Os ancestrais de Nigrino eram da mais alta elite política romana da época. Ele era filho de Caio Avídio Nigrino, irmão do cônsul Tito Avídio Quieto. Sua família era rica, famosa e bastante influente oriunda da cidade de Favência, onde Nigrino nasceu e foi criado. É possível que eles sejam também parentes de Caio Petrônio Pôncio Nigrino, que foi cônsul em 37.
Além disto, a família de Nigrino tinha conexões na Grécia. O pai de Nigrino serviu como procônsul na província romana de Acaia durante o reinado de Domiciano (r. 81-96) assim como seu tio. A família também era amiga do senador e historiador Plínio, o Jovem, e do historiador grego Plutarco, que dedicou sua obra "Sobre o Amor Fraternal" aos irmãos Quieto e Nigrino (pai).
Carreira
O primeiro cargo conhecido de Nigrino foi tribuno da plebe em 105. Ronald Syme levanta a possibilidade de Nigrino ser o mesmo elogiado por Plínio por seu discurso implicando Vareno Rufo num caso de corrupção durante seu governo na Bitínia e Ponto.[2][3] Nigrino depois foi procônsul em Acaia como seu pai e seu tio, mas não se sabe ao certo quando,[4] provavelmente parte da tentativa de Trajano de reconhecer e estabilizar a administração da região, que vinha tendo problemas financeiros.
Nigrino era um confiável general de Trajano. No período no qual foi cônsul, Nigrino foi enviado por Trajano à Delfos como parte de um comitê de aconselhamento para ajudar o político e, mais tarde, historiador grego Arriano numa disputa de fronteiras. Este evento está registrado em Delfos em uma inscrição honorífica dedicada a Nigrino em grego e em latim.
Em 113, Nigrino foi nomeado governador da Dácia, cargo que manteve até sua morte em 118.[5]
Quando Trajano morreu, em 117, foi sucedido por seu primo de segundo grau (por parte de pai) e filho adotivoAdriano. No verão do ano seguinte, Nigrino foi executado em Favência por ordem do Senado. Segundo a História Augusta ele seria um dos quatro senadores que teriam conspirado para matar Adriano durante um sacrifício; o autor acrescenta, porém, que Adriano pretendia torná-lo um herdeiro aparente. Os outros senadores eram Aulo Cornélio Palma, Lúcio Publílio Celso e Lúsio Quieto.[6] É possível que Adriano tenha percebido Nigrino como uma ameaça dada a sua reputação e sua amizade próxima com Trajano.[7]Anthony Birley menciona que a sugestão de que Adriano possa ter mais tarde se arrependido do assassinato, o que explicaria por que Adriano adotou o genro de Nigrino, Ceiônio Cômodo (conhecido depois de ser adotado por Marco Aurélio como Lúcio Élio). Porém, o próprio Birley também sugere que Adriano adotou Cômodo "por pura perversidade — a intenção de Adriano era enfurecer os demais aspirantes".[8]
Família
O nome da esposa de Nigrino é desconhecido, mas a filha dos dois, Avídia Pláucia, casou-se com Ceiônio Cômodo. Estes, por sua vez, tiveram um filho, Lúcio Vero, que foi co-imperador com Marco Aurélio. É possível que ela tenha se casado novamente com um senador romano depois da morte de Nigrino.
Exceto se explicitado de outra forma, as notas abaixo indicam que o parentesco de um indivíduo em particular é exatamente o que foi indicado na árvore genealógica acima.
↑Amante de Adriano: Lambert (1984), p. 99 e passim; deificação: Lamber (1984), pp. 2-5, etc.
↑Júlia Bálbila seria uma possível amante de Sabina: A. R. Birley (1997), Adriano, the Restless imperador, p. 251, citado em Levick (2014), p. 30, que é cético em relação a esta hipótese.
↑Marido de Rupília Faustina: Levick (2014), p. 163.
Giacosa, Giorgio (1977). Women of the Césars: Their Lives and Portraits on Coins. Translated by R. Ross Holloway. Milan: Edizioni Arte e Moneta. ISBN0-8390-0193-2
Lambert, Royston (1984). Beloved and God: The Story of Adriano and Antinous. New York: Viking. ISBN0-670-15708-2
Levick, Barbara (2014). Faustina I and II: Imperial Women of the Golden Age. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN978-0-19-537941-9
↑ Werner Eck, "Jahres- und Provinzialfasten der senatorischen Statthalter von 69/70 bis 138/139", Chiron, 13 (1983), p. 186 e n. 479
↑Eck, "Jahres- und Provinzialfasten der senatorischen Statthalter von 69/70 bis 138/139", Chiron, 12 (1982), pp. 355-361
↑História Augusta, Adriano 7.1; traduzida por Antony Birley, The Lives of the Later Caesars (Harmondsworth: Penguin, 1976), p. 64
↑John D. Grainger, Nerva and the Roman Succession Crisis of AD 96-99 (London: Routledge, 2004), pp. 127f
↑Birley, Marcus Aurelius, (London: Routledge, 1987), p. 42. Syme já havia sugerido antes a possibilidade do arrependimento de Adriano como motivação para adoção de Ceiônio em Tactius, p. 600.
Bibliografia
Bunson, Matthew (1995). A dictionary of the Roman Empire (em inglês). [S.l.: s.n.]
Konrad, C. (1994). Plutarch's Sertorius: A Historical Commentary (em inglês). Chapel Hill: University of North Carolina Press
Bowman, Alan K.; Garnsey, Peter; Rathbone, Dominic (2000). The Cambridge ancient history (em inglês). 11 2nd Edition ed. [S.l.: s.n.]
Birley, Anthony Richard (2005). The Roman Government of Britain (em inglês). Oxford: Oxford Press
Birley, Anthony R. (1997). «Hadrian and Greek Senators»(PDF). Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik (em inglês) (116): 209–245