Tetrarquia

Roma Antiga
Tetrarquia
Este artigo é parte da série: Política e governo da Roma Antiga
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Tetrarquia (do grego tetra, por derivação de tétares, "quatro," e árchein, "governar") designa qualquer sistema de governo em que o poder esteja dividido entre quatro indivíduos, denominados "tetrarcas". Usualmente aplica-se à tetrarquia introduzida pelo imperador romano Diocleciano, em 293, e que perdurou até c. 313. A instituição da tetrarquia marca a resolução da crise do século III e a recuperação do Império Romano.

A reorganização de Diocleciano

Diocleciano dividiu o império entre os sectores orientais (pars Orientis) e ocidentais (pars Occidentis). Manteve o controle pessoal do sector leste, enquanto Maximiano, seu companheiro de armas, governava o ocidente.

A primeira medida importante de Diocleciano foi indicar Maximiano como seu augusto ou coimperador, em 285.[1] Não foi propriamente uma divisão de poder, pois, na realidade, Diocleciano estava em posição superior à de Maximiano. A partir daí, o império passou a ter dois augustos (augusti), cada qual com exército, administração e capital próprios, embora Diocleciano continuasse a ser o chefe do Estado, representando a unidade do mundo romano.

Oito anos mais tarde, em 293, dada a crescente dificuldade de conter as numerosas revoltas no interior do império, procedeu a uma nova divisão funcional e territorial, a fim de facilitar as operações militares: nomeou um imperador menos "graduado", denominado césar (Caesar), subordinado a cada imperador mais graduado, que tinha o título de "augusto". Constituiu-se assim o sistema de quatro governantes - dois augustos e dois césares - ou tetrarquia.

Como seu césar para o Oriente, Diocleciano designou Galério. Maximiano fez o mesmo, nomeando Constâncio Cloro para o ocidente. O império foi dividido em quatro territórios:

Os césares eram chefes militares capazes de governar e proteger o império, adotados como filhos pelos augustos, a quem sucederiam em caso de morte, de incapacidade provocada pela velhice ou decorridos vinte anos de seus governos. Lugares-tenentes dos augustos, os césares também possuíam capital, exército e administração próprios.

Regiões e capitais

Os quatro tetrarcas não tiveram suas bases em Roma, mas em outras cidades mais próximas às fronteiras, principalmente para a defesa do império contra rivais externos (principalmente o Império Sassânida) e os bárbaros (principalmente germânicos, numa migração infindável desde as estepes do Oriente) no Reno e no Danúbio. Estes centros eram conhecidos como "capitais tetrárquicas". Embora Roma deixasse de ser capital operacional, continuou a ser a capital nominal de todo o império, não reduzida à condição de província, mas sob seu único prefeito urbano, mais tarde copiado em Constantinopla.

Mapa do Império Romano sob a tetrarquia, com as dioceses e zonas de influência de cada tetrarca.

As quatro capitais tetrárquicas eram:

Os Tetrarcas, escultura em pórfiro, saqueada de Constantinopla em 1204.

Aquileia, um porto na costa do mar Adriático, e Eboraco (atual Iorque), no norte da atual Inglaterra e próxima às modernas Escócia e Irlanda), foram também cidades importantes para Maximiano e Constâncio, respectivamente.

Em termos de jurisdição, não havia divisão precisa entre os quatro tetrarcas, e neste período realmente não houve divisão do Estado romano em quatro diferentes sub-impérios. Cada imperador tinha sua zona de influência dentro do império, mas principalmente o alto comando no "teatro de guerra". Cada tetrarca esteve frequentemente no campo, enquanto delegava a maior parte da administração à burocracia hierárquica chefiada por seu respectivo prefeito do pretório, cada um supervisionando vários vigários (vicari), o governador-geral encarregado de outros, terminando com o novo nível administrativo, a diocese civil. No ocidente, o augusto Maximiano controlava as províncias ocidentais do Adriático e dentro daquela região seu césar controlava a Gália e a Britânia. No Oriente, os arranjos entre o augusto Diocleciano e seu césar Galério eram mais flexíveis.

Porém, parece que alguns escritores contemporâneos e posteriores, tais como os autores cristãos Lactâncio e Sexto Aurélio Vítor (que escreveram cerca de cinquenta anos depois e com fontes incertas), compreenderam mal o sistema tetrárquico neste respeito, acreditando que teria envolvido uma divisão estrita de territórios entre os quatro imperadores.

Imagem pública

Embora o poder estivesse divido no sistema tetrárquico, a imagem pública dos quatro imperadores no colégio imperial era cuidadosamente gerenciada para dar a aparência de um império unido (patrimonium indivisum). Isto era de suprema importância após a guerra civil do século III.

Os tetrarcas apareciam idênticos em todos retratos oficiais. Cunhagem de moedas do período mostra cada imperador com idênticas características - somente as inscrições nas moedas indicava qual dos quatro imperadores era mostrado. A escultura dos quatro tetrarcas, agora no canto sudoeste da Basílica de São Marcos, em Veneza, mostra os tetrarcas com idênticas características e usando o traje militar idêntico.

O fim da tetrarquia e acontecimentos posteriores

Após a abdicação de Diocleciano (305), teve início uma guerra entre os augustos e os césares por ele nomeados. Em 312, na Batalha da Ponte Mílvia, Constantino derrotou Magêncio. De 316 a 323, Constantino e Licínio governaram Roma. A partir de 324, Constantino passou a ser o único senhor de todo o império.

Ver também

Referências

  1. KULIKOWSKI, Michael (2008). Guerras Góticas de Roma. 1 1 ed. São Paulo: Madras. 246 páginas. ISBN 978-85-370-0437-1