A língua crenaque (também grafado krenak ou krenák) ou borun (mburuŋ ‘gente’[1]) é um idioma pertencente à família linguística botocuda, proveniente do tronco macro-jê.
O Censo demográfico do Brasil de 2010 identificou 238 pessoas que falavam a língua krenák.[2]
No mesmo ano, o Atlas das línguas do mundo em perigo classificou a língua em situação crítica de perigo, em termos de risco de extinção.[3]
Distribuição geográfica
Historicamente, os índios crenaque habitavam os vales dos rios Jequitinhonha, Mucuri e Doce, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A partir do século XIX, com as disputas agrícolas e principalmente, no século XX, por causa da mineração, os crenaques se dispersaram por várias partes do Brasil, chegando aos estados de Mato Grosso, Goiás e São Paulo.
Atualmente, a língua crenaque é falada principalmente em Minas Gerais, na Aldeia Crenaque localizada no município de Resplendor.
Situação linguística
De acordo com Silva (1986), não há mais falantes monolíngues do crenaque. Os indígenas que ainda utilizam o idioma o fazem em paralelo ao uso do português, em diferentes graus de fluência.
A língua crenaque foi classificada pelo Atlas das línguas do mundo em perigo, publicado pela UNESCO como situação crítica de perigo, em termos de risco de extinção.[3]
Em 2018, Pedro Ternes Frassetto publicou o Vocabulário Unificado Português-Krenak (Botocudo), Krenak-Português do século XIX contendo uma compilação e unificação de três vocabulários da “língua Botocudo” registrados entre os anos de 1816 e 1899 por diferentes autores: Maximilian Wied-Neuwied, Charles Frederick Hartt, Claro Monteiro do Amaral.[4] O vocabulário foi dedicado ao povo Krenak.
Classificação
O borun é uma língua macro-jê.[5]
Fonologia
A fonologia da língua Crenaque foi determinada por uma série de estudos[6]. Mais recentemente, Katia Nepomuceno Pessoa estudou a língua, sua fonologia e expressões culturais, em uma dissertação de PhD para a Universidade Estadual de Campinas, em 2012[7].
Vogais
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Anterior
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Central
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Posterior
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Fechada
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i ĩ
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ɨ
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u ũ
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Semifechada
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o
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Média
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ə
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Semiaberta
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ɛ ɛ̃
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ɔ ɔ̃
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Aberta
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a ã
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Consoantes
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Bilabial
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Alveolar
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Palatal*
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Velar
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Glotal
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Oclusiva
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p b
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t d
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tʃ dʒ
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k g
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ʔ
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Fricativa
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ʒ
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h
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Nasal
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m̥ m
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n̥ n
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ɲ̥ ɲ
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ŋ̥ ŋ
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Aproximante
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w
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j
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(w)
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Vibrante simples
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ɾ
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Referências
Bibliografia
- CRISTÓFARO-SILVA, Th. (Th. C. A. da S.) Descrição fonética e análise de alguns processos fonológicos da língua Krenák. 1986. 111 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, 1986.
- CRISTÓFARO-SILVA, Th. (Th. C. A. da S.) Um problema na análise fonológica dos segmentos vocálicos em Krenák. Documentação e Estudos em Linguística Teórica e Aplicada (DELTA), São Paulo, v. 3, n. 2, p. 183–195, ago. 1987.
- MONTEIRO, C. 1948. Vocabulário Português-Botocudo. São Paulo: Museu Paulista. (Boletim do Museu Paulista, Documentação Lingüística, v. 2).
- Frassetto, Pedro Ternes. 2018. Recuperação lexical: um vocabulário português-Krenak/Krenak-português. Bacharelado em Linguística, Universidade Estadual de Campinas.
- SILVA, Thais C. A.Descrição fonética e análise de alguns processos fonológicos da língua krenák. Belo Horizonte: UFMG, 1986. enc. Dissertação (mestrado).
- Nitsch, Matthias (2013). Grundlagen für die Restitution von Swadesh’s basic vocabulary im Wörterbuch der Botokudensprache. (Fundamentos para a restituição do vocabulário básico de Swadesh no Dicionário da língua dos botocudos) GRIN Verlag, München, ISBN 978-3-656-49579-6 (http://books.google.com.br/books?id=jVjtAAAAQBAJ&printsec&pg=PA1&f=false). (resenha em português)
- Rothe-Neves, Rui (2014). Resenha de Nitsch (2013): Grundlagen für die Restitution von Swadesh’s basic vocabulary im Wörterbuch der Botokudensprache (Fundamentos para a restituição do vocabulário básico de Swadesh no Dicionário da língua dos botocudos) Em: LIAMES - Línguas Indígenas Americanas v. 14, p. 219–223. Campinas: UNICAMP/IEL. Artigo em PDF
Ligações externas
- Vocabulário crenaque - ABREU, S. Fróes. Os índios crenaques (botocudos do rio Doce) em 1926. Revista do Museu Paulista, tomo XVI, São Paulo, 1929, p. 594-600.