Em 1991, foi encomendada à empresa alemãSiemens a entrega de 42 automotoras para a Linha de Sintra; este contrato, com um valor de 440 milhões de marcos, estipulava que as unidades deveriam entrar todas ao serviço dentro de 5 anos, devendo a primeira ser entregue em meados de 1992.[1] A viagem inaugural destas automotoras decorreu no dia 30 de setembro de 1992. Neste dia, houve duas circulações especiais: uma entre as estações de Sintra e do Cacém, a bordo de uma UTE da Série 2000, e outra entre o Cacém e o Rossio, já através das novas unidades quádruplas elétricas (UQE). Durante a viagem, aproveitou-se para fazer uma visita às obras de modernização da Linha de Sintra.[2]
A construção das caixas e bogies deveria ser entregue à casa Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, enquanto que o equipamento eléctrico, do qual 33% seria construído em território nacional, seria fornecido pela Siemens; as automotoras deveriam ter a composição motora-reboque-reboque-motora, sendo as unidades tractoras equipadas com motores trifásicos.[1]
O design dos interiores e exteriores, concebido em 1991-1994, é da autoria do artista José Santa-Bárbara, no âmbito do seu trabalho de décadas na C.P.[3] Este projeto, que constituiu a primeira grande experiência de design levada a cabo em material circulante ferroviário em Portugal, teve um considerável sucesso, tendo sido premiado com um prémio nacional de design a com o prémio especial do júri do European Community Design Prize (o primeiro prémio internacional de design recebido por uma companhia portuguesa).[3][4]
Construídas pelo consórcio Sorefame-Siemens,[5] foram submetidas a várias provas em 1992,[6] tendo as primeiras unidades entrado ao serviço no mesmo ano,[7][8] para substituir as automotoras da Série 2000/2050/2080 na Linha de Sintra; este processo inseriu-se no âmbito de um programa de modernização de infra-estruturas e material circulante da operadora Caminhos de Ferro Portugueses, que se concentrou, principalmente, nos serviços urbanos em Lisboa e no Porto.[5] Em 1994, ainda se encontravam a ser construídas algumas unidades desta série, nas instalações das Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas.[9]
Caracterização
Descrição física
Apresentam uma caixa construída quase na sua totalidade em aço inoxidável, com as frentes das motoras em fibra de vidro; os materiais utilizados no revestimento interior respeitam as normas internacionais contra incêndios. os motores são trifásicos, com uma transmissão de engrenagens e controlo de velocidade regulado por um microprocessador.[5] O interior é bastante amplo, funcional e iluminado, sendo o acesso efectuado por portas de acesso de grandes dimensões, com 1300 mm de largura; as portas dispõem de um sistema que impede o movimento das automotoras, quando se encontram abertas.[5] Devido ao facto de terem sido construídos para serviços de natureza urbana, não dispõem de lavabos, e os lugares são todos de classe única; a comunicação do condutor para os passageiros é efectuada por um sistema visual e sonoro.[5]
Entre meados de 2008 e julho de 2014, operou na Linha do Sado, substituíndo na altura as automotoras triplas da série 0600/0650, operando nesta linha até ser substituídas pelas automotoras da série 2240, cenário que manteve-se até dezembro de 2024, quando as automotoras desta série voltaram à Linha do Sado, inicialmente operando conjuntamente com as 2240, substituindo-as completamente a partir de 15 de dezembro, aumentando a oferta da linha.[11][12].
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; Gomes, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN989-619-078-X !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Santa-Bárbara, José (2001). Vontades: uma leitura de Memorial do Convento. Lisboa: Caminho / Biblioteca Nacional. ISBN 972-21-1393-3
Pereira, Paulo (1995). História da Arte Portuguesa. 3. [S.l.]: Círculo de Leitores. 695 páginas. ISBN 972-42-1225-4
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