Jogos dos Povos Indígenas

Queima de fogos na cerimônia de encerramento da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas em Olinda (PE)

Os Jogos dos Povos Indígenas é um evento multiesportivo, criado em 1996 por meio de uma iniciativa indígena brasileira, do Comitê Intertribal - Memória e Ciência Indígena (ITC), com o apoio do Ministério do Esporte do Brasil. Sendo um dos maiores encontros esportivos culturais de indígenas da América.[1] O primeiro foi realizado em Goiânia, capital do estado de Goiás. Em 2015, o evento tem sua primeira edição mundial e se torna Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. " A periodicidade dos Jogos é anual, com exceção do intervalo ocorrido em 1997, 1998, 2006 e 2008 quando não houve edições."[1]

Os líderes indígenas Carlos Terena e Marcos Terena, fundadores do ITC, foram os responsáveis pela organização desportiva, cultural, espiritual e a articulação com os povos indígenas. No total já reuniram mais de 150 povos indígenas brasileiros, tais como Xavante, Bororo, Pareci, Guarani. Inclusive houve delegações estrangeiras indígenas vindas do Canadá e da Guiana Francesa.

Edições

Edição Ano Período Localidade Etnias Modalidades
I Jogos dos Povos Indígenas 1996 de 16 a 20 de outubro Goiânia, Goiás Bakairi - MT; Bororo- MT; Fulni-ô - PE; Gavião - RO; Guarani - SP e MS; Guató - MS; Kadiwéu - MS; Kaingang - SP, SC e RS; Kamayurá - Xingu - MT; Karajá - TO e GO; Kaiowá - MS; Krahô - TO; Krikati - MA; Sateré-Mawé - AM; Ofaié - MS; Paresi - MT; Terena - MS; Tukano - AM; Xucuru - Kariri - AL; Yawalapiti, Xingu - MT; Kuikuro; Wuará; Xavante - MT, Kalapalo; Trumai; Mehinaku; Kaiapó - PA; Javaé - TO; Kanela - MA.[2] Futebol, voleibol, atletismo e natação, a canoagem, o arco e flecha, o arremesso de lança, as demonstrações de lutas e a corrida de tora.
II Jogos dos Povos Indígenas 1999 de 14 a 20 de outubro Guaíra, Paraná (na fronteira Argentina-Paraguai) Guarani - SP; Potiguara - PB; Pankararu - PE; Maxacalí - MG; Krenak - MG; Xacriabá - MG; Paresi - MT; Umutina - MT; Kaingang-SC; Kaiowá - MS; Kadiwéu - MS; Bakairi - MT; Bororo - MT; Erikbaktsa - MT; Kanela - MA; Matis - AM; Krahô - TO; Kayapó - PA; Xavante - MT; Karajá - TO; Jawaé - TO; Kuikuro, Xingu - MT; Kamaiurá, Xingu - MT; Yawalapiti, Xingu - MT, Suyá, Xingu - MT; Waurá, Xingu - MT e Terena - MS.[3] Futebol, atletismo, arco e flecha, canoagem, natação, lutas corporais e corridas de tora.
III Jogos dos Povos Indígenas 2000 de 15 a 21 de outubro Marabá, Pará (na Amazônia brasileira) Bororo - MT; Bakairi - MT; Xavante - MT; Xickin - MT; Arara - PA; Munduruku - PA; Krahô - TO; Tembé - PA; Suruí - PA; Kaapor - PA; Parakanã - PA; Matis - AM; Kaiowá - MS; Guarani - SP; Mbyá - PA; Kaingang - PR; Pataxó - BA; Karajá - TO; Asurini - PA; Gavião Parkatejê - PA; Terena - MS; Kanela - MA; Wai Wai - PA; Yawalapiti, Xingu - MT; Kuikuru, Xingu - MT, Kamayura, Xingu - MT; Kalapalo, Xingu - MT; Waurá, Xingu - MT; Mehinaku, Xingú- MT; Erikbatsa - MT; Jawaé - TO; Suyá, Xingu - MS; Arawete - PA; Assurini - PA e Kayapó - PA.[4] Arco e flecha, zarabatana, cabo de guerra, arremesso e canoagem, futebol e a natação.
IV Jogos dos Povos Indígenas 2001 de 20 a 27 de outubro Campo Grande, Mato Grosso do Sul, região do Pantanal)
V Jogos dos Povos Indígenas 2002 de 14 a 21 de setembro Marapanim, Pará Araweté, Arara, Asurini, Bakairi, Bororo, Erikbaktsa, Fulni-ô, Gavião (RO), Gavião Parkatejê- PA, Guarani Mbya, Guató, Javaé, Kadiwéu, Kayapó, Kaingang, Kaiowá, Kalapalo, Kamayurá, Kanela, Karajá, Kariri, Krahô, Krenak, Krikati, Kuikuro, Matis, Maxacali, Mbya, Mehinaku, Munduruku, Ofaié, Pankararu, Parakanã, Paresi, Pataxó, Potiguara (PB), Saterê-Maués, Suruí (PA), Suyá, Tembé, Terena, Trumai, Tukano, Umutina, Wai Wai, Wuará, Xacriabá, Xavante, Xicrin, Xucuru, Yawalapiti. Arco e flecha, arremesso de lança, natação com travessia de rio, cabo de guerra, canoagem, corrida de tora, futebol masculino e feminino, corrida de velocidade (100m), corrida de fundo (5.000m), cabo de guerra, demonstrações de Zarabatana, Ronkrã,Kagót, Jãmparty Kaipy, Akô, Inssitró, Katulaywa, Jawari, Xikunahity e Tihimore.
VI Jogos dos Povos Indígenas 2003 de 01 a 08 de novembro Palmas, Tocantins Awá (Guajá)/MA; Aikewara/PA; Apinajé/TO; Avá-Canoeiro/GO; Aweti/MT; Bakairi/MT; Bororo/MT; Cinta Larga/RO; Enawenê-nawê /MT; Gavião Kyikatêjê/PA; Guarani/PA; Hixkariana/AM; Javaé/TO; Ka'apor/MA; Kaiwá/MS Kalapalo/MT; Kamayurá/MT; Kanela Ramkokamekra/MA; Karajá/TO; Kayabi/MT; Kayapó/PA; Krahô/TO; Kuikuru/MT; Matis/AM; Nambikwára/RO; Parakanã/PA; Paresi/MT; Pataxó/BA; Rikbatsa/MT; Suruí/RO; Tapirapé-TO/MT; Tembé-PA/; Terena/MS; Uru-Eu-Wau-Wau-/RO; Wai Wai/PA; Waiãpi/AC; Waimri Atroari/AM; Waura/MT: Xavante/MT; Xerente/TO; Xikrin/PA; Xucuru Kariri/AL; Yanomami/RR; Yawalapití/MT.[5] Futebol, voleibol, atletismo, natação,canoagem, arco e flecha, arremesso de lança, lutas corporais, corrida de tora, corrida de velocidade (100m), corrida de fundo (5.000m), Zarabatana, Ronkrã, Kaipy, Akô, Inssitró, Katulaywa, Jawari, Xikunahity e Tihimore.
VII Jogos dos Povos Indígenas 2004 de 20 a 27 de novembro Porto Seguro, Bahia, local da chegada dos "caraíbas" portugueses Aikewara, Asurini do Xingu, Awá Guajá, Aweti, Bakairi, Bororo, Enawenê-Nawê, Etnias Australianas, Etnias Canadenses, Gavião do Pará, Guajajara, Guarani, Ikpeng, Irantxe, Javaé, Kaapor, Kadiwéu, Kaigang. Kaiwá, Kalapalo, Kamayurá, Kanela, Kantaruré, Karajá, Kayabi, Kayapó, Kiriri, Krahô, Krenak, Kuikuro, Matis, Maxakali, Nambikwara, Pankararé, Pankararu, Paresi, Pataxó, Rikbaktsa, Suruí, Tapirapé, Terena, Tuxá, Wai Wai, Waiãpi, Waimiri Atroari, Waura, Wayapi Guiana Francesa, Xakriabá, Xavante, Xerente, Xikrin, Xukuru Kariri, Yanomami, e Yawalapiti. Arco e Flecha; Canoagem; Arremesso de Lança; Cabo de força; e Corrida de Tora , Lutas Corporais; Zarabatana; Xikunahity; Tihimore; Katulaya; Akô; e Jãmparti Futebol de Campo; Atletismo; Natação/Travessia; Corrida de fundo.
VIII Jogos dos Povos Indígenas 2005 de 18 e 26 de novembro Praia de Iracema, Fortaleza, Ceará Aikewara, Asurini, Awá Guajá, Aweti- MT, Bakairi, Bororo, Enawenê-Nawê, Gavião, Guajajara, Guarani Mbya, Javaé, Kaiowá, Kalabaça/CE Kalapalo, Kamayurá, Kanela, Kanindé/CE, Karajá, Kayabi, Krahô, Kuikuro, Iratinxe Manoki/MT, Matis, Nambikwara, Parakanã, Paresi, Pataxó, Pitaguary ou Potiguara CE/PB, Suruí - RO, Tapeba/CE, Tapirapé, Tembé, Terena, Tobajara/CE, Tremembé/CE:, Wai Wai, Xavante, Xerente, Xikrin, Yawalapiti. Futebol; arco e flecha, arremesso de lança, cabo de força, corrida de tora, atletismo, natação e corrida de fundo de 5 mil metros, lutas corporais, corrida de tora, zarabatana, jikunahiti, ronkrã, katulaywa, akô, gâamparti, kaipy, tihimora, hipipi, iwavary, qagõt, insintró e peikrâ.
IX Jogos dos Povos Indígenas 2007 de 24 de novembro a 01 de dezembro Olinda, Pernambuco AIKEWARA, ASSURINI, ASHANINKÁ, ATIKUM,BAKAIRI,BORORO,FULNI-Ô,GAVIÃO KYIKATÊJÊ / PARKATÊJÊ,

KARITIANA,KAXINAWÁ,KAYAPÓ,KRAHÔ, KUIKURO,JAVAÉ, KAINGANG,KANELA RÃMKOKAMEKRA, KAMBIWÁ,KAPINAWÁ,KARAJÁ, MANCHINERI, MATIS, PANKARÁ,PANKARARU,PARECI HALITI, PATAXÓ,PIPIPÃ, RIKBAKSTA,SHANENAWÁ,TAPIRAPÉ, TENHARIM, TERENA, TRUKÁ, TUXÁ, UMUTINA, XAVANTE, XERENTE, XIKRIN, XOKLENG, XUKURU, WAI WAI

Futebol masculino e feminino, voleibol, natação/travessia, canoagem, arco e flecha, arremesso de lança, corrida de tora, corrida de velocidade (100m), corrida de fundo (5.000m), cabo de força, Lutas Corporais, Zarabatana, Ronkrã, Xikunahity,  Akô, Katulaya, , Jãmparty Kaipy e Tihimore.
X Jogos dos Povos Indígenas 2009 de 31 de outubro a 07 de novembro Paragominas, Pará[6] AIKEWARA (PA), ASSURINI (PA), BAKAIRI (MT), BORORO BOE (MT),ENAWENE-NAWE (MT), GAVIÃO KYIKATÊJÊ / PARKATÊJÊ(PA), JAVAÉ (TO), KAIGANG (PR), KA’APOR (MA), KAMAYURÁ (MT), KANELA RÃMKOKAMEKRA (MA),KARAJÁ (TO), KAYAPÓ (PA), KRAHÔ (TO), KUIKURO (MT), MANOKI IRANTXE (MT), MATIS (AM), PARECI HALITI (MT), PATAXÓ (BA), RIKBAKSTA (MT),SHANENAWÁ (AC), TAPIRAPÉ (MT), TERENA (MS), TEMBÉ (PA), UMUTINA (MT), XAVANTE (MT), XERENTE (TO), XIKRIN (PA), XOKLENG (SC),WAIWAI (PA), YAUANAUWÁ (AC). Arco e flecha, arremesso de lança, cabo de força, canoagem, corrida de 100 metros, corrida de fundo, corrida de tora, futebol (masculino e feminino), natação/travessia.[6]
XI Jogos dos Povos Indígenas 2011 de 8 a 15 de outubro[7] Porto Nacional, Tocantins
XII Jogos dos Povos Indígenas 2013 de 10 a 18 de outubro[8] Cuiabá, Mato Grosso
XIII Jogos dos Povos Indígenas 2015 de 15 a 19 de julho[9] Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso Futebol, natação, arremesso de lança, arco e flecha, corrida e cabo de força

Galeria

Estudos acadêmicos sobre o tema

Nos últimos anos, os Jogos dos Povos Indígenas têm despertado interesse de diversos trabalhos acadêmicos, tornando-se objeto de estudo científico em várias áreas do conhecimento, mas principalmente na educação física, antropologia, sociologia e pedagogia. Uma publicação em específico demonstra a riqueza desta temática e as possibilidades de pesquisa em torno da diversidade e dos conflitos culturais em tornos dos Jogos dos Povos Indígenas. O livro “Brincar, Jogar, Viver: IX Jogos dos Povos Indígenas” é uma coletânea de trabalhos de diversos pesquisadores do Brasil que avaliam os Jogos como um importante instrumento para a valorização e a difusão da cultura indígena. Tal coletânea reuniu discussões necessárias à preservação dos conhecimentos e das manifestações culturais advindas das mais de 220 etnias que vivem nas diferentes regiões do nosso País. São valores, ritos cotidianos que se apresentam no universo cultural das sociedades indígenas e que se manifestam em suas danças, cantos, pinturas corporais e em seus jogos esportivos que valorizam o lúdico, o brincar e a expressão de sentimentos como a alegria, essenciais para a qualidade de vida do ser humano e sua convivência social.[10]

Os Jogos dos Povos Indígenas são considerados locais de convivência, de troca de saberes ancestrais e contemporâneos, propiciando a visibilidade da diversidade cultural indígena e novas construções sociais. O evento em questão possibilita a interação entre distintas etnias, resultando na apropriação de manifestações culturais, jogos e brincadeiras tradicionais, ritos, danças, pinturas e adornos, bem como do esporte - fenômeno que possibilita a ressignificação das práticas corporais indígenas.[11] Trata-se de evento cultural surgido a partir da demanda dos próprios indígenas brasileiros, com o propósito de trocarem informações a respeito de suas práticas culturais, econômicas e sociais, tem como objetivo a valorização das manifestações culturais destes povos. O esporte, nesse âmbito, aparece como um instrumento que tem como pressuposto a interação entre distintas comunidades indígenas e dessas com a sociedade envolvente, proporcionando o intercâmbio de valores. Porém, ao se aproximar do esporte de rendimento as práticas corporais tradicionais passam a ser estruturadas segundo a lógica competitiva.[12]

Referências

  1. «X Jogos Indigenas - Apresentação». Ministério do Esporte. Governo Federal do Brasil. Consultado em 29 de setembro de 2016 
  2. «FUNAI: I Jogos dos Povos Indígenas». Consultado em 2 de novembro de 2009. Arquivado do original em 23 de novembro de 2011 
  3. «FUNAI: II Jogos dos Povos Indígenas». Consultado em 2 de novembro de 2009. Arquivado do original em 15 de dezembro de 2013 
  4. «FUNAI: III Jogos dos Povos Indígenas». Consultado em 2 de novembro de 2009. Arquivado do original em 23 de novembro de 2011 
  5. «FUNAI: VI Jogos dos Povos Indígenas». Consultado em 2 de novembro de 2009. Arquivado do original em 6 de agosto de 2012 
  6. a b UOL: Índios disputam 10 modalidades tradicionais nos Jogos dos Povos Indígenas em Paragominas (PA)
  7. Conexão Tocantins: Voluntários serão selecionados para XI Edição dos Jogos dos Povos Indígenas do Tocantins
  8. Portal Brasil: Lançado em Cuiabá a 12a Edição dos Jogos dos Povos Indígenas
  9. Aldeia Kuikuro recebe o maior evento esportivo da história do Xingu 30 de julho de 2015.
  10. Pinto, Leita Mirtes Santos de Magalhães (2009). «Brincar, Jogar, ViVer: IX Jogos dos Povos Indígenas». Repositório Institucional UFSC. Consultado em 14 de outubro de 2024 
  11. Ferreira, Maria Beatriz Rocha (dezembro de 2010). «Jogos dos Povos Indígenas: diversidades». Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual do Ceará. O Público e o Privado (16). Consultado em 14 de outubro de 2024 
  12. ALMEIDA, Arthur José Medeiros de. Esporte e cultura: esportivização de práticas corporais nos jogos dos povos indígenas. 2008. 131 f., il. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008. Disponível em: http://icts.unb.br/jspui/handle/10482/3712

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