Seneferu[4] (em egípcio: snfr-wj; romaniz.: Sneferu; lit. "Ele me aperfeiçoou"; também Senefru), também conhecido no seu nome helenizado Sóris (em grego koiné: Σῶρις [por Manetão]), foi o primeiro faraó da IV dinastia do Antigo Egito durante o Império Antigo.[5] Reinou entre 2 630 a 2 609 a.C. ou 2 613 a 2 589 a.C.,[6] conforme a cronologia estabelecida pelos diversos investigadores.
Duração
Sua duração de reinado ainda é incerta. De acordo com o historiador Manetão, ele é considerado o primeiro rei da IV dinastia que reinou durante 29 anos, entretanto o Cânone de Turim (na coluna 3, linha 9) sugere que apenas reinou por 24 anos. A Pedra de Palermo, por sua vez, mostra uma sexta ou oitava contagem de gado, mas é só fragmentada neste caso. Isso menciona que nem sempre as contagens de gado foram realizadas em intervalos de dois anos durante o reinado de Seneferu, tornando-se confuso a real duração de reinado do faraó.[7]
Família
Sneferu era filho do rei Huni e de Meresanque I, uma concubina ou esposa secundária que não seria de sangue real. Casou com Heteferés I, provavelmente a sua meia-irmã, que seria filha de Huni com a sua esposa principal; desta forma o casamento com a meia-irmã teria como objetivo legitimá-lo como rei.[7]
Um dos filhos de Seneferu e Heteferés I foi Quéops, seu sucessor e monarca associado à grande pirâmide de Gizé. Ao lado desta rainha, o faraó se casou com duas rainhas, cujos nomes são desconhecidos, mas que deram muitos filhos. Uma primeira rainha gerou três filhos, nos quais seus nomes eram Raotepe, Nefermaate e Ranofer. Com uma terceira esposa, gerou dois filhos chamados Ancafe e Canefer.[7]
Reinado
Campanhas e relações exteriores
Durante seu reinado, hordas asiáticas invadiram o Delta, que ele defendeu construindo vários fortes na fronteira; estas construções foram lembradas e associadas ao seu nome por dez séculos.[5] Ele também teve problemas com as minas de cobre do Sinai, e, ao retomar seu controle, fez com que seu espírito fosse adorado pelas gerações seguintes como o deus protetor das minas.[5]
Seneferu ordenou uma campanha militar na Núbia, a respeito das quais as inscrições egípcias falam de milhares de prisioneiros.[5] Há razões para duvidar da historicidade destes relatos; estas intervenções teriam tido como objetivo essencial manter a ordem e impedir ataques ao Egito por partes daqueles povos.
Em contrapartida, as expedições comerciais foram inúmeras. De acordo com a Pedra de Palermo, o rei ordenou expedições para explorar as minas de turquesa de Uádi Magaré no Sinai. Ele construiu uma frota de navios, e comerciou com Creta e a costa da Síria, trazendo do Líbano o seu famoso cedro.[5]
O rei notabilizou-se pela sua grande atividade arquitetônica. Durante o seu reinado surgiu pela primeira vez a pirâmide lisa no Egito. A Seneferu estão associadas duas pirâmides, a maior das quais em Meidum.[5]
A pirâmide de Meidum foi provavelmente começada no reinado do seu antecessor, apesar de não haver nenhuma relação desta pirâmide com Huni, o que possibilita a Seneferu como o criador da pirâmide.[7] O ângulo lateral da Pirâmide Sul de Dachur, considerado por alguns como o mais antigo das duas, mudou de 54°31 para 43°21 em algum lugar no meio do edifício, formando assim esta forma única chamada "Pirâmide Curvada". Alguns argumentam que reduzir o ângulo foi reduzido para a qualidade da pirâmide, temendo que ela entre em colapso ou diminua a carga de trabalho.[7]
Entre outra pirâmides em Dachur é conhecida como a Pirâmide Vermelha. É considerada como a primeira verdadeira pirâmide construída no Egito. Também está associada a este rei uma pequena pirâmide em degraus em Seila.[8]
Outros feitos
Foi no seu reinado que a arte egípcia adquiriu os padrões que a caracterizariam. O túmulo da sua esposa Heteferés[9] é revelador do requinte das artes neste período. Situado perto da grande pirâmide de Gizé, encontrou-se nele um quarto de dormir com uma cama com pés em forma de patas de leão e uma grande cadeira com decoração com motivos vegetais.
Neste reinado, o faraó deixou de se preocupar com todos os detalhes do governo, já que havia um "grão-vizir" controlando os departamentos de Estado, e vários outros oficiais, além dos governadores das cidades.[5]
Ele foi sucedido por Quéops, mas a relação entre Seneferu e Quéops tida por alguns como desconhecida, Seneferu não teria deixado descendentes e Quéops já era uma figura importante na corte, porém Donald Mackenzie discorda.[5]
Referências
↑Thomas Schneider: Lexikon der
Pharaonen. Albatros, Düsseldorf 2002, ISBN3-491-96053-3, pp. 278–279
↑A. Dodson & D. Hilton, The Complete Royal Families of Ancient Egypt, Thames and Hudson Ltd: London, 2004.