A Estação Ferroviária do Tua é uma interface da Linha do Douro, situada no concelho de Carrazeda de Ansiães, em Portugal. Foi inaugurada em 1 de Setembro de 1883,[3] serviu de entroncamento com a Linha do Tua (via estreita) desde 29 de Setembro de 1887 até 2008, ano em que foi desactivado o troço desta linha entre Tua e Cachão.[4]
Descrição
Localização e acessos
Esta gare situa-se na antiga freguesia de Castanheiro, com acesso pela Rua da Estação.[5][6]
Infraestrutura
O edifício de passageiros situa-se do lado norte da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Barca d’Alva).[7][8] Em Outubro de 2004, esta interface apresentava a classificação E da Rede Ferroviária Nacional (Estação),[9] classificação que se mantinha em 2012.[10]
Esta interface apresenta três vias de circulação, identificadas como I, II, e III, com comprimentos de respetivamente 266, 274, e 363 m; as duas primeiras são acessíveis por plataformas com comprimentos de 94 e 190 m, ambas com altura de 685 mm; existem ainda duas vias secundárias, identificadas como Topo G1 e Topo G6, com comprimentos de 110 e 96 m.[2]
Em Janeiro de 2011, existia neste interface um sistema de informação ao público e de abastecimento de gasóleo, prestado pela Rede Ferroviária Nacional.[11]
Entre 1876 e 1878, a Associação dos Engenheiros Civis apresentou três grandes planos onde foi proposta a construção de várias linhas férreas, tendo o primeiro alvitrado a continuação da Linha do Douro até ao Pocinho, de onde viraria até Sul para se ligar à Linha da Beira Alta em Vila Franca das Naves.[13] Do Pocinho sairia uma outra via férrea que seguiria parcialmente o vale do Rio Sabor até Bragança.[13] No segundo plano, de Fevereiro de 1877, já surge o vale do Rio Tua como corredor alternativo ao do Sabor, e no terceiro, apresentado em Agosto desse ano, deu-se preferência ao percurso pelo Tua, com passagem por Mirandela e Macedo de Cavaleiros.[13] Nesta altura, apenas o lanço até ao Pinhão estava a ser construído, mas já se planeava o seu prolongamento até Foz-Tua, e uma lei de 23 de Junho de 1880 ordenou o prolongamento da via férrea até à fronteira com Espanha em Barca de Alva, permitindo a continuação das obras.[13] Assim, em 1 de Setembro de 1883, foi aberto à exploração o lanço entre o Pinhão e Foz-Tua,[14] ficando esta última estação como terminal provisório da Linha até à entrada ao serviço do troço seguinte, até ao Pocinho, em 10 de Janeiro de 1887.[15]
Em 1882, foi aberto o concurso para Linha do Tua, de via estreita, entre Foz Tua e Mirandela[16] O primeiro troço da Linha do Tua, entre esta estação e Mirandela, foi inaugurado em 27 de Setembro de 1887, tendo sido organizado um comboio especial para a cerimónia.[17] Este troço só abriu à exploração 2 dias depois,[18] pela Companhia Nacional de Caminhos de Ferro.[19]
Século XX
A estação de Tua foi servida pelo Comboio Porto-Medina, que circulou cerca de 1904 até ao princípio da Primeira Guerra Mundial, em 1914, unindo a Estação de Porto - São Bento a Medina del Campo.[20] De forma a dar ligação a este serviço, a Companhia Nacional de Caminhos de Ferro criou um comboio rápido de Bragança a Tua.[20] O Porto-Medina foi reatado em 1919, mas foi pouco depois foi definitivamente cancelado, devido à falta de combustível.[20] Outro motivo para o cancelamento deste comboio foi a reduzida procura além da Régua, devido à falta de coordenação com as diligências e autocarros nas estações, incluindo Foz-Tua.[21]
Em 1913, existiam carreiras de diligências entre Carrazeda de Ansiães e a estação ferroviária de Tua.[22]
Em 1932, estava planeada a construção de uma ponte rodoviária sobre o Rio Tua, que se previa que iria facilitar o acesso de vários concelhos do Distrito de Vila Real à estação de Foz-Tua.[23] Entre as obras aprovadas pela Junta Autónoma das Estradas para o exercício de 1934 a 1935, estava a execução de terraplanagens e da camada de fundação no troço de estrada entre esta estação e a margem esquerda do Rio Tua.[24] Em 1935, a Companhia Nacional realizou obras de conservação nas habitações do pessoal da estação,[25] e em 1939 reparou os dormitórios do pessoal do Serviço do Movimento e Tracção.[26] Em 1 de Novembro de 1949, já tinham sido distribuídos os novos carris de 40 kg/m, para a renovação da via entre Chanceleiros e Foz-Tua, de forma a aumentar a velocidade dos comboios naquele troço.[27]
Em meados do século XX, a maior parte do movimento na Linha do Douro processava-se até Foz-Tua, enquanto que o troço desde esta estação até Barca de Alva apresentava uma procura muito menor, devido principalmente à falta de acessos às estações, uma vez que as únicas gares servidas por estradas naquele troço eram as de Foz-Tua, Pocinho e Barca d’Alva.[28] Em Setembro de 1955, foram feitas viagens especiais de Foz-Tua a Bragança e no sentido inverso, para experimentar uma nova classe de automotoras.[29]
A estação do Tua foi um importante ponto de embarque de produtos agrícolas.[30]
Ligações planeadas a outras linhas
Em 1917, estava prevista a construção de um caminho de ferro entre Foz-Tua e Viseu, de forma a ligar a Linha do Tua à Linha do Dão, igualmente de bitola métrica e gerida pela Companhia Nacional,[31] e à rede do Vouga.[32]
Século XXI
Em 2008, foi suspensa a circulação ferroviária no troço entre Foz-Tua e Cachão, após um acidente.[4]
Em Agosto de 2009, ocorreu um incêndio nesta estação, destruindo duas carruagens do tipo Napolitano (em bitola métrica) e danificando parte do armazém de mercadorias.[33]
Em Janeiro de 2011, esta interface contava com três vias de circulação, com 348, 641 e 633 m, e duas plataformas, que apresentavam 114 e 99 m e 35 cm,[11]valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[2]
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↑«Efemérides»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1232). 16 de Abril de 1939. p. 221-223. Consultado em 21 de Outubro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
JACOB, João Manuel Neto; ALVES, Vítor Simões (2010). Bragança: Roteiros Republicanos. Col: Roteiros republicanos, 15. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A., e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 127 páginas. ISBN978-989-554-722-7A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
SERRÃO, Joaquim Veríssimo (1986). História de Portugal: O Terceiro Liberalismo (1851 - 1890). Volume 9 de 19. Lisboa: Verbo. 423 páginas
VIEGAS, Francisco José (1988). Comboios Portugueses: Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas