O Corpo de Guardas[3] da Revolução Islâmica (em persa: سپاه پاسداران انقلاب اسلامی, transl.Sepáh e Pásdárán e Enqeláb e Eslámi), conhecida popularmente como Guarda Revolucionária Iraniana, é uma divisão das forças armadas do Irã, fundada depois da Revolução Iraniana.[4] No próprio Irã, é usualmente referido como Sepáh e-Pásdárán ("Corpo de Guardas"), Pásdárán e-Enqeláb (پاسداران انقلاب, "Guardas Revolucionários") ou simplesmente Pásdárán (پاسداران, "Guardas") ou, ainda, Sepah ("Corpo").
O Pásdárán tem seu próprio ministério, e acredita-se que tenham um efetivo de 210 000 pessoas, com suas próprias unidades navais e aéreas.[7] Também controlam forças voluntárias, como o supracitado Basij, que possui cerca de 90 000 membros,[8] e a Força Quds, uma unidade de forças especiais especializada em guerra não-convencional, ou seja, responsável por organizar, treinar, equipar e financiar movimentos revolucionários islâmicos ao redor do globo.[9]
O EGRI é separado (e paralelo) ao outro braço das forças armadas iranianas, chamadas de Artesh (também "exército", em persa). O EGRI é uma força armada combinada, que conta com suas próprias forças terrestres, aquáticas e aéreas, além de serviços de inteligência,[16] e de forças especiais. A organização também controla a força Basij, um grupo de voluntários que consiste de 90.000 soldados regulares e 300.000 reservistas, que tem uma força potencial de onze milhões de indivíduos. O EGRI é reconhecido oficialmente como parte do exército iraniano pelo artigo 150 da Constituição Iraniana.[17]
O Balanço Militar do IISS de 2007 afirma que o EGRI conta com um efetivo de mais 125.000 indivíduos ou mais, e controla o Basij em termos de mobilização;[18] e estima que as forças aéreas e terrestres do EGRI tenham 100.000 indivíduos, embora conte com uma 'quantidade esparsa de homens' durante os período de paz; o Balanço também estima que existam até 20 divisões de infantaria, algumas brigadas independentes, e uma brigada aérea.
As Forças Navais do EGRI são estimadas pelo IISS em até 20.000 homens, incluindo 5.000 fuzileiros navais em uma brigada de três ou quatro batalhões marinhos, e seriam equipadas com armas de defesa da costa (algumas baterias de HY-2/CSS-C-3 Seersucker SSM, e algumas baterias de artilharia) e 50 barcos de patrulha (incluindo 10 embarcações de ataque rápido chinesas Houdang). O braço aéreo do EGRI, segundo o IISS, controla a força estratégica de mísseis do Irã, e tem uma brigada de mísseis Shahab-1/2 com de 12 a 18 lançadores, e uma unidade de mísseis Shahab-3. O IISS ainda estima que a unidade de Shahab-3 seria composta por um batalhão, com seis lançadores de um míssil e quatro MBMAs Shahab-3 estratégicos.
A Força Quds (ou Ghods), de elite, que por vezes é descrita como a sucessora da SAVAK do xá, tem de 2.000 a 5.000 homens.[8]
Brigadeiro-General Esmail Ghaani (Força Quds)[24] O General Suleimani foi responsável por essa força e pela negociação de diversos acordos entre figuras políticas iraquianas antes de sua morte.
Desde a sua fundação, o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica esteve envolvido em diversas atividades econômicas e militares, muitas delas sujeitas a alguma controvérsia.
O EGRI foi acusado de corrupção, incluindo a importação de bebidas alcoólicas ilegais à República Islâmica.[31] Em 2005 descobriu-se que o EGRI comandava um aeroporto ilegal perto da cidade de Karaj, próxima a Teerã, de onde importavam e exportavam mercadorias sem o controle do governo.[31] Em 2005 a Guarda Revolucionária Islâmica invadiu o novo aeroporto de Teerã pouco tempo depois dele ser inaugurado oficialmente, supostamente por motivos de segurança. De acordo com os críticos da organização, no entanto, o aeroporto teria sido fechado porque a companhia contratada para operá-lo era uma empresa turca, concorrente direta de uma empresa de propriedade da própria Guarda.[32] Foi mais tarde aberta sob o comando de Pasdaran.[31]
Envolvimento com o Hezbollah
O logotipo do EGRI foi a inspiração para o logotipo do Hezbollah, organização paramilitarxiita sediada no Líbano. A Guarda Revolucionária Islâmica forneceu treinamento militar para soldados do Hezbollah no vale do Bekaa durante o início da década de 1980.[33] Embora não tenha sido aceita de maneira unânime pela população libanesa, a presença do EGRI no país serviu como resistência contra a presença israelense, a despeito da luta contínua entre as milícias Amal e a OLP e seus aliados sunitas.
"Qualquer membro do Hezbollah que receba treinamento militar provavelmente o fará pelas mãos do EGRI [o Corpo de Guarda Revolucionária Islâmica], tanto no sul do Líbano ou em campos no Irã. Os métodos cada vez mais sofisticados usados pelos membros do EGRI indicam que eles vêm sendo treinados com manuais israelenses e americanos; a ênfase destes treinamentos está em táticas de desgaste, mobilidade, coleta de inteligência e manobras noturnas."[34]
Envolvimento com o Hamas
De acordo com o New York Times, combatentes do Hamas estão sendo treinados em táticas de assalto urbano pelo EGRI.[35]
Envolvimento na Guerra do Iraque
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos alegou repetidamente o envolvimento do EGRI na Guerra do Iraque; apesar das negações do Irã, os Estados Unidos praticamente implicaram, embora não usando termos diretos, que o governo central do Irã seria responsável por tais ações.[36] Em maio de 2008 o governo do Iraque afirmou não possuir evidências de que o Irã estaria apoiando militantes em solo iraquiano.[37] De acordo com um banco de dados compilado pela Força-Tarefa Troy, da Força-Tarefa Multinacional do Iraque, armas feitas no Irã representariam apenas uma porcentagem desprezível do total de estoques de armas apreendidas no Iraque.[38] As acusações dos Estados Unidos apareceram simultaneamente a acusações feitas pelo próprio Irã e pela Turquia de que armas fornecidas pelos Estados Unidos estariam sendo contrabandeadas do Iraque para militantes antigovernamentais nos dois países.[39][40]
O Departamento de Estado americano ainda relatou ter relatórios de inteligência a respeito do envolvimento pesado da Guarda Revolucionária Iraniana com o abastecimento dos insurgentes iraquianos,[41] e que soldados americanos teriam sido mortos por artefatos explosivos projetados ou feitos no Irã. Esta alegação é negada pelo Irã, sob o argumento de que a maior parte das mortes americanas do Iraque são causadas pela insurgência sunita, e não xiita. Dois estudos diferentes sustentam que aproximadamente a metade de todos os insurgentes estrangeiros que entraram no Iraque vieram da Arábia Saudita.[42][43] O Irã também nega a informação de que membros do exército iraquiano - que até antes da invasão de 2003 eram capazes, segundo os EUA e o Reino Unido, de utilizar sistemas avançados de mísseis capazes de lançar armas de destruição em massa em até 45 minutos[44][45] - seriam incapazes de projetar e produzir artefatos explosivos improvisados.[carece de fontes?]
Sanções financeiras
O Conselho de Segurança das Nações Unidas, em diversas de suas sanções e resoluções, aprovou o congelamento de bens de principais dos comandantes da Guarda Revolucionária Islâmica.[46]
↑ abcThe International Institute of Strategic Studies (IISS) (2020). «Middle East and North Africa». The Military Balance 2020. 120. [S.l.]: Routledge. pp. 348–352. ISBN9780367466398. doi:10.1080/04597222.2020.1707968
↑ abAbrahamian, Ervand, History of Modern Iran, Columbia University Press, 2008 p.175-6
↑ICL - Constituição do IrãArquivado em 14 de novembro de 2007, no Wayback Machine. (em inglês) Artigo 150 "Corpo de Guardas da Revolução Islâmica - O Corpo de Guardas da Revolução Islâmica, organizado nos primeiros dias após o triunfo da Revolução, deve ser mantido, de modo a continuar exercendo o seu papel de preservar a Revolução e suas realizações. O escopo dos deveres dessa corporação e suas áreas de responsabilidade em relação aos deveres e responsabilidades das outras Forças Armadas devem ser estabelecidos por lei, com ênfase na cooperação fraternal e harmonia entre elas."
↑Balanço Militar do IISS, Routledge for the IISS, Londres, 2007