Era filho de Francisco Brás Pereira Gomes e de Isabel Pereira dos Santos. Nascido na então São Caetano da Vargem Grande, hoje Brasópolis. Seu pai era o chefe político da cidade, a qual leva seu sobrenome.[2]
Venceslau Brás estudou no tradicional Colégio Diocesano de São Paulo nos anos de 1881 a 1884[2] e obteve o diploma de bacharel em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1890.[3] De volta a Minas Gerais, foi advogado e promotor público em Monte Santo de Minas e foi prefeito da cidade destacando-se na sua administração por ter introduzido o sistema de abastecimento de água na cidade. Presidiu a Câmara Municipal de Jacuí, e a seguir foi deputado estadual.
Entre 1898 e 1902 foi secretário do Interior, Justiça e Segurança Pública do Estado. Elegeu-se então deputado federal (chegando a líder da bancada mineira na Câmara dos Deputados) em 1903. Em 1909 assumiu a Presidência de Minas Gerais, onde ficou até se candidatar à vice presidência da república. Foi eleito vice-presidente em 1 de março de 1910, obtendo 406 012 votos, derrotando o candidato da Campanha Civilista, Albuquerque Lins, que teve 219 106 votos.[4] Como vice-presidente, também presidiu o Senado.[5]
Em 1 de março de 1910 foi eleito vice-presidente da república, tendo Hermes da Fonseca sido eleito presidente, derrotando Rui Barbosa que estava sem apoio, ele conquistou o cargo através da política do café com leite, após os estados de São Paulo e Minas Gerais se reconciliarem com o Tratado de Ouro Fino.[6] Em 1913 seu nome foi proposto como medida reconciliatória entre Minas Gerais, São Paulo e os outros estados, como candidato à sucessão de Hermes. Minas Gerais havia vetado a candidatura de Pinheiro Machado que era apoiado por Hermes da Fonseca, e Rodrigues Alves, que, na época, governava São Paulo, vetara a candidatura Rui Barbosa.[7][6]
Vencesláu Brás foi eleito presidente em 1 de março de 1914, obtendo 532 107 votos contra 47 782 votos dados a Rui Barbosa.[4]
Vencesláu definiu seu governo como o "Governo da pacificação dos espíritos", que buscou o entendimento nacional depois do conturbado governo de Hermes da Fonseca. Em seu governo ocorrem os chamados "3 G": A Grande Guerra, (como se chamava, na época, a Primeira Guerra Mundial), a Gripe Espanhola, e as Greves de 1917.[3]
No início, o país tinha uma posição neutra respaldada pela Convenção de Haia,[8] buscando não restringir os seus produtos exportados na época, principalmente o café. A Alemanha era, na época, o principal parceiro comercial do Brasil, sendo seguida pela Inglaterra e pela França. Após o afundamento de navios mercantes brasileiros por submarinos da Marinha Imperial Alemã, como no dia 5 de abril de 1917 o vapor Paraná foi torpedeado perto de Le Havre, com 60 000 toneladas de café e 3 brasileiros morreram,[9] o Brasil declarou guerra à Alemanha em 26 de outubro de 1917, juntando-se aos Aliados.[10] Havia sentimento antigermânico popular, mas também oposição à entrada na guerra. O Brasil foi o único país latino-americano a participar ativamente da guerra, enviando a Divisão Naval em Operações de Guerra para a campanha no Oceano Atlântico, além de uma missão médica, aviadores e um corpo de oficiais e sargentos. Internamente, a guerra permitiu a introdução em 1916 do serviço militar obrigatório com base na Lei do Sorteio.[11]
Promulgou o primeiro Código Civil brasileiro, que entrou em vigor em 1 de janeiro de 1916 e que foi a primeira lei a grafar o nome Brasil com a letra S.[14] considerado avançado para a época, foi proposto por Clóvis Beviláqua e foi vigente até 2003.[15]
Economia e industrialização
Devido às dificuldades em importar produtos manufaturados da Europa durante o seu mandato, causadas pela guerra, Venceslau Brás incentivou a industrialização nacional, porém de forma inadequada, já que o país ainda era essencialmente agrícola, e o governo necessitava de armamentos bélicos, que requeriam uma indústria mais sofisticada que a do Brasil de 1914.[10]
Distúrbios
Guerra do Contestado
Logo de início, teve de combater a Guerra do Contestado (crise herdada do governo anterior) e, após debelar a revolta, mediou a disputa de terras entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, tendo sido um dos fatores a dar origem ao conflito.[3] Venceslau Brás definiu em 1916 os atuais limites entre Paraná e Santa Catarina. Em 20 de outubro de 1916, os governadores dos dois estados, assinaram, no Palácio do Catete, um acordo que fixava as divisas entre aqueles estados, o qual foi aprovado pelo Congresso Nacional, e publicado pelo decreto 3.304 de 3 de agosto de 1917.
Revolta dos Sargentos
Enfrentou também diversas manifestações militares, entre elas a Revolta dos Sargentos (1915), que envolvia suboficiais e sargentos e é considerada um prelúdio do Tenentismo.[16][17]
Greve Geral de 1917
Em 1917, houve a primeira Greve geral da história do Brasil,[18] com o estopim sendo o aumento do custo de de vida e uma paralisação na Cotonifício Rodolfo Crespi,[19] ocorrida principalmente na cidade de São Paulo, em um processo de industrialização até então inédito no país, fato acontecido principalmente pela Primeira Guerra Mundial, que impossibilitava a importação de vários produtos, com isso, o número de operários entre seus habitantes aumento de forma exponencial. Com forte influência do anarquismo, os operários brasileiros já vinham realizando várias greves desde o início do século.[20]
Entretanto, em 1917, a cidade de São Paulo viu a eclosão de uma greve geral que foi duramente reprimida, resultando na morte de José Martinez, o que causou uma grande comoção entre os grevistas.[21]
Após terminar seu mandato, se dedicou a Companhia Industrial Sul-Mineira, que fundara em 1912, e outras atividades empresariais.[24]
Morreu em 15 de maio de 1966, em Itajubá,[25] com 98 anos, sendo o mais longevo de todos os presidentes e vice-presidentes brasileiros. Foi sepultado no mesmo dia em Itajubá, com a presença de mais de 20 mil pessoas.[26]
Foi o político que permaneceu mais tempo na condição de ex-presidente e ex-vice-presidente da República, morrendo exatos 47 anos e 6 meses depois de deixar a Presidência e 51 anos e 6 meses depois de deixar a Vice-presidência.