Para diferenciar o dialeto usado no Brasil inicialmente daquele usado na Alemanha, em 1996 o linguista brasileiro Cléo Vilson Altenhofen denominou o falar brasileiro de Riograndenser Hunsrückisch (com referência ao estado do Rio Grande do Sul). Essa nomenclatura, porém, sofreu críticas de outros estudiosos, uma vez que o Hunsrückisch também é falado nos estados de Santa Catarina e do Paraná e em várias localidades do Espírito Santo. Ademais, na Alemanha, o dialeto é conhecido como francônio-renano ou francônio-moselano.[4]
História
Na Alemanha
O Hunsrückisch tem origem nos dialetos francônio-renano e francônio-moselano falados na região do Hunsrück, às margens dos rios Reno e Mosela, no oeste da Alemanha. A Alemanha, como Estado nacional, apenas se unificou em 1871, portanto o alemão padrão hoje existente era, até o século XIX, uma língua literária, criada por Martinho Lutero na sua famosa tradução da Bíblia. O povo alemão, no seu dia a dia, não usava o alemão padrão para se comunicar, mas diversos dialetos regionais.[5]
Até por volta de 1800, o alemão padrão foi principalmente uma língua escrita, na Alemanha. O alemão padrão era, muitas vezes, aprendido como língua estrangeira e tinha pronúncia incerta. Com o processo de unificação do país e com a alfabetização em massa da população, o alemão padrão passou a ser a língua usada pelos falantes dos diferentes dialetos, para se entenderem, embora os dialetos regionais tenham-se mantido nos lares.[6]
No Brasil
Com a imigração alemã no Brasil, no decorrer dos últimos dois séculos, os dialetos alemães também vieram a se estabelecer como línguas regionais. Porém, algo curioso aconteceu: enquanto na Alemanha o alemão padrão serviu para que os falantes de diferentes dialetos pudessem se comunicar, no Brasil - dada a ainda incipiente consolidação do alemão padrão à época do início da imigração -, esse papel foi desempenhado por um dialeto, o Hunsrückisch.[7] Existem duas hipóteses para esse fenômeno. A primeira porque a maioria dos imigrantes teriam vindo do Hunsrück, portanto seu dialeto predominou. A segunda porque o Hunsrückisch apresenta traços intermediários entre os diferentes dialetos alemães, portanto serviu como um coiné entre falantes de vários dialetos. O que se sabe é que os imigrantes alemães no Brasil eram provenientes de diversas partes da Alemanha, portanto, os brasileiros falantes de Hunsrückisch não necessariamente descendem de pessoas oriundas do Hunsrück.[7]
Nessas comunidades alemãs, o dialeto Hunsrückisch manteve-se, durante várias décadas, como a língua principal de comunicação. As colônias alemãs no Sul formaram-se, normalmente, em regiões de floresta despovoadas ou habitadas por índios, que foram expulsos para a chegada dos imigrantes. Devido a esse isolamento, os alemães conseguiram criar uma "ilha linguística", na qual o alemão era a língua principal, e não o português.[8] No início do século XX, havia centenas de milhares de teuto-brasileiros de segunda e de terceira geração que mal conseguiam falar o português. Essa diferenciação favorecia o sentimento de grupo minoritário, que se aliava à formação de instituições étnicas sólidas, como escolas, igrejas, associações sociais e uma imprensa em língua alemã. Todos esses elementos combinados promoviam um sentimento geral de "superioridade cultural".[9]
Em 1930, havia 2.500 escolas étnicas no Brasil. Dessas, 1.579 eram de imigrantes alemães.[10] Nessas escolas, as crianças aprendiam o alemão-padrão difundido na Alemanha. Esse isolamento linguístico e cultural foi combatido de forma agressiva pelo governo nacionalista de Getúlio Vargas, por meio da campanha de nacionalização. Todas as escolas alemãs no país foram fechadas, aniquilando o meio-escolar teuto-brasileiro. O alemão-padrão aprendido na escola foi, assim, eliminado, enfraquecendo muito o uso do alemão nos centros urbanos, o qual passou a ficar limitado à zona rural. Pessoas eram hostilizadas e agredidas caso falassem alemão na rua. A polícia fiscalizava a vida privada das pessoas, invadindo as casas para queimar livros escritos em alemão. Muitas pessoas foram presas pelo simples fato de falarem alemão. Em 1942, 1,5% dos habitantes de Blumenau foram encarcerados por falar alemão.[11][12][13] O fechamento das escolas fez com que as pessoas se apegassem cada vez mais ao dialeto alemão usado no dia a dia, distante do alemão-padrão.[8]
O censo de 1940 contabilizou 644.458 pessoas que usavam o alemão (qualquer variedade) como língua principal do lar, no Brasil. Dessas pessoas, apenas 59.169 eram estrangeiras e 5.083 brasileiras naturalizadas. A maioria dessas pessoas (580.114) era nascida no Brasil e já estava há pelo menos três gerações no país. Os falantes de alemão concentravam-se nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.[14]
Falantes de alemão no lar, por geração (censo de 1940).[14]
Com a campanha de nacionalização, muitos brasileiros de origem alemã passaram a ter vergonha e medo de serem "alemães". Devido ao trauma, muitos, por opção própria, não queriam mais falar alemão. Ao invés de alcançar a integração, a Nacionalização, ao proibir o alemão e pregar a discriminação, contribuiu para um maior isolamento, uma perda, temporária, do processo de integração.[8]
Historicamente, o governo brasileiro propagou a ideia de que o Brasil era um país homogêneo e monolíngue, e adotou medidas repressivas contra os falantes de línguas não portuguesa.[16] Por muito tempo, falar português era visto como uma condição para ser brasileiro.[17] O estigma em ser falante de Hunsrückisch existe até hoje. Muitos dos seus falantes acham que falam apenas um "dialeto" ou uma "língua misturada". Outros acham que falam um "alemão errado", uma vez que o alemão-padrão é aquele visto como a língua certa e culta. Em decorrência, muitos acham "inútil" aprender o Hunsrückisch pois, por ser diferente do alemão-padrão, não traria benefícios aos seus falantes.[18] Em decorrência, o alemão-padrão e o português são vistos como línguas necessárias, que trazem status e oportunidades, ao passo que o Hunsrückisch é encarado como uma língua menor.[7]
Pesquisas mostram que, em algumas comunidades de origem germânica no Brasil, os falantes de alemão são normalmente pessoas acima dos cinquenta anos de idade, já que a maioria dos jovens sabem pouco ou nada do idioma, o que representa uma perda cultural. Porém, nos últimos anos, através de um forte apelo de brasileiros germanófonos para a adoção da língua alemã como vernáculo oficial das cidades colonizadas por alemães, o município de Pomerode foi o primeiro a adotar a língua alemã como co-oficial no município.[19] O processo de vernaculação oficial do alemão deve se repetir nos próximos anos em todo município em que a maioria da população seja descendente de imigrantes alemães,[20] de forma que escolas públicas ensinem obrigatoriamente a língua alemã, e serviços públicos também sejam prestados em alemão.[19][21]
O processo de co-oficialização do alemão e, sobretudo, dos dialetos, além de resgatar o idioma, contribui para diminuir o estigma de ser falante de um alemão "errado", por ser diferente daquele usado na Alemanha nos dias de hoje.[22]
Atualmente, não se sabe ao certo quantas pessoas usam o alemão no Brasil pois, desde 1950, os censos nacionais eliminaram a pergunta sobre línguas.[23] Em 1970, Altenhofen estimou em 1.386.945 o número de falantes de uma variedade do alemão no Rio Grande do Sul. Em 1996, ele estimou que o número havia caído para entre 700.000 e 900.000 falantes. Damke, em 1996, estimou em mais de dois milhões de falantes de qualquer variedade da língua alemã no Brasil.[24]
Como a língua foi passada de geração em geração pela oralidade, muitas pessoas, cujos pais são falantes de Hunsrückisch, entendem mas não falam o idioma. Em Antônio Carlos (Santa Catarina), por exemplo, cidade de colonização alemã, apenas 10% da população consegue se expressar no idioma. Os falantes de alemão como primeira língua normalmente têm mais de 45 anos, refletindo um declínio do aprendizado entre os jovens.[25]
O Hunsrückisch falado no Brasil não é homogêneo, apresentando variedades internas. Os imigrantes que chegaram entre 1824 e 1850 eram provenientes de uma Alemanha na qual não havia uma unidade linguística padrão, tampouco a variedade escrita do alemão estava difundida no país. Portanto, esses imigrantes pioneiros trouxeram uma variedade enorme de dialetos para o Brasil, uma vez que poucos eram escolarizados. Diferentemente, os imigrantes que chegaram a partir da segunda metade do século XIX já eram provenientes de uma Alemanha onde a alfabetização se tornara mais democrática e, portanto, eles tinham maior acesso ao alemão-padrão ou Hochdeutsch.[7]
Portanto, houve uma divisão entre os grupos de alemães no Brasil: os imigrantes pioneiros, chegados entre 1824 e 1850, em decorrência da distância e da ausência da variedade escrita, passaram a falar um alemão cada vez mais distante daquele usado na Alemanha e o sentimento de ser alemão foi-se enfraquecendo. Por outro lado, os imigrantes que chegaram após 1850 eram falantes da variedade padrão, de maior prestígio social. Enquanto os primeiros transfiguraram-se em "teuto-brasileiros", os segundos eram os "alemães da Alemanha".[7]
Essa divisão entre imigração pioneira e tardia ainda pode ser observada hoje. No Rio Grande do Sul há duas grandes áreas linguísticas próprias: de um lado, nas colônias próximas a São Leopoldo, o alemão falado tem características mais dialetais (consubstanciado pelo uso da palavra Deitsch), ao passo que a oeste, a partir do vale do Taquari, o alemão falado é mais próximo da língua-padrão (área Deutsch). As colônias alemãs do oeste do estado são de fundação mais recente que as próximas a São Leopoldo, denotando que receberam imigrantes alemães já falantes do alemão-padrão.[7]
Estudos linguísticos
Em vista das diferenças entre o dialeto falado na Europa e o que é praticado no sul do Brasil, em 1996, Cléo Altenhofen cunhou o termo Riograndenser Hunsrückisch para a versão usada no Brasil. Porém, a mesma versão também é falada nos estados de Santa Catarina, do Paraná e em uma cidade do Espírito Santo, o que levou alguns estudiosos a criticar o termo "riograndenser".[4]
O Hunsrückisch tem base essencialmente germânica, a despeito dos vários empréstimos do português, e ainda se assemelha bastante ao falar usado na região alemã em que se originou. Porém, seu status é de língua brasileira que, ao lado de outras línguas de imigração e indígenas, fazem parte do patrimônio cultural imaterial do Brasil.[4]
O dialeto apresenta traços de alemão antigo, uma vez que as relações com a Alemanha foram cessadas e o contato com o alemão-padrão é praticamente nulo. Assim, o dialeto preservou muitas características do alto alemão médio. Com o tempo, algumas palavras absorveram outra assepsia, enquanto algumas poucas foram criadas, como "Schuppenschwein" (tatu), em vez de "Gürteltier".[4]
O Hunsrückisch absorveu muitas influências da língua portuguesa, sobretudo em contextos urbanos e entre jovens de classes sociais mais elevadas. Empréstimos de palavras do português existem sobretudo em relação a inovações tecnológicas que não existiam quando da imigração e em termos da fauna e da flora do novo meio.[7] Por exemplo, no Hunsrückisch, avião é aviong, em vez do alemão padrão Flugzeug; caminhão é kamiong, em vez de Lastwagen, e roça é rossa, em vez de Feld. Algumas expressões são traduções literais do português, como em "alles gut?" ("tudo bem?") no lugar do alemão wie geht`s.[27]
O sociólogo Emilio Willems listou 693 palavras emprestadas do português, muitas das quais ligadas ao ambiente rural típico dos colonos.
Exemplos da influência do português no Hunsrückisch[4]
Palavra no Hunsrückisch
Palavra no alemão
Palavra no português
Feschón
Bohnen
Feijão
Fakón
Buschmesser
Facão
Makák
Affe
Macaco
Onze
Jaguar
Onça
Karose
Leiterwagen
Carroça
Schuraske
Grill
Churrasco
Mule
Maltier
Mula
Past
Weide
Pasto
Schikót
Peitsche
Chicote
O Hunsrückisch é uma língua falada, que não tem escrita própria. Portanto, seus falantes sempre tiveram que recorrer ao português ou ao alemão padrão caso precisassem escrever algo. Objetivando criar um conjunto de normas que oriente uma escrita sistematizada do Hunsrückisch, o Instituto de Letras da UFRGS criou o Grupo de Estudos da Escrita do Hunsrückisch (ESCRITHU), o que possibilitará o aprendizado do idioma, inclusive em âmbito escolar.[28] Esse processo já aconteceu com a língua pomerana, outro falar germânico trazido pelos imigrantes, virtualmente extinta na Pomerânia histórica e hoje praticamente apenas falada no Brasil.[29] O pomerano hoje tem escrita própria e está sendo ensinado em escolas do Espírito Santo.[30]
O poema do alemão Peter Joseph Rottmann, Der Abschied (em português, 'O adeus'), publicado pela primeira vez em 1840, na Alemanha, tem como tema a separação de um casal, no contexto da primeira grande onda migratória - tema que penetrou esse segmento linguístico do sudoeste da Europa germânica, perdurando por várias décadas (ver, ao lado, a imagem do poema, no qual se utilizam marcadores numerais para "decifrar", em alemão clássico, algumas das formas dialetais peculiares do Hochdeutsch utilizadas pelo autor). No poema, o emigrante alemão Hannes (redução de Johannes) se despede de sua desconsolada namorada Liesekett (ou Elisabetha Katharina, na forma afetuosa), que permanecerá no Hunsrück, enquanto ele seguirá rumo ao Brasil (Brasilje) promissor, tropical e exótico, onde, segundo ela, ele terá que enfrentar víboras e símios, enquanto ela ficará sozinha e sofrente. Em resposta às preocupações dela, Hannes promete que haverá um reencontro feliz e permanente entre ele e ela, no futuro.
O documentárioLand Schaffen, de 2014, também é, na sua maior parte, falado em Hunsrückisch. O filme retrata o cotidiano de descendentes de alemães na zona rural do Rio Grande do Sul.[38]
↑«"Ia na escola alemã e de um dia pro outro fechou. E nós não sabíamos falar o português": refletindo sobre as políticas linguísticas em contexto de língua minoritária
«Os imigrantes alemães e a sua cozinha». Além de receitas tradicionais, a obra está repleta de terminologia dialetal da culinária teuto-brasileira (em português e alemão)
Finnish boxer Sten SuvioSuvio in 1943Personal informationBorn25 November 1911Hannila, Viipuri Province, Imperial RussiaDied19 October 1988 (aged 76)Helsinki, FinlandHeight170 cm (5 ft 7 in)Weight65–68 kg (143–150 lb)SportSportBoxing Medal record Representing Finland Olympic Games 1936 Berlin Welterweight Sten Stepa Suvio (born Schuschin, 25 November 1911 – 19 October 1988) was a Finnish boxer who won the welterweight contest at the 1936 Summer Olympics. ...
American 1915 single engine flying boat Model K Role Flying boatType of aircraft National origin United States of America Manufacturer Curtiss First flight January 1915 Primary user Imperial Russian Navy Number built at least 51 Developed from Curtiss Model F The Curtiss Model K, also known as the Model 4, was an American single-engined flying boat of World War I. It was an enlarged derivative of Curtiss's Model F and about 50 were built for export to the Imperial Russian Navy. Design an...
System for powering electric vehicles Bordeaux tramway with ground-level power supply Ground-level power supply, also known as surface current collection or, in French, alimentation par le sol (feeding via the ground), is a concept and group of technologies whereby electric vehicles collect electric power at ground level from individually-powered segments instead of the more common overhead lines. Ground-level power supply was developed for aesthetic reasons, to avoid the presence of overhead...
System of organs used for reproduction This article is about the reproductive system of all types of organisms, including humans. For information specific to humans, see Human reproductive system. Reproductive systemDetailsIdentifiersLatinsystemata genitaliaTA98A09.0.00.000TA23467Anatomical terminology[edit on Wikidata] The reproductive system of an organism, also known as the genital system, is the biological system made up of all the anatomical organs involved in sexual reproduction. Ma...
French racing driver Olivier PlaPla at the 2013 6 Hours of SilverstoneNationalityFrenchBorn (1981-10-22) 22 October 1981 (age 42)Toulouse (France)Le Mans Series (LMP2) careerDebut season2008Current teamQuifel ASM TeamRacing licence FIA PlatinumStarts10Wins2Poles3Fastest laps5Best finish1st in 2009Previous series20072005–07200420032001–022000Porsche Cup GermanyGP2 SeriesWorld Series by NissanFormula 3 Euro SeriesFrench Formula ThreeFormula Campus24 Hours of Le Mans careerYears2008–2...
UEFA Euro 1988 qualifyingTournament detailsDates10 September 1986 – 20 December 1987Teams32Tournament statisticsMatches played117[note 1]Goals scored287 (2.45 per match)[note 1]Top scorer(s) John Bosman (9 goals)[note 1]← 1984 1992 → International football competition UEFA European Qualifiers FIFA World Cup 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014 2018 2022 2026 UEFA European Championship 1960 1964 1968 1972 19...
Северный морской котик Самец Научная классификация Домен:ЭукариотыЦарство:ЖивотныеПодцарство:ЭуметазоиБез ранга:Двусторонне-симметричныеБез ранга:ВторичноротыеТип:ХордовыеПодтип:ПозвоночныеИнфратип:ЧелюстноротыеНадкласс:ЧетвероногиеКлада:АмниотыКлада:Синапси...
Carlo Stella Deputato della Repubblica ItalianaLegislaturaIV, V, VI, VII GruppoparlamentareDemocratico Cristiano CollegioTorino Sito istituzionale EuroparlamentareDurata mandato1979 –1984 LegislaturaI GruppoparlamentarePartito Popolare Europeo Dati generaliPartito politicoDC Professioneagricoltore Carlo Stella (Torino, 4 novembre 1910 – 23 dicembre 2000) è stato un politico italiano, esponente della Democrazia Cristiana, già parlamentare europeo e deputato...
حرب الاستقلال الأمريكية جزء من تاريخ الولايات المتحدة مع عقارب الساعة: استسلام اللورد كورنواليس عقب حصار يوركتاون، معركة ترينتون، مصرع الجنرال وارن في معركة بانكر هيل، معركة لونغ آيلاند، معركة غيلفورد كورت هاوس معلومات عامة التاريخ 19 أبريل 1775 – 3 سبتمبر 1783 تسببت في اتفاق...
بروفاري (بالأوكرانية: Бровари) بروفاري بروفاري خريطة الموقع تاريخ التأسيس 2 أغسطس 1630 تقسيم إداري البلد أوكرانيا [1] خصائص جغرافية إحداثيات 50°30′40″N 30°47′24″E / 50.511111111111°N 30.79°E / 50.511111111111; 30.79 المساحة 34 كيلومتر مربع الارتفاع 138 متر ا�...
Untuk presiden Nunavut Arctic College, lihat Daniel Vandermeulen. Daniel van der Meulen BiografiKelahiran4 September 1894 Laren Kematian24 September 1989 (95 tahun)Gorssel KegiatanPekerjaanpenulis, explorer, diplomat Penghargaan(1947) Patron’s Medal Daniel van der Meulen (Laren, Lochem, 4 September 1894 - Gorssel, Lochem, 1989) adalah diplomat, penjelajah, dan penulis Belanda. Ia bekerja untuk pemerintah Belanda di Hindia Belanda (kini Indonesia). Kemudian, ia menjadi konsul d...
American politician and naval officer (born 1958) For other people named Gary Peters, see Gary Peters (disambiguation). Senator Peters redirects here. For other uses, see Senator Peters (disambiguation). Gary PetersOfficial portrait, 2018United States Senatorfrom MichiganIncumbentAssumed office January 3, 2015Serving with Debbie StabenowPreceded byCarl LevinChair of the Senate Homeland Security CommitteeIncumbentAssumed office February 3, 2021Preceded byRon JohnsonChair of the...
Election for the lieutenant governorship of Nebraska 1932 Nebraska lieutenant gubernatorial election ← 1930 November 8, 1932 1934 → Nominee Walter H. Jurgensen Theodore W. Metcalfe Party Democratic Republican Popular vote 280,657 245,756 Percentage 52.2% 45.7% Lieutenant Governor before election Theodore W. Metcalfe Republican Elected Lieutenant Governor Walter H. Jurgensen Democratic Elections in Nebraska Federal offices Presidential elections 1868 1872 1876...
Voce principale: Società Sportiva Calcio Napoli. SSC NapoliStagione 1995-1996 Sport calcio Squadra Napoli Direttore tecnico Vujadin Boškov Allenatore Aldo Sensibile Amministratore unico Gian Marco Innocenti Serie A12º Coppa ItaliaSecondo turno Maggiori presenzeCampionato: Taglialatela (34)Totale: Taglialatela (35) Miglior marcatoreCampionato: Di Napoli (5)Totale: Di Napoli (5) StadioSan Paolo Abbonati19 005[1] Maggior numero di spettatori62 127 vs Juventus (18 febbr...
Office building in Manhattan, New York For other buildings called the New York Times Building, see New York Times Building (disambiguation). New York Times Building(2009)General informationTypeClassrooms and gymArchitectural styleRomanesque RevivalAddress41 Park Row, Manhattan, New YorkCoordinates40°42′42″N 74°00′22″W / 40.7118°N 74.0061°W / 40.7118; -74.0061Opening1889Renovated1904–1905OwnerPace UniversityTechnical detailsFloor count16Lifts/elevators4Des...