Os principais sistemas religiosos e tradições espirituais do mundo podem ser classificadas em um pequeno grupo de religiões mundiais, mas não há um critério definido para o termo. A busca por uma definição começou no século XVIII, quando tentou-se observar o nível de civilidade das sociedades humanas ao redor do mundo.[1]
Porcentagem mundial de aderentes por religião, 2015[2]
Em culturas ao redor do mundo, tem existido, tradicionalmente, muitos grupos de crenças religiosas diferentes. Na cultura indiana, as diferentes filosofias religiosas eram tradicionalmente respeitadas como diferenças acadêmicas em busca de uma mesma verdade. No islamismo, o Alcorão menciona três categorias diferentes: os muçulmanos, os adeptos do Livro e os adoradores de ídolos. Inicialmente , os cristãos tinham uma visão de uma simples dicotomia de crenças mundiais: a civilidade cristã contra a heresia ou a barbárie estrangeira. No século XVIII, foi esclarecido que "heresia" foi um termo criado para se referir ao judaísmo e ao islamismo, além do paganismo, isso criou uma classificação de quatro categoria que gerou obras como Nazarenus, or Jewish, Gentile, and Mahometan Christianity, de John Toland, que representou a três religiões abraâmicas como diferentes "nações" ou seitas dentro de uma mesma religião: o "verdadeiro monoteísmo".
Daniel Defoe descreveu as diferenças religiosas da seguinte forma: "A religião é corretamente a adoração dada a Deus, mas isso também é aplicado à adoração de ídolos e de falsas divindades." Na virada do século XIX, entre 1780 e 1810, a linguagem mudou drasticamente: em vez de "religião", que é sinônimo de espiritualidade, os autores começaram a usar o plural "religiões" para se referir ao cristianismo e a outras formas de adoração. Uma das primeiras enciclopédias de Hannah Adams, por exemplo, teve seu nome alterado para Um Compêndio Alfabético Das Várias Seitas para Um Dicionário de Todas as Religiões e Denominações Religiosas.[5]
Em 1838, as quatro categorias religiosas de cristianismo, judaísmo, islamismo e paganismo foram multiplicadas consideravelmente pela obra Analytical and Comparative View of All Religions Now Extant among Mankind, de Josias Conder. O trabalho de Conder ainda adere à classificação de quatro categorias, mas ele reúne muito trabalho histórico para criar algo parecido com a nossa imagem ocidental moderna: ele inclui drusos, Yezidis , mandeanos e elamitas em uma lista de grupos possivelmente monoteístas e, sob a categoria final de "politeísmo e panteísmo", ele lista o zoroastrismo, as "seitas reformadas dos vedas, puranas e tantras" da Índia, bem como "idolatria Brahminical", budismo, jainismo, sikhismo, lamaísmo, "religião da China e do Japão" e "superstições iliterárias".[6]
O significado moderno da expressão "religião mundial", que coloca os não cristãos no mesmo nível de cristãos, começou com o Parlamento Mundial de Religiões realizado em 1893 em Chicago, Estados Unidos. O Parlamento impulsionou a criação de uma dúzia de palestras financiadas pelo setor privado com o intuito de informar as pessoas sobre a diversidade da experiência religiosa: essas palestras financiaram pesquisadores como William James, D. T. Suzuki e Alan Watts, que influenciaram muito a concepção pública das religiões mundiais.[7]
Na segunda metade do século XX, a categoria de "religião mundial" foi seriamente questionada, especialmente por traçar paralelos entre culturas muito diferentes e, criando assim, uma separação arbitrária entre o religioso e o secular.[8] Mesmo professores de história têm evitado e desaconselhado o ensino da concepção de "religiões mundiais" nas escolas.[9] Outros veem a formação das religiões no contexto do Estado-nação como uma "invenção de tradições".
Religiões mundiais
Uma maneira de definir uma grande religião é pelo número de adeptos atuais. Os números da população religiosa são computados por uma combinação de relatórios de censos e pesquisas populacionais (em países onde os dados sobre religião não são coletados no censo como, por exemplo, os Estados Unidos ou a França), mas os resultados podem variar muito, dependendo da forma como as perguntas são formuladas, as definições de religião usadas e o viés das agências ou organizações que realizam tal pesquisa. Religiões informais ou desorganizados são especialmente difíceis de estimar.[carece de fontes?]
Não há consenso entre os pesquisadores quanto a melhor metodologia para determinar o perfil religioso da população mundial. Uma série de aspectos fundamentais são importantes, como se essa "cultura religiosa é historicamente predominante";[10] se entram na estimativa apenas aqueles que praticam ativamente uma religião em particular;[11] se a estimativa for feita com base no conceito de "adesão";[12] entre outros.
↑O número de pessoas que se consideram parte de uma "tradição popular" é impossível de determinar.
↑Existe certa divergência quanta a definição da doutrina espírita como uma religião. Seu fundador, o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail - que adotou o pseudônimo Allan Kardec - a definiu como uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.[26]
↑O número para a população de jainistas difere entre de 6 a 12 milhões devido às dificuldades de identidade jainista, com jainistas em algumas áreas sendo contados como uma seita hindu. Muitos jainistas não indicam o jainismo como sua religião nos formulários do censo por várias razões, tais como certas castas jainistas considerarem-se tanto hindus quanto jainistas. Após uma forte campanha publicitária pedindo para adeptos dessa religião registrarem-se como tal, o censo de 1981 da Índia retornou 3,19 milhões de jainistas. Este foi estimado na altura ainda estar a metade do número verdadeiro. O censo indiano de 2001 totalizou 8,4 milhões de jainistas.
↑Historicamente, a Fé Bahá'í surgiu no século XIX na Pérsia, no contexto do islã xiita,e, segundo seu preceito de Revelação Progressiva, pode ser incluída na tradição abraâmica.
↑Fischer-Schreiber, Ingrid, et al. The Encyclopedia of Eastern Philosophy & Religion: Buddhism, Hinduism, Taoism, Zen. Shambhala: Boston (English: pub. 1994; orig. German: 1986); pg. 50.
↑Allan Kardec. O Que é o Espiritismo: noções elementares do mundo invisível pelas manifestações dos espíritos; tradução direta do original francês por Wallace Leal V. Rodrigues. São Paulo: Ed. LAKE, 1998
↑Encyclopedia of the Modern Middle East and North Africa (Detroit: Thompson Gale, 2004) p. 82
↑Encyclopædia Britannica (2002). «Worldwide Adherents of All Religions by Six Continental Areas, Mid-2002». Encyclopædia Britannica. [S.l.]: Encyclopædia Britannica. ISBN0852295553
↑MacEoin, Denis (2000). «Baha'i Faith». In: Hinnells, John R. The New Penguin Handbook of Living Religions: Second Edition. [S.l.]: Penguin. ISBN0140514805
↑Self-reported figures from 1999; North Korea only (South Korean followers are minimal according to self-reported figures). In The A to Z of New Religious Movements by George D. Chryssides. ISBN 0-8108-5588-7
↑Clarke, Peter B. (editor), The Religions of the World: Understanding the Living Faiths, Marshall Editions Limited: USA (1993); pg. 208. "Sekai Kyuseikyo has about one million members, a growing number of them in the west and the third world, especially Brazil and Thailand. "
↑Leonard E. Barrett. The Rastafarians: Sounds of Cultural Dissonance. Beacon Press, 1988. p. viii.
WILKINSON, Philip. O livro Ilustrado das religiões, o fascinante universo das crenças que acompanham o homem através dos tempos. - 1ed- São Paulo : Publifolha 2000; 128p.