O Museu Geológico Valdemar Lefèvre (MuGeo) é um museu público estadual localizado na cidade de São Paulo, Brasil. É um equipamento cultural do Instituto Geológico, centro de pesquisa vinculado à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Foi inaugurado em 14 de novembro de 1967, com o objetivo de disponibilizar ao público parte do acervo da Comissão Geográfica e Geológica, criada em 1886, e estimular junto à população o conhecimento das geociências e assuntos relacionados ao meio ambiente.[1][2]
A maior parte do acervo do Museu Geológico tem sua origem na coleção da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo (CGG), criada em 27 de março de 1886.[2] A comissão surgiu da necessidade de se conhecer o território paulista, em função da expansão da cafeicultura e do acelerado crescimento econômico decorrente dessa atividade, e foi responsável por realizar as primeiras expedições modernas de mapeamento do solo, clima e hidrografia do interior paulista, levadas a cabo ao longo de quatro décadas. Colaboraram na comissão nomes como os dos engenheiros Teodoro Sampaio e Francisco de Paula Oliveira, o botânico Albert Löfgren, o geógrafo Orville Adelbert Derby e o geólogo Luiz Felipe Gonzaga de Campos, entre outros.[3][4]
O Instituto Geográfico e Geológico, herdeiro das coleções de mineralogia, paleontologia e demais campos das geociências, foi o responsável por criar o Museu Geológico, com o objetivo de disponibilizar parte de seu amplo acervo à visitação pública. O museu foi inaugurado em 14 de novembro de 1967[2], em um pequeno edifício no interior do Parque da Água Branca, na Zona Oeste de São Paulo. Em 1986, o museu recebeu o nome de Valdemar Lefèvre, em homenagem ao engenheiro e ex-diretor do Instituto Geográfico e Geológico.[4]
O museu mantém exposições permanentes com peças selecionadas de suas coleções de minerais, rochas, fosséis e acervo histórico-documental, abordando temas como "fósseis de São Paulo", "dinossauros do Brasil", "utilização dos minerais" e "Comissão Geológica e Geográfica", entre outros.[2] Também realiza exposições itinerantes em outras instituições e exposições temporárias em sua sede.[5] As atividades educativas e culturais incluem as oficinas monitoradas de sensibilização, desenvolvidas com base nas coleções didáticas de rochas, minerais e fósseis e as exposições institucionais realizadas durante a semana do meio ambiente, em diversos parques da capital paulista.[1][6]
Em 2010, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente elaborou um projeto para a ampliação do espaço físico do museu, prevendo a criação de dois anexos no andar térreo, a instalação de um auditório reversível, salas de exposição maiores e equipamentos de projeção, além da criação de uma reserva técnica exclusiva para o acervo. Se levada a cabo a ampliação, o museu deverá contar com 530 metros quadrados de área útil, em oposição aos 340 metros quadrados de que atualmente dispõe.[7]
Acervo
O Museu Geológico Valdemar Lefèvre possui um acervo de aproximadamente 3.500 objetos, composto por coleções de minerais, rochas, fósseis e peças históricas e didáticas. A maior parte provém das expedições realizadas pela Comissão Geográfica e Geológica entre 1886 e 1931.[1] Por falta de espaço físico, cerca de 1.000 peças permanecem guardadas na reserva técnica do museu.[7]
A coleção de fósseis inclui itens de origem vegetal e animal, representando diversos períodos da evolução da vida na Terra. Correspondem, em sua maioria, às principais ocorrências fossilíferas do estado de São Paulo.[8] O mais antigo fóssil do acervo é um aglomerado de algasunicelulares, datado de 2,6 bilhões de anos, encontrado em Itapeva, no Vale do Ribeira.[7] Entre os itens mais importantes da coleção está um fóssil de morcego de sub-ordem indeterminada, encontrado na região de Taubaté, de idade oligocênica. Registros fósseis de morcegos são extremamente raros, existindo apenas três exemplares documentados em todo o continente americano.[9] Destacam-se ainda um conjunto de onze ossos de titanossauro, encontrados na década de 1960 em Pacaembu[7], além de outros fósseis do Mesozóico, como peixes, répteis e pegadas de um pequeno mamífero.[10] Entre os itens mais recentes, estão ossos fossilizados de uma preguiça-gigante que viveu na região de Capão Bonito, datados de 20 mil anos atrás, e dentes de um mamute escavados em Águas de Lindóia.[7]
No acervo de minerais e rochas destaca-se a Coleção Internacional Krantz, única do tipo no Brasil, composta por 500 espécies de minerais de diversas partes do planeta[7], organizada de acordo com a classificação sistemática dos minerais, isto é, com a filiação química de cada mineral (óxidos, sulfetos, carbonatos, silicatos, etc.). Inclui exemplares de minérios metálicos (ouro, ferro, cobre), não metálicos (enxofre, calcita, argila), cristais (diamante, ametista, calcita, turmalina).[11] Entre os destaques, encontra-se um dos quatro fragmentos do meteorito Avanhandava, que caiu na Terra em 1958, nos arredores de Avanhandava, interior paulista.[12] A coleção também possui aproximadamente cinquenta amostras didáticas da utilização de minerais nas indústrias siderúrgica, de construção civil, farmacêutica, elétrica e alimentícia.[13] Na coleção de rochas, há exemplares de rochas magmáticas, sedimentares e metamórficas.[11]
Outros destaques do acervo são os ossos de baleia-azul do período Holoceno, encontrados na Praia Grande; mapas do território paulista do século XIX[14]; o mapa geológico do estado de São Paulo, compondo um panorama da geologia do território paulista por meio de diversas amostras de rochas que compõem o substrato do estado[15]; o acervo histórico, documental e iconográfico referente à Comissão Geográfica e Geológica, apresentando equipamentos utilizados, os trabalhos realizados e os resultados desses levantamentos e pesquisas, na forma de publicações, mapas e relatórios, etc.[7]