Nota: "Bororó" redireciona para este artigo. Para o músico, veja Bororó (compositor). Para o povo da África Ocidental, veja Wodaabe. Para família de línguas ameríndias bororos, veja Línguas bororos. Para língua bororo dos povos brasileiros, veja Língua bororo.
O nome "bororo" é um nome dado pelos não indígenas, surgido quando os exploradores perguntaram "qual o nome do povo", e o indígena teria entendido "qual era o nome do local onde estavam": eles estavam no bororó, que, para a língua bororo, significa "pátio da aldeia".[1]
Os bororos ocidentais, viviam na margem leste do rio Paraguai, onde os jesuítas espanhóis fundaram missões. Muito amigáveis, serviam de guia aos não indígenas, trabalhavam nas fazendas da região e eram aliados dos bandeirantes. Desapareceram como povo tanto pelas moléstias contraídas quanto pelos casamentos com não índios.
Os bororós orientais habitavam, tradicionalmente, vasto território que ia da Bolívia, a oeste, ao rio Araguaia, a leste e do rio das Mortes, ao norte, ao rio Taquari, ao sul. Ao contrário dos bororos ocidentais, eram citados nos relatórios dos presidentes da província de Cuiabá como nômades bravios e indomáveis, que dificultavam a colonização. Foram organizadas várias expedições de extermínio.
Organização social
O povo obedece a uma organização social rígida. A aldeia é dividida em duas partes – eceráe e tugarége – que, por sua vez, se subdividem em clãs com deveres muito bem definidos. Eles reconhecem a liderança de dois chefes hereditários que sempre pertencem à metade eceráe, conforme determinam seus mitos. Dentro de cada clã, há uma comunhão de bens culturais (nomes, cantos, pinturas, adornos, enfeites, seres da natureza) que só podem ser usados pelos membros desse determinado clã, a não ser que este direito seja participado a outras pessoas em "pagamento" por favores recebidos.
a "Festa do milho", para celebrar a colheita do cereal, que é um alimento importante na nutrição dos índios;
a "Perfuração de Orelha e Lábios";
o "Ritual do funeral", uma celebração sagrada para todos que se consideram índios.
O funeral dos bororos é o que mais chama atenção pela complexidade, podendo durar até dois meses. A morte de alguém pode provocar mudanças ou reforçar as alianças.
Século XX
Os bororos habitam a região do planalto central de Mato Grosso e falam a língua portuguesa, além de sua língua orginal bororo. São tradicionalmente caçadores e coletores, porém adaptaram-se à agricultura, da qual extraem sua subsistência. Destacam-se pela confecção de seu artesanato de plumagem (conjunto de penas que reveste uma ave) e também pela pintura corporal em argila.[1]
Estão distribuídos dentro de seis terras indígenas (Jarudori, Meruri, Sangradouro, Tadarimana, Teresa Cristina, Perigara) e também fora de terras indígenas.[1]
Demografia
Informações históricas indicam que nas últimas décadas do século XIX havia um contingente de aproximadamente 10 mil indivíduos Bororo.[1]
Poucos anos depois, grande parte desses 10 mil sucumbiu aos efeitos do contato com os brancos, que incluíram guerras, epidemias e fome.
Em 1970, Darcy Ribeiro[5], no livro Os Índios e a Civilização (1 edição, editora Vozes, 1970), ao analisar o censo de 1932, afirmou que o alto grau de vulnerabilidade dos Bororo indicava as últimas etapas do processo de extinção.
Porém, a partir da década de 1970, observou-se um crescimento populacional:
Em 1979, o Padre Uchoa identificou 626 indivíduos.
Em 1997, levantamento da Missão Salesiana e Saúde/Funai/ADR Rondonópolis identificaram 1024 pessoas em diferentes localidades.[1]
Em 2006, dados da Funasa revelam que a população Bororo chegou 1.392 pessoas.[1]
Em 2014, levantamento do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) e Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) identificou 1817 bororos.[1]
Contribuições arqueológicas
Através das evidencias arqueológicas, há indícios que os povos indígenas Bororo do sudeste de Mato Grosso teve o seu surgimento devido a junção de diversos grupos étnicos. As mudanças para a subsistência resultaram a transformações significativas nas organizações de forma social e regional. Com o contato com os grupos dominantes, os grupos minoritários sofreram alguns impactos que geraram desafios para a preservação da culturas e praticas tradicionais.[7]
Os Bororo fazem parte de um pequeno grupo tribal no Brasil. A origem dos Bororo supõem-se que surgiu através da difusão pluricultural. No tempo atual, os Bororo estão em 4 reservas nos afluentes do afluentes da margem direita do rio das Mortes, no baixo curso do rio Tadarimana e no médio e baixo rio São Lourenço.[7]
Em um estudo arqueológico no alto e médio curso do rio Vermelho, no território tradicional Bororo, em 11 áreas-pilotos, revelando 63 sítios ceramistas, sendo que 34 sítios (54%) são da tradição Uru, 23 sítios (37%) ancestrais dos Bororo e os 6 sítios (9%) são da tradição ceramista Tupi-guarani da subtradição Pintada.[7]
Com a fundação da primeira aldeia Bororo no século XVIII, ocorreu uma grande mudança cultural. Os assentamentos Uru, eram aldeias grandes e circular que chegavam até 1000 habitantes, organizadas em anéis, uma dentro da outra. No final do século XII apresentavam uma evolução na cerâmicas fizeram-se assadores que possivelmente foram criados para a necessidade armazenar mais alimentos.[7]
Algumas aldeias tinham mais contato uma com as outras, oque permitia uma troca de informações e influencias externas. No sítio MT-RN-32 os indícios sugerem que haviam divisões de trabalho para a produção dos utensílios de cerâmica, um indicativo de que havia uma organização social complexa, além das divisões tradicionais por sexo e idade.[7]