Campeonato Paulista de Futebol de 1905

Campeonato Paulista de Futebol de 1905
IV Campeonato da Liga Paulista Foot-Ball
Dados
Participantes 6
Organização Liga Paulista de Foot-Ball
Período 3 de maio1 de novembro
Gol(o)s 119
Partidas 30
Média 3,97 gol(o)s por partida
Campeão Paulistano (1º título)
Vice-campeão Germânia
Melhor marcador Hermann Friese (Germânia) - 14 gols
Maior goleada
(diferença)
Athletica das Palmeiras 1 – 7 Germânia
Velódromo PaulistaSão Paulo
10 de setembro de 1905
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O Campeonato da Liga Paulista Foot-Ball de 1905 foi a quarta edição dessa competição entre clubes de futebol paulistanos filiados à LPF. É reconhecido oficialmente pela Federação Paulista de Futebol como a quarta edição do Campeonato Paulista de Futebol.[nota 1]

Disputado entre 3 de maio e 1 de novembro daquele ano, contou com a participação de seis agremiações. Depois de três vice-campeonatos consecutivos, o Paulistano sagrou-se pela primeira vez campeão e quebrou a hegemonia do São Paulo Athletic, vencedor nas outras três ocasiões.

História

Última colocada do torneio anterior, a Athletica das Palmeiras teve que vencer o Internacional de Santos, equipe que já havia derrotado um ano antes, na seletiva para o campeonato de 1904.[2]

A partir da competição daquele ano, passou a ser disputado um novo troféu, já que a "Taça Antonio Casimiro da Costa" ficou em posse definitiva do São Paulo Athletic, campeã das três primeiras edições da liga.[3] Ofertado pelo industrial e conde Antonio Alvares Leite Penteado, foi confeccionada por um ourives de Paris a "Taça Álvares Penteado", que ficaria em posse do primeiro time a vencer três edições do campeonato da liga a partir dali.[4]

A competição daquela temporada teve 26 de suas 30 partidas realizadas no Velódromo de São Paulo - as demais foram jogadas no Parque Antárctica Paulista -, que se consolidava como principal campo de futebol da cidade. Foram marcados 119 gols ao todo (uma média de 3,97 por partida).

Em maio, com o quarto campeonato já em andamento, os ingleses do São Paulo Athletic se reuniram em assembleia geral na Rotisserie Sportsman, em que discutiriam se o tricampeão da Taça Casimiro da Costa abandonaria a liga por ser vítima de constante vaias durante as partidas, mas no final 18 sócios votaram contra a permanência do clube na disputa e 38 pela continuidade.[4] A equipe decidiu permanecer na competição e protestou, por meio de oficio dirigido à LPF, para que “que não se repetissem as vaias”.[5]Em declínio técnico, o Athletic ficou de fora da disputa do título precocemente.

Germânia e Internacional lutaram até as partidas finais, mas o Paulistano mostrou grande força e faturou o título da liga pela primeira vez, de quebra com uma campanha invicta (oito vitórias e dois empates). A conquista foi definida antes da partida final, contra o Mackenzie. Um empate conseguido no dia 1º de outubro frente ao Germânia eliminou os alemães da disputa pelo título, pois eles não poderiam mais alcançar o Paulistano em número de pontos. Na partida seguinte, em 22 de outubro, a vitória do clube do Jardim América por 2–0 tirou também as chances, meramente matemáticas, do Internacional, faltando apenas um jogo para cumprir a tabela programada. Assim, pela primeira vez o campeonato da Liga não precisaria ter uma partida-desempate para definir o campeão.

No entanto, o título do Paulistano veio, mas não sem uma crise. Já com a taça garantida, ocorreu um disputa para a nomeação do capitão da última partida, contra o Mackenzie, a quem caberia a grande honra receber a "Taça Álvares Penteado" em nome do grupo. Em substituição a Guilherme Vallim Alvares Rubião. Caberia, os jogadores do time campeão escolheram Jorge de Almeida Campos Mesquita como novo capitão, uma homenagem a aquele que era considerado o melhor atleta do grupo.[4]

O presidente do Paulistano, Numa de Oliveira, não concordou com a troca de liderança decidida pelo time e, através de oficio, nomeou como capitão a José Rubião (irmão mais novo de Guilherme), mas este refutou a nomeação e isso criou um impasse. Jorge Mesquita se apresentou na reunião em que a diretoria discutia o assunto, para tentar defender a escolha feita pelos jogadores, mas foi expulso da sala pelo presidente. Em protesto contra o autoritarismo de Oliveira, Mesquita, José Rubião e mais seis companheiros de jogo abandonaram o clube e se transferiram imediatamente para Athletica das Palmeiras, equipe mais fraca da liga.[4]

Guilherme Rubião permaneceu no Paulistano, o goleiro Tutu Miranda assumiu o posto de capitão e ex-jogadores, como Alvaro Rocha e Olavo Barros, foram reunidos às pressas para a última partida, que foi vencida por 2–0.[4]

Participantes

Equipe Cidade Fundação Participação Títulos
Athletica das Palmeiras São Paulo 9 de novembro de 1902 -
Germânia São Paulo 7 de setembro de 1899 -
Internacional São Paulo 19 de agosto de 1899 -
Mackenzie São Paulo 18 de agosto de 1898 -
Paulistano São Paulo 29 de dezembro de 1900 -
São Paulo Athletic São Paulo 13 de maio de 1888 3 (1902, 1903 e 1904)

Regulamento

Segundo o estatuto do campeonato:[6]

  • Cada clube tem de jogar duas partidas com os outros participantes, sendo uma como mandante e outra como visitante. (Artigo 18)
  • Quando um dos clubes não comparecer no lugar, dia e hora designados para a partida, esta será considerada ganha pelo clube que comparecer. Se nenhum clube comparecer, a partida será considerada perdida para os dois ausentes. (Artigo 19)
  • As partidas só podem ser adiadas por motivo de grande relevância, a juízo dos representantes da Liga encarregados de fiscalizá-lo. O clube que, infringindo esse artigo, deixar de disputar três partidas consecutivas, será considerado desligado, ficando nulas as partidas já jogadas. (Artigo 20)
  • O clube vencedor do campeonato anual recebe uma taça, pela qual fica responsável, e terá possa defintiva dessa taça aquele que for vencedor de três taças consecutivas. (Artigo 21)
  • O campeão é a equipe que somar mais pontos (a vitória vale dois pontos, e o empate, um ponto). Havendo empate no resultado final, disputa-se um jogo extra. Essa partida desempate terminar em empate, é feita uma prorrogação não superior a 30 minutos. Se terminada essa prorrogação continuar o empate, é marcada uma nova partida, e assim por diante. (Artigo 22)

Tabela

03/5 São Paulo AC 4-3 Mackenzie

07/5 AA Palmeiras 0-0 Internacional

13/5 Paulistano 3-0 Mackenzie

21/5 São Paulo AC 2-1 AA Palmeiras

28/5 Paulistano 4-0 Internacional

04/6 Internacional 1-1 Germânia

18/6 Internacional 2-1 São Paulo AC

22/6 Mackenzie 6-0 AA Palmeiras

29/6 Paulistano "WO" AA Palmeiras (Paulistano ganhou 2 pontos)

01/7 Mackenzie 3-5 São Paulo AC

02/7 Germânia 6-0 São Paulo AC

09/7 Germânia 2-1 AA Palmeiras

14/7 Mackenzie 4-2 Germânia

23/7 Internacional 2-1 AA Palmeiras

30/7 Paulistano 2-0 São Paulo AC

06/8 Germânia 5-2 Internacional

13/8 AA Palmeiras 3-0 São Paulo AC

15/8 Germânia 3-2 Mackenzie

20/8 São Paulo AC 1-2 Internacional

27/8 AA Palmeiras 1-3 Paulistano

07/9 Internacional 4-2 Mackenzie

08/9 São Paulo AC 0-2 Paulistano

10/9 AA Palmeiras 1-7 Germânia

17/9 Paulistano 1-1 Germânia

23/9 AA Palmeiras 5-2 Mackenzie

24/9 São Paulo AC 3-2 Germânia

01/10 Germânia 1-1 Paulistano

12/10 Mackenzie 2-2 Internacional

22/10 Internacional 0-2 Paulistano

01/11 Mackenzie 0-2 Paulistano

Jogo que definiu o campeonato

  • Mackenzie 2–2 SC Internacional – Velódromo Paulistano – 12 de outubro

Classificação Final

Classificação - Final
Time PG J V E D GP GC SG
1 Paulistano 18 10 8 2 0 20 3 17
2 Germânia 13 10 5 3 2 30 16 14
3 Internacional 11 10 4 3 3 15 19 - 4
4 São Paulo Athletic 8 10 4 0 6 16 26 - 10
5 Mackenzie 7 10 3 1 6 27 27 0
6 Athletica das Palmeiras 3 10 1 1 8 10 27 - 17
PG - pontos ganhos; J - jogos; V - vitórias; E - empates; D - derrotas; GP - gols pró; GC - gols contra; SG - saldo de gols
Campeão da LPF de 1905
Disputa seletiva para o campeonato de 1906[nota 2]

Premiação

Campeão Paulista de 1905
PAULISTANO
(1º título)

Notas

  1. Fundada em 1941, a FPF se tornou a entidade máxima do futebol paulista em 1941 e reconheceu os campeonatos organizados pela Lfesp, LAF, Apea e LPF como edições oficiais do Campeonato Paulista, que contavam quase que exclusivamente com clubes da capital. Os principais jornais de São Paulo à época muitas vezes se referiam aos torneios disputados pelos maiores clubes paulistanos como campeonato de futebol da cidade.[1] No entanto, a FPF não concede o mesmo status para edições do Campeonato do Interior e o Campeonato entre os campeões da capital e do interior (Taça Competência), disputados pela primeira vez em 1919.
  2. Embora houvesse uma disputa anual por uma vaga na liga, não existiam divisões inferiores na LPF.

Referências

  1. «O melhor prelio da rodada inicial» (PDF). Correio de S.Paulo. 25 de abril de 1936. p. 6. Consultado em 24 de dezembro de 2014 
  2. Gambeta, Wilson R (2013). A bola rolou. o velódromo paulista e os espetáculos de futebol (1895/1916) (Tese de Doutorado em História Social). São Paulo: Universidade de São Paulo. p. 182. 408 páginas 
  3. Murillo Pessoa (Outubro de 2010). «Mistérios de uma taça» (PDF). Revista O Paulistano (ano XXII - edição 260). p. 80-81. Consultado em 25 de dezembro de 2014 
  4. a b c d e Gambeta, Wilson R (2013). A bola rolou. o velódromo paulista e os espetáculos de futebol (1895/1916) (Tese de Doutorado em História Social). São Paulo: Universidade de São Paulo. p. 229-230. 408 páginas 
  5. O Estado de S.Paulo, 30 mai. 1905, p. 3
  6. LIGA Paulista de Football. Guia de football 4 ed. São Paulo: Cardoso. 1906. p. 10-13. 119 páginas 

Ver também

Ligações externas

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