O historiador Pierre Luz o definira desta maneira: "Francisco de Assis pertence a esta categoria de homens bem determinados, que somente se encontra um representante ilustre da Casa de Bourbon, o irmão de Luís XIV. Pequeno, delgado, de gesto efeminado, de voz esganiçada e andar de boneca mecânica. Na intimidade o povo o chamava de Paquita, Doña Paquita, Paquita Natillas o Paquito Mariquito. Ele gostava dos banhos, dos perfumes, das joias e das telas finas."[2]
Consorte de Espanha
Com a junção de política e dinastia, Francisco foi forçado a unir-se em matrimônio com a sua prima, a jovem rainha Isabel II de Espanha. Eles eram primos em primeiro grau, porque seus pais, o Infante de Espanha Dom Francisco de Paula e o Rei Fernando VII de Espanha, eram irmãos. A escolha de Francisco como cônjuge de Isabel II foi descartada após novas nomeações; o marido da rainha devia pertencer à aristocracia mas não deveria estar na linha de sucessão a tronos de outras Casas reais.
O governo de Isabel II e Francisco de Assis foi uma disputa eventual, ao qual foram acrescentadas as intrigas constantes, esquemas, conspirações, tramas e uma variedade de truques com a única finalidade de usurpar a coroa. Rimas e piadas são bem conhecidas à custa da suposta homossexualidade do rei, que foi apelidado de "Paquita" - algumas das quais foram publicadas em panfletos e jornais oficiais da época e que sobreviveram até aos dias de hoje.
A alusão ao rei urinar sentado é baseada em dados reais, porque Francisco de Assis sofreu de hipospádia,[4] uma malformação da uretra: não tinha nenhum furo de saída da glande, porém no eixo, e isso impediu-o de urinar de pé.
Por motivos óbvios e também devido à sua impulsividade, a rainha viveu romances sucessivos que ajudaram a azedar o clima político, especialmente após a Revolução de 1868 (La Gloriosa). Enquanto escritores contemporâneos tentavam compreender a vida pessoal da rainha num casamento infeliz e cheio de pressões na vida palaciana, os políticos da oposição tomaram esta circunstância para usá-la como uma arma. O mito é construído sobre uma rainha ninfomaníaca, ridicularizando a soberana e colocando-a mais longe de seu povo.[5]
Da mesma forma, o fanatismo religioso extremo da rainha Isabel, sob a influência de sua mentora espiritual, a Irmã Patrocínio de São José, bem como questões políticas, contribuíram de uma forma ou de outra para difamar e desacreditar o reinado de Isabel II.
Tendo que resistir, de enfrentar e lidar com a revolução de 1854, o Rei conseguiu salvar seu trono para chamar de volta o governo do general Baldomero Espartero. Mas em 1856, Francisco e Isabel II sentiam-se muito seguros no trono, com o apoio de Leopoldo O'Donnell.
Exílio e restauração da monarquia
No dia 7 de julho de 1868 começa a Revolução espanhola, conduzida, dirigida e comandada por Juan Prim e Antônio de Orléans, Duque de Montpensier, com o único propósito de destituir e usurpar a coroa de Isabel II, embora os reis fossem parentes de sangue do Duque. A família real foi para o exílio, estabelecendo-se em Paris. Em 1870, Isabel IIabdicou a favor de seu filho o futuro Rei Afonso XII de Espanha.
Restaurada a monarquia, durante o reinado de seu filho Afonso XII, Francisco de Assis de Bourbon voltou a Espanha e se estabeleceu no Palácio de Riofrio, na Segóvia. Ele morreu na França, em 17 de abril de 1902, e foi sepultado quatro dias depois, no Mosteiro e Sítio do Escorial, ao lado de sua esposa, a rainha Isabel II.
Descendência
Do casamento com sua prima Isabel nasceram doze crianças, mas somente cinco delas sobreviveram. Seus filhos foram:[6]
Luís Fernando de Bourbon (20 de maio de 1849), natimorto.