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Pintura de Lautrec mostrando uma dançarina de bolero, ritmo característico da música latino-americana.
A música da América Latina inclui os estilos musicais de todos os países nela inseridos e está distribuída em diversas variedades e estilos. As músicas do norte do México, a Habanera de Cuba, bem como as sinfonias de Heitor Villa-Lobos e os sons da Quena, uma flauta andina, são exemplos do estilo musical da América Latina. A música tem desempenhado um papel importante recentemente na política dessa região, sendo o movimento Nueva Canción um exemplo claro. A música latino-americana é bastante diversificada e tem como base a união por meio da origem comum dos idiomas: português e espanhol, no caso particular do continente americano, são os dialetos espanhol da América e português do Brasil. Em menor escala, as línguas crioulas derivadas dessas, como o crioulo haitiano.
A mistura de ritmos deriva do contato entre as culturas europeias, africanas e indígenas, sendo mais exploradas as duas últimas, onde em algumas regiões dentro de um mesmo país irá se pronunciar mais uma característica musical do que será influência da outra parte. A influência africana é a que predomina por todo o continente americano, incluindo os Estados Unidos. A habanera cubana, o jazz norte americano, a rumba e o bolero caribenho, além do samba brasileiro, são exemplos dessa influência.[1]
Características
Existem diversos estilos de músicalatino-americana, todos os quais nascem da mistura de elementos musicais europeus, africanos e indígenas. No passado, vários autores sugeriram posições extremas, como que a música latino-americana não receba a influência africana, ou ao contrário, que é puramente africana e necessita de elementos indígenas e europeus.
Embora em alguns lugares fica mais evidente a predominância de uma influência sobre outras. No Brasil, por exemplo, apesar de, como todos os outros países da América Latina, possuir raízes indígenas, pode-se identificar uma forte herança cultural Afro.
A Décima, uma maneira de compor canções de origem espanhola, onde há dez linhas com oito sílabas cada uma, era a base de muitos estilos hispânicos. A influência africana também é central nos ritmos latino-americanos, e é a base da Rumba Cubana, Bomba, Plena de Porto Rico, Cumbia Colombiana, Samba, Marimba Equatoriana e de vários estilos peruanos como o festejo, landó, panalivio, socabón, Son de los diablos, Toro Mata. No Peru, há regiões onde a influência musical africana se mistura com o cigano.
Exemplos disto estão por todo o norte e centro do país em ritmos de batidas como a zamacueca, a marinera e a resbalosa. Uma das mestiçagens musicais mais raras, é a influência africana que se nutre com a cultura da América Andina, dando origem a ritmos como o tondero, a cumanana e o vals peruano.
Outros elementos musicais africanos são mais prevalentes na música religiosa tradicional sincréticas e multifacetadas, como o candomblé e a Umbanda no Brasil[2] e a Santería cubana. A síncope, técnica musical em que é prolongado o som de uma nota do compasso, é outra característica da música latino-americana. A enfatização africana no ritmo também é uma herança e se expressa mediante a primazia dada aos instrumentos de percussão. Existe até mesmo a criação de instrumentos musicais dado o contato com a cultura Afro, como o berimbau, o afoxé e o agogô que no Brasil vieram dessa contribuição.[3]
O estilo de chamada e resposta é comum na África e também está presente na música da América Latina.
Música indígena
Sabe-se muito pouco sobre a música durante a América pré-colombiana. E ainda existem povos isolados na Bacia Amazônica e em outros países que tiveram pouco contato com os europeus ou africanos.
A música latina é quase inteiramente uma síntese dos africanos e dos ameríndios, com contribuições europeias devido a formalização na época Colonial no quesito musical. As populações afro e indígenas não possuíam o rigor da "erudição" europeia e não estariam permitidas a tal.[4] As avançadas civilizações da época de pré contato foram as dos ImpériosMaia, Asteca e Inca.
As antigas civilizações mesoamericanas dos Maias e Astecas tocavam instrumentos entre os quais são incluídos o tlapitzalli (espécie de flauta), o teponatzli (espécie de tambor de madeira), uma espécie de trompete feita de caracola, vários tipos de guizos e o huehuetl (espécie de timbal). Os primeiros escritos espanhóis indicavam que a música asteca era inteiramente religiosa, era executada por músicos profissionais; alguns instrumentos eram considerados sagrados, os músicos que cometiam erros nas execuções eram castigados, pois esses erros eram considerados uma ofensa aos deuses.
Algumas representações pictóricas indicam que a apresentação em conjuntos era bastante comuns. Instrumentos similares se encontravam entre os Incas, quem tinham como instrumentos uma ampla variedade de ocarinas e zampoñas.
A música indígena do Equador, do Peru e da Bolívia tendem ao uso proeminente de instrumentos de sopro, elaborados geralmente em madeira e no formato de bastões, como também a partir de ossos animais. O ritmo é usualmente mantido com tambores de madeira cobertos com couro. Também estão acompanhados de instrumentos com estilo de guizos feitos de casco, seixo ou sementes. Instrumentos de corda de origem europeia e mediterrânica devem ter sofrido adaptações locais, e assim nascendo o charango e o bandolim.
Origens
A chegada dos europeus marcou o início da mistura da música latino-americana, pela difusão com os indígenas, e logo após, pela escravização do povo Africano. Nessa época, partes da Espanha e Portugal estavam controladas pelos mouros do Norte da África, quem tolerava a coexistência de diversos grupos étnicos. Estes grupos, como os ciganos, os judeus, os espanhóis e portugueses cristãos, cada um tinha seus próprios estilos de música, tal como os mouros. Muitos instrumentos musicais dos mouros foram adotados na Espanha, por exemplo, e o estilo de canto nasal norte-africano e frequente uso da improvisação se espalhou por todos os povos da Península ibérica, assim como o canto cigano característico da música cigana. Da Europa Continental, a Espanha adotou a tradição francesa dos trovadores, a qual no século XVI foi parte importante da cultura espanhola. Desta herança se manteve o formato da composição lírica da décima, a qual se mantém como parte fundamental da música latino-americana, estando presente nos corridos, boleros e vallenatos.
Alguns povos modernos da América Latina são essencialmente africanos, como os garifunas da América Central. A sua música reflete seu isolamento em relação à influência europeia. Vemos também no Brasil a predominância Africana de ritmos como o samba, choro, pagode, partido alto, axé , maracatu, samba de roda (variação nordestina) e até mesmo a bossa nova que é um estilo elitizado do samba com a fusão do jazz. Ou seja, em sua maioria musical de estilo popular nascido naquele território.
O Brasil é um país extenso geograficamente e diverso nos aspectos culturais. Possui uma vasta história de desenvolvimento da música popular, que abarca desde uma inovação do início do século XX, final do século XIX com o choro, o samba, o partido alto até a Música Popular Brasileira (MPB) e o tropicalismo. No entanto, com grande participação negra, a música popular desde fins do século XVIII começou a dar sinais de formação de uma sonoridade caracteristicamente brasileira de uma forma geral na maioria dos estilos musicais Brasileiros. "Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais" [3]
A bossa nova[5] por exemplo, que é a mistura do samba com jazz são internacionalmente conhecidos. A bossa nova foi uma tentativa de "desmarginalizar" o samba que sofria preconceito porque era apreciado pelos pobres e por negros em sua maioria. Vinicius de Moraes foi um grande precursor deste estilo além de Tom Jobim entre outros grandes nomes. O samba é uma consequência do choro, outro estilo musical marcado pela marginalização, o choro surgiu no final do século XIX. [6][7] Pela década de 60, fim dos anos 50, a bossa nova apareceu e no entanto, mesmo sem almejar contribuiu para enfatizar ainda mais essa segregação social, onde o samba era para os pobres e a bossa nova para a classe média dentro do âmbito Nacional.[4][8]
O surgimento do partido alto[9], do pagode[10] no Rio de Janeiro se espalhou pelo País , e ao nordeste o maracatu[11] de Pernambuco, o samba de roda[12] e o axé music[13] e o samba-reggae da Bahia. No sul, além de outros ritmos, há o vanerão[14] gaúcho que vem de origem afro-latina cubana da habanera. No Centro Oeste do País a popularização da música caipira proveniente em 1910 quando ainda em época de desbravamento do País pelo movimento bandeirismo, onde os bandeirantes fixavam-se em roças criando assim a cultura caipira no Brasil.[15][16]
Na música clássica, contudo, aquela diversidade de elementos se apresentou até tardiamente numa feição bastante diferenciada, acompanhando de perto - dentro das possibilidades técnicas locais, bastante modestas se comparadas com os grandes centros europeus ou como os do México e do Peru - o que acontecia na Europa e em grau menor na América espanhola em cada período, e um caráter especificamente brasileiro na produção nacional só se tornaria nítido após a grande síntese realizada por Villa Lobos, já em meados do século XX.
A música do Chile reúne tanto o espírito dos aborígenes andinos do Altiplano quanto os ritmos coloniais espanhóis, contudo a música chilena não envolve uma grande diversidade musical tal como outros países latino-americanos. Desta maneira, é possível evidenciar quatro grandes tendências.
"Música do Grande Norte", que tem grande semelhança com a música do sul do Peru e oeste da Bolívia, e é normalmente chamada de "Música Andina". Esta música reflete o espírito dos povos indígenas da Bolívia, onde o movimento musical da Nueva canción surgiu a partir de meados do século XX e ainda perdura como ritmo típico do país, sendo, provavelmente, a música chilena mais conhecida fora do Chile.
"Música do Vale Central", que é quase que diretamente derivada da Espanha, chegou através do Vice-Reino do Peru. Aqui ele pode ser encontrado a cueca (dança nacional oficial chilena[17]), Tonada, Refalosa, Sajuriana, Zapateado, Cuando e Vals.
"Música do Sul" é a música mais complexa para estudar, já que tem influência direta da Espanha, sem escalas, e misturada aos sons dos povos aborígenes, entretanto evoluiu em grande parte nos centros culturais de Santiago ou Lima. Nesta área encontram-se Cueca Chilota, Sirilla, Zamba-Refalosa.
"Música da Polinésia Chilena" é a música dos rapanuis.
A cueca é a dança nacional oficial chilena. Seu estilo é derivado da zamba cueca peruana. A dança representa a conquista e o desejo amoroso de uma mulher por um homem, e está presente no oeste da América do Sul desde a Bolívia até a Argentina e a Colômbia, tendo suas variações de acordo com a região e a época.
A cueca chilena pode ser distinguida em:
Cueca nortina: A principal diferença é que a música não é cantada, somente instrumentada.
Cueca chilota: Os passos são mais curtos e a voz do cantor tem mais importância sobre os instrumentos.
A cúmbia é originalmente um estilo colombiano de música popular, amplamente exportado para o resto da América Latina, especialmente para o Peru, o México, o Chile e a Argentina. O vallenato e a champeta também são outros ritmos típicos do país. A cúmbia está relacionada a outros estilos da regiãolitorâneaatlântica colombiana, como porro, puya e bullerengue, comumente resultantes duma mistura de influências negras, ameríndias e espanholas.
Cuba produziu muitos dos estilos musicais mais difundidos pelo mundo, assim como um número importante de músicos renomados numa diversidade de ritmos, entre os que se pode citar estão o Canto Novo, Cha-cha-chá, o mambo, a Nueva Trova Cubana e o son cubano.
Equador
No Equador, há três correntes de estilos musicais. Entre a música clássica, encontra-se pasillo, passacaglia, yaraví, sanjuanito, tonada e bomba del Chota. A música indígena é a comumente chamada de "andina", enquanto que a música negra é caracterizada pelo uso da marimba.
Guatemala
A Guatemala é um país rico em música, pois foi o centro da cultura maia. Logo se mesclou com a música europeia. Possui dois ritmos musicais conhecidos: o son e a guarimba. O instrumento nacional é a marimba, declarado como símbolo da pátria. Também possui outros instrumentos característicos como tun, chirimía, aparazón de Tortuga.
A rica música do Haiti é o resultado da mistura de sons africanos e europeus mais as influências musicais cubanas e dominicanas. Os estilos mais notáveis são a Kompa e o Zouk.
A música peruana é bastante rica e diversa. No litoral peruano encontra-se ritmos como landó, zamacueca (que deu origem à cueca chilena e à zamba argentina), festejo, panalivio, cumananas e socabones (este está entrando em decadência), todos estes são de origem africana. Existem também tondero; a marinera norteña, caracterizada pela dança de cortejo, movimentos rápidos e livres, sendo sua execução bastante complexa; a marinera limeña, esta marinera é mais recatada. As valsas crioulas, mais conhecidas internacionalmente como valsas peruanas, são também importantes partes da música costeira. Na serra são encontrados huaino, yaraví, muliza e instrumentos utilizados na música da serra peruana são os diversos tipos zampoñas/sikus/antaras, quenas, cornos andinos, violinoandino, a harpa e, inclusive, o saxofone, na cidade de Arequipa onde uma mistura de marinera, huayno e vals se torna num gênero chamado de pampeña. Por sua vez, a música da selva peruana está muito ligada às suas danças alegres, que geralmente é tocada com um tipo de flauta e tambores. Na realidade são muito tipos de música envolvidos neste pais.
A bomba, plena,ximbalimba, hendahenga são populares em Porto Rico há muito tempo, enquanto o reggaetón é uma invenção relativamente recente. O reggaeton é uma forma de músicacontemporâneaurbana, que costuma combinar outros estilos musicais latinos, mais comumente com salsa e bachata.
O Merengue tem sido popular na República Dominicana por muitas décadas e é uma espécie de símbolo nacional. A bachata é mais recente e, mesmo derivada da música rural do país, evoluiu e cresceu em popularidade nos últimos 40 anos.
Quebeque
O estilo musical da província canadense de Quebeque, localizada na América do Norte mas que por motivos históricos fez parte do Império Francês, também pode ser considerada parte da música latino-americana, ainda que esteja muito influenciada pela música levada pelos franceses e, assim, se assemelhe muito com ela.
A música do Uruguai mais do que outros não reconhecem as fronteiras políticas, muitos ritmos partilham com os seus vizinhos: ao norte e ao leste pelo Brasil, a oeste e em todo o Rio da Prata, da Argentina, e mesmo com o Paraguai, já que a cultura guaranítica atravessa as províncias do litoral argentino e chega à banda oriental. Assim aparecem os gêneros musicais compartilhadas como milonga, gato, estilo, litoraleña, pericón, cifra, chamarrita, vidalita, rasguido doble, triste, cielito, maxixa, xote, polca, chico zapateado, etc., mas a música do Uruguai também tem ritmos que são únicos, como o candombe montevideano e a murga uruguaia, que teve seu apogeu no Carnaval uruguaio. E tal como em algum momento apareceu o candombe em Buenos Aires, mas com um alcance limitado, existe o tango em Montevidéu, com um desenvolvimento independente da Argentina.[18]
Venezuela
O llanero é um estilo musical popular da Venezuela originado nos Llanos. Ritmos como a gaita zuliana e o joropo também são típicos do país.
A Nueva Canción ("Nova Canção", na língua portuguesa) é um movimento musical latino-americano desenvolvido pela primeira vez no Cone Sul durante as décadas de 1950 e 1960, mas que logo estendeu-se para a América Central. Combina música popular tradicional e acordes roqueiros, com letras frequentemente progressistas e politizadas. Obteve grande popularidade e pode-se considerá-la como precursora do rock em espanhol.
↑«Todo tango». Consultado em 17 de janeiro de 2009. Arquivado do original em 4 de fevereiro de 2010
Bibliografia
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Música latina», especificamente desta versão.
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Latin American music», especificamente desta versão.
MORALES, Ed. Da Capo Press, ed. The Latin Beat. 2003. [S.l.: s.n.] ISBN0-306-81018-2
NETTL, Bruno. Prentice-Hall, Inc, ed. Folk and Traditional Music of the Western Continents. 1965. [S.l.: s.n.] ISBN0-13-323247-6
STEVENSON, Robert. Thomas Y. Crowell Company, ed. Music in Mexico. 1952. [S.l.: s.n.] ISBN1-199-75738-1, citado em Nettl, p. 163.