O Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo (AACPG) é o órgão oficial responsável pela gestão, preservação, pesquisa e extroversão das coleções histórico-artísticas do Governo do Estado de São Paulo. Subordinado à Secretaria da Casa Civil, é gerido por um conselho curador e por um grupo de historiadores da arte, técnicos, conservadores e restauradores, e conta com duas sedes, uma no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo e outra, no Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão.
O Acervo dos Palácios administra um expressivo conjunto de obras, composto por mais de 5.000 itens, de importância histórica e artística. São pinturas feitas por artistas no Brasil entre os séculos 17 e 21, peças período colonial, além de exemplares da artes decorativas europeias e asiáticas e pinturas da escola cusquenha. Também realiza exposições de longa duração, temporárias, eventos científicos e culturais em ambas as sedes.
Histórico
O Acervo-Artístico Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo foi constituído em 30 de julho de 1985, por decreto do então governadorAndré Franco Montoro, com o objetivo de formar um conselho gestor apto a desenvolver atividades sistemáticas de documentação, conservação e divulgação dos bens culturais amealhados pelo Governo do Estado nas décadas anteriores, e expostos nos palácios governamentais para fins decorativos. O decreto foi posteriormente revisto, a 13 de março de 1987[1] e no decreto nº 51.991, de 18 de julho de 2007.
Na tentativa de organizar e dar legibilidade ao acervo, foram estabelecidas normas e procedimentos museológicos que facilitassem ao público visitante uma boa compreensão das obras expostas, destinando a cada espaço um grupo de peças. Ao Palácio Boa Vista, caberia a guarda de uma expressiva coleção de arte moderna brasileira, além do mobiliário barroco e de inspiração francesa, bem domo diversos objetos de artes decorativas. Já ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, seriam destinadas diversas coleções relacionadas a significativos períodos históricos e artísticos da cultura nacional, principalmente arte moderna e contemporânea, valorizando em seu Hall, obras de grandes dimensões, como o painel São Paulo: Criação, Expansão e Desenvolvimento, do artista Antonio Henrique Amaral.
O acervo
Formação e caracterização
Os bens culturais pertencentes ao Acervo dos Palácios têm seu princípio na coleção do Pátio do Colégio, com móveis, porcelana e pinturas de paisagem. Depois é transferida para o Palácio dos Campos Elísios, que foi sede do governo paulista entre 1915 e 1964. Posteriormente o acervo é transferido para o Palácio dos Bandeirantes e foi significativamente ampliado por meio de uma série de aquisições realizadas na década de 1970, por iniciativa do governador Abreu Sodré e de seu secretário da fazenda Luís Arrobas Martins, tanto para ampliar a coleção exposta nesse prédio, como para criar uma coleção para o Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão, inaugurado em 1964 e tornado monumento aberto à visitação pública em 1970. Após a abertura dos acervos palacianos ao público, e sua posterior transformação em projeto museológico, registrou-se um número considerável de doações de artistas e empresas. Por fim, houve o acréscimo de um conjunto de obras criadas especificamente para os palácios, como as provenientes do concurso "Painel Bandeirantes".
Igualmente digno de nota é o painel São Paulo - Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento, de Antônio Henrique Amaral, uma das maiores telas já produzidas no Brasil (4,5 x 16 metros), que foi escolhida em concurso para decorar o "Salão Nobre" do Palácio dos Bandeirantes.[2] Neste mesmo palácio, a Galeria dos Governadores conserva dezenas de retratos e bustos de autoridades políticas, executados por pintores e escultores de renome. Por fim, há um importante conjunto formado por pinturas da escola cusquenha, produzidas nos séculos XVII e XVIII.
Esculturas
Na coleção de esculturas e objetos tridimensionais, encontra-se um conjunto de imaginárias do período colonial brasileiro, dentre as quais destaca-se o São José de Botas, atribuído a Antonio Francisco Lisboa (conhecido popularmente como Aleijadinho), além do par de anjos tocheiros de Francisco Vieira Servas e a Nossa Senhora do Rosário, de Frei Agostinho de Jesus. Na já mencionada "Galeria dos Governadores", encontram-se bustos de autoria de Galileo Emendabili e Ettore Ximenes.
Outro destaque do acervo é a preciosa coleção de estudos botânicos do naturalista João Barbosa Rodrigues, versando sobre diversas espécies de palmeiras encontradas em território brasileiro.
Artes decorativas
Um conjunto de tapeçarias artísticas integra a coleção de artes decorativas do Palácio dos Bandeirantes. Executadas na Europa entre os séculos XVII e XVIII, são provenientes de manufaturas flamengas e francesas, produzidas a partir de composições de pintores célebres, como David Téniers. Destaca-se nesse conjunto a peça setecentista Rapto de Ifigênia, da Manufatura dos Gobelins, cujo desenho é de autoria de Simon Vouet.
Na coleção de prataria dos palácios, predominam os objetos de origem luso-brasileira, dos séculos XVIII e XIX. O essencial do conjunto é composto por alfaias religiosas e utensílios domésticos, como lampadários, copos, guampas, taças e bandejas.
A coleção de mobiliário é composta por peças produzidas a partir do século XVII, com origem em Portugal e no Brasil - notadamente, nos centros de produção mineiros e baianos. São arcas, barguenhos, baús, canapés, cômodas-papeleiras, cadeiras e mesas, usando como suporte madeiras nobres (cedro e jacarandá-paulista, por exemplo), metais e marfim. Destaca-se a coleção de mais de dez arcazes, de diferentes formas e procedências.
Outras obras do acervo
Frei Agostinho de Jesus.Nossa Senhora do Rosário, século XVII. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Escola Andina. Virgem de Guadalupe de Estremadura, Século XIX-XX. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Johann Moritz Rugendas.Negro e Negra N'uma Fazenda, 1835. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Décio Villares: Figura de Mulher, 1890. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Benedito Calixto.Paisagem (São Vicente), 1919. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Baptista da Costa.Paisagem com rio em São Paulo, s.d. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Ismael Nery.Nu no Cabide, 1927. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Comissão de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo (2000). Guia de Museus Brasileiros. São Paulo: Edusp. 417 páginas
Silva, Heloísa Barbosa; et al. (1994). Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Valladares, Clarival do Prado (1998). Acervo Palácio Bandeirantes. São Paulo: Serasa