Isabel foi a segunda filha de Eduardo Farnésio, Príncipe Hereditário de Parma e da condessa Doroteia Sofia de Neuburgo. As mortes sucessivas de seu irmão mais velho, Alexandre Inácio em 1693 e de seu pai em 1693 deixaram-na como a terceira na linha de sucessão ao Ducado de Parma e Placência, sendo precedida unicamente por seus tios, Francisco (que se tornaria seu padrasto em 1696) e Antônio Farnésio, que reinaria com a morte do irmão e morreu sem descendência. Tal fato não só converteu Isabel na única e legítima herdeira das propriedades dos Farnésio, como também dos bens da família Médici (via sua bisavó Margarida de Médici), uma vez que a família extinguiu-se em 1743.
Em 24 de dezembro de 1714, Isabel Farnésio casou com o rei Filipe V da Espanha, viúvo da princesa Maria Luísa de Saboia. Ela tinha vinte e dois anos, Filipe quase trinta e um.
Isabel Farnésio era filha de Eduardo Farnésio, Príncipe Hereditário de Parma e Doroteia Sofia de Neuburgo. Ela não era dotada de beleza, devido ao seu rosto ter sido parcialmente desfigurado pelos sinais da varíola que contraiu na infância, todavia conseguiu permanecer atraente. Ela tinha um caráter firme, resoluto e ambicioso; os autores da época também elogiaram sua perspicácia e inteligência.[1] A rígida educação a que sua mãe a submeteu não mudou seus aspectos de caráter.
O casamento foi celebrado, por procuração, em Parma, com a habitual suntuosidade da corte, no dia 25 de agosto. O Papa, como garantia de sua simpatia pela Espanha, sua futura pátria, concedeu a ela a Rosa de Ouro. A rainha foi acompanhada à Espanha pelo próprio Alberoni. Durante a jornada, talvez influenciada também pelo futuro cardeal, Isabel decidiu dispensar a princesa de Ursinos, de modo a ser a única a ter influência sobre o rei.[2]
Rainha da Espanha
Nos primeiros anos de seu reinado, ela foi muito bem aconselhada por Alberoni e seu padrasto Francisco Farnésio, duque de Parma. Graças a suas sugestões, ela conseguiu dominar o caráter indeciso de seu marido, que nunca contestou nenhuma de suas decisões, conferindo considerável peso político à Espanha do século XVIII. Enquanto isso, por vontade Farnese, Alberoni subiu à dignidade de cardeal e em 1716 ele foi nomeado primeiro-ministro.
A influência da rainha sobre o rei levou a política ibérica a voltar-se para as antigas possessões espanholas na Itália, perdidas na Guerra da Sucessão Espanhola e resultando na ocupação da Sardenha e da Sicília. No entanto a aliança quádrupla entre França, Áustria, Grã-Bretanha e Holanda, pôs fim às suas ambições. O exército espanhol foi derrotado pelos franceses e a frota foi afundada pelos britânicos na costa de Capo Passero, na Sicília. A paz firmada pelo Tratado de Haia em 1720, resultou na retirada espanhola da Sardenha e da Sicília e a renúncia as reivindicações sobre os reinos da península itálica. No entanto, o mesmo tratado estabeleceu que o Ducado de Parma e Placência, no caso de falta de herdeiros dos Farnésio, o trono ducal seria herdado por Carlos, filho mais velho de Isabel. Além disso, via sua bisavó Margarida de Médici, Isabel também era herdeira dos Médici e o Grão-duque da Toscana, não tinha filhos, assim, os filhos de Isabel poderiam reivindicar a Toscana com plenos direitos. Todavia, posteriormente, a Áustria acabaria dominando Parma e Toscana.
Em 1724, Filipe V, cansado de governar, abdicou em favor de Luís, filho nascido de seu primeiro casamento, e retirou-se para o Palácio de San Ildefonso, no entanto, sete meses depois, seu enteado morreu, e Isabel convenceu o marido a retomar o trono e conseguiu direcionar a política espanhola mais uma vez, especialmente nos últimos anos de Filipe, quando o rei perdeu a maior parte de suas faculdades mentais.
Após a morte de Filipe, a quem Isabel sobreviveu por mais vinte anos, a rainha teve que esperar a morte de seu outro enteado antes de ver seu filho mais velho, Carlos, subir ao trono da Espanha, que nesse meio tempo (devido em grande parte a intervenção de sua mãe), já reinava em Parma, Nápoles e Sicília.[3]
Frederico II da Prússia, seu contemporâneo que a conhecia bem, disse sobre ela: "O coração energético de um romano, o orgulho de um espartano, a pertinência de um inglês, a astúcia de um italiano, a vivacidade de um francês contribuíram para formar essa mulher singular. Ela caminha ousadamente para a realização dos seus projetos; não há ninguém que possa surpreendê-la, ninguém que possa detê-la."
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em italiano cujo título é «Elisabetta Farnese», especificamente desta versão.
Bibliografia
A. Drago, I Borboni di Spagna e Napoli, Milano 1973.
G. Drei, I Farnese. Grandezza e decadenza di una dinastia italiana, La Libreria dello Stato, Roma 1954.
G. Fragnito (a cura di), Elisabetta Farnese. Principessa di Parma e regina di Spagna, Roma 2009.
T. Lavalle-Cobo, Isabel de Farnesio, Madrid 2002.
M. Mafrici, Fascino e potere di una regina, Cava de' Tirreni 1999.
E. Nasalli Rocca, I Farnese, Dall'Oglio editore, Milano 1969.
M. Solari, "Elisabetta, l'ultima Farnese, regina di Spagna", Lir Editore, Piacenza, 2016.
Observação: Em 5 de março de 1860 o Ducado de Parma e Placência passou, mediante plebiscito, ao Reino da Sardenha. Portanto pessoas nascidas a partir de 1860 (14a. geração, nesta lista) não possuem formalmente títulos relacionados ao ducado. A constituição da República Italiana promulgada em 22 de dezembro de 1947 aboliu definitivamente todos os títulos de nobreza.