A eleição presidencial brasileira de 1950 foi a décima quinta eleição presidencial e a décima terceira direta no Brasil em outubro do mesmo ano.
Dutra apoiou o candidato Cristiano Machado do PSD. A UDN novamente lançou a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes. E Getúlio Vargas veio como candidato pela coligação entre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP). Apesar de não possuir o apoio de grande parte da mídia, Vargas obteve a maioria dos votos.[1]
De acordo com a Constituição de 1946, o mandato do presidente vigoraria por cinco anos. Assim, Dutra governara até 31 de janeiro de 1951, passando a faixa presidencial para o eleito nesta eleição.[4] O direito ao voto foi permitido a todos os brasileiros com mais de dezoito anos de ambos os sexos, mas os analfabetos eram proibidos a votar.[5] Foi determinado, também, que a eleição para presidente e vice-presidente ocorreriam de forma separada.
O grande destaque a ser realizado sobre os anos do governo do presidente Eurico Gaspar Dutra esta relacionado com o início da Guerra Fria. A partir de 1946 e 1947, o quadro da bipolarização do mundo já se evidenciava, e o alto interesse dos Estados Unidos no Brasil transformava o país em um território de alta importância estratégica.[6]
Havia um grande temor sobre o crescimento do comunismo no Brasil, pois o PCB (Partido Comunista Brasileiro) havia conseguido cerca de 9% dos votos na candidatura de Iedo Fiúza e, além disso, a presença dos comunistas entre organizações de trabalhadores era muito forte. Assim, o governo de Dutra alinhou-se com os interesses dos EUA e adotou uma política contrária ao comunismo. O PCB teve a legalidade cassada pelo Superior Tribunal Eleitoral e os sindicatos passaram a sofrer intervenção do governo Federal. Diante desses ataques, o PCB convocou a população à luta armada, contudo não conseguiu vasta adesão e perdeu expressão política.[7]
Politicamente, Dutra afastou-se do varguismo e aliou-se à direitistaUDN por meio do Acordo Interpartidário, que não duraria muito, acabando com a breve união entre PSD e UDN.[8] Economicamente, Dutra aderiu aos princípios liberais, reduzindo os investimentos públicos e promovendo o arrocho salarial. O incentivo às importações dilapidou as reservas de moedas estrangeiras e desequilibrou as contas públicas com o crescimento da inflação. Para contrabalançar a economia estatal, Dutra lançou o Plano SALTE, com postulados intervencionistas próximos aos do varguismo.[9] O Plano SALTE consistiu em um programa econômico quinquenal para o desenvolvimento das áreas da saúde, alimentação, energia e transporte. No entanto, muitas metas desse plano não foram atingidas por falta de recursos.[10]
Quatro candidaturas à presidência e cinco à vice-presidência foram apresentadas à Justiça Eleitoral e estão apresentadas no quadro abaixo por ordem alfabética dos seus nomes
A coligação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e do Partido Social Progressista (PSP), sendo o primeiro de centro-esquerda e o segundo de direita, com o PTB sendo trabalhista e o PSP sendo um partido populista de direita, lançou o ex-presidente Getúlio Vargas como candidato a Presidente da República e Café Filho como candidato à vice-presidência. Vargas era pertencente e fundador do PTB, e havia governado o país anteriormente por quinze anos. Ex-presidente, quando ele teve de largar a Presidência em 1945, ele ainda continuou na cena política, sendo eleito em 1945 senador pelo Rio Grande do Sul.[13] Vargas haveria utilizado da propaganda para promoção pessoal na vida política, e assim ele sempre foi representado junto ao povo. Vargas teria sido um presidente trabalhista e que mais coisas teria feito pelos trabalhadores, como por exemplo, a criação de leis trabalhistas. Desta forma, ele era considerado o "pai dos pobres", e o povo o admirava. Outro fator importante além da admiração dele pelo povo, foi o nacionalismo na campanha "o petróleo é nosso", que favoreceu as empresas brasileiras.[14]
Algo, que foi marca da campanha de Vargas em 1950, foi o seu jingle de campanha, que era uma marchinha de carnaval e chamava-se "Retrato do Velho":[15][16]
"Bota o retrato do velho outra vez Bota no mesmo lugar Bota o retrato do velho outra vez Bota no mesmo lugar O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar Eu já botei o meu E tu, não vais botar? Eu já enfeitei o meu E tu, vais enfeitar? O sorriso do velhinho faz a gente se animar O sorriso do velhinho faz a gente se animar"
↑Araújo, João Lazardo de; Silva, Salomão Quadros da; Melo, Hildete Pereira de; Lattman-Weltman, Fernando; Corrêa, Villas-Bôas; Leopoldi, Maria Antonieta Parahyba; Oliveira, Adilson de; Silva, Suely Braga da; Abreu, Alzira Alves de (1994). Vargas e a crise dos anos 50. [S.l.: s.n.]
↑Júnior, Alfredo Boulos. História, Sociedade e Cidadania. 9º ano. 1ª edição - São Paulo - 2009.
↑Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «DUTRA, EURICO GASPAR». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 23 de novembro de 2022
↑Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «PARTIDO SOCIAL DEMOCRATICO (PSD-1945-1965)». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 22 de novembro de 2021
↑Piletti, Nelson e Claudino. História & Vida - Brasil: da Independência aos dias de hoje, Vl. 2. Editora Ática. 16ª ed. 1997. Pg. 76, Cap. 10: A hora e a vez da democracia, 3.Getúlio: um governo nacionalista e populista.