O nome "Ortodoxia" gradualmente afetou o caráter da festa. Originalmente ela comemorava apenas a derrota do iconoclasma, mas foi se tornando gradualmente uma celebração mais ampla da oposição contra a heterodoxia. Neste sentido, ainda que a celebração original não tenha sido esquecida, a festa se tornou uma em honra da verdadeira fé em geral, como demonstrado pelo seu serviço litúrgico especial.
Serviço
Após as Orthos e antes da Liturgia Divina, uma procissão é feita com os ícones para algum lugar pré-determinado (geralmente dentro da própria igreja). Enquanto isso, um cânon atribuído a São Teodoro Estudita é cantado.
Assim que a procissão chega ao local, o Sinódico da Ortodoxia (o decreto do sínodo em Constantinopla) é proclamado em voz alta pelo diácono. Este sinódico começa com a memória de alguns santos, confessores e heróis da fé, ao que o público responde à cada nome: "Eterna Memória!" três vezes. Então se segue uma longa lista de heréticos de todos os tipos, à cada qual o público responde: "Anátema!" uma vez ou três. Estas heresias compreendem todos os maiores oponentes da fé ortodoxa: arianos, nestorianos, monofisistas, monotelitas, iconoclastas e assim por diante. Então vêm novamente o "Eterna Memória" para alguns imperadores mais piedosos a partir de Constantino.
Inevitavelmente há diferenças entre as listas ortodoxa e católica oriental, assim como pequenas diferenças entre os sinódicos de cada uma das igrejas nacionais. Os ortodoxos aclamam Fócio, Miguel Cerulário e outros patriarcas anti-romanos e muitos imperadores. Eles amaldiçoam o papa Honório I entre os monotelitas, adversários do hesicasmo. O sinódico utilizado pela Igreja Católica Oriental tende a omitir boa parte destes nomes.
O nome deste domingo reflete a grande importância dos ícones para a Igreja Ortodoxa. Eles não artefatos de devoção opcionais, mas uma parte integral da fé e devoção ortodoxa. O debate envolveu importantes questões: a característica da natureza humana de Cristo, a atitude cristã em relação à matéria e o verdeiro significado da redenção cristã.[2] Os ícones são considerados pelos ortodoxos como uma consequência necessária da fé cristã na Encarnação do Verbo (João 1:14), Jesus Cristo. Os íconos são considerados pelos cristãos ortodoxos como tendo um caráter sacramental, tornando presente para o crente a pessoa ou o evento representado. Porém, os ortodoxos sempre fazem uma clara distinção doutrinária entre a veneração (prosquínese) devida aos ícones e a adoração (latria), que é devida a Deus apenas.
Como o iconoclasma foi a última das grandes controvérsias cristológicas a perturbar a Igreja, sua derrota é considerada como sendo o triunfo final da Igreja sobre a heresia. Todas as heresias subsequentes tendem a ser apenas derivações das grandes heresias anteriores.
Referências
↑Henry R. Percival, ed. (1994). Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series. 14: The Seven Ecumenical Councils. Peabody, MA: Hendrickson Publishers, Inc. p. 576. ISBN1-56563-130-7
↑Ware, Bishop Kallistos (Timothy) (1964). The Orthodox Church. London: Penguin Books. p. 38. ISBN0-14-020592-6