Foi inaugurada em 21 de Maio de 1875, como parte do lanço da Linha do Minho entre Porto e Nine.[4] Em 30 de Julho desse ano, entrou ao serviço o primeiro lanço da Linha do Douro, ligando Ermesinde a Penafiel.[5] Na década de 1930, a estação foi alvo de grandes obras de remodelação, devido à planeada ligação ao Porto de Leixões,[6] destacando-se a instalação da sinalização eléctrica[6] e a construção da torre de sinalização.[7] Em 18 de Setembro de 1938, abriu à exploração a Linha de Leixões, entre Contumil e Leixões, incluindo desde logo a Concordância de São Gemil, entre Ermesinde e São Gemil.[8] A estação conheceu profundas obras de modificação a partir da década de 1990, no âmbito de um programa de modernização das linhas suburbanas do Porto, que incluiu a electrificação da linha férrea.[9]
Aproximações à Estação de Ermesinde.
Descrição
Localização e acessos
Esta interface tem acesso pelo Largo da Estação, na localidade de Ermesinde.[10]
Infraestrutura
Esta interface apresenta dez vias de circulação (I, II, III, IV, V, VII, VIII, IX, X, e XI) com comprimentos variando entre 212 e 603 m, metade das quais (de I a V) acessíveis por plataformas iguais, todas com 301 m de extensão e 70 cm de altura; existem ainda duas vias secundárias (VI e G3), com comprimentos de 210 e 88 m, respetivamente; todas estas vias estão eletrificadas em toda a sua extensão.[2]
Nesta estação a Linha do Douro entronca na Linha do Minho no lado direito do seu enfiamento descendente, bifurcando-se a via para nordeste e possibilitando percusos diretos Campanhã-Marco; igualmente aqui a Linha de Leixões entronca na Linha do Minho no lado direito do seu enfiamento ascendente, bifurcando-se a via para sudoeste e possibilitando percusos diretos Lousado-Leixões. Fruto desses entroncamentos, esta estação é um ponto de câmbio nas características da via férrea e do seu uso:
Ermesinde enquanto limiar de tipologia ferroviária:[2]
A estação de Ermesinde encontra-se no troço da Linha do Minho entre Porto - São Bento e Nine, que foi aberto à exploração, em conjunto com o Ramal de Braga, em 21 de Maio de 1875.[4][13]
Os trabalhos de construção da Linha do Douro começaram em 8 de Julho de 1873, tendo o primeiro lanço, entre Penafiel e Ermesinde, entrado ao serviço no dia 30 de Julho de 1875.[14]
O edifício de passageiros original situava-se do lado nascente da via (lado direito do sentido ascendente, para Monção).[15][16] Em 1883, foi instalado um alpendre metálico, construído pela Companhia Aliança.[17]
Desde meados do século XIX que se começou a estudar uma ligação ferroviária ao futuro Porto de Leixões, tendo surgido duas correntes de opinião, uma apoiando o prolongamento do Ramal da Alfândega até Matosinhos, e a outra defendendo que a via férrea deveria ser feita de raiz, e que deveria começar num ponto da Linha do Minho a Norte da cidade do Porto.[19] A comissão técnica responsável pela construção do Porto de Leixões aconselhou esta última opção, com o ponto de bifurcação em Ermesinde, uma vez que desta forma ficaria com uma ligação directa tanto à Linha do Minho como à do Douro, além que o ramal ficaria em melhores condições técnicas do que saindo pela Alfândega.[19] No entanto, a Associação Comercial do Porto discordou desta posição, com receio que com o afastamento da ligação ferroviária a Leixões a cidade perdesse alguma importância económica, pelo que assim foi aprovado o prolongamento do Ramal da Alfândega.[19] Em 1897, foi apresentado o projecto de Justino Teixeira para este caminho de ferro, que no entanto foi rejeitado pelo Conselho Superior de Caminhos de Ferro por ser demasiado dispendioso.[19] O Conselho sugeriu que a linha para Leixões se iniciasse num ponto da Linha do Minho entre Campanhã e Rio Tinto, em Contumil.[19] Além de servir como bifurcação para a nova linha, a estação de Contumil também iria apoiar Campanhã como depósito, triagem de vagões e resguardo de comboios de mercadorias, funções que então eram desempenhadas na estação de Ermesinde, embora em más condições, devido à sua distância em relação a Campanhã.[20]
No entanto, este processo conheceu ainda vários atrasos e complicações legais e burocráticas.[19] Por exemplo, uma portaria de 25 de Maio de 1911 considerou a estação de Ermesinde como a principal bifurcação para a futura Linha de Leixões, embora tenha prevalecido o decreto de 1900, que indicava Contumil como ponto inicial.[21] Só em 27 de Janeiro de 1931 é que a Direcção-Geral de Caminhos de Ferro realizou o concurso público para a construção da Linha de Leixões, a partir de Contumil, incluindo desde logo uma concordância para Ermesinde e a respectiva ligação telefónica.[22] O contrato foi assinado em 22 de Maio, tendo as obras arrancado no dia 29 de Junho.[22]
Devido à sua posição como ponto de entroncamento entre as Linhas do Minho e do Douro, e futuramente de Leixões, a estação de Ermesinde possuía uma elevada importância, motivo pelo qual recebeu uma especial atenção no programa de modernização dos Caminhos de Ferro do Estado.[6] Assim, foi alvo de grandes modificações em 1933, tendo sido expandida e recebido vários melhoramentos.[23] Em 1934, estava prevista a instalação de encravamentos e nova sinalização em Ermesinde, uma vez que sistema antigo, baseado apenas em semáforos avançados de disco, estava-se a tornar desadequado para o elevado volume de tráfego que a estação recebia.[6] Nesse ano, também foram instaladas as comunicações por via telefónica entre as Estações de Ermesinde e Régua.[24] Em 1935, foi inaugurada a sinalização eléctrica e construídas passagens subterrâneas em Ermesinde.[25] Em 29 de Abril de 1936, o governo aprovou um projecto da C. P. para uma cobertura em betão armado,[26] e em 1937 foi inaugurada a torre de sinalização, desenhada em 1935 por Cottinelli Telmo.[7] A torre de Ermesinde fez parte de um conjunto de estruturas deste tipo que foram construídas em vários pontos do país na primeira metade do século XX, devido à instalação de equipamentos de sinalização e controlo de tráfego mais complexos, tendo-se destacado pela sua arquitectura arrojada.[27]
Um diploma do Ministério das Obras Públicas, emitido no Diário do Governo n.º 185, II Série, de 11 de Agosto de 1938, autorizou a contratação da firma alemã Joseph Vögele para a instalação de quatro placas para inversão de locomotivas, sendo uma delas destinada a Ermesinde.[28]
A Linha de Leixões foi aberta à exploração em 18 de Setembro de 1938, com a entrada em serviço do troço entre Leixões e Contumil, e da concordância entre São Gemil e Ermesinde.[8] Esta concordância também era conhecida como Ramal de Ermesinde.[29]
Décadas de 1950 e 1960
Em 1952, Ermesinde participou no XI Concurso das Estações Floridas, tendo o chefe de estação, Manuel Rodrigues de Almeida, recebido uma menção honrosa simples.[30][31] Em 1954 a estação foi premiada com uma menção honrosa especial e um prémio de persistência.[32]
Na década de 1950, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e o governo iniciaram um vasto programa de modernização da rede ferroviária,[33] no âmbito do II Plano de Fomento (1959-1964).[34] Este plano incidiu principalmente sobre as áreas suburbanas de Lisboa e do Porto,[33] incluindo os lanços entre Porto e Braga.[34] Em 1955 já se previa a electrificação do lanço entre Campanhã e Ermesinde,[33] e em 6 de Maio de 1967 foi apresentado o Plano de Investimentos, que abrangia a electrificação entre Ermesinde e Braga.[35] Em 16 de Agosto de 1968, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses estava a preparar um contrato para a remodelação de vários lanços de via férrea, incluindo a renovação parcial do troço entre Ermesinde e Marco de Canaveses.[36] Este empreendimento, inserido no âmbito do III Plano de Fomento, tinha como principal finalidade melhorar a qualidade dos serviços dos comboios, ao permitir um aumento nas velocidades máximas permitidas.[37]
Década de 1990
Na década de 1990, o Gabinete do Nó Ferroviário do Porto iniciou um programa de modernização das vias férreas em redor da cidade do Porto, incluindo a instalação de sistemas de sinalização electrónica em todas as estações da Linha do Minho de São Bento a Nine, e no lanço da Linha do Douro de Ermesinde a Caíde.[38] Também deveria ser duplicado o troço de Ermesinde a Caíde, e renovado e electrificado até Marco de Canaveses (obras estas só concluídas em 2019),[39] tendo sido concluída, em Setembro de 1995, a duplicação de Ermesinde a Valongo.[9]
A Linha de Leixões também foi alvo de obras de modernização, tendo sido electrificada e renovada a via férrea, inclusive na variante para Ermesinde.[40] Em 1995, foi concluída a duplicação da via entre Ermesinde e Valongo.[41] Em finais de Abril de 1996, foi terminada a empreitada de electrificação e duplicação do troço entre Ermesinde e São Romão.[42]
Um dos objectivos da modernização era melhorar os serviços ferroviários suburbanos no eixo entre o Porto e Braga, através da redução dos tempos de viagem, e do aumento da oferta dos comboios, especialmente do tipo suburbano.[9] Assim, previa-se a criação de serviços urbanos regulares cadenciados entre Porto e São Romão com paragem em todas as estações e apeadeiros, comboios suburbanos semi-rápidos entre Porto e Braga com paragens apenas em algumas estações pelo caminho, como Ermesinde, e expressos em horário adicional, fora dos serviços de ponta, no mesmo percurso, também com paragem em Ermesinde.[9] No percurso entre Porto e Ermesinde, esperava-se um aumento da procura na ordem dos 81% nas horas de ponta, de 122% nos restantes períodos.[9]
Século XXI
Em meados de 2001, foi concluída uma intervenção na estação de Ermesinde, no âmbito do Projecto Norte da Rede Ferroviária Nacional.[43]
Em 2007, esta interface comandava os serviços de informação ao público nas estações e apeadeiros de Valongo, Recarei-Sobreira, Cête, Irivo, Oleiros, Paredes, Travagem e São Romão.[44] No ano seguinte, todas estas interfaces, junto com a própria estação de Ermesinde, passaram a ter a informação ao público gerida pelo Centro de Comando Operacional do Porto.[45] Em 9 de Setembro de 2009, foram reiniciados os comboios de passageiros na Linha de Leixões, entre Ermesinde e Leça do Balio,[46] mas esta carreira foi encerrada logo em 1 de Fevereiro de 2011, decisão que foi motivada pela baixa procura.[47]
Em 2010, esta interface possuía onze vias de circulação, com comprimentos variáveis entre os 210 e 598 m; as plataformas tinham todas 220 m de comprimento e 75 cm de altura[48] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[2]
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Leitura recomendada
CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. Volume 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN989-95182-0-4A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
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