"Caeté" é originário do termo tupi antigo kaeté, que significa "mata verdadeira, mata virgem, que nunca foi roçada" (ka'a, mata + eté, verdadeira).[2]
Produção, hábitos e cultivos
Em liberdade, os caetés eram exímios pescadores e caçadores. Na pesca, utilizavam redes, anzóis e arpões feitos de ossos. Na caça, faziam uso de arcos, flechas, e arapucas, capturando pássaros e mamíferos. Consumiam peixes e carnes assados sobre brasa ou moqueados.
Eram navegadores de canoas costeiras, sendo considerados, portanto, um dos povos canoeiros, sendo, também, construtores desse tipo de embarcação.
Teciam rede de dormir, entalhavam gamelas, e cabaças que usavam como prato e copos. Fabricavam cestas de palha de bananeiras e de palmeiras e também utensílios e panelas de barro.
Em sua época, o incidente provocou a ira da Igreja Católica e da Inquisição. Em 1562, depois de serem acusados de devorar o bispo, foram considerados "inimigos da civilização" e, com o aval da Igreja Católica, se tornaram alvos de implacável perseguição pelo governador português Mem de Sá, que determinou que fossem "escravizados todos, sem exceção".[4] Como conseqüência, os caetés foram exterminados.[1]
Pesquisas recentes colocam em dúvida se o bispo Pero Sardinha teria mesmo sido devorado pelos indígenas, já que os relatos são todos marcados pela intenção de condenar os caetés e torná-los sujeitos à escravização.[5]
O verdadeiro motivo da morte do primeiro bispo do Brasil poderia ter sido a vingança do governador-geral, Duarte da Costa, e de seu filho Álvaro da Costa, que poderiam ter tramado tal crime e incriminado os caetés.[carece de fontes?] Álvaro da Costa, homem violento, que usava da força para intimidar principalmente os indígenas, era conhecido por relacionar-se sexualmente com as indígenas de maneira forçada. Durante um de seus sermões, o bispo Sardinha teria condenado as ações de Álvaro da Costa, o que resultou no início de um conflito entre o bispo e o governador-geral.[6][7]
Legado
Em 2018, os botânicos brasileiros James L. Costa-Lima e Earl Celestino de Oliveira homenagearam os indígenas do povo dos caetés ao batizarem uma nova espécie de planta[8]. A espécie em questão foi nomeada Eugenia anthropophaga[9] e pertence à família das mirtáceas, a mesma família botânica à qual pertencem a goiabeira e pitangueira. O nome específico cunhado pelos autores, derivado do gregoanthropos ("homem") e phagein ("comer"), faz referência às práticas antropofágicas pelas quais os caetés ficaram amplamente conhecidos. Esta espécie vegetal ocorre em áreas de Mata Atlântica na costa do estado de Alagoas, distribuição geográfica em parte similar à dos Caetés no passado.