Considerando o livre-arbítrio uma ilusão, Skinner via a ação humana como dependente das consequências de ações anteriores, uma teoria que ele articularia como o princípio do reforço: se as consequências de uma ação forem ruins, há uma grande chance de que a ação não seja repetida; se as consequências forem boas, a probabilidade de a ação ser repetida se torna mais forte.[6]
Skinner desenvolveu a análise do comportamento, especialmente a filosofia do behaviorismo radical,[7] e fundou a análise experimental do comportamento, uma escola de psicologia experimental. Também usou o condicionamento operante para fortalecer o comportamento, considerando a taxa de resposta como a medida mais eficaz da força da resposta. Para estudar o condicionamento operante, inventou a câmara de condicionamento operante (também conhecida como caixa de Skinner),[6] e para medir a taxa, inventou o registrador cumulativo. Usando essas ferramentas, ele e Charles Ferster produziram o trabalho experimental mais influente de Skinner, descrito em seu livro Schedules of Reinforcement, de 1957.[8][9]
Skinner foi um autor prolífico, publicando 21 livros e 180 artigos.[10] Ele imaginou a aplicação de suas ideias ao projeto de uma comunidade humana em seu romance utópico Walden Two, de 1948,[2] enquanto sua análise do comportamento humano culminou na obra Verbal Behavior , de 1958.[11] Skinner, John B. Watson e Ivan Pavlov são considerados os pioneiros do behaviorismo moderno. Assim, uma pesquisa de junho de 2002 listou Skinner como o psicólogo mais influente do século XX.[12]
Vida
Skinner nasceu em Susquehanna, Pensilvânia, filho de Grace e William Skinner, este último advogado. Skinner tornou-se ateu depois que um professor cristão tentou amenizar seu medo do inferno descrito por sua avó.[13] Seu irmão Edward, dois anos e meio mais novo, morreu aos 16 anos por conta de uma hemorragia cerebral.[14]
O amigo mais próximo de Skinner quando criança era Raphael Miller, a quem ele chamava de Doc porque seu pai era médico. Doc e Skinner se tornaram amigos por causa da religiosidade de seus pais e ambos tinham interesse em engenhocas e dispositivos. Eles montaram uma linha telegráfica entre suas casas para enviar mensagens um ao outro, embora tivessem que conversar por telefone devido às mensagens confusas enviadas de um lado para o outro. Durante um verão, Doc e Skinner começaram um negócio de sabugueiro para coletar frutas e vendê-las de porta em porta. Descobriram que, quando colhiam os frutos maduros, os verdes também se soltavam dos galhos, então construíram um dispositivo capaz de separá-los. O dispositivo era uma peça de metal dobrada para formar uma calha. Eles despejavam água no cocho para dentro de um balde, e os frutos maduros afundavam no balde e os verdes boiavam para para fora.[15]
Educação
Skinner estudou no Hamilton College em Clinton, Nova Iorque, com a intenção de tornar-se escritor. Ele se viu em desvantagem social na faculdade por causa de sua atitude intelectual.[mais explicações necessárias][16] Era membro da fraternidade Lambda Chi Alpha.[15]
Ele escrevia para o jornal da universidade, mas, por ser ateu, criticava os costumes tradicionais de sua faculdade. Depois de receber seu bacharelado em literatura inglesa em 1926, frequentou a Universidade Harvard, onde mais tarde pesquisaria e lecionaria. Enquanto estudava em Harvard, um colega, Fred S. Keller, convenceu Skinner de que poderia fazer uma ciência experimental do estudo do comportamento. Isso levou Skinner a inventar um protótipo para a caixa de Skinner e a juntar-se a Keller na criação de outras ferramentas para pequenos experimentos.[16]
Após a formatura, Skinner tentou, sem sucesso, escrever um romance enquanto morava com seus pais, um período que mais tarde chamou de "Anos Sombrios".[16] Ficou desiludido com suas habilidades literárias, apesar do incentivo do renomado poeta Robert Frost, concluindo que tinha pouca experiência de mundo e nenhuma perspectiva pessoal forte para escrever. Seu encontro com o behaviorismo de John B. Watson o levou a estudos de pós-graduação em psicologia e ao desenvolvimento de sua própria versão do behaviorismo.[16]
Últimos anos
Skinner recebeu um PhD de Harvard em 1931 e permaneceu lá como pesquisador por alguns anos. Em 1936, foi para a Universidade de Minnesota em Minneapolis para lecionar.[17] Em 1945, mudou-se para a Universidade de Indiana,[18] onde foi chefe do departamento de psicologia de 1946 a 1947, antes de retornar à Harvard como professor titular em 1948. Permaneceu em Harvard pelo resto de sua vida. Em 1973, foi um dos signatários do Manifesto Humanista II.[19]
A exposição pública de Skinner aumentou na década de 1970, e ele permaneceu ativo mesmo após sua aposentadoria em 1974, até sua morte. Em 1989, Skinner foi diagnosticado com leucemia e morreu em 18 de agosto de 1990, em Cambridge, Massachusetts. Dez dias antes de morrer, recebeu o prêmio pelo conjunto da obra pela Associação Americana de Psicologia e fez uma palestra sobre seu trabalho.[23]
Contribuição
A principal contribuição de Skinner para a Psicologia foi o conceito de Comportamento Operante que descreve um tipo de relação entre as respostas dos organismos e o ambiente. Diferente da relação descrita no comportamento respondente onde um estímulo elicia/gera uma resposta, o comportamento operante descreve uma relação onde uma resposta que gera uma consequência (ou apenas é acompanhada por essa como no caso do comportamento supersticioso) tem a sua probabilidade de ocorrer novamente em um contexto semelhante modificada pelo efeito desta consequência sobre a interação. Consequências que têm valor de sobrevivência para os organismos têm as respostas que as geraram reforçadas, aumentando a probabilidade de que a mesma volte a ocorrer em um contexto semelhante, ao passo que consequências que trazem prejuízos aos organismos têm as respostas que as geraram punidas, reduzindo a probabilidade de que a mesma volte a ocorrer em um contexto semelhante. Nesse sentido, o behaviorismo radical proposto por Skinner amplia a visão mecanicista de estímulo-resposta do behaviorismo metodológico de Watson, entendendo o comportamento de organismos como uma interação complexa que envolve, além da emergência de respostas como reações aos estímulos do ambiente, três tipos de seleção: filogenética, ontogenética e cultural.[24] O primeiro nível de seleção, a seleção filogenética se refere aos repertórios compartilhados por uma mesma espécie, o qual é determinado pela história evolutiva da mesma. O segundo nível de seleção, a seleção ontogenética se refere ao repertório particular de cada indivíduo ou organismo, o qual é determinado por sua história de vida ou histórico de reforçamento. E o terceiro nível de seleção, a seleção cultural se refere ao repertório compartilhado por indivíduos de uma mesma cultura, sendo este de maior importância para compreender o comportamento humano e de outros animais que apresentam algum tipo de comportamento social. Nenhum pensador ou cientista do século XX levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como o norte-americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios, até os anos 1950.
Experiências
É possível um pombo ter superstição? A superstição humana é um fenômeno complexo e sua história de desenvolvimento na vida das pessoas ainda não é compreendida. A despeito da complexidade, os fenômenos, ou aspectos deles, tem sido investigados pelos cientistas por meio de modelos animais. Skinner chegou a estudar o efeito da liberação de alimento em intervalos de tempo fixo e variável a pombos. Independente do que os pombos fizessem em uma caixa, um alimento era liberado e o pombo podia então consumi-lo. Ele observou que os pombos, durante algum tempo passavam a se comportar como se a comida estivesse associada ao que eles estavam fazendo. Um dos pombos passou a mover a cabeça para um lado e para o outro, enquanto outro dava voltas na gaiola, e assim por diante. Skinner chamou esse padrão de comportamento supersticioso. Seus trabalhos foram pioneiros nesta área e impactantes para toda uma geração de pesquisas sobre superstição na psicologia experimental. Ele também participou de experiências militares usando pombos treinados para dirigir misseis na Segunda Guerra Mundial.[25]
Foi criada por ele o que chamamos hoje em dia de "caixa de Skinner", uma câmara de condicionamento operante que tinha como conceito as ações de um animal para a obtenção de alimentos ou água. Um dos exemplos do uso dessa caixa é o rato; Skinner colocou um distribuidor de comida, uma grade elétrica no chão e uma alavanca de resposta na caixa, o rato foi inserido nesse meio e conforme o passar do tempo, buscando meios de sair dali por conta da fome, o animal percebeu que sempre que a alavanca era pressionada, comida aparecia na caixa (pelo distribuidor), e assim, todas as vezes que o rato estava com fome o mesmo pressionava a alavanca.[26]
Críticas
Críticas às ideias de Skinner fortaleceram-se especialmente nas décadas de 1960 e 1970, após seu livro Walden II ter-se tornado sucesso de vendas, atraindo admiradores e contestadores. As ideias de Skinner foram em especial confrontadas com as ideias de Carl Rogers. Para Rogers, Skinner privilegia conceitos como controle e previsibilidade, e dá pouco valor a conceitos como liberdade e realização pessoal. Skinner defende um modelo de educação que parte do meio para o indivíduo enquanto Rogers defende que a educação deve ser feita do indivíduo para o meio.[27] A abordagem de Rogers considera o modelo de educação e controle de comportamento de Skinner excessivamente mecanicista e determinista.[28]
↑Smith, Nathaniel G.; Morris, Edward K. (2021). «Full Bibliography». B. F. Skinner Foundation. Consultado em 29 de julho de 2021 Also available as a PDF.
↑Skinner, B. F. (1967). «B. F. Skinner». In: Boring; Lindzey, G. A History of Psychology in Autobiography. 5. New York: Appleton-Century-Crofts. pp. 387–413. doi:10.1037/11579-014
↑BOCK, Ana Maria (2018). Psicologias. São Paulo: Saraiva
↑Bill E. Forisha, Frank Milhollan (1978). Skinner X Rogers. Maneiras contrastantes de encarar a educação 8 ed. São Paulo: Summus. 196 páginas. 9788532300355
↑Schultz D.P., Schultz S.E. (1992). História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix. 9788522106813