Pomerode é um município do estado de Santa Catarina, no Brasil. Localizado na Mesorregião do Vale do Itajaí e na Microrregião de Blumenau, é conhecido por ser "A cidade mais alemã do Brasil". Sua população total em 2022 era de 34 289 habitantes[7], conforme dados do IBGE, e a área total do município é de 214.299 km2, com densidade habitacional de 160,01 habitantes por quilômetro quadrado.
Além do português, grande parte da população local fala um alemão bastante próximo do alemão-padrão (Hochdeutsch), ao passo que a língua original da maioria dos pomerodenses é o pomerano. Portanto, há a coexistência desses três códigos linguísticos na cidade (português, alemão e pomerano).[8][9]
História
Até o século XVI, a região do atual município de Pomerode era território tradicional dos índioscarijós e xokleng. Com a chegada dos colonizadores portugueses, nesse século, os carijós foram escravizados e exterminados[10].
Desde então, a região permaneceu inabitada ou pouco povoada, até o início da imigração alemã no Brasil, no século XIX. Foi, então, fundada uma colônia na área, criada em 1863 pelos imigrantes pomeranos, estrategicamente localizada entre Blumenau e Joinville. A localização foi incentivada pelo doutor Hermann Blumenau, para que, assim, se fortalecesse o comércio entre ambas as cidades. Os lotes de terras foram divididos entre os imigrantes, que se dedicaram à produção de arroz, batata, fumo, mandioca, feijão e à criação de animais. Com a chegada do século XX, pequenas indústrias se instalaram na região, com destaque para as de porcelana.
A maior parte desses imigrantes alemães vieram da histórica região da Pomerânia, de onde se origina o nome do município, situada entre o norte da Alemanha, onde atualmente existe o estado intitulado Mecklenburg-Vorpommern. Alguns pomeranos são descendentes de uma mistura de povos germânicos e eslavos e, desde o século XII, quando passaram a fazer parte do Sacro Império Romano-Germânico, sofreram um processo de germanização de seu idioma e costumes. Porém a Pomerânia Ocidental esteve subjugada durante longo tempo pelos suecos e, mais tarde, como parte da província Pomerânia, pelos prussianos. Após certo tempo, surgiu o estado Alemão Mecklenburg-Vorpommern, uma fusão de Mecklenburg e Pomerânia Ocidental. A parte leste da Pomerânia ficaria com a Polônia após a Segunda Guerra Mundial.
Dentre os diversos grupos de alemães que emigraram para o Brasil, os pomeranos formavam uma minoria. Quando aqui chegaram, mesclaram-se com outros grupos germânicos, o que contribuiu para que perdessem sua herança cultural em muitas cidades. Apenas em três estados brasileiros os pomeranos formaram comunidades autônomas que mantiveram seus costumes: em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo; em São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul; e em Pomerode.
Com o fim da II Guerra Mundial, a maior parte da Pomerânia foi anexada à Polônia e apenas uma pequena parcela ficou com a Alemanha, chamada de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Muitos pomeranos se refugiaram na Alemanha Oriental ou emigraram para outros países, perdendo grande parte de seus costumes. Prova disso é que o Brasil tem mais falantes da antiga língua pomerana do que a própria Alemanha.
No Brasil, a II Guerra Mundial também foi decisiva para a nacionalização dos imigrantes pomeranos. O ex-presidente Getúlio Vargas, após declarar guerra à Alemanha, proibiu o uso da língua alemã no País, a construção de casas com arquitetura germânica e as manifestações ligadas à cultura da Alemanha. Isso afetou Pomerode e todas as demais colônias no Brasil, que passaram a se abrasileirar cada vez mais. Muitos colonos Alemães sofreram repressão, agressões e tiveram seus nomes mudados devido ao preconceito e radicalismo de Getúlio Vargas, então presidente. Isso fez com que o povo perdesse sua cultura natural. Inclusive, muitos colonos alemães morreram durante essa época porque não sabiam falar o português para procurar o hospital, em caso de alguma doença. Hoje em dia, o uso do idioma germânico diminui, à medida que o português ganha espaço e a juventude não se interessa mais em aprender o alemão.
Em 21 de janeiro de 1959, a cidade se emancipou de Blumenau e ganhou status de município, tendo, como primeiro prefeito (provisório), Guilherme Alípio Nunes.
Em 2000, uma cópia do portão de tijolos do porto marítimo em Estetino (Szczecin) foi erguida em Pomerode. É um símbolo de memória da região Pomerânia e sua capital Estetino.[11]
Ao todo, aproximadamente 300 mil brasileiros são descendentes de alemães pomeranos.
Geografia
Clima
O clima é quente e temperado. Existe uma pluviosidade significativa ao longo do ano. Mesmo o mês mais seco ainda assim tem muita pluviosidade. Segundo a Köppen e Geiger a classificação do clima é Cfa. Em Pomerode a temperatura média é 20.6 °C. 1571 mm é o valor da pluviosidade média anual.
Imigrantes alemães da Pomerânia estabeleceram-se na região entre 1860–1880. A língua original desses imigrantes era o baixo-alemão, um conjunto de dialetos regionais falados no norte da
Alemanha. A instrução dada nas escolas, antes da campanha de nacionalização, era feita em alemão-padrão (Hochdeutsch) que, por ser a língua de prestígio, foi substituindo o pomerano. O pomerano, então, passou a manifestar-se apenas na linguagem oral, ao passo que o alemão-padrão passou a predominar. Na década de 1930, com a nacionalização, as escolas alemãs foram fechadas, mas foram reabertas na década de 1970. Atualmente, o alemão falado em Pomerode é muito próximo do alemão-padrão coloquial, mas com incorporações lexicais do português e as consequentes adaptações ao sistema morfológico e fonológico do alemão.[8]
Assim, em Pomerode, três códigos linguísticos coexistem (o português, o alemão próximo do padrão e o Platt/pomerano) e seus habitantes misturam essas línguas, de forma inconsciente e natural, no seu modo de falar. Todavia, a população jovem, em geral, só fala o alemão até entrar na escola[13], pois o português é visto como a língua necessária para a inserção no mercado de trabalho.[8]
Platt é relativo a "baixo", ou seja baixo-alemão, pois é falado nas terras baixas do norte da Alemanha. Ao lado do dialeto Hunsrückisch, o pomerano é o falar germânico mais difundido entre a população teuto-brasileira.[14]
Em muitos lugares da cidade, há casas edificadas de acordo com a típica arquitetura germânica enxaimel, restaurantes de comida alemã e festas que celebram as tradições germânicas, cuidadosamente preservadas por seus habitantes.
Todo ano, no mês de janeiro, acontece a Festa Pomerana na cidade, uma festa conhecida por ser voltada à cultura alemã, muito parecida com a Oktoberfest. Há muitos aspectos da cultura local que acontecem nessas comemorações, como o ritual do casamento pomerano tradicional, comidas e bebidas típicas e música alemã.
Existe uma feira de artesanato, com venda de produtos locais e da região; encontra-se vestuário, as tradicionais cucas, chocolates, linguiças e itens em MDF, com destaque ao Fensterbilder (imagens em janela), produzidos na cidade. Bem como todos os artigos de roupa típica alemã, canecos, tirantes, chapéus e os bótons para enfeite.
Na festa, há diversas competições entre os moradores, como o chope em metro, disputa de serrar madeira, tiro ao alvo, concurso de Miss da Festa Pomerana, entre outros. Cada edição reúne cerca de 25 mil pessoas e dura quase 2 semanas.
Há também outras festas, como a Osterfest (Páscoa), o Natal, Mercado das Pulgas (feira de objetos usados) etc.
↑«Representantes». União Brasil. Consultado em 29 de setembro de 2022
↑IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 9 de julho de 2016
↑«População Censo 2022». Censo Populacional 2022. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Junho de 2023Texto "url https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/ " ignorado (ajuda); Em falta ou vazio |url= (ajuda); |acessodata= requer |url= (ajuda)