelho", o coreto da Praça Paulo da Portela venceu a disputa. No coreto, foi montado um moinho de oito metros e meio de altura, que girava com auxílio de um motor.[18]
Frevos carnavalescos
O desfile dos clubes de frevo foi realizado a partir da noite do sábado, dia 4 de fevereiro de 1989, na Avenida Rio Branco. Gavião do Mar foi o campeão com um desfile em homenagem ao comunicador Chacrinha. Lenhadores, de Vila Isabel, foi o vice-campeão com um desfile sobre a história do frevo no bairro. Também participaram do desfile, Batutas da Cidade Maravilhosa, Misto Toureiro, Vassourinhas, Pás Douradas e Bola de Ouro. O resultado foi apurado logo após o término dos desfiles.[15][46]
Bastos, João (2010). Acadêmicos, unidos e tantas mais - Entendendo os desfiles e como tudo começou 1.ª ed. Rio de Janeiro: Folha Seca. 248 páginas. ISBN978-85-87199-17-1
Cabral, Sérgio (2011). Escolas de Samba do Rio de Janeiro 3.ª ed. São Paulo: Lazuli; Companhia Editora Nacional. 495 páginas. ISBN978-85-7865-039-1
Gomes, Fábio; Villares, Stella (2008). O Brasil É Um Luxo: Trinta Carnavais de Joãosinho Trinta 3.ª ed. São Paulo: CBPC - Centro Brasileiro de Produção Cultural Ltda. e AXIS Produções e Comunicação Ltda. 256 páginas. ISBN978-85-87134-04-2
Gomyde Brasil, Pérsio (2015). Da Candelária à Apoteose - Quatro décadas de paixão 3.ª ed. Rio de Janeiro: Multifoco. 501 páginas. ISBN978-85-7961-102-5
Mello, Marcelo de (2018). Por Que Perdeu? Dez Desfiles Derrotados Que Fizeram História 1.ª ed. Rio de Janeiro: Record. ISBN978-85-01-11264-4
Riotur (1991). Memória do Carnaval 1.ª ed. Rio de Janeiro: Oficina do Livro. 407 páginas. ISBN85-85386-01-0
Valença, Rachel; Valença, Suetônio (2017). Serra, Serrinha, Serrano - O Império do Samba 1.ª ed. Rio de Janeiro: Record. 433 páginas. ISBN978-85-0110-897-5